O menino de cabelos muito escuros e olhos cintilantes passava seus dias com os olhos pregados na vidraça do orfanato, a observar o céu da cidade. Ver os pássaros voando, os aviões e helicópteros era o seu passatempo, a sua paixão.

_ Eles voam por causa da mágica que tem neles. _ Ele dizia.

_ Deixe de ser bobo. Mágica não existe!! _ Os adultos lhe contradiziam. Mas ele sabia que a mágica era de verdade.

_ Eles voam por que, então? _ Desafiou.

_ Ora... Isso se chama engenharia. Eles são feitos para voar.

_ Até os pássaros? Duvido que um engenheiro os tenha construído... _ Desafiou novamente, mas desta vez não houve resposta verbal. A mão feminina voou em direção ao rosto infantil, só que se deteu no meio do caminho, como se algo a impedisse.

_ Mas o que? _ A mulher indagou.

_ Não disse que magia existe? Ela não deixa você me bater, sua velha enrrugada!! _ Ele fuzilou a mulher com seus olhos hipnóticos.

_ Sua aberração!! Você nunca vai sair daqui... Nenhuma família vai querer adotar um moleque como você!! _ Ela recolheu a mão ao colo e saiu, deixando o garoto só, com seus pensamentos.

"Ela está enganada!! O meu pai, Tom Riddle vai me tirar daqui e vai me ensinar tudo de mágica!! Daquelas magias bem antigas... Todo mundo vai ver!!", ele pensou, com os olhos grudados na vidraça, novamente.

Mas pai nenhum nunca veio para o pequeno Tom Servolo Riddle, pai nenhum o ensinou a magia antiga, pai nenhum o amou, pessoa alguma o amou, não do jeito que ele esperava e do jeito que passou a desprezar. Para Tom Servolo Riddle, alguém ainda viria, mas para Lord Voldemort, não havia magia antiga que o fizesse, exceto o espectro verde que brotava da ponta da sua varinha.