Skater Girl escrita por sisfics


Capítulo 7
Capítulo Seis: Confesso.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/118788/chapter/7

Dois meses e meio depois.

Edward Pov



Acordei com um ligeiro tremor. Percebi que era de frio. Já estávamos no outono e eu estava dormindo sem nenhum tipo de cobertor. Levantei da cama e fechei a janela do meu quarto. Tentei volta para o sono, mas sabia que não conseguiria, então me sentei na cama e liguei a tv. Zapeei por todos os canais, mas nada chamou minha atenção. E por mais que não quisesse admitir, sabia porque nada me chamava atenção. Sabia porque nos últimos meses havia ficado desanimado e irritadiço. Sem sono a noite. Meu maior problema andava sobre quatro rodas em algum canto da cidade e não queria me ver nem pintado. Acham que não tentei? Tentei e muito, mas nada a fazia mudar de opinião. "E se a gente enfrentasse juntos o ciúme do ex-namorado?" - cheguei a perguntar uma vez. Ela simplesmente me ignorou e foi embora me deixando sozinho. A forma como me tratava, era como se eu não existisse, como se nós nunca tivessemos tido nada e fazia hoje exatamente um mês da última vez que forcei um encontro. Poderia até desconfiar que tudo aquilo não passou mesmo de devaneio ou ilusão, mas minha maior prova era Alice, que ainda ficava me sondando e fazendo séries de perguntar algumas vezes. Ouvi um pequeno barulho na porta do quarto que se abriu alguns centímetros. Desliguei a tv e perguntei:
- Alice? - era a pessoa mais provável de fuxicar meu quarto a noite.
No pequeno espaço que foi aberto, surgiu uma cabeça loira.
- É a outra irmã. - falou sem-graça.
- Oi, Rose. O que houve?
- Achei estranho o barulho da tv.
- Te acordei? - perguntei preocupado.
- Não, eu só ouvi porque estava mesmo passando no corredor.
- Sem sono?
- Sem sono. - confirmou entrando um pouco mais.
- Deita aqui. - apontei o espaço do meu lado.
Ela terminou de entrar no quarto e fechou a porta. Depois veio se sentar ao meu lado.
- Não é a primeira noite essa semana que você acorda no meio da madrugada - se encostou em mim.
- Pelo visto, você também - mexi em seus cabelos.
- O que está acontecendo, hein?
- Posso te perguntar o mesmo.
- O meu é simples demais. Só perco o sono preocupada com algumas coisas.
- Que coisas?
- Faculdade, namorado, dinheiro, trabalho... meu carro deu problema hoje de manhã... acho que é isso. - falou roendo as unhas.
- Perde o sono por qualquer coisa, certo?
- Sempre fui assim. Agora, já você, desde que nasceu sempre gostou de dormir feito um porco. Qual o problema dessa vez?
- Feito um porco, Rosalie?
- Foi a melhor comparação que arranjei. - deu de ombros. Dei uma risada fraca. Eu iria mesmo contar para ela? - Anda logo. Fala. Não pense tanto. - se deitou na cama e fiz o mesmo.
- Rose, não sei se...
- Porque sempre me tiram das suas vidas? - fez um bico.
- Não te tiro da minha vida, drama queen.
- Tira sim. A Alice sabe o que está acontecendo, não sabe? Porque não posso saber?
- Para falar a verdade, a Alice pensa que sabe o que está acontecendo. Mas não sabe de nada, e você sabe que com aquele jeito esnobe e intrometido ela acha que sabe mesmo de tudo. Mas não tem noção de tudo que passa na minha cabeça e no meu coração e além do mais ela fica me vigiando, será que não acha que eu estou chateado depois do fora que tomei da Bella? Você acha que eu não estou me sentindo mal? Eu não durmo direito porque sempre sonho com ela. E eu acho que eu estou gostando de verdade dessa garota. Não tem nada que possa fazer. Se eu pudesse, teria simplesmente ficado longe, mas não dá para mim. Só porque a Alice pegou a gente naquela vez em Los Angeles, ela acha que sabe o que penso sobre a Bê e o que sinto, mas não.
- Edward. - Rosalie me cortou - Respira, meu irmão. Fiquei com medo agora.
Percebi que estava ofegante e que tive um daqueles ataques de outras vezes que começo a falar tudo que passa pela minha cabeça. Sem filtro e sem pausas.
- Primeiro: Quem é Bella, ou Bê? Quem é essa garota? Como a conhecer e como assim você está gostando dela? E o que tem a Califórnia a ver com isso? - Eu.. eu.. - baguncei o cabelo por não saber bem o que dizer.
Fiquei em silêncio e fechei os olhos em sinal de que não queria mais falar sobre aquilo. Mas sou um abençoado que nasceu com duas irmãs xeretas e que me convenciam de tudo de um modo, um tanto quanto, sujo.
- Se você não me contar vou perguntar para Alice, ela vai me contar e vai contar da forma que - como você mesmo disse, caro irmão - está errada.
Abri os olhos e me sentei de volta. Incomodado, era como eu realmente estava. - Lembra aquele acidente que tive alguns meses atrás? Aquele em que atropelei uma skatista na baía.
- Porque estava matando aula.
- A Alice te falou que eu estava matando aula?
- Yeep. Agora termine.
- Bem, acabei ficando com aquela garota na minha cabeça, entende? Não que eu quisesse, mas não consegui mais esquecer ela. E fui atrás, nos encontramos e ficamos juntos. Mesmo que em todos os nossos encontros ela sempre quisesse me afastar e me botar de lado. - minhas palavras foram morrendo nos cantos da boca. Saindo de mim sem vontade. - E? - Rosalie insistiu.
- E que para resumir a história: Eu acho que estou mesmo apaixonado por ela.
- Como assim? - perguntou.
- Apaixonado. Apaixonado, Rosalie. Não me faça explicar. - respondi sem paciência a minha irmã. Bella Pov

Seus olhos pequenos e doces se fecharam pela uma última vez, me dando a certeza de que havia dormido.
- Finalmente. - sussurrei. Já estava no meu colo há muito tempo, então foi só levantar do sofá e levá-la para o nosso quarto. Deitei Rennesme na cama e a cobri. Estava muito agitada hoje sem motivos aparentes. E eu estava muito agitada desde que me entendia por gente. Minha vida não é o que se pode chamar de normal. Muito menos ideal. Um dia tentei me imaginar em outro lugar, com outro passado. Minha mãe viva, não teria as responsabilidades de criar Nessie praticamente sozinha e de trabalhar ao mesmo tempo que estudo. Se morássemos em outro lugar, não teria conhecido Jake. Não teria namorado ele e feito coisas que apesar de não me arrepender, sei que eram erradas. Todas as vezes que os ajudei em assaltos. Todas as vezes que os vi usando drogas e experimentei, apesar de saber que era errado.
Se pudesse voltar no passado, teria dito aquela Bella de dez anos de idade para ela correr dali, fugir sem olhar para trás. Mas aí não teria Nessie. E isso recompensa tudo que passo. Levantei da cama dela e fui até a cozinha me lembrando de certo episódio que aconteceu quando voltei do campeonato de skate há dois meses atrás. Flash back on

- Estou indo para faculdade. - Emmett se levantou da mesa da cozinha.
- Tanto faz. - falei só pra mim, mas ele ouviu.
- Sua educação me deixa abismado. - pegou o casaco.
- Cala a boca, Emm.
- Vai vagabundear onde hoje, Isabella?
- Na puta que o paril. - rosnei. Deu um sorriso amarelo.
- Como sempre delicada.
- Você vai para faculdade tentar colocar alguma coisa dentro desse seu cérebro de ervilha, ou vai ficar gastando meu tempo?
- Tchau. - saiu pela porta dos fundos.
Era bom me livrar de Emmett, nem que fosse por algumas horas. Eu já tinha levado Nessie para a escola e apesar de ser meu primeiro dia em Nova Iorque depois de cinco dias em plena California, já havia voltado a minha rotina.
Fui até a oficina de James e visitei Victoria que ficava com a barriga maior a cada dia e também mais impaciente. James disse que não me daria nenhum serviço em comemoração a minha vitória. É, eu tinha ganhado o campeonato. E ele quase fez uma festa por isso. Entreguei metade do prêmio, mesmo ele não querendo aceitar e depois fui trabalhar naquele maldito japonês que onde fazia entregas. Mas até nele não havia muito serviço. Tentei me dar um dia de folga e voltei para casa. Entrei no apartamente e fui direto para o quarto. Estava tirando a blusa para tomar um banho, quando tomei um grande susto. - Minha Bê voltou. - a voz de Jacob me fez parar de respirar. Virei de frente e ele estava pousado na minha janela.
- Ja - Jacob. - Que lindo. Que lindo. Seja bem-vinda ao lar, Bê. Sentiu minha falta?
Entrou de vez no quarto e veio na minha direção. Apenas congelei.
- Estava te esperando, sabia? - me colou no armário.
- Você está aqui desde quando? - perguntei num súbito de coragem.
Eu não devia ter medo de Jacob. Ou devia?
- Desde a hora que você saiu para ir naquele seu amiguinho... o mecânico.
- O que você quer comigo?
- Ah, Bêzinha, você sabe o que quero. - se aproximou ainda mais e segurou meu rosto próximo do dele.
- Sai daqui, Jacob. Por favor, sai daqui. - implorei.
- Acho que não. - me largou e foi até a cama onde se deitou esparramado.
- Você não cansa, desgraçado?
- Adivinha? Não. - acendeu um cigarro e deu sua primeira tragada. - Sai da minha casa, Jacob. Será que você não entendeu ainda...
- Não, Bella. Você que ainda não entendeu. Estou só tentando abrir seus olhos. Não tem como fugir de mim.
- O que você ainda quer? - gritei.
- Hoje, vim aqui para te dizer uma coisa. Você sabe que gosto de "homens" fiéis. Não confio em qualquer um e acho que você ainda se lembra da época que andava com a gente, né?
Um pequeno misto de uns assaltos e um seqüestro passou pela minha cabeça. Eu não queria mais aquilo para mim. Não podia. - Onde você vai chegar com esse papinho? - Só quero avisar que um dia desses vou precisar de você e é bom estar disposta a me ajudar e fazer tudo que eu pedir ou..
- Você acha mesmo que vou te ajudar, seu desgraçado. Sai da minha casa agora. - gritei com todas as minhas forças. Parti para cima dele com vontade, mas segurou meus braços e me jogou na cama com violência até estar por cima de mim, sentado em minha barriga. - Sem ataques, Bêzinha.
- Me solta, filho-da-puta.
- Sem gritaria. Não me force a socar essa carinha linda. - disse rindo. Sua diversão era meu desespero. Resolvi parar de me mexer. Mais hora, menos hora,  me soltaria.
- Acalmou? - perguntou sarcástico.
- Nunca mais vou fazer nada desse tipo. Eu jurei pra mim mesma, Jacob. Nunca mais, vou me juntar a você e seu bando ... - tapou minha boca com a mão.
- Não completa a frase, Bê. Acho melhor você pensar duas vezes antes de recusar qualquer coisa para mim, ou sua linda "irmãzinha" pode acabar pagando pelo que você disse.
Meu corpo congelou. Não, Nessie não. Minha pequena. Ele tirou a mão do meu rosto.
- Você não pode machucar a Nessie. Sabe disso.
- Shhh... Sem mais chororô, okay? Acho melhor ir embora, porque tenho negócios muito importantes pa ra fazer. - me deu um beijo, mas fugi virando o rosto - Boazinha, Bê. - sussurrou no meu ouvido.
Ele saiu de cima de mim e voltou a sair pela janela A deixou aberta, enquanto ainda estava estendida na cama. As lágrimas vieram no meu rosto. Me sentia derrotada, completamente inútil e impotente. Porque comigo? Não merecia aquilo. Sentia medo de perder a razão que eu ainda tinha para lutar, para viver. Minha Nessie. Levantei cambaleando da cama e fui até a sala. Liguei para a escola dela.
- Escola primária para meninas Sant...
- Eu preciso de uma informação. - falei cortando a secretária.
- Pois não senhora?
- Sou a responsável de uma das alunas e gostaria de ter a certeza que ela está em sala de aula.
- Mas a senhora...
- Agora. - rosnei.
- Sim, senhora. Vou precisar dos seus dados e os da aluna.
Dei todas as informações que pediu e me senti mais aliviada quando disse que haviam dado presença. O que isso me ajudaria? Nada. Mas me dava a sensação de um pouco de segurança. Não ia mais sair do lado dela. Sentei no sofá, tentando voltar ao meu estado normal, mas meu coração acelerado não me permetia isso. A campainha tocou me dando um susto. Vesti a minha blusa que ainda estava na mão e fui até a porta ver quem era pelo olho-mágico. Reconheci pela roupa, mas não conseguia ver o rosto da minha amiga. Era Leah. Abri a porta e ela veio correndo para me abraçar. Percebi que chorava desesperadamente.
- Lee? - tentei puxá-la para cima, mas seu corpo caía, indo em direção ao chão.
Fechei a porta e a ajudei a se sentar no sofá.
- O que aconteceu, Leah? Pelo amor de Deus.
Duas visitas da família Black no mesmo dia. Era demais para mim.
- Ele fez, Bê. Ele fez. - gritou se abraçando a mim de novo.
- Quem? Fez o que? - perguntei desesperada.
Puxou o capuz do casaco, mas manteve o rosto baixo soluçando.
- A culpa foi minha. Não devia ter contado para ele. A culpa foi toda minha.
- Do que está falando?
Ela levantou o rosto. Seus olhos inchados de chorar, mas também inchados por uma grande mancha roxa. Ela tinha um pequeno corte no boca e hematomas no rosto. - Leah, o que aconteceu? Quem fez isso com você? - perguntei passando a mão em seu rosto.
- Foi ele, Bella.
- Ele... - a idéia me veio a cabeça - Foi o Jacob? - perguntei com medo.
Ela assentiu e começou a chorar ainda mais forte. Havia feito aquilo com a própria irmã? Não era possível. Estava fora de controle.
- Calma, você não tem culpa por ele ter feito isso contigo.
- A culpa foi minha, Bê. Eu sei que foi, mas não foi por isso. - apontou para o próprio rosto. - Então, porque?
- Eu sou culpada por ele... ele matou o Sam. - despejou tremendo.
Recebi a notícia chocada. "Você sabe que eu gosto de 'homens' fiéis." - as palavras de Jacob ressoaram na minha cabeça.
-  Ele não fez isso, fez?
Ela levantou o rosto me encarando. Não era uma brincadeira. - Ele matou o Sam sem pensar duas vezes. Sem deixar ele se defender. Na minha frente, Bê. Na minha frente. - Não é possível. Eles sempre foram melhores amigos. Como pôde fazer isso?
As lágrimas caíam de seu rosto sem intervalo. E eu sabia o que aquilo significava: ela também não sabia porque ele tinha feito aquilo. Tentei respirar mas estava difícil.
- Leah, me explica o que aconteceu? Acho que preciso saber.
- Precisa sim. Você tem que ver como ele está louco, Bê.
- Conta tudo do início, okay? - assentiu.
- Lembra que um tempo atrás descoberi cocaína nas coisas do Sam e te falei.
- Lembro.
- Então, aquela cocaína, não estavam usando.
- Como assim?
- Eles estavam vendendo e se dando mal por causa de um cara chamado Mario. Descobri que o Seth estava ajudando o Jacob e fiquei muito puta. Fiquei irritada, sabe? Ele só é uma crianaça e o Jacob não podia fazer isso. Nosso pai morreu não tem nem duas semanas, isso...
- Eu já sabia, mas que o Seth estava metido em coisa tão séria. Eu o vi com Jared e Paul um dia.
- Bella, na época que a gente fazia assaltos. Chegava a ser engraçado, lembra? - assenti envergonhada - Mas isso está demais. - abaixou o rosto - Fui tirar satisfação com o Jake por ele ter metido o nosso irmão no meio e ele... acabou fazendo isso comigo e acho que só parou porque o Quill entrou na frente. Ele me ameaçou disse para não me meter mais nos negócios dele, mas o Sam descobriu o que tinha feito comigo e tentou discutir com ele. Acabei indo atrás dos dois. E foi quando...
Ela revivia a situação, nos seus olhos era como se a cena se repetisse. - Ele simplesmente apontou a arma e atirou. Sem pena nenhuma. - disse tremendo. Senti o medo que ela sentia. O pavor estava tomando conta de nós duas. - Você... estava na ... - Você quer saber se eu estava lá na hora? - perguntou com um sorriso amargurado - Sim. Estava. Ele atirou no Sam na minha frente. Depois de tudo, de tudo, ele atirou no meu namorado na minha frente. No melhor amigo dele. - Eu preciso te contar uma coisa.
- O que?
- O Jacob veio aqui hoje. - ela arregalou os olhos - Me ameaçou, disse que um dia ia precisar de mim. E era bom eu estar disposta a ajudar, ou quem pagaria seria a Rennesme.
- Que? - perguntou se levantando - A Nessie? Mas o que ela tem a ver com isso?
- Ele quer me atingir, Leah. Sabe que ela é a coisa mais preciosa que eu tenho.
- Bella, a gente precisa por polícia no meio. - levou as mãos na cabeça e andou de um lado para o outro.
- Polícia? Você está louca? Ele vai acabar matando a gente.
- É o jeito. A gente fala com seu pai.
- Não. - gritei - A gente pode tentar falar com Jacob de novo. - se sentou ao meu lado.
- Não, Bella. Você tem que tomar cuidado. Ele está fissurado em você. Você não sabe as coisas que o Sam me conta... - engoliu as palavras - Me contava. - completou abaixando o rosto e abraçando as próprias pernas - Você não sabe o que ele pode fazer. Nem eu sei.
E assim ficamos muito tempo, apenas pensando no que tinha acontecido.

Flash Back off Minhas mãos estavam fechadas em punho sobre a mesa da cozinha. Lembrava de tudo isso todos os dias. Lembrava das ameaças de Jacob e tentava um jeito de sair dessa situação. Mas quanto mais eu pensava, mas dava com os burros n'água, sem saber para onde fugir.
- Filha? - meu pai entrou na cozinha.
Me virei na direção dele.
- Ah. Oi, pai.
- Ainda acordada essa hora?
- É que a Nessie não estava conseguindo dormir e eu tive que niná-la.
- Ah, sim - abriu a geladeira e pegou a garrafa d'água.
- Quer um pouco? - ofereceu.
- Não, pai. Obrigada. Acho que vou dormir agora, ou amanhã não consigo levantar para fazer o café. - fui na direção da porta.
- Filha. - chamou de novo.
Voltei a olhar para trás.
- Obrigado. - falou sorrindo. Eu não sabia o que responder. Apenas sorri e fui embora. [...]
Acordei com sono. Se é que isso é possível, mas acordei. Não dormi bem durante a noite e já despertei cansada. Fiz o café-da-manhã para todos e depois levei Nessie para escola. Passei na oficina de James para visitá-lo e ver como meu afilhado estava. Mas depois do campeonato as coisas ficaram diferentes com James, ele não queria muito minha ajuda na oficina e ficava reclamando quando aparecia por lá. Eu, na verdade, só tentava me distrair, estava com muita coisa martelando na cabeça e queria trabalhar para esquecer. Aquele era o melhor remédio. Mas já que não era querida ali, arrumei rapidamente uma outra atividade para relaxar, por isso pisei firma na prancha do meu skate e fui até a baía. Tive que andar muito até lá, mas valeu a pena estar em paz, sem ninguém conhecido por perto. Como sempre na minha vida, alguma coisa tinha que estar errada, algo sempre acontece. E o problema estava vindo na minha direção, me deixando com as pernas bambas. Tentei não olhar muito para ver se ele simplesmente passava direto por mim como queria que fizesse, mas não. Parou e se sentou ao meu lado.
- O que você está fazendo aqui? - segurou meu braço.
Encarei seus grandes olhos verde-esmeralda assustados.
- Eu... eu não sabia que você estaria aqui. - sorriu torto e prendeu uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- É bom te reencontrar. - me puxou para si.
- Não posso dizer o mesmo. - saí de sua mão e apoiei o primeiro pé no skate. - Poxa, eu digo que é bom te ver e é isso que recebo? A gente não se vê há mais de um mês, Bella.
- Poderia ficar mais de um ano e eu diria o mesmo. - pisei no skate, mas ainda estava olhando para ele.
Aqueles olhos que me deixavam completamente fora do ar. Completamente vidrada e desconsertada. Talvez por olhar tanto dentro daquele mar que cabei fazendo a pior coisa possível.
Coloquei o pé de maneira errada, fiquei na beirada do skate que rolou me fazendo cair quase de cara no chão.
O problema todo foi que tentei me agarrar no banco e acabei rasgando a mão num prego levantado. Soltei um grito baixo de dor e me sentei rápido. Ele desceu do banco e ficou do meu lado.
- Você está bem?
- Puta que paril, tá vendo. A culpa é sua. - gritei chamando atenção para nós. - Minha culpa? - perguntou irritado.
- Se você não tivesse aqui, não teria levantado e me machucado.
- Realmente, eu que botei o seu pé errado no skate, né?
- Para de falar merda, garoto.
Edward começou a tirar a camisa de botões azul que vestia. Fiquei confusa na hora, mas depois ele a pegou e enrolou na minha mão cortada. Por baixo usava uma blusa colada branca. Respirei mais fundo. Bê se controla. - Dói? - perguntou me ajudando a levantar.
- Não. - respondi dura.
- Ah, sei. Você é feita de pedra.  - Vai encher o saco de outro, merda.
- Bella, vamos parar com essa richa idiota, nem parece que a gente já passou um monte de coisas.
- Cala a boca, Edward. Me deixa em paz por uns instante.
- Eu já devia ter aprendido que com você é na base da grosseiria, né?
O olhei confusa, foi quando simplemente me pegou no colo com a maior facilidade do mundo. As pessoas que estavam perto olharam com estranheza.
- Edward, me põe no chão a-go-ra. - ordenei lhe dando um belo soco no ombro.
- Não mesmo. - me levou para o outro lado da avenida. - Me larga. - tentei me debater.
Mais um tempo andando e me pôs em pé ao lado de um carro prata. Foi aí que me dei conta que era o Volvo. Abriu a porta do carona e me empurrou para dentro.
- Você. Fica aí dentro. Eu. Vou buscar o seu skate. - e falando isso, simplesmente fechou a porta me trancando e atravessou a rua de novo.
- Idiota. - gritei.
Logo voltou com o meu skate na mão e rodando a chave do carro no dedo.
Irritantemente irresistível. Ele entrou sorrindo.
- Preparada para dar um passeio? - jogou meu skate no banco de trás.
Apertei mais sua camisa em volta da minha mão, estancando o sangue.
- Vai me levar aonde? - tentei relaxar um pouco.
- Para minha casa - chega de relaxar.
- Para onde? - me inclinei sobre o banco do motorista desesperada.
- Qual o problema?
- Pára o carro.
- Qual o problema, Bella?
- Não vou para sua casa com você, quando sua família me ver... vão dar um escândalo. - principalmente sua irmã.
- Não tem ninguém em casa. - parou num sinal.
Pior ou melhor? Bê para de pensar assim. É melhor parar agora.
Arrancou com o carro e tentei voltar ao normal.
- Incrível como eu sempre causo seus acidentes, né? - murmurou bem-humorado.
O olhei com o mais profundo desprezo e ele simplesmente riu de mim. Eu estava me corroendo de raiva e ele rindo. O ignorei virando o rosto.
- Como está a Nessie? - puxou assunto.
- Bem. - rosnei.
- Vai ficar com essa cara até quando? - Até quando quiser. Vamos fazer o seguinte: leve-me para um hospital onde eu possa dar um ponto qualquer nisso aqui e vai embora.
- Você não precisa de ponto aí. E bem, já que fui meio que o causador do seu tombo como você mesma disse agora pouco, nada mais justo do que eu cuidar de você.
- Você vai é..
- Bella, sem discussão. - me interrompeu.
- Pára de me chamar de Bella. Que saco.
- Tudo bem. Te chamo de Isabella então. - o olhei fulminantemente, mas riu de novo - Dá só um sorrisinho, Bê. - fez uma espécie de bico.
Apertei meus olhos.
- Você está brincando com fogo. - Pode deixar. Não tenho medo de me queimar. Não com você. - disse parando em frente a um prédio no Central Park, um dos poucos com garagem. O portão se abriu e ele entrou com um sorrisinho no rosto. [...] - Sinta-se à vontade. - disse quando entramos em seu gigantesco quarto. O olhei com certo ódio. - Sem duplos sentidos, Bella. Eu juro. - deu aquele maldito sorriso torto - Vem cá. Eu vou cuidar da sua mão.
Acenou com a cabeça para que o acompanhasse. O segui para dentro da suíte.
- Senta aí na pia que cuido de você. - agachou no chão, pegando dentro de um armário uma caixa azul.
Me sentei ao lado do lugar onde apoiou a caixa. - Mão? - pediu sorrindo.
A estiquei na sua direção e assisti assustada retirar a camisa que estava enrolada.
- Bem feio isso aqui, hein? - resmungou olhando para o ferimento.
- Acaba logo.  
Levou minha mão até o jato de água fria que abriu. Logo a cuba se tingiu de vermelho e fiz uma careta por nojo e também para aguentar a ardência. Lavou todo o ferimento até tirar todo o sangue da palma.
Olhei para o alto para não ver o sangue. Não que eu tivesse medo, mas não gostava de olhar.
- Tem medo de sangue Bella?
- Não, claro que não.
- Uhum. - desconfiou.
Tirou minha mão debaixo do fluxo e secou devagar com uma toalha preta que tinha ao lado da caixa. Abriu bem o corte e começou a passar o remédio que tirou de dentro da caixa. Ardeu um pouco, não, ardeu muito, mas nada que eu não agüentasse.
- Se doer me avisa.
- Não se preocupe comigo.
- Sempre com uma resposta na ponta da língua. Não poderia ser diferente, não é mesmo?
- Se fosse diferente não seria eu.
- Não mesmo. -sorrindo olhou nos meus olhos.
Pegou alguns band-aids dentro da caixa e começou a colar o corte. - O que fez todo esse tempo que não... nos falamos?
- Nada - fui sincera. Dois meses e meio desde nossa noite. Um mês desde a última vez que forçou me encontrar e ainda assim o efeito não havia passado. Eu não podia mais ficar perto de Edward Cullen.
- Você não me disse se ganhou o campeonato. - colou o último band-aid.
- Ganhei - respondi sem-graça.
Me olhou sorrindo.
- Eu sabia. Você é boa. Muito boa.
- Desde quando entende de skate?
- Desde que te vi descendo a rampa. - pôs um último curativo sobre todos os outros para que não entrasse nada por ali.
- Acho que acabou. - falou com pesar.
- Você dá jeito para médico. - me deu um sorriso sarcástico.
- Isso melhora mesmo minha situação.
Dei um sorriso tímido e ele se aproveitou da situação. Foi só eu baixar minha guarda para que passasse a mão na minha cintura e me puxasse para baixo. Quando apoiei os pés no chão, estava próxima suficiente para sentir o calor dele.
- Pensei muito em você nos últimos tempos.
- Edwa-
- Senti sua falta. - me silenciou.
- Eu...
- Eu sei que você quer ir embora. - Quero? Não, preciso. - Mas agora não. Antes eu preciso te falar umas coisas. Congelei com o modo como ele me olhava e lembrei por um instante da nossa noite na Califórnia. Não Bella. Você não pode, é a vida dele. Deixe de ser egoísta. Mas porque fui fraca o suficiente para não resisitir quando me beijou? Me abraçou com força e pediu passagem. Não tinha outra opção, até tinha, mas eu sempre resolvo ir pelo caminho mais difícil. Então, me deixei levar por aquilo que queria há muito tempo. Pousei minhas mãos no ombro dele com força, tentando o puxar mais para perto, mas acabei sentindo dor na mão cortada e me afastei instintivamente. - Tudo bem? - perguntou preocupado.
- Tudo... eu... Preciso ir embora, certo? - tentei o empurrar para longe de mim, mas não se mexeu.
- Não. Você vai ficar, Bella. Por mais que você queira me afastar e sei que  tem razões suficientes para isso e aliás, são razões bem convincentes. Apesar de tudo isso, quero ficar com você. Com ex maluco ou ex bandido. Eu não consigo ficar em paz. Não mais. Eu gosto de você... É mais... difícil do que pode entender.
Aquilo ressoou na minha cabeça como uma sirene. Mas eu estava gostando. Porque, no fundo, sabia que também gostava dele. Também ficava pensando nele o tempo todo, apesar de não admitir. Nunca fui uma pessoa de pensar tanto, sempre fui de agir, mas perto dele,  congelava. Não sei se por medo de suas cada reações, ou medo das minhas, mas quando estava sob seus olhos, precisava ser racional, apesar de lutar muito para conseguir isso. Precisava porque era a vida dele que estava na mesa, apesar de estar claro que ele não dava à mínima para ela. Mas por alguma força além do meu entendimento, simplemente me deixei levar, de novo, e o deixei que me beijasse. Suas mãos se prenderam com força na minha cintura e, com fome, me beijou até que todo o ar dos meus pulmões se foi. Me pôs com facilidade em cima da pia, enquanto suas mãos me exploravam. Passei minhas pernas em volta da sua cintura e me levantou, levando para dentro do quarto, enquanto ainda me beijava sedento. Sua língua me percorria por inteiro me deixando em chamas. Nunca tinha sentido tanto desejo por uma pessoa e não ia mais ficar aqui me segurando. Senti que nos deitava na cama, ficando assim por cima. O beijo se aprofundou ainda mais quando o puxei para perto com o anti-braço já que minha mão doía. Ele ofegou se afastando e puxou devagar minha blusa para cima. Levantei os braços conforme a peça sumia e depois ele a jogou no chão, em algum lugar que não vi. Seus dedos longos seguraram meu queixo, pude ver que sorria com os olhos, ao mesmo tempo em que queimava por dentro. Assim como eu. Me beijou de novo e com a mão livre, abriu meu botão e o zíper da calça, que tirei aos chutes. Desceu seus beijos para o meu pescoço me arrepiando completamente. Suas mãos passearam pelas minhas costas e abriram o fecho do sutiã. Esqueci do mundo e todo o resto quando começou a beijar meu colo e ao menos percebi que tirava suas roupas. Tirei a última peça que faltava para nos conectar e me aponderando de novo de seus lábios, me encaixei no seu corpo. Ele investiu uma vez e gemi alto. Todas as sensações daquela noite em Los Angeles, as mesmas que repensava todos os dias, voltaram e não fiquei com ódio de mim mesma por querer sentir aquilo de novo, por querer aquele corpo suado em atrito ao meu, por ter vontade de estar com ele. Necessitava daquele prazer, do seu sorriso e da sua voz. Os movimentos ficaram mais fortes e rápidos. O agarrei nos ombros, tomando um apoio para me mover com mais facilidade. Não liguei para minha mão doendo, queria mais forte, mais fundo. Os espasmos desciam pelo meu corpo, conforme ele se movimentava dentro de mim. Não demorei muito para sentir o nosso orgasmo vindo.
- Hum... Bella. – gemeu ofegante no meu ouvido. Era a pior pessoa da face da Terra, mas agora eu o tinha. Edward Pov

Dei mais um beijo em sua nuca. - Assim você vai me fazer dormir. – sussurrou, puxando um pouco mais o lençol.
- Talvez sim, talvez não. O importante é que você continue aqui comigo.
- Vou ter que sair daqui a pouco para buscar a Nessie na escola.
- Eu vou contigo. – sussurrei soprando sua pele.
Bella se arrepiou, mas não sei se pelo que eu havia feito, ou pelo que havia dito.
- Você não pode ficar andando comigo. Sabe disso. – confirmou meus pensamentos.
- Já disso o que penso sobre isso. – respondi sério.
- E eu também. – tentou se virar para me encarar, mas  a abracei mais forte por trás antes que o fizesse.
- Sem discussões. – ordenei – Quero matar minha saudade.
Ela se aconchegou mais em meu corpo e suspirou.
- Como?
- Você sabe. – sussurrei no pé do ouvido.
Ela riu rouca e se virou para me beijar. Ficamos juntos mais um tempo, apenas aproveitando um ao outro, mas seus olhos começaram a se fechar. Por isso, a deitei com a cabeça no travesseiro, cobri seu corpo com o meu e deixei que dormisse. Calmos, pelo menos até a explosão que me fez acordar.

- Desgraçado. - o grito também a assustou..
Me sentei depressa na cama.
- Tanya? O que você está fazendo aqui? – perguntei surpreso.
Bella também se sentou e se cobriu com o lençol. E a última coisa que vi foi Tanya partindo para cima dela. Jacob Pov

Tomei mais um gole do uísque barato. Tudo ia ficando quente conforme o líquido descia.
- Acho que essa pode doer um pouco. – debochou.
- Vai doer mais quando eu der um tiro no meio do seu rabo, filho-da-puta. – rosnei.
Ele riu ainda mais alto que antes, enquanto acendia o isqueiro e passava na pinça para esterizá-la.
- Toma mais um gole, Jacob. Vocês está muito nervoso. Ou então toma uma garrafa inteira que deve resolver o seu problema. – deu mais uma risada.
- Vou resolver meu problema quando você tirar essa porra dessa bala do meu braço, corno.
Tomei mais um gole para anestesiar.
- Vou colocar, tudo bem? – perguntou.
- Mete logo essa porra antes que eu mesmo faça. – falei com a voz já embargada de tanto uísque. Ele apagou o isqueiro, esperou esfriar um pouco e depois colocou dentro do buraco da bala no meu ombro. Gemi alto quando remexeu o aparelho para achar a bala. - Acaba logo com isso, viado. Riu e depois tirou o instrumento do ferimento com um pequeno projétil ensanguentado na ponta.
- Achei! – brincou.
- Então enfia no meio do seu cu. – tomei mais um gole.
Jared começou a rir alto.
- Tá rindo porque não foi você que tomou dois tiros. – gritei atirando a garrafa na direção dele. Ela acabou batendo na parede e se espatifou em mil pedaços. Ele engoliu o riso e se sentou no sofá, enquanto Alec fazia o curativo no meu ombro e na minha panturilha.
O silêncio foi quebrado por Quil que fumava num canto. - Sabe quem eu reconheci entre os policiais?
- Vai ser interessante para mim saber quem foi o corno? – perguntei tentando me ajeitar na poltrona de forma que os ferimentos não doessem.
- Talvez sim. Você ainda é apaixonado por aquela vadiazinha da skatista. Rosnei em sinal de reprovação. - Policial Swan estava no meio do tiroteio. Bem que eu quis atirar nele uma hora, mas achei que esse é um serviço pra você, né? – tragou mais um pouco da droga.
- Se você matasse o pai da Bê, ia morrer também. – falei sério. Ele me olhou com uma sobrancelha erguida. - Do mesmo jeito que fez com o Sa...- antes que ele completasse a frase, Jared lhe deu um soco forte no rosto e pudemos ouvir o barulho do nariz se quebrando.
- Mais um para eu cuidar. – Alec balançou a cabeça.
- Valeu, Jared. – falei sorrindo – Você poupou meu ombro.
- Não faço isso por você. – rosnou baixo antes de sair da sala.
Quil ficou ainda um tempo no chão segurando o nariz que sangrava. - Tá me olhando porque? – indaguei.
- Você vai acabar se fudendo no final de tudo isso por causa dessa garota. Tomára que você vá pro buraco.
- Se eu for te levo junto, então não deseje isso.
- Vocês dois ou param agora ou eu mesmo calo a boca de vocês costurando com linha cirúrgica. – Alec se levantou do chão – Mas que porra. Quil, me espera lá fora que daqui a pouco cuido de você.
Ele saiu da sala.
- E quanto a você, Jacob, vê se não vai mais aprontar nenhuma merda, okay?
Pegou a maleta no chão e saiu me deixando sozinho. Meus ferimentos latejavam, mas não mais do que minha cabeça. Me levantei com dificuldade e fui até a mesa do outro lado da sala. Ali havia um tijolo de pó, peguei uma faca sem ponta e rasguei o tijolo, pondo um pouco da droga em cima da mesa. Peguei um cartão e bati o pó. Em seguida, cheirei as carreirinhas. A droga foi descendo por todo meu pulmão. Queimando e me dando prazer. - O que você está fazendo? – a voz veio de trás de mim. Me virei encontrando Seth parado na porta me encarando assustado.
- O que você está fazendo aqui? – tapei o nariz e limpei a mancha branca que devia ter ficado.
A ardência ainda estava forte. Fechei os olhos com força. - Você está ferido?
- Fala logo o que veio fazer aqui antes que eu dê um tiro no meio da sua testa. – ele viu que eu falava sério, por isso tremeu um pouco.
- Vim aqui fazer negócios. – respondeu frio.
- E o que você acha que eu vou querer com um piralho? - Eu tenho uma coisa que você quer e em troca.... quero que você deixe eu e a Leah sairmos da cidade em paz. Você nunca mais vai procurar a gente.
- Meus irmãozinhos vão passear longe de casa? – perguntei rindo.
- Depois que o papai morreu aquilo não é mais nossa casa. Você tirou até isso da gente.
- Cala a boca. – gritei – Cala a porra da tua boca, porque se hoje você está vivo, tem que agradecer a mim.
- Agradecer por você ter matado, assaltado e traficado? Não, prefiria ter ficado doente.
Em dois passos largos o alcancei e lhe dei um soco na cara que o fez cair no chão. Senti a dor no ombro, mas pelo menos eu o estava vendo caído. Saquei a arma na cintura e apontei para seu rosto. Já tinha socado Leah, porque não tirar um pouquinho de sangue daquele pequeno traidor?
- Se você me matar, não vai descobrir o nome que tanto quer. – segurou o queixo.
Então era aquilo que ele tinha conseguido para mim? Que ótimo. - O nome está certo?
- Tenho certeza.
- E o que você quer mesmo em troca? - debochei.
- Que você deixe eu e a Leah em paz. Nós vamos morar com a Tia Sue e você nunca mais vai procurar a gente.
- Negócio fechado. – falei dando um chute em sua barriga.
Ele rolou no chão e cuspiu sangue.
- Vocês tem até amanhã para sair do apartamento antes que eu coloque vocês para fora a força, entendido? - assentiu.
- Muito bem. Agora quero o nome. Me olhou com raiva e se apoiando no chão, levantou com dificuldade. Pensou ainda duas vezes antes de falar, mas viu a arma na minha mão e resolveu contar. - O nome dele é... Edward Cullen. Bella Pov Amarrei o cadaço do all star com calma. A porta do quarto se abriu e ele apareceu com o rosto cansado.
- Desculpa por isso? – pediu fechando a porta.
- Você está me pedindo desculpas por eu ter dado um soco na cara da sua ex-namorada? – perguntei sorrindo.
Ele deu uma risada baixa. Ainda estava um pouco sem-graça quando veio andando até se sentar na cama ao meu lado.
- Como ela conseguiu entrar aqui? – perguntei curiosa. Me perguntei se ela teria a chave de seu apartamento. Ei, eu estava com ciúmes disso?
- Ela entrou com a Rose. – explicou apertando o cenho.
Fiquei aliviada, mas logo voltei ao estado de alerta.
- Sua irmã está em casa?
Imaginei uma outra garota como aquela que conheci na viagem. Insuportável, metida e arrogante. - Sim, é minha irmã mais velha. Ela não vai se aborrecer como a Alice. Calma. – pediu segurando minha mão.
- É melhor ir embora antes que alguém mais chegue.
- Não. Espera um pouco. – me puxou para baixo.
Eu estava nervosa e tentei arranjar uma desculpa. - Preciso buscar Nessie na escola. - Posso te dar uma carona?
- Não. – quase gritei – Não pode aparece onde eu moro. - Bella, calma. – tocou meu braço e depois meu rosto com delicadeza – Eu não vou aparecer aonde você mora se é assim que você quer. - Você sabe que eu só estou querendo te proteger. – abaixei o rosto envergonhada.
- Eu sei, mas acho também que a gente precisa parar de fugir. – o encarei confusa – Você nunca se olhou de fora, Bella. Mais cedo quando te vi ali na baía, quase não reconheci, você parecia assustada. Olhava para os lados como se esperasse uma facada a cada instante.
- E se eu estiver mesmo esperando?
- Acho que eu posso te ajudar.
- E como você vai fazer isso? – debochei.
Ele enrugou o cenho.
- Vou arrumar um jeito. – disse uns minutos depois.
- Não tem jeito. – pensei num único jeito que sempre vinha na minha mente nos últimos tempos. Mas eu precisava parar de pensar nisso. - Você não sabe de nada, Edward. Eu queria que você soubesse, talvez assim você fosse mais... Responsável. – riu sem-humor - É sério, cara.
- Eu sei que é sério. – disse se levantando – Vamos buscar a Nessie ou ela vai ficar te esperando lá na porta da escola.
Estendeu a mão na minha direção e a segurei apenas para me levantar. Me guiou até sairmos do prédio e depois me levou para a escola de Nessie.
Conversamos pouco no caminho. Estava um pouco ansiosa.
Quando chegamos lá, desci do carro olhando para os lados. Era como ele mesmo disse. Eu estava começando a ficar neurótica.
Chegamos bem na hora da saída e era a turma de Nessie que vinha pela grande entrada, todos em fila indiana e de mãos dadas. Foi quando vi minha princesinha. Edward Pov

A turma de crianças veio caminhando pela entrada. Nessie logo viu Bella e abriu um sorriso igual ao da irmã. Elas eram extremamente parecidas. A professora viu Bella parada na porta e liberou a pequena que veio andando até nós dois. Nessie pulou no colo da irmã e olhou curiosa para mim. - Oi. – disse animada.
- Oi pequena. Ela esticou os braços na minha direção e a segurei também.
- Como é que você está? – perguntei enquanto me abraçava.
- Estou muito bem. Senti sua falta. Eu nunca mais te vi. – respondeu sorrindo – Você vai levar a gente hoje para casa? – perguntou entortando a cabeça.
- Não, Rennesme. – Bella respondeu por mim.
- Ah... poxa! Pensei que ele ia ficar com a gente.
- Mas eu vou ficar com vocês. – falei cortando Bella que ia falar alguma coisa – Eu vou levar vocês para passear, não é Bells?
Ela me olhou estreitando os olhos. - Acho que não. – falou baixo para que a irmã não ouvisse, mas não adiantou.
- Aiin, Bells. Deixa vai. Eu gosto do Edward. Por favor? – pediu fazendo bico.
- Por favor? – pedi também.
Ela olhou para minha tentica de bico com uma sobrancelha erguida.
- Não vou ceder a vocês dois. - coloquei Nessie no chão.
- Ah, Bella. Só um sorvete. – pedi baixinho em seu ouvido. Bê rosnou baixo pela chantagem emocional. - Tudo bem, mas só um sorvete. Nessie deu pulos de alegria e levei as duas para o carro. Depois que já estava no banco de trás com a porta fechada, sua irmã chegou perto de mim e sussurrou: - Longe de tudo, tudo bem?
- Não há problema. Tudo que quiser, tudo que me pedir. – beijei sua testa e abri a porta para que entrasse.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!