------------------------------------------ Bill.

Fui pra casa pensando seriamente em desistir da Sam, mas algo mais forte que eu impedia que  fizesse isso, era como se minha cabeça dissesse pra desistir, e meu coração me mandasse tentar de novo, sempre com esperanças renovadas prontas para que a Samantha as destruíssem. Entrei em casa e só vi Raymond na sala assistindo TV, ou dormindo enquanto a TV estava ligada, tanto faz. Então fui para o quarto.

- Alice?

- Ah, oi. – Sorriu.

- O que está fazendo?

- As malas...

- Pra que?

- Estamos nos separando, lembra?

- E...?

- E que eu vou embora, só.

- Mas nós nem falamos com advogados nem nada Alice, não precisa sair assim, correndo... aliás, essa casa também é sua.

- Eu não estou saindo correndo Bill, vou ficar em um apartamento com o Raymond, e depois verei o que faço e tem meus pais também, posso até ir pra casa deles se quiser, só não acho legal continuarmos tendo tanto contato, e acho que nem a sua futura esposa vai gostar, aliás, devo desculpas a ela, peça por mim. – Ela dizia enquanto dobrava peças de roupa e colocava na mala.

- Vai hoje mesmo?

- Sim.

- Está tão tarde, e podia ter avisado Alice.

- Que diferença faria? Está tarde, mas é aqui perto e não terá problemas.

- Faria toda diferença.

- Por quê?

- Tive alguns momentos difíceis hoje, a Samantha realmente não me quer mais e então eu chego em casa e fico sabendo que você vai embora com Raymond na mesma noite, isso é demais pra mim, eu sei que tudo isso, tudo mesmo é culpa minha... mas sabe, eu me arrependo, talvez se eu tivesse sido sincero...

- Não fique se lamentando, bola pra frente.

- Gostaria de ser como você, enfrentar tudo assim... tentar recomeçar.

- Acho que você mais do que ninguém sabe quanto tempo demorou pra que eu tomasse essa decisão, não está sendo fácil, mas eu acredito que vou conseguir.

- Posso te pedir um ultimo favor enquanto ainda estamos casados?

- Depende.

- Fica aqui, só essa noite.

- Por quê?

- Tudo já deu errado demais por hoje Alice, por favor só essa noite, aliás o que resta dela, por que já esta tarde.

- Tudo bem, mas amanhã pela manhã eu irei ok?

- Ok, obrigado de verdade.

- De nada, mas o sofá é todo seu. – Ela riu.

Depois de terminar de arrumar as várias malas dela e de Raymond também, nós o colocamos na cama e ela foi se deitar, enquanto eu fiquei naquele sofá, sozinho e deprimido. Eu realmente estava sem auto-estima, precisava de um pouco mais de amor próprio, mas no momento, eu não conseguia ter sentimentos positivos. Fiquei virando durante horas naquele sofá maldito, mas não consegui dormir eu precisava de alguém, alguém mesmo, um abraço ou qualquer coisa do tipo, eu não iria até o apartamento do Tom em vez de me dar o abraço, ele me jogaria da sacada, então me restava Alice. Sim, eu estava desesperado, nem eu me entendia eu só precisava de alguém, então eu caminhei até o quarto e abri a porta devagar, dei a volta na cama e por algum motivo ela acordou e me perguntou o que eu estava fazendo lá.

- O sofá...

- O que tem o sofá Bill?

- É ruim não posso dormir lá.

- Tudo bem, então deite aqui.

Ela disse e virou pro outro lado, eu me deitei também me virando pra ela então eu sussurrei:

- Posso abraçar você?

- Pode, mas durma.

- Não vai se virar?

- NÃO, eu quero dormir Bill, você é pior que criança.

Ótimo, eu queria um abraço e tudo que ganhei foram grosserias, tudo bem, afinal eu sabia que Alice não era simpática quando á acordavam no meio da noite.

- Mas e o abraço? – perguntei. Então ela puxou minha mão com força e colocou sobre a cintura dela, me obrigando a ir mais pra perto, depois disso ela não disse mais nada, então eu dormi também, e sim, nós dormimos de conchinha, não era um abraço, mas era como se fosse. Constrangedor foi o outro dia quando acordamos juntos, apenas fingimos que eu havia dormido em outro lugar, longe dela. Eu deixei ela e Raymond no apartamento que ficava há umas quadras da casa onde eu estava e fui atrás da Sam, sim, acho que gosto de sofrer. Claro, eu bati na porta e ela me atendeu com a mesma cara de “o que você está fazendo aqui de novo, porra?”  mas ao menos, ela me deixou entrar.

- Então, o que houve agora?

- Vim falar com você.

- Não, não vou voltar com você.

- Não era sobre isso, deixe de se sentir tão importante Samantha, eu disse que desistiria de você e desisti. Eu vim te propor uma coisa.

Após ficar em silêncio por alguns segundos ela finalmente disse “diga”.

- Vamos parar com essa história de nos afastarmos, afinal, tem o Josef e isso não vai fazer bem a ele, podemos nos ver e conversar... ás vezes, mas só por ele.

- Tudo bem, acho que Louise tem razão ficar sem te ver não é a solução...

- É, acho que sim. Bom, já vou indo, tchau.

- Já? – Ela pareceu surpresa.

- Achou mesmo que eu iria insistir mais Sam? Desculpe se te decepcionei nessa parte.

Eu disse e fui embora, e admito que eu teria insistido, mas eu precisava ter um pouco mais de orgulho.