Capítulo Único

Edward está prestes a se tornar rei, mas teria que se casar. Sonhava que quem reinasse com ele fosse gentil, dócil, amável e principalmente transparente.

O maior medo do futuro rei era que a mulher com quem se casasse valorizasse mais o seu reino, os privilégios e seus tesouros do que a ele mesmo.

Os sábios disseram a ele que deveria se casar com uma jovem riquíssima do próprio reino ou com a filha de algum poderoso rei de outra nação.

Desanimado com os conselhos que lhe deram, o príncipe saiu pelos campos a pensar. Depois de horas de puro silêncio, caiu-lhe algo na cabeça. Levou as mãos para ver o que era e ficou fascinado. De repente encontrara sua resposta.

Resolveu promover uma festa para que as moças interessadas em casar-se com ele pudessem apresentar-se. Foram convidadas jovens de vários outros reinos, bem como as de seu território, especialmente as mais ricas.

...

Trabalhava como serva no castelo, uma senhora que tinha uma linda e singela filha, de nome Isabella. Quando comunicou a Isabella que o príncipe iria casar-se e que o mesmo daria uma grande festa para escolher a noiva, ela disse que se apresentaria como candidata. Isabella admirava-o sem conhecê-lo pessoalmente, pois sua mãe sempre contava sobre a bondade e simplicidade do jovem.

Apesar de ser pobre, Isabella queria ser tratada com dignidade. Sabia que não tinha chance nenhuma de ser a escolhida, mas queria aproveitar a oportunidade para ficar perto do príncipe. Amava um desafio.

...

O grande dia chegou. Centenas de jovens estavam no saguão do palácio. Ao verem Isabella e observarem seu vestido de cima a baixo, algumas jovens não contiveram um sorriso de deboche. Seu vestido era o mais simples e o mais feio.

De repente, o som de trombetas anunciava a chegada do príncipe. Todas suspiraram. Um momento de silêncio se fez.

- Cada uma de vocês receberá uma semente para ser cultivada. Daqui a três meses darei um grande baile Aquela que me trouxer a mais linda flor será a escolhida. – Disse o príncipe.

Todas acharam muito simples a tarefa.

Isabella pegou a sua semente. Plantou-a num vaso e, apesar de pouco entender de jardinagem, cuidava da terra com muita paciência e ternura.

Passou-se uma semana e a planta não nasceu. Isabella ficou preocupada. Regava mais ainda.

Duas semanas se passaram e o broto não surgiu. Alguns jardineiros disseram que a semente não cresceu porque ela colocou muita água, outros, adubo em excesso. Mas todos foram semelhantes ao dizer que, independente da causa, a flor não nasceria.

Desesperada, via seu sonho cada vez mais distante.

Um mês se passou e a semente continuava inativa. Enquanto irrigava, as gotas de lágrimas também caíam no recipiente.

Três meses se passaram e o vaso continuava na mesma. Apesar da frustração e tristeza, não conseguia esquecer o seu amor pelo príncipe. Decidiu, então, que iria ao baile e levaria seu vaso, mesmo sem planta.

Quando chegou ao baile sentiu-se péssima. Todas as pretendentes seguravam vasos com as mais lindas flores, uma mais linda que a outra.

Ao ver Isabella, várias pretendentes deram risadas incontroladas. Humilhada, começou a entrar em pânico e pensou em desistir, mas já era tarde.

O príncipe pediu para que elas formassem filas. Ele se aproximou de cada uma delas. Olhava para os seus olhos e para a flor. Em seguida, perguntava seus nomes.

Quando chegou diante de Isabella e viu o vaso sem flor e seu vestido com gotas de lágrimas, balançou a cabeça e nem sequer seu nome perguntou.

Depois de três horas analisando flor por flor, sentou-se em seu trono. Em seguida, pediu para que as moças fizessem uma roda no salão. Disse que havia tomado sua decisão e que a jovem que ele tirasse para dançar seria a escolhida.

Edward foi para o meio do salão. Passou os olhos sobre as mulheres e, para a surpresa de todos, foi até a jovem que não tinha flor nenhuma no vaso. Beijou-lhe as mãos emocionado.

- Qual é o seu nome?

- Isabella. – Respondeu com os lábios trêmulos.

- Minha rainha! Isabella, aceita dançar comigo e ser minha esposa?

Todos estavam perplexos. Ninguém entendeu sua atitude.

- Todas as sementes que entreguei a vocês eram estéreis e delas não poderia nascer uma flor. Portanto, a única pessoa que foi honesta, enfrentou sua vergonha e frustração , provando seu amor incondicional por mim, foi ela.

Por fim, chegou perto de sua futura esposa e secou-lhe as lágrimas que caiam pelo rosto. Em seguida, a beijou.

FIM