POV Lily

- Ainda bem que só se faz aniversário uma vez no ano. – me joguei exausta no sofá da casa da Lene assim que chegamos do salão – Eu não pretendo voltar naquele lugar por tipo, um século.

- Não se esqueça de que semana que vem tem o baile de inverno. – Lene cantarolou da cozinha, enquanto pegava algo para comermos.

- Ugh. – eu gemi, ao mesmo tempo que Charlie entrava pela porta da frente.

         Era meio estranho revê-lo, considerando que da ultima vez que o vi nós quase dormimos juntos, mas ele nem me deixou falar, foi logo se jogando ao meu lado e perguntando algo que eu nunca imaginaria que iria ouvir dele em toda minha vida.

- Por acaso você tem uma prima chamada Mandy Jones?

- Uhn, sim. Mas ela mora em Washington com minha tia.

- Parece que não, já que eu acabei de deixá-la na casa do seu namorado com umas quinhentas malas e uma transferência de faculdade na mão. – nesse momento, meu celular tocou e minha prima louca começou a tagarelar em meu ouvido:

- Fala pimentãozinho! – ela me chamou pelo apelido de infância.

- Como vai rabanete?

- Acredita que eu estou em Ohio? Resolvi me mandar daquele quartel e vir morar com vocês. Até queria fazer uma surpresa, mas você não estava em casa, como seu namorado gostoso fez questão de me informar. Aliás, o que que é essa casa? Não basta você e a tia pegarem dois gatos do tipo mor, eles serem pai e filho, ainda tinha que ser milionários? Tiro meu gorro de strass de Sex and The City para você prima.

- Valeu Mandy, mas... – assim que falei seu nome Charlie tomou o celular de minha mão e colocou no viva-voz.

- Mas eu liguei mesmo foi pra te contar do gato que eu conheci hoje e me deu uma carona. Conhece um tal de Charlie Micknnon? Porque ele me disse que era seu amigo, mas considerando que o ultimo cara que você chamou de amigo era aquela aberração do Snape, eu...

- Quer dizer que você achou que eu estava mentindo pra você? - ele a interrompeu, rindo.

- CHARLIE!

- É muito feio ficar ouvindo a conversa alheia, sabia garoto?

- Não quando a conversa é sobre você.

- E se não fosse?

- Eu tinha certeza de que hora ou outra iria chegar, quer dizer, eu sou inesquecível e você curiosa.

- Eu não acho que...

- Será que dá pra deixar a melação para mais tarde? Vocês estão atrapalhando o cronograma e retendo o celular da Lily. – senti uma pontadinha de ciúmes por parte da minha amiga e pela resposta de minha prima, ela também.

- E essa, quem é?

- Minha irmã. – Charlie tratou logo de desfazer o mal entendido.

- Prazer, Marlene.

- Amanda. Já que é assim, Marlene, eu vou deixar vocês com o cronograma. Beijos para vocês e feliz aniversário Liloca.

- Beijos prima.

- Até mais tarde gata. – meu amigo tinha um sorrisinho cafajeste no rosto, quando completou - E nem pense que vai fugir de mim.

- Você está linda! – James tinha ido me buscar na casa de Lene. Assim que desci as escadas, o encontrei me olhando encantado, enquanto eu fazia o mesmo com ele.Sorri, me lembrando de nosso primeiro encontro. Meu namorado estava com uma calça preta mais justa, camisa rosa social com as mangas arregaçadas e um sapatênis preto.

- E você também.

- Lindo o suficiente para que você fique ao meu lado a noite toda e me deixe torná-la o melhor aniversário de sua vida? – ele brincou.

- Esse já é o melhor. E nem precisava de festa para isso.

- Eu me sinto do mesmo jeito. – ele me puxou para um beijo.

- Ok casal, pode parar com a agarração ai. Nós temos uma festa para agitar. –Lene disse, assim que chegou na sala. Ela vestia um tubinho de oncinha. – Além disso, isso me dá saudades de meu namorado.

- Vocês estão a se ver há... cinco horas mais ou menos e já está reclamando? – Dorcas, com um floral soltinho, a repreendeu.

- E aí James?

- Fala cara. – eu e as garotas encaramos meu namorado e Charlie como se um ET tivesse baixado na Terra. Da ultima vez que chequei, meu namorado tinha sido obrigado a colocar o nome dele na lista sob ameaça de greves beijísticas (?) – O que foi? Até parece que Charlie e eu nos odiamos. – e eles riram.

- Acho melhor a gente ir, antes que minha cabeça loira entre em parafuso.

- Mais, Dorc?

- Surpresa! – James meu deu um beijo na nuca, antes de destampar meus olhos. Ele tinha insistido para que eu não visse nada antes de chegar na festa, por isso eu estava vendada desde que saímos da casa da Lene.

- Ficou lindo amor. – e tinha ficado mesmo. O jardim parecia ter saído de uma fotografia do Taj Mahal. Tudo enfeitado de vermelho e dourado. E no fundo a trilha sonora de “Quem quer ser um milionário” tocava. Era um dos filmes que nós dois tínhamos assistido quando eu estava toda quebrada e eu tinha amado.

- Tudo para minha sherazade. – ele disse e eu ri, me sentindo a garota mais sortuda do mundo

- Te amo. – eu o beijei com todo meu amor,mas cedo demais fomos interrompidos por toda a população estudantil de HHS (e a minha prima louca), querendo me dar os parabéns.

- Aqui está. – Dorcas balançou a chave do meu apartamento na frente dos meus olhos – Também dei minha contribuição, porque se dependesse da Lene aquilo ia ficar parecendo um motel de quinta. E a propósito, meu presente. Meu e de Remus. – ela me entregou uma caixa. Assim que abri, juro que meus olhos brilharam.

- Eu adorei! – dei um abraço forte nela e em Remm. Afinal, não é todo dia que se ganha um box com todos os filmes de HP .

- É claro que você adorou, você é nerd como o meu namorado. Juro que ele queria roubar, e só me deixou te entregar depois que eu ameacei uma greve “daquilo” com ele.

- Informação demais. Sério.

-Vem amor. – James me puxou até o palco, e depois de cantar os parabéns me disse as palavras mais lindas que eu poderia querer ouvir – Lily, eu sei e todos aqui sabem, que antes de te conhecer eu era um galinha que não ligava para o sentimento dos outros, mas hoje eu queria te agradecer por me mostrar que é possível sim, estar com uma só pessoa e se sentir completo. Eu te amo.

- Eu também te amo.- enquanto ouvia as palmas de nossos amigos, eu o beijei tentando demonstrar o quanto ele me fazia feliz, mas bem nesse momento, onde tudo era James e eu, e eu finalmente me sentia em casa, meu mundo desmoronou.

- Foi uma bela cena, não foi? – Alicia estava encostada a mesa do DJ, com um controle nas mãos – Mas eu também tenho uma surpresa para a aniversariante.

- eu não estou com um bom pressentimento. – Lene estava ao meu lado.

- Ela ainda é nossa amiga, não é? – sussurrei para Dorcas.

- Eu não tenho mais tanta certeza.

         As luzes se apagaram e várias fotos minhas antes de chegar em Columbus começaram a aparecer:

- Lily Evans. Quem diria que essa ruiva tão apagada se tornaria a rainha da escola em poucos meses? Bem, eu diria. – fotos do meu período na escola começaram a aparecer – Porque Lily Evans nada mais é do que uma invenção de Dorcas, Marlene e eu para nos vingarmos de James Potter.

         Eu sabia que no telão, deveriam ter algumas fotos de nossos planos, e deu sabe mais o que, mas no momento só conseguia encarar James. Ele olhava tudo incrédulo.

- Sabe qual era o plano? Fazê-lo se apaixonar por uma garota e confessar na frente de todos, só para depois pisar nele, como ele fez com a gente e parece que hoje, finalmente, a nossa ruiva conseguiu. Eu tiro meu chapéu para você Lily. – eu sentia Lene e Dorcas segurando minhas mãos com força, mas nada parecia fazer sentido para mim. Até que algo me chamou a atenção, era a minha voz. Me virei atônita para a tela: “James, existe um cara para mim lá fora. Mas você definitivamente não é ele.”

- Eu não acredito que essa vadia fez isso. – Lene estava irada. Este vídeo foi de um dia em que estávamos treinando para que eu permanecesse mais confiante e Al tinha jurado que o apagaria. Tudo parou quando percebi que James tinha me dado as costas e ido embora. Saí correndo desesperada atrás dele e o encontrei em seu quarto:

- James, me escuta, eu posso explicar... – eu chorava sem parar e, apesar de ele estar de costas para mim, eu sabia que devia estar do mesmo jeito.

- CALE A BOCA! Eu não quero ouvir nada do que você tenha para me dizer. Se você queria me humilhar na frente de todos, parabéns você conseguiu. – ele se virou para mim e dentro de seus olhos eu vi tanta mágoa, que foi como se meu coração tivesse se partido em mil pedaços – Dizem que o amor e o ódio são sentimentos próximos, e eu nunca tinha entendido isso antes, mas nesse momento eu te odeio tanto que parece fazer sentido. Eu quero que você saia agora da minha casa e nunca mais volte Lily Evans. Eu me arrependo de um dia ter conhecido você.

         Saí do quarto, dando adeus a única pessoa que eu realmente amei na vida.

- Vem Lily. – Mandy estava parada na ponta da escada e me olhava de maneira amável – Charlie e eu te levamos em casa.

         Assim que desci, encontrei Sirius e Lene discutindo:

- Mas Sirius, nós tínhamos desistido, eu juro.

- Me desculpe Marlene, mas o que vocês fizeram com James não foi só infantil, foi cruel. – ele olhou para mim nesse instante e me deu as costas – Eu vou ver como James está.

- Lene, me desculpe por... – eu comecei, mas ela me interrompeu:

- Não Lily, eu tenho tanta ou até mais culpa do que você nesta história. – ela me abraçou forte – Como você está?

- Eu pareço bem? – mesmo morta por dentro, eu ainda consegui dar uma risada forçada.

- Você não quer dormir na minha casa hoje? – ela me olhou preocupada.

- Não. Eu não quero atrapalhar. Mandy vai ficar comigo a noite toda e...

- Dorcas e eu vamos para lá assim que as coisas se acalmarem. Quer que eu chame sua mãe? – Mamãe e Senhor P. tinham saído com Joan para um congresso de ultima hora e só chegariam em casa de madrugada.

- Não, não por hoje. Ela está feliz, e Henry vai me odiar quando... – recomecei a chorar, agora pensando na família que minha irmã tinha conseguido e eu com minha estupidez destruí.

- Ok. Acho melhor nós irmos. – Minha prima me puxou até o carro de Charlie. Assim que entrei, Jimmy pulou no meu colo. Passei o caminho todo o acariciando e chorando baixinho.

POV James

         Assim que Alicia começou a falar, eu achei que era uma brincadeira de mal-gosto. A minha Lily nunca iria tão baixo assim. E Alicia ainda não tinha superado o nosso término, já que vivia se jogando para cima de mim. Mas todas as minhas dúvidas foram embora assim que eu vi Lily no telão, dizendo a pior coisa que eu poderia ter ouvido vindo dela: “James, existe um cara para mim lá fora. Mas você definitivamente não é ele.”

          Se ainda tinha mais alguma coisa, eu não ficaria para ver. Sai correndo até meu quarto e senti quando ela entrou. Antes que pudesse ver meu estado, me virei para a parede. Eu não iria dar a ela o gostinho de me ver destruído. Eu não podia.

- James, me escuta, eu posso explicar... – ela estava com a voz chorosa, mas para uma atriz tão boa quanto ela, aquilo não deveria ser difícil.

- CALE A BOCA! Eu não quero ouvir nada do que você tenha para me dizer. Se você queria me humilhar na frente de todos, parabéns você conseguiu. – eu não consegui me segurar e me virei. O que quer que seja que ela viu em mim, me fez ter vontade de abraça-la forte, mas eu não parei. Eu queria fazê-la sentir nem que fosse um pouco do que eu estava sentindo – Dizem que o amor e o ódio são sentimentos próximos, e eu nunca tinha entendido isso antes, mas nesse momento eu te odeio tanto que parece fazer sentido. Eu quero que você saia agora da minha casa e nunca mais volte Lily Evans. Eu me arrependo de um dia ter conhecido você.

Assim que ela saiu, eu me permiti chorar. Chorar por sua traição, pela humilhação que eu tinha passado e mais ainda por meu amor. Porque por mais que eu tivesse raiva de tudo o que ela Lene, Dorcas e Alicia tivessem armado para mim, ainda sim ela era a garota que eu amava com todas as forças.

E se tudo os que nós vivemos foram apenas mentira? E se todo esse tempo todos os “eu te amo” que eu ouvi fossem apenas frases prontas de uma garota sem coração? Dei um murro na parede, de tanta frustração.

- James? Você está bem? – Sirius me olhava preocupado.

- Eu vou ficar. Não é como se eu fosse morrer por ela. – tentei fazer graça, mas o que consegui foi apenas a sombra de um sorriso.

- Tudo bem. Vou te deixar sozinho. Acho que você está precisando.

- Sirius? – o chamei antes que ele saísse – Não brigue com a Lene por mim. Eu sei que você a ama e ela te ama também. Já basta um infeliz nessa casa.

         Assim que ele saiu, me joguei dentro do chuveiro. Eu esperava que junto com minhas lágrimas saísse todo o meu amor. Porque eu não choraria por Lily Evans nunca mais.