Costumam dizer que Natal é época para grandes feitos, reconciliações e coisas do gênero. Você sabe, eu acho isso uma grade bobagem, mas decidi me aproveitar de todo esse espírito natalino que anda nos cercando neste mês.

É só Natal, não consigo ver o que você ou qualquer outro enxergam nesta data. Sei que tudo fica mais bonito e outros frufrus, e todo aquele blabla sobre paz, mas por que tem que ser no Natal? Se toda essa bondade é tão certa, devíamos pratica-la  o ano todo e não só em um dia, não é? Mas quer saber? Eu vou me aproveitar desta data também.

Antes que eu me arrependa da idiotice que eu estou fazendo agora, eu vou dizer de uma vez que além dos votos estúpidos e repetitivos de Natal e fim de ano, eu te entrego também os meus sentimentos.

Não é necessário aceita-los, encare-os como uma grande caixa sem destinatário, cabe a você decidir se vai abri-la ou não.

Como este ano nós não comemoraremos devidamente, por conta dos meses corridos que estamos tendo, resolvi que dizer assim era a forma mais prática.

Eu não vou mudar com você, mesmo que você o faça.

Não deixarei de te chamar de nanico, de dizer que esquilos não são permitidos no prédio da PSC, de contar piadas sobre vocês, limpadores de rodapé, e muito menos de abusar da sua prestação de serviços e humor facilmente mudável.

Eu gosto de você assim, eu não mudaria nada, nem mesmo a sua altura.

Feliz Natal, Hiroto.

Havia entendido perfeitamente o que aquele pequeno papel dobrado em muitas partes estava transpassando para si, era o que mais desejava desde... Sempre.

Natal era realmente uma data maravilhosa, sempre achara isso e com aquele bilhete em mãos tinha ainda mais certeza. Era maior que si, a vontade que tinha de se jogar nos braços do outro. Vontade tanta que mal cabia em seu corpo pequeno, não que fosse muita coisa por fora.

Correu, apressando-se em chegar até o estacionamento antes da partida do outro. Desesperado, o elevador parecia não chegar e nunca se sentira tão afobado quanto naquela hora, e isso não era pouca coisa.

Era muito mais do que seu pequeno coração parecia agüentar. Era simplesmente tudo o que desejou desde que seus olhos pousaram sobre o maior, desde que se viu envolto cada dia mais, durante gravações, ensaios ou encontros da banda.

Crescia e se tornava cada vez mais forte, aquele sentimento tão invejável dentro de si. Devia se chamar amor, mas sempre procurara esconder uma coisa como aquelas. Tinha para si a banda em um patamar mais elevado que as outras coisas, patamar este que só era dividido com Mogu.

Feliz ou infelizmente o maior estava a alcançar aquela tal divisão. A sanidade que tanto lutava para manter intocável, embora sempre ocultasse as coisas perfeitamente quando se tratava de si, sentia que não daria conta dos sentimentos que tinha por ele.

Percorreu todo o estacionamento, correndo pelas ruas daquele lugar subterrâneo e acendendo as luzes por onde passava. De longe pôde avistar a moto do outro, não que fosse chamativa, mas Hiroto já a havia decorado.

Chamou seu nome, esse que pareceu ecoar por toda a extensão do lugar iluminado artificialmente.

Viu-o parar a moto, tirando o capacete enquanto observava o pequeno se aproximar de si. Achou isso um desaforo, visto que já percorrera a PSC toda e ainda teria de lutar mais um pouco contra sua vontade de cair no chão e suas pernas que formigavam insistentes.

Sem dizer nada apenas se aproximou bem do outro, deixando seus cabelos loiros oxigenados tamparem a situação ali e selando seus lábios de forma rápida. Não podia se dar o luxo de serem vistos ali, por mais que não se importasse, o Alice Nine ainda tinha um nome a selar por ali, pelo menos simbolicamente.

- Eu aceito essa caixa sem destinatário, Tora-shii, mesmo que você faça piadas e brincadeiras sem graça sobre como sou tão curioso quanto baixinho. Feliz Natal meu Tigre.