Eu simplesmente abri os olhos e vi você lá.

A dúvida tomou conta de minha cabeça: o que você fazia no meu quarto, deitado ao meu lado?

Era realmente o que eu queria saber, mas seus olhos verdes não me permitiram realizar tal feito. Eu me hipnotizei, me perdi, entrei em meu conflito interno.  Aqueles olhos me olhavam com tamanha paixão, com grande admiração, com desejo, malícia, e ao mesmo tempo, amor.

Peguei-me perdida em mais um conflito interno. Eu deveria admitir para você que o sentimento, nascido da amizade, se tornara paixão?

E quando me perdi em uma imensidão de tons de seus olhos, realmente lembrei. Você havia ido lá para o meu quarto por causa de meu irmão, que não te deixava dormir. Conversamos até tarde, e depois, enquanto eu lia aquele livro, que lembrava tanto nossa história, adormeci.

Seus braços me envolveram, me protegeram, eliminaram toda a confusão e nervosismo. Eliminaram a ansiedade, mas eu sabia que me trariam a saudade.

Olhei para o relógio de cabeceira de minha cama. Duas e meia da manhã. Sorte que minha mãe nem meus irmãos sabiam que você estava em meu quarto, assim não haveria confusão e discussão, como da última vez em que acabamos adormecendo, naquele dia, em que meu irmão havia ido para a loja dos gêmeos e voltado tarde.

Aconcheguei-me em seus braços como fazíamos desde quando viramos amigos. Você me envolveu em um abraço terno, quando de repente ouço três palavras inofensivas, mas que juntas provocam um grande impacto.

As palavras ecoavam em minha cabeça. A sinceridade as dominava, junto a mim. Olhei em seus olhos, mas nada além da verdade os refletia. Eu sabia que você me amava, mas não do jeito que você falou. Eu esperava que você me amasse como irmã, como melhor amiga. Mas quem eu estava querendo enganar? Se eu te amava de outro modo, diferentemente de como eu esperava que você me amasse, eu poderia ser correspondida, correto?

Instantaneamente você começou a caminhar com seus dedos em minha face, traçando um caminho da orelha até meus lábios úmidos. Então, inesperadamente, você foi unindo nossas testas, até cada um encarar os olhos do outro. No meu quarto foi ouvido duas pessoas sussurrando as mesmas três palavras ditas em segundos atrás.

Naquele momento, me senti completa. Eu um momento ímpeto, você uniu nossos lábios como se sua vida dependesse disso, mas logo tivemos que nos afastar. A necessidade de ar nos domou.

Com a respiração falhando, ouvi um pedido de namoro saído de sua boca que me chamava. Não havia o que pensar, não havia o que falar, apenas havia o que sentir.

Minha resposta naquela noite foi inevitavelmente a afirmativa. Eu sabia.

Por que eu poderia escolher outro destino. Meu destino era você, seu destino era eu, assim como as nossas vidas pertenciam ao outro.