Skater Girl escrita por sisfics


Capítulo 18
Capítulo Dezessete: Segunda Chance.


Notas iniciais do capítulo

Espero que não queiram me matar ao final do capítulo.
:D



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Bella Pov

Minha vista estava turva, minha cabeça pesando como uma bigorna. Eu sabia que devia estar me preocupando com algo realmente muito importante, mas aquela fumaça negra me envolvia toda vez que me forçava a lembrar.

- É melhor ele chegar logo. A garota está acordando. - um homem falou.

Com o resquício de força que me restara consegui erguer a cabeça e abrir os olhos. Estava muito escuro, sujo e tudo fedia. Me joguei de novo onde estava deitada, foi quando notei que o homem que falara estava numa cadeira sentado do lado oposto do quarto, fumando e segurando o telefone entre o ombro e o queixo.

Desligou assim que notou que o encarava, mas não o reconheci. Queria me soltar, me levantar, coçar os olhos par tirar toda a nebulosidade e, principalmente, dormir, mas minhas mãos estavam amarradas na cabeceira acima da minha cabeça. O desespero tomou conta, lutei insistentemente para me libertar, mas só fiquei com ainda mais falta de ar, logo cansei e sucumbi ao sono.

Acordei um tempo depois com vários tapas no rosto. Não eram fortes, mas muito incômodos e me jogaram um líquido frio que entrou pelas minhas narinas. Joguei a cabeça para o lado, tossindo com força, me esforçando para respirar.

- Acorde, Bela Adormecida. Eu juro que dessa vez não quis fazer trocadilho algum. - começou a rir.

Me lembrei daquela voz, e como numa corrente um elo foi puxando o outro até que me recordasse de tudo que tinha me levado até ali. A última lembrança era da sensação maravilhosa de tranquilidade que tomava conta por saber que Nessie estava segura com meu pai, entao saí do banheiro e tudo sumiu. O desgraçado continuou rindo, talvez da minha cara de ódio.

- Jacob, me solta. Você... não pode fazer isso... comigo. Me solta, Jacob.
- Você constumava me chamar de Jake.
- Você costumava ser humano. - puxei meus braços ainda amarrados, mas só serviu para machucar o pulso - Por favor, me solta, eu te imploro.

- Não não, Bellinha. Eu não posso te soltar. Nossa festinha mal começou e você já quer ir embora? Assim vai decepcionar nossos convidados.

O torpor ainda envolvia cada parte do meu corpo, minha cabeça estava muito confusa e meus pulsos e tornozelos doíam. Eu não conseguia falar tamanho o medo que sentia. A mão de Jacob escorregou pela minha perna, me fazendo tremer de pavor, e parou bem perto dos meus pés. Os nós foram desamarrados com rapidez e depois ele voltou a olhar para mim.


- Para ficar mais confortável. Você deve estar bem descansada para quando eu voltar.
- Jacob. Não faz nada comigo, por favor?
- Não se preocupa, Bells. Daqui a pouco você sai daqui. Eu só vou passear um pouquinho, resolver alguns problemas com nosso amigo Edward, então eu volto para te buscar.

Meu coração parou ao ouvir seu nome. Não, ele não podia chegar perto ou fazer mal a Edward. Minha expressão de desespero o alarmou.

- Oh, Bella, não chore. - passou um dedo pela minha bochecha e recuperou uma lágrima - Não quero te ver triste assim, amor.
- Deixe-o em paz, por favor?
- Não se preocupe, ele estará em paz logo. Quando terminar de matar ele, a paz voltará para muita gente.

Fiquei enlouquecida de raiva e ódio. Respirei fundo, aproveitei que minhas pernas estavam livres das cordas e as joguei para cima tentando chegar ao rosto de Jacob. Consegui que meu joelho atingisse sua bochecha, mas ele foi mais rápido, se levantou segurando minhas panturrilhas e as empurrando de volta para a cama. Se moveu bem rápido e ficou sentado sobre meu joelho. Seu peso entortou minha perna e eu gemi de dor.

- Sempre tão enérgica. - resmungou com pesar - Isso é tão desnecessário, Bê. Você sempre soube que isso ia acontecer. Eu te dei tantas chances de cair fora, de levar essa história pra trás, mas você insistiu. Acho que não vai dá pra resistir. - seus olhos negros me encararam e um sorriso foi aparecendo devagar - Prometo que vai ser bem rápido. Ele mal vai sentir a bala entrando.

Uma lágrima escapou do meu olho tamanha era a minha culpa. Devia ter um jeito de avisar Edward o mais depressa possível, algum modo de fazê-lo sumir, mas era impossível. Tentei mais uma vez num ato de completo desespero tirar minhas mãos de dentro da corda, mas não adiantou. Se desde o início tivesse me mantido firme, nada disso estaria acontecendo nem a mim, nem a ele.

- Se eu prometer que será indolor, você confia mais em mim? - sussurrou perto dos meus lábios, só chorei ainda mais - Poxa, Bê, já estou até fazendo muito. Eu prometo que entro na casa dele, pego o que tenho que pegar, e ele nem vai perceber na hora que for, okay? Aliás, meu amor, obrigada por me arranjar um otário rico. Vou matar dois coelhos numa paulada só. Me livro da dívida e dele. - beijou meus lábios e depois se levantou.
- Se você encostar um dedo nele, eu te mato, seu filho-da-puta. Eu acabo com você, Jacob. Volte aqui. - me debati, enquanto saía do quarto calmamente - Eu vou acabar com você, eu prometo que não vou descansar enquanto você não implorar para morrer. Eu te odeio.

Me joguei da cama, batendo com os joelhos no chão, puxei as mãos até fazer a cama descolar da parede. Tentei arrancar o nó com os dentes, mas estava muito apertado, então alguém entrou no quarto, empurrando a porta com toda força.

- Hora de parar com a palhaçadinha, Isabella? - Jared perguntou.

Ele me agarrou pelas costas. Mesmo com toda a força que apliquei, conseguiu apoiar meu ventre na beirada do colchão, separou minhas pernas com os joelhos e me imobilizou pelo pescoço. Tapou minha boca e nariz com uma gaze molhada de um cheiro forte. Minha garganta secou, enquanto o líquido volátil se espalhava pela minha boca.

- Não se debata ou vai ser pior. Você já vai sair daqui, Bella. Você já vai sair daqui. Confia em mim. - sussurou no meu ouvido.

Fiquei com ainda mais medo, não reagi não pelo que ele dissera, mas porque o remédio estava fazendo efeito e logo minhas pálpebras pesavam até que eu não conseguisse mais ver nada.

Edward Pov

- Claro que pode, meu amor. - Esme disse me chamando com a mão para que eu entrasse.

Fechei a porta de seu quarto com o peso do corpo e ali fiquei apoiado a vendo se arrumar.

- Você está bonita, mãe.
- Obrigada. Tem certeza que não virá conosco?
- Sim. Eu prefido ficar em casa.
- Não entendo essa sua briga com Jasper. Vocês eram melhores amigos, desde pequenos. Tanto que agora é sua irmã que está com ele.
- E quero que ela seja feliz. - dei de ombros - Só não estou afim de ir. Mas o que você queria falar comigo?

O jantar na casa de Jasper para meus pais não me incluía como convidado. Desde que assumi que estava namorando Bella, ou melhor, desde que Tanya espalhou histórias minhas pela escola, eu não era mais o que se pode dizer de alguém bem quisto.

Jasper só fora uma das minhas decepções, pois sempre pensei que fosse meu amigo para todas as ocasiões e foi só ouvir algumas mentiras que logo achou melhor cair fora antes que sobrasse para sua própria reputação.
Não me arrependia do fato de ter me afastado de todas essas pessoas mesmo não tendo dado certo com Bella. Isso só me serviu para mostrar quem era de verdade e quem não era. Infelizmente, noventa e nove por cento fazem parte do segundo grupo.

- Sente-se, por favor, só quero te fazer uma pergunta rápida. - caminhei até a beirada da cama mais próxima de sua penteadeira e a assisti encaixar os brincos.
- Pode dizer.
- Bem, querido, só queria perguntar se quer conversar sobre o que aconteceu entre você e aquela menina? - perguntou um pouco envergonhada.
- Não sei do que está falando, mãe.
- Bem, quando fomos para a França, te pedi que tentasse se aproximar de seu pai e explicar a ele o que estava acontecendo, mas não o fez. E nas duas últimas semanas você não me parece mais como antes. Aconteceu alguma coisa? - não acreditei que ela estava tocando naquele maldito assunto.
- Não aconteceu nada. Foi só para isso que me chamou?

- Não fale assim comigo, Edward. - ficou séria, mas depois seu rosto assumiu de novo aquela preocupação - Se não quer conversar, eu entendo. Só queria saber se estava bem.
- Estou. Agora sim estou bem. Esquece aquela menina, por favor. Me dei conta de que jamais daria certo e não há mais nada do que se falar. - me levantei e fui para o meu quarto.
- Mas, Edward... - ela ainda insistiu enquanto eu saía.

Encontrei meu pai no corredor assim que fechei a porta e ele parecia entusiasmado com a idéia de ir jantar na casa de Jasper. Logo ele, minha mãe e Alice foram passar a noite com os Hale. Rosalie não estava em casa porque tinha saído com duas amigas e eu estava sozinho.

Tomei um longo banho, vesti uma roupa qualquer e fui me deitar no quarto. Fechei os olhos, tentando não pensar em Isabella e em toda aquela angústia que tomava conta de mim quando ficava sozinho. Era como se algo estivesse muito errado, muito fora do lugar e fosse meu dever consertar, mas não sabia o que era, nem o que poderia ser, apesar daquela ligação só ficar mais e mais forte a cada segundo que passava.

Tentei pensar que se ignorasse aquele sentimento logo passaria, mas foi pior. Acho que cochilei até ser acordado com um grito e um som abafado de algo caindo no chão vindo do primeiro andar. Fiquei parado por alguns minutos, talvez tivesse sido só a empregada que deixara algo cair, mas o silêncio que veio depois estava estranho demais.

Me levantei, vesti minha camisa e saí do quarto na direção do corredor. A luz do hall estava apagada como não costumava ficar. Continuei andando até me apoiar no corrimão da escada, apertei os olhos tentando enxergar até que vi o contorno perfeito de Marie deitada no chão logo atrás do sofá.

- Oh, merda. - quando fui dar meu primeiro passo, algo veio de encontro a minha nuca com muita força.

Não sabia de onde, nem como, mas minha vista escureceu e caí sem sentidos.

[...]

Minha cabeça latejava no compasso do sangue que lentamente escorregava da minha nuca até meu peito. Levei a mão até o ferimento e o toquei com a ponta dos dedos, tirando em seguida por causa do choque de dor que cruzara a pele.

- Merda. - tentei me levantar, mas estava sem força no braço, por isso só rastejei até a parede mais próxima e ergui somente a cabeça.

Não estava mais na escada, eu me lembrava de estar lá em cima, mas não. Estava na sala, com vozes ao meu redor, vozes desconhecidas. Marie não estava mais no chão, não sabia onde estava. Tentei chegar para o lado, me mover, mas estava zonzo demais. Sabia que precisava ligar para a polícia, para meus pais, apesar de não saber o que exatamente estava acontecendo, mas precisava fazer alguma coisa. Por isso, fui empurrando o chão com os joelhos, inutilmente tentando me arrastar.

As vozes diminuíram, precisava ser mais rápido, então aquele chute veio direto no meu rosto. Caí no chão, completamente desorientado, minha bochecha sangrava e meu maxilar estava arrebentado.

- Meu trabalho vai comerçar, vocês podem dar uma volta por aí. Já sabem onde procurar o que interessa. - o que me chutou disse, então outras sombras começaram a se mover rapidamente na sala, subindo as escadas, indo para o escritório e os quartos.

Todos os homens estavam encapuzados, menos o na minha frente, com um sorriso gigantesco estampado em seu rosto moreno. Seus olhos ficavam apertados ao sorrir, e ele o fazia para mim como se me conhecesse desde a infância, como se esperasse que eu o reconhecesse.

- Oi, Edward. Estava me perguntando se não acordaria para os "finalmentes". A cabeça tá doendo, é? Desculpa. - esfregou uma mão na outra e suspirou - Bem, então, me conta como você tá.

- Saiam da minha casa. - consegui murmurar - O prédio é cheio de aparatos de segurança, a polícia deve estar chegando. Saiam.
- Duvido muito. tsc. As coisas pareciam estar meio desligadas. Pena que você não terá a oportunidade de comunicar ao síndico mais tarde.

Sua risada encheu a sala. Olhei em volta, estávamos só os dois. Era um assalto e de alguma forma eu precisava detê-los antes que minha família voltasse e ficasse em risco assim como eu estava.


O telefone estava na mesa redonda ao lado do maior sofá também com o abajur. Se os outros não descessem e houvesse alguma forma de imobilizar o homem na minha frente, eu poderia chegar até o aparelho e discar para a polícia. Ainda sorrindo, ele se sentou no braço de uma poltrona e olhou na direção que prendera minha atenção.

- Melhor nem pensar nisso. - sussurrou, então tirou a arma da cintura - Você não ia querer antecipar as coisas. - engoli em seco - Então, Edward, você não disse como vão as coisas.

Ele passava o dedo calmamente pelo cano brilhante da arma em sua mão e sorria pensando em alguma coisa. Uns segundos depois, me perguntei como ele sabia meu nome, mas preferi não dar atenção. Como eles puderam entrar aqui?

- Não fique nervoso, amigo. - achou absurdo minha mão que tremia - A Bê me disse que você era mais corajoso, nas poucas vezes que falou de você.

Senti um calafrio percorrer minha espinha, a posição e a dor na cabeça também pioraram aquela sensação. Tentei me sentar, apoiando firmemente todo o meu peso nos punhos. Como o nome de Isabella tinha parado naquela conversa?


Uma luz pareceu se acender e assim liguei alguns pontos. Aquele homem era o que ela tanto temia, o ex-namorado traficante, o que me ameaçara meses atrás.

- Jacob. - rosnei, não era uma pergunta, e sim uma acusação.

- Sim, amigão. Pelo visto, ela também falou de mim. Não acredite em tudo, admito que tenho mais fama que outras coisas. - riu da própria piada - Já você é idêntico ao que ela descreveu enquanto me contava tudo e repassávamos o plano.

As palavras não faziam sentido e deixei transparecer quando abaixei o rosto tremendo de raiva.


- Assustado? - neguei com a cabeça tentando parecer frio - É claro que não, essa não seria a primeira traição daquela vadia, não é mesmo? Você já está se acostumando?
- Do que está falando? - não queria admitir para mim mesmo.
- Da sua namoradinha. Como acha que consegui entrar aqui? Ela me passou algumas dicas suas, mais o que posso dizer?
- Jacob? - um dos homens chamou do alto da escada.
- O que quer? - ele rosnou por estar sendo interrompido.
- Não tem nem jóias, nem dinheiro, em porra de lugar nenhum nessa casa. Esse viado tá de brincadeira. Não temos muito tempo, então é melhor você acabar com essa palhaçada. Para com a conversinha e chega logo ao ponto: onde está a grana? - ele voltou a olhar para mim.

Mas de repente, não me importava mais se ele estava apontando a arma na minha direção, só consegui pensar no que dissera. Mais uma traição. Mais uma traição de Bella. Ela o tinha ajudado a entrar na minha casa. Não podia acreditar, simplesmente não podia ser verdade. Acreditar que só tinha ficado comigo por ficar por todo esse tempo ainda era razoável, mas acreditar que tudo tinha sido um plano para que aquele marginal entrasse na minha casa para me roubar era demais.

- Onde está o cofre? Sua última chance.
- Como assim? Bella...
- Ah, vamos logo com isso, ela já deve estar em outro estado agora. Que tal o presente? - encostou o cano na minha testa - Amargo, não? O cofre.
- No escritório.
- A combinação?
- Eu não sei.

Num movimento rápido ele inclinou o braço e atirou acima da minha cabeça, o eco percorrendo a sala, me encolhi em reflexo, enquanto ele sorria por ter atingido num quadro. Voltou a arma para mim e pediu com um sorriso maior:

- A combinação.
- Os vizinhos, porra. - o homem do alto da escada gritou.
- 140... alguma coisa. Não estou me lembrando. - precisava ganhar tempo, alguém deve ter ouvido o tiro.
- Acho melhor se lembrar.
- 1-4-0-9-2 e o resto não me lembro. Faltam três números.
- Então comece a rezar. - me puxou pelo cabelo e me arrastou até a escada.

Bella Pov

Enquanto isso.

- Acorda, por favor, Bê. Anda logo, nós precisamos cair fora. - me ajudou a levantar, mas eu ainda estava lenta, apesar de consciente.

Só não conseguia explicar isso para Jared porque não conseguia falar direito. Ele passou uma mão pela minha cintura, a outra puxou meu braço o passando em volta de seu ombro, então caminhamos para fora do quarto, pelo longo corredor até descermos por uma escada até uma estranha espécie de garagem onde me colocou sentada no capô de um carro preto.

- Está me ouvindo? - perguntou, segurando meu rosto.

As imagens dele desamarrando as cordas e me acordando assim que Jacob fora embora ainda eram muito confusas. Não entendia porque estava fazendo aquilo. Ele apoiou uma bolsa marrom enorme também em cima do capô e abriu um armário de duas portas ao lado do carro. Tirou de lá duas armas e as guardou na bolsa que já parecia estar cheia de roupas e dinheiro.

- O que está fazendo? - consegui perguntar.
- Fugindo. E se você quiser, pode vir comigo.
- O que?
- Se não notou, Bella. O Jacob está louco. Ele está com uma dívida gigantesca com um negociador que já está vindo atrás de todos nós. Não vou ficar aqui para afundar junto numa merda que ele foi avisado que estava entrando. - pegou a maleta e a jogou pela janela no banco de trás - Você é uma das culpadas por ter deixado ele assim, mas não merece ficar e assistir o castigo. Entra no carro que eu te deixo no lugar que você quiser.
- Não posso. - tentei descer, cambaleei, então ele correu até mim e me segurou nos seus braços.

- Vamos, Bê, deixe de ser cabeça-dura.
- Onde ele está?
- Você sabe onde. Olha, o Seth trocou a paz dele e da Leah pelo nome do cara que você estava namorando. Depois disso o Jake pirou, tentando saber onde ele morava e conseguiu o endereço dele com um cara que deve estar agora boiando no fundo de algum rio. Ele vai pegar o que puder na casa do seu namorado, vai matá-lo e depois vai voltar para matar você. Ele não vai fazer vista grossa.

- Ele não vai me matar.
- Olha, me deixa me desculpar por ter tirado aquela foto sua com esse cara daquela vez. Eu jamais pensei que fosse algo que Jacob fosse ficar tão pirado. Me deixa te tirar daqui e te deixar em segurança, é minha forma de pedir desculpas, por favor.
- Não vou deixar o Edward sozinho. Não posso, eu o amo.
- Mas, Bê... pensa na sua irmãzinha. Pensa em você. O Jacob matou o Sam que era quase irmão dele, pode fazer muito pior com você, por favor, confia em mim. Eu te deixo com seu pai e caio fora, mas...
- Não. Eu tenho que ir até lá. Pelo amor de Deus, Jared, me leva até o apartamento do Edward. Você tem que me levar até o Jacob antes que ele o mate, por favor, eu te imploro. Não posso deixá-lo morrer por minha causa. Ele nunca teve culpa alguma.
- Não vou fazer isso.
- Então eu faço sozinha.
- Não, você não pode.
- Mas eu preciso. Eu amo aquele cara, mesmo ele não querendo mais me ver. Preciso tirá-lo do perigo. - empurrei Jared e saí andando mesmo com muita dificuldade.

Havia uma porta na garagem que abri e saí para a noite escura de Nova Iorque. Passei tempo demais dormindo, estava zonza enquanto andava pelo conjunto de várias garagens perto do pier. Pelo menos, reconhecia o lugar que estava, agora só precisava achar a forma mais rápida de chegar até o Central Park.

Meus sentidos me enganavam, parecia estar andando mais rápido do que realmente estava. As lágrimas de desespero caíram, molhando minhas bochechas e minha blusa. E se eu chegasse tarde demais? E se encontrasse apenas meu Edward morto? Isso seria pior do que morrer, porque minha vida não tinha valor, eu não valia nada para mais ninguém, nem mesmo para minha filha pois agora a estava colocando em perigo. Mas a vida dele era tão importante para tantas pessoas. Principalmente, para mim.

O som abafado do motor me cercou, quando minha vista escureceu novamente. A mancha negra cruzou a minha frente e Jared gritou com a porta aberta para mim.

- Eu te levo até lá. Entre logo, rápido.

Edward Pov

- Perfeito. - gargalhou - Agora só falta um detalhe.
- Não precisa me matar. Já te dei a combinação. - os olhos dele ainda brilhavam para as jóias de Esme no cofre.
- A gente combinou alguma coisa do tipo? Desculpa mas não me lembro. Levem o idiota lá para baixo.

Dois dos homens armados me puxaram pelo braço e depois me levaram lá para baixo de novo, me jogando no sofá quando chegamos. Jacob logo desceu, deixando um dos homens lá em cima fazendo a limpa.

- Não sabe quantas vezes imaginei isso, cara. Pense que será por tudo que você me causou, filho-da-puta. - os dois nos deixaram a sós.

Fechei os olhos, não querendo imaginar o que aconteceria depois, foi quando ouvi o grito que chamou minha atenção.

- Não, Jacob. – ela apareceu, fechando a porta e andando até o meio da sala - Por favor, não. – pediu com a voz chorosa.
- Subestimei sua inteligência, garota – apontou a arma para ela, sem tirar os olhos de mim.
- Abaixa a arma, Jake. Vamos conversar.

O que me veio na cabeça foi a lembrança de nós dois abraçados numa cama, enquanto ela me contava sobre o ex-namorado. O perigo que eu corria. Ela queria me proteger, como também me enganar.

- Vadia. - rosnei, mas não chamei sua atenção.

Bella não olhou em nenhum momento para mim enquanto falava com o comparsa. Queria fazê-la desaparecer, mas ao mesmo não conseguia me preencher completamente desse sentimento, pois havia algo a mais como uma espécie de culpa, como se tivesse feito algo de errado para receber aquela resposta. Sentia nojo de tê-la amado e medo por continuar sentindo aquele amor.

- Jacob, por favor?
- Ele não vai sair vivo dessa, Bella.
- Nem você. Já chamei os policiais. Você tem que largar a arma e se afastar. Antes que seja tarde demais, Jacob. É para o seu bem.
- Mato vocês dois antes disso.
- Vai ter coragem de me matar? - deu dois passos para frente o assustando.

Não satisfeita, deu mais um passo fazendo com o que o cano encostasse em seu peito. Quase pude sentir o frio do metal atravessando também a minha pele assim como a dela, meu coração veio até a boca, meus pensamentos se embaralharam. Estava de novo se fingindo de forte como costumava fazer, mas podia ver seu dedos da mão tremendo de medo. Aquilo também devia ser combinado dos dois, precisava ser, ela não podia ser louca a esse ponto.

- Então atira, aqui no meu peito, é o que você quer. Acredite: eu também. Atira, Jacob. Faz seu serviço antes que os tiras cheguem e te levem pro inferno. Faz aquilo que você sonhou nos últimos meses. - ele olhou para ela assustado, com a respiração irregular.

Ele estava distraído com ela, olhei para o lado, se Bella continuasse o encarando eu poderia pegar o abajur e só precisaria de três passos largos até ele. Arrancaria a arma de sua mão e a renderia. Meu Deus, era inacreditávle que eu a renderia. Mas e os outros homens? Bella estava mesmo envolvida? O que ela faria se eu pegasse a arma? Continuaria mentindo? Que merda, não conseguia acreditar que tudo que passamos podia ser mentira, tudo parte de um plano, minha cabeça mandava, mas meu coração continuava me dizendo que não.

- Isabella... - Jacob murmurou.
- Você já fez isso muitas vezes antes, matando cada pedacinho da minha alma, me envenando, porque não de novo? Uma vez você se jogou sobre mim para me livrar de um tiro, se lembra Jacob? - ela puxou a camisa para baixo, mostrando a cicatriz no ombro - Você salvou minha vida, não acha que também tem o direito de tirá-la. Faça-se de Deus. Anda, Jacob, me mata. Mata, por favor? Mata!
- Não.
- Perdeu a coragem, não é? Você nunca foi homem o suficiente para nada. Matou o Sam por ter medo de enfrentá-lo. Expulsou seus irmãos por medo do que pensariam. Matou seu pai de desgosto por não admitir o que fazia. Me matou aos poucos por ter medo de ficar sozinho. Termina seu serviço, canalha. Puxa essa porra desse gatilho, Jacob.

- Cala a boca, Bella.
- Não vai fazer, amor? Poxa, que pena, esperava mais de você.
- Cala a boca.
- Esperava encontrar aquela marra toda, onde se escondeu? Porque não chama Quil, Embry e Paul lá em cima para te ajudarem. Com certeza, Jared já caiu fora, esse sim é esperto. Mete logo uma bala no meu peito, Jacob.

Me movi, primeiro de forma lenta, depois com mais pressa. Jacob não viu nenhum dos dois, estava perdido em Bella. Ela também parecia não me enxergar. Vi então que Marie estava atrás do sofá, fora arrastada para ali enquanto eu estava desacordado com a coronhada. Olhei de novo para os dois, tão envolvidos e presos em sua própria bolha que era a minha única chance de dar uma pancada em sua cabeça ou algo do tipo e fugir. O abajur era quadrado com um pé pesado de cristal e pela primeira vez agradeci pela mania irritante da minha mãe de trocar a mobília todos os anos.

Agarrei a base fria do abajur, me levantei rasteiro, mas não sei que movimento brusco fiz que chamou a atenção de Bella. Seus olhos castanhos se voltaram uma única vez para mim, me encarando de forma calorosa. Foi como uma onda quente que invadiu meu corpo, uma onda de amor e arrependimento, pude prever o que ela faria assim que me olhou e o medo cobriu aquela onda tão deliciosa. Era mentira de Jacob. Bella podia não ser tudo aquilo que eu esperava dela o que me fez a afastar, mas naquele momento entendi que jamais faria algo do tipo comigo. Eu a amava.

- Bella... - seu nome saiu como uma farpa da minha boca.

Não passou um segundo até que Jacob percebesse que eu tinha me levantado e Bella fez o que estava planejando. Quando olhou para trás, me viu fora do sofá, Jacob tentou mover o braço para atirar em mim, mas Bella o agarrou e puxou para baixo. Ela girou, ainda agarrando o pulso dele que tentou empurrá-la. Os dois brigaram pela arma, curvaram os corpos para frente e então o estampido ressoou por todo o cômodo.

Bella Pov

Há feridas em nós que todos conseguem ver e outras que nem em um milhão de anos poderiam ser notadas a olho nu. Eu estava sangrando incontrolavelmente e só me dei conta disso enquanto ia de encontro ao chão. Não era o ferimento da bala que me fazia sangar, era a dor de perceber que tantas coisas poderiam ter sido vividas se tivesse feito as escolhas certas.

Agora parecia tudo muito distante, aquele laço que eu sentia dentro de mim que me unia à minha filha e aquele sentimento que me aprisionava aos lindos olhos verdes do meu Edward. Estava perdendo tudo porque tinha certeza que estava morrendo. Todos os meus erros fluíam junto ao sangue, molhando o piso da casa de Esme, mas eles também pareciam insignificantes, toda a minha falta de diálogo com James, minha vontade de acabar com a própria vida sem saber quando me envolvia com Jacob e os erros que cometi de não ter dito antes o quanto Edward me fazia feliz.
Ele tinha sido o único em muito anos que me fizera sentir coisas que pensava que nunca pudessem existir em minha vida, como honestidade, cuidado e carinho.

Finalmente cheguei no chão, girei meu corpo, mirando a única lâmpada acesa no lustre. Me lembrei do tiro que tomei no ombro, o quanto tinha sido horrível, mas sequer se comparava com aquela dor. Eu senti cada centímetro da minha pela rasgada latejando de dor, queimando e irradiando medo para cada célula do meu corpo. Com dificuldade, apoiei a mão sobre o líquido quente que escorria em jatos rápidos e a inconsciência tomava conta de mim.

Ouvi o som abafado de algo caindo ao meu lado e eu sabia que era Jacob. Edward logo estava lá ajoelhado com suas lágrimas caindo no meu rosto.
De nós dois apenas um merecia sofrer. E não era ele. Só eu havia errado. Errei por amar além do meu alcance e não saber onde é meu lugar. Por isso, eu fiquei na frente daquela arma e não me importei quando o tiro me acertou e eu senti minha carne sendo dilacerada. Pelo menos, ele estava à salvo.

- Bella, meu amor, Bella, está me ouvindo? - abri os olhos e tentei sorrir - Ah, minha Bells, o que você fez? - apoiou sua mão sobre a minha e pressionou.

Meu corpo arqueou de dor, como se um novo tiro estivesse atravessando meu corpo naquele ponto, uma tortura muito pior do que estar com aquele pedaço de metal na minha barriga. Quando notei, Edward já havia me levantado em seu colo, sua mão sumira de cima da minha e agora segurava uma arma.

- Fiquem parados aí. - gritou com seus dedos trêmulos encharcado de vermelho.
- Edward... - tentei murmurar.

Por alguns segundos, me fechei de novo num mundo que não pertencia a realidade, só uma voz me prendia por um fio ao chão. Era a voz dele.

Não sei quanto tempo passou, mas quando aquela melodia ficou mais clara foi muito mais difícil de me prender a ela.

- Meu amor, eu estou aqui, a ambulância está à caminho. Os policiais chegaram, Bella. Eles foram embora já, por favor, fica aqui. Abra os olhos. - eu os abri, mas não estava enxergando Edward.

Não pude acreditar que não poderia vê-lo pela última vez antes de morrer. Uma lágrima molhou meus lábios. Tentei respirar fundo para responder que não dava mais tempo, mas havia sangue na minha garganta, não consegui falar nem respirar. Tossi, causando mais dor, trazendo o gosto de sangue para a minha boca.

- Bella...
- Não-chora. - consegui arfar.
- Oh, não fale, não fale nada. O policial está dizendo para você não se mexer, pode ser pior. Eles... chegaram, Bella. A ambulância chegou, você vai ficar bem. Eu te prometo. - só agora notei que segurava minha mão.

Tentei responder, mas puxaram minha mão da sua, o calor do seu corpo foi afastado do meu, me senti mergulhando num buraco gelado. Fique desesperada, esperava muito que ele conseguisse ouvir meu sussurrou, fiz força de novo dessa vez muito maior, tentando esconder a dor de estar sendo colocada sobre a maca.

- Edward, eu te amo. - todas aquelas mãos sem que pudesse identifcar a sua - Eu te amo.


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Notas finais do capítulo

Não percam o próximo. Deixem seus reviews.