Capítulo IV: Quarto tiro.

Não era tão difícil assim viver no dormitório da escola.
Mas também não era um hotel 5 estrelas. Na verdade, não parecia em nada com um hotel.
Eu dividia o meu quarto com mais uma pessoa. Parece que como eu não tinha reservado o meu quarto no começo do semestre, eles já estavam lotados. Mas “felizmente” uma das alunas aceitou em dividir o quarto comigo. Seu nome era Temari. Ela até que era legal. Mas eu meio que estou com medo dela. Sério.
Para começar, a menina tem uma cara demoníaca. Não que ela seja feia, ela não é. Apenas tem uma cara que dá medo nas pessoas. Quero morrer amiga dela. Por favor, Deus, não deixe que ela fique nervosa comigo.

Mas, mudando de água para vinho, adivinhem o que eu estava fazendo até agora?
Quem falou “Procurando o idiota do Gaara” ganhou um doce.
Pois bem, eu tinha tentado esfriar a minha cabeça arrumando as minhas coisas, mas não havia dado muito certo. Eu estava muito P* da vida com toda essa situação.
Fui caminhando com passos firmes (lê-se de loira enraivecida) e quando eu estou assim, não vejo muito bem as coisas ao meu redor. E sendo assim, eu acabei esbarrando em alguém.

- Ora, ora, o que temos aqui? – Falou uma voz masculina enquanto delicadamente me segurava pelos ombros para eu não cair.
Olhei para cima e o vi. Não era o Gaara. Era o Itachi.
- Pro-professor! O que o senhor faz aqui? – Falei assustada. Devo ter feito uma cara muito idiota, pois ele começou a rir.
- Sou um dos professores encarregados dos dormitórios. – Falou ele enquanto me soltava.
AH! Isso explica o fato de terem tantas meninas vivendo nos dormitórios da escola.

Afastei-me um pouco dele e fazendo um aceno com a mão disse:
- Ok então. Tchau professor. – Mas quando eu estava me virando para sair, senti algo nas minhas costas. “De novo?” Eu pensei. Mas desta vez não podia ser o Gaara fazendo uma de suas brincadeiras. Comecei a ficar com medo. Porém eu ouvi uma voz na minha cabeça falando “Nesse mundo você deve estar preparada.”
Respirei fundo. Tudo havia sido muito rápido.
Em um segundo eu estava com uma arma nas minhas costas, em outro eu estava chutando a arma para longe. Devo esta parte ao meu pai e as suas brincadeiras de luta. Obrigada Papai.

Itachi me olhava com um olhar desafiador. Sua arma havia parado do outro lado do corredor.
- Você passou. – Falou ele enquanto um sorriso meio maligno se formava em seus lábios.
- Passei? – Perguntei enquanto tentava processar a informação de que meu professor de história havia tentado me matar. E cá entre nós, ele já me mata de sono todo o dia.

Ele riu e caminhou pacificamente até aonde eu tinha chutado a sua arma e a pegou.
- Sim. Esse foi apenas o primeiro teste. Vejo que você não ficou sabendo, mas para viver no dormitório desta escola, você deve ser forte. Não aceitamos qualquer um. Quer um conselho? Fique bem atenta. – Ele saiu rindo. Porém se virou e disse :
- Também não use calcinha de morangos. É muito infantil. – E ele sumiu na curva do corredor.

Como ele sabia que eu estava usando cal... ESPERA AI!
Olhei para baixo e percebi que eu ainda estava usando a saia da escola. PORCARIA.
Senti meu rosto pegando fogo. Mas não de vergonha. Afinal, eu cresci com o meu pai e com os inimigos que apareciam nas horas que você menos esperava. Eu estava era com raiva! Raiva porque ninguém me avisou que eu deveria PROVAR que sou forte. EU SOU FORTE, ok? Apenas sou meio avoada, mas eu sou forte, afinal eu tecnicamente cresci no meio de um campo de batalha. Mas eu não achava que até na escola eu deveria estar atenta. Afinal, eu estudo aqui a mais de 10 anos. E nunca alguém me apontou uma arma enquanto eu caminhava no corredor.

Ótimo. Agora eu estava com mais raiva ainda do desgraçado do Gaara.
Comecei a correr em direção aos dormitórios dos professores quando algo... ou melhor, alguém puxou meu braço. Fazendo com que eu caísse no chão.
- Você ficou maluca? – Disse uma voz feminina bem próxima do meu ouvido. Temari.
- Acho que VOCÊ ficou maluca! Ou melhor, todos aqui nessa escola ficaram! – Eu estava P* da vida. Olhei para a garota que estava sentada ao meu lado segurando o meu braço e lancei um olhar de “ME-DEIXA-IR”

Porém ela ignorou meu olhar e quando ia abrir a boca para dizer algo, algumas pessoas apareceram no corredor.
- Droga! – Falou Temari enquanto se levantava – Vem, vamos voltar. Eu vou te explicar o que esta acontecendo aqui.
E dizendo isso ela me puxou para cima e começamos a correr, antes que aquelas pessoas tivessem idéia da nossa presença.

Não demorou muito para chegarmos ao nosso quarto.
Depois de entrarmos, Temari trancou a porta e se sentou em uma das cadeiras giratórias.
Eu fiquei parada olhando para ela.
- Certo – começou Temari – Você não foi muito informada, certo?

Balancei negativamente a cabeça e ela continuou:
- Pois bem, vou ser bem direta ok? Como você sabe, todos os alunos nesses dormitórios pertencem á uma família. E como você sabe, todos aqui são tecnicamente os herdeiros em potencial para cada uma das famílias, e matá-los seria como eliminar o sub-chefe da família. Esta me entendendo? O que eu estou querendo dizer é que todos aqui são inimigos. Claro que tem amigos aqui, mas só entre famílias aliadas ou entre membros da mesma família. E tem também os professores.
Temari parou por um momento e me olhou bem fundo nos olhos, como se estivesse me falando para prestar muita atenção. Fiz um sinal de que estava prestando atenção e ela continuou:
- Os professores daqui... são os consiglieres das famílias que tem filhos nos dormitórios. Ir para o território deles é a mesma coisa que se suicidar. – Falou Temari enquanto pegava um saco de pirulitos – Quer um?
- Não obrigada. – Eu estava chocada. – Mas... Temari, por que você esta me ajudando?
A garota tirou o pirulito da boca para me responder.
- Porque eu sou irmã do Gaara. – E colocou o pirulito novamente na boca.
Ela? Irmã daquela praga? Da maldita praga que me OBRIGOU a morar nesse campo minado?
Olhei para ela com um olhar apavorado.
- Vamos nos divertir muito aqui. – Ela falou enquanto se levantava e fechava as janelas.

- Como assim? – Perguntei apavorada.
- A grande maioria dos alunos daqui já sabe o que aconteceu com o seu pai. E a grande curiosidade agora é descobrir quem irá assumir o lugar dele. – Minhas mãos começaram a suar – E pelo que eu ando ouvindo. Muitos estão desconfiando de que você é a nova chefe. Impossível, não?
Ela riu e voltou a se sentar na cadeira.
- Mas por que isso seria divertido? – perguntei enquanto caminhava em direção ao guarda-roupa.
- Porque você acaba de se tornar o alvo de toda a escola.
A roupa que eu estava segurando caiu no chão.
Eu? Alvo?
Tentei não olhar para ela. Afinal, pelo que eu percebi, ela não sabe que eu sou a nova chefe. Então mostrar qualquer sinal de pavor seria a mesma coisa que gritar “É EU SOU A NOVA CHEFE DESSA M* TODA”.
Peguei rapidamente a roupa que havia caído e corri para o banheiro.
Ouvi uma risada vindo do quarto. Ela realmente estava se divertindo com a minha situação.
Ela pode rir a vontade. Eu não. Afinal, acabo de ser informada que sou uma ovelha cercada por lobos.