Mit Dir escrita por Chiisana Hana


Capítulo 13
Capítulo 12 Mulheres Audaciosas




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Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são criações minhas, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.

–M -I -T -D–I -R -

MIT DIR

Chiisana Hana

Beta-reader: Nina Neviani

Consultoria para assuntos asgardianos, dramáticos e geográficos: Fiat Noctum

Consultoria para assuntos hospitalares: JuliEG

–M -I -T -D–I -R -

Capítulo 12 Mulheres Audaciosas

– Será que ainda vamos passar muito tempo aqui em Narvik? – Judith pergunta, sentada numa poltrona ao lado da cama de Fenrir. Acabara de trocar de turno com Bado. O guerreiro a ignora.

– Não é que eu esteja reclamando – ela continua. – Pelo contrário, sinto-me honrada por estar aqui ajudando as princesas e perto... deixa pra lá... quero dizer que é um privilégio estar com elas aqui, mas eu queria que acabasse logo, que todo mundo ficasse curado e voltássemos todos para casa. Não seria ótimo?

Fenrir novamente a ignora. A criada insiste:

– Tudo isso é tão estressante, não acha?

Diante da continuidade do silêncio, ela provoca:

– Você não fala?

– E você não pode ficar calada? – ele finalmente retruca. – Eu nunca pensei que fosse dizer isso, mas estou com saudades do Bado. Pelo menos ele fica quieto.

– Eu não estou aqui por causa de você – a criada manifesta-se. – Estou aqui por ordem da princesa Hilda e só por causa disso, porque se fosse por vontade própria, eu jamais cuidaria de você, seu mal agradecido.

– Se quiser sair, saia.

– Se eu pudesse, sairia mesmo. Mas não posso, então vou ficar aqui.

– Desde que fique em silêncio.

– E agora é que eu vou falar mesmo!

– Bom dia – alguém diz ao abrir a porta.

– Bado! – Fenrir exclama, sentindo-se aliviado. Finalmente ficaria livre da criada tagarela.

– Está aí seu preferido – Judith diz e levanta-se da poltrona. – Tchau, mal educado.

– Você é bem ousada para uma criada, não? – Fenrir pergunta. Judith responde revirando os olhos e diz para Bado:

– Boa sorte com esse aí.

Bado sorri e senta-se na poltrona.

– O que você fez com ela? – pergunta intrigado.

– Mandei-a calar a maldita matraca.

– Coitada. Bom, quer alguma coisa?

– Ehr... eu quero sim...

– Pode dizer.

– Eu preciso fazer xixi – diz o guerreiro de Alioth, com uma expressão quase infantil. Bado prontamente pega um urinol e entrega-o a Fenrir.

– Todo seu – Bado diz e completa: – Sabe, às vezes eu me questiono como seria a sua vida com aqueles lobos. Sei lá, fico me perguntando se você tinha hábitos humanos.

– Como assim?

– Você fazia xixi em pé, como uma pessoa, ou de quatro como um lobo? Você comia comida cozida ou devorava pedaços frescos de carne crua, ainda com o sangue escorrendo?

– Você vai tagarelar como aquela tal de Judith?

– Eu disse "me questiono". Se não quiser responder, não responda.

– Já acabei – diz, empurrando o urinol na direção de Bado, que o recolhe. Depois de despejar seu conteúdo no vaso sanitário, ele retorna à poltrona, cruza os braços e fica em silêncio. Minutos depois, é Fenrir quem fala:

– Eu sou gente. Eu fazia as coisas como as pessoas fazem. Eu cozinhava minha comida, e eu fazia xixi em pé. E às vezes eu ficava perambulando por alguma vila e observando as pessoas, esperando uma oportunidade para roubar comida ou uma garrafa de cerveja. Algumas vezes eu ia até as ruínas da casa dos meus pais. Era uma casa de gente, afinal. E nesses dias eu pegava algum livro empoeirado e dava uma olhada.

– Você sabe ler?

– Sei sim. Quando eu perdi meus pais, eu já sabia ler. Aí eu comecei a mexer na biblioteca da minha casa e fui aprendendo melhor.

– Surpreendente. Você é bem menos selvagem do que parece.

– É, talvez eu seja. O fato de eu preferir a companhia dos lobos não significa que eu seja completamente selvagem. Às vezes a natureza humana fala mais alto.

– Estou vendo. Cerveja! Ora, ora, quem diria. Você bebe cerveja!

– É... às vezes.

– Interessante.

Novamente o silêncio reina no quarto 102, até que outra pessoa bate à porta. Bado vai abrir.

– É o seu café da manhã – ele diz, pega a bandeja e coloca-a na mesinha auxiliar ao lado de Fenrir. – Precisa de ajuda?

– Não. E você, não come?

– Já tomei café no hotel antes de vir.

– Hotel é? – pergunta entre uma colherada de mingau e outra. Bado observa que ele segura a colher quase como uma criança, pegando com força na parte mais baixa do cabo.

– É. Estamos num hotel aqui perto. Eu, as princesas e Judith.

– Hum... Que coisa. Hotel. É bom?

– Para mim, é excelente, afinal eu sou um camponês.

–M-I-T-D–I-R-

Na enfermaria, as irmãs reencontram-se.

– Tudo tranqüilo, Hilda? – Freya pergunta assim que chega do hotel.

– Sim, foi uma noite como as outras.

– E o Hagen?

– Não soube mais nada dele.

– Eu vou lá dar uma olhada nele e quando eu voltar você vai para o hotel, certo?

– Eu vou com você. Quero ver os outros.

– O Siegfried, você quer dizer. A quem tenta enganar? O hospital inteirinho já sabe que você gosta dele.

– E você não precisa ficar comentando – a irmã mais velha responde ríspida.

– Certo, certo. Não falo mais nada.

– Desculpa. Eu não quis ser rude.

– Tudo bem, Hilda.

As duas irmãs caminham lado a lado em direção à UTI, uma pensando no beijo que dera em seu amado no dia anterior, a outra pensando em como a mais nova pode ser tão mais ousada, tendo sido criada no mesmo lugar e da mesma forma.

"Devia deixá-la assumir o trono", Hilda pensa. "Tem mais audácia que eu, sabe melhor o que quer. Eu sou uma boba. Só quando estava com aquele maldito anel eu era capaz de coisas audaciosas. Freya não. Freya é audaciosa."

– Olha, Hilda! Ele está acordando! Bom dia, querido! – Freya diz atrás do vidro e acena freneticamente para o rapaz louro que começava a abrir os olhos. Ao vê-la, ele sorri.

– É, estou vendo – a outra diz, entristecida, e volta o olhar para o leito de Siegfried. Parece igual, exceto pelo rosto que ganhara um pouco de cor, fazendo-o parecer menos enfermo. "Quando é que isso vai acabar?", ela pensa. "Eu estou chegando ao limite. Pensei que fosse mais fácil, mas não é. Eu me sinto culpada e..."

– No que tanto pensa? – Freya interrompe. – Chamei seu nome duas vezes e você nem ouviu.

– Eu... eu... – titubeia a irmã mais velha. – Pensava no Siegfried e em quanto estou me sentindo esgotada com tudo isso.

– Quando ele melhorar você vai ver como suas forças se renovarão. É assim que eu me sinto agora que Hagen saiu do coma.

– Espero ficar assim também. E espero que seja rápido, porque eu estou me sentindo tão pressionada, Freya.

– Vai ser sim – a mais nova afirma e abraça a irmã. – Você vai ver.

–M-I-T-D–I-R-

Recepção do Hospital Municipal de Narvik.

– Senhora primeira-dama! Que bom vê-la! – diz a recepcionista ao ver Grethe entrar no hospital segurando um lenço branco contra a boca.

– Um pequeno acidente doméstico – ela diz, afastando o paninho bordado e exibindo um corte nos lábios. – Acho que preciso de alguns pontos.

– Ah, essas coisas são tão chatas, né?

– Pois é. Chatas demais.

– O pronto-atendimento é à esquerda, quer que eu a leve lá?

– Não precisa. Obrigada.

Grethe entra no setor de pronto-atendimento, onde uma enfermeira faz curativo na perna de um rapaz.

– Bom dia – Grethe cumprimenta-os sem tirar o paninho da boca.

– Bom dia, senhora primeira-dama – a enfermeira responde. O rapaz grunhe algo parecido com "bom dia".

– Eu preciso de uns pontinhos aqui. Sofri um pequeno acidente doméstico.

– Sente-se na cadeira, primeira-dama. Como vou demorar nesse paciente aqui, chamarei outra enfermeira para atendê-la, certo?

– Certo. Obrigada.

A moça pega o telefone e disca alguns números, depois volta a concentrar-se no paciente. Grethe observa-a. O rapaz que ela atende tem um corte profundo na coxa esquerda. Ela começa a imaginar o que teria provocado tal ferimento, quando alguém abre a porta com grande estrépito.

– O que é que está pegando? – Ann pergunta. – Onde é que estão as enfermeiras desse hospital?

– Doutora Ann! – surpreende-se a moça. Grethe percebe que ela tem medo da médica. – Desculpe, eu mandei chamarem alguma enfermeira.

– Pois é, teoricamente alguma delas devia estar a postos, mas não, não está. E onde ela está?

– Eu não... – a moça tenta responder.

– Nem tente explicar – ela interrompe. – O que foi? Para que me chamaram?

– É a senhora primeira-dama que precisa de um curativo.

Só então Ann nota que a mulher que pressiona um lenço nos lábios é Grethe. A médica, então, força um sorriso.

– E tiveram que me chamar para fazer um curativo! Ah, assim não dá – Ann fala enquanto calça as luvas. – Quando eu sair daqui vou dar uma passadinha na sala da diretoria.

A enfermeira nada responde, mas sua expressão demonstra preocupação. Pronta, Ann volta-se para Grethe.

– Então, Grethe – Ann diz –, vai tirar o lenço daí ou quer que eu costure sua pele junto com o pano?

Grethe abaixa o lenço, lançando um olhar perscrutador à médica, que finge não notar.

– Hum... belo corte. Uns três pontinhos serão suficientes – Ann diz enquanto puxa o lábio inferior de Grethe para examinar o machucado.

– Vai doer? – Grethe pergunta, com Ann ainda segurando seu lábio.

– Com certeza – Ann solta-o, e começa a preparar a linha.

– Sei... – Grethe murmura.

– Então, o que foi isso, Grethe?

– Um pequeno acidente doméstico.

– Parece mais um "pequeno soco". Anda treinando boxe?

Grethe nada responde, mas pensa: "Eu não devia ter vindo. Não devia. Linus vai ficar uma fera."

– Ehr... não precisa – a primeira-dama recobre o ferimento com o lencinho. – Não precisa mais. Eu acho que vou para casa e...

– A partir do momento em que se entra aqui, quem decide o que é preciso ou não sou eu. E eu decidi que você precisa de três pontos.

– Aiii! – Grethe exclama ao sentir a médica introduzir a agulha em sua pele.

– Melhor segurar os gritos se não quiser que eu costure sua língua também.

Ann dá os três pontos no lábio inferior de Grethe e, ao final, pergunta:

– Foi o Linus?

– Claro que não! – Grethe responde, falando com certa dificuldade devido aos pontos. – Ele jamais faria uma coisa assim.

– Estamos falando da mesma pessoa? Porque o Linus Jensen que eu conheço é capaz de coisa pior.

– Eu tenho que ir – desconversa a primeira-dama. – Obrigada.

– Não agradeça. Estou aqui para isso. Bom, não para isso, mas quando as enfermeiras somem sobra para mim...

– É – Grethe assente, olhando para a enfermeira que cuidava do rapaz ao fundo. Pela expressão dela, Grethe deduz que alguém levará uma bela bronca.

– Volte em cinco dias para tirar os pontos – Ann diz.

– Certo.

– Ehr... Grethe, eu sei que não é da minha conta, e sei também que sou a pessoa menos indicada para lhe dizer isso, mas eu vou dizer assim mesmo. Não deixe que ele bata em você. Revide, mulher!

Grethe finge não ouvir e deixa a sala. Ann pensa:

"Coitada. É uma tonta que apanha do Linus. Fosse eu, ele ia ver só onde isso ia dar."

–M-I-T-D–I-R-

– Aquele selvagem! Eu realmente não gosto dele! – Judith resmunga ao sair do quarto de Fenrir. Ao invés de ir direto para a enfermaria pelo caminho normal, ela passa pela UTI para ver Shido.

"Ninguém além de mim se importa com você", ela pensa enquanto se aproxima da UTI. "Acho que nem o senhor Bado está realmente se importando. Espero que você reconheça isso quando acordar e... Ué? Onde ele está? Por que a cama está vazia?

– Ai, meu Deus! Será que aconteceu alguma coisa ruim? – desespera-se a criada, falando em voz alta.

– Procura o rapaz que tem um irmão gêmeo? – uma enfermeira se aproxima e pergunta.

– É. Sabe onde ele está?

– Sim. Foi transferido logo cedo para a enfermaria.

– Jura? – os olhos dela brilham.

– Sim!

– Ah, por Odin!

Judith corre até a enfermaria. Ao entrar, vê Freya sentada, com ar pensativo, que se desfaz ao vê-la.

– Ahhhh, você apareceu! Finalmente! – a princesa exclama, fazendo gestos para que Judith se aproxime.

– É ele! – a criada sussurra em êxtase.

– Sim! Chegou agorinha! – sussurra a princesa. – Eu quis ir chamá-la lá em cima, mas não podia deixá-los sozinhos.

– Ah, meu Deus! Nem acredito! Hoje eu não vou para o hotel! Vou ficar aqui com ele!

– Jud! Você precisa descansar! – Freya disse, e depois caiu na gargalhada. – A Hilda diria isso. Mas eu digo: fique o tempo que agüentar! Quanto mais perto dele você estiver, mais fácil conquistá-lo, não acha?

A criada sorri cúmplice.

– Claro, senhorita! Claro!

– Isso aí! Não abre espaço, não! A propósito, fica aqui com eles para eu ir lá dar uma olhada no Hagen?

– Lógico! Pode ir, senhorita!

– Excelente!

Assim que Freya deixa a enfermaria, Judith aproxima-se do leito onde Shido dorme tranqüilamente. "Tão lindo", ela pensa. "Um dia vai ser meu marido. Ah, vai."

O rapaz inspira profundamente e solta o ar devagar, ao mesmo tempo em que abre os olhos lentamente. Judith abre um sorriso larguíssimo e duas pequenas lágrimas escorrem pelo canto dos olhos. Ele a olha intrigado, e depois pergunta:

– Onde estou?

– Está em Narvik, senhor! – Judith responde, entusiasmada.

– Narvik? – intriga-se o rapaz.

– É! No Hospital Municipal de Narvik.

– Ah. E quem é você?

– Eu sou a Judith – ela desanima de súbito diante da pergunta. Pensava que ele ao menos a reconheceria. Mas não. Então, ela engole a decepção, e diz:

– Sou uma das criadas do palácio Valhalla.

– Ah, sei... – ele diz, sem realmente saber de quem se trata. – A princesa Hilda também está aqui?

– Sim – Judith responde e abaixa a cabeça.

– As princesas – do seu leito, Alberich corrige. – As duas vieram conosco.

Shido volta lentamente a cabeça para o leito a seu lado e vê o colega guerreiro-deus.

– Você também...?

– Todos nós, inclusive seu irmão gêmeo.

– Bado está aqui?

– Sim – Alberich e Judith respondem ao mesmo tempo.

– Onde?

– Lá em cima, cuidando do senhor Fenrir – Judith responde num sussurro dolorido.

– Ah, mas que coisa boa! Não vejo a hora de conversar com ele! Não tivemos tempo...

Judith quer oferecer-se para chamar o gêmeo no quarto de Fenrir, mas muda de ideia e diz:

– Vai ser logo. Vou me sentar aqui na poltrona, se o senhor precisar de alguma coisa, pode chamar. Estou aqui para servi-lo.

Shido assente com a cabeça, enquanto a moça deixa-se cair pesadamente na poltrona.

–M-I-T-D–I-R-

Mais tarde, quando Linus chegara para almoçar, sentara-se à mesa, já posta, em silêncio. Percebera os pontos nos lábios da esposa, mas nada dissera.

Grethe vem da cozinha segurando uma travessa fumegante de salmão ao molho de laranja, que ela deposita na mesa, bem em frente ao marido. Cuidadosamente, ela serve o peixe a ele, e depois se senta sem se servir.

– Vai fazer greve de fome? – Linus pergunta.

– Não – ela responde com dificuldade. – Vou tomar uma sopa mais tarde. Agora o corte ainda está doendo.

– Ah, sim. Eu não venho jantar.

Grethe está a ponto de dizer um "ainda bem", mas consegue conter-se e diz:

– Certo. Então eu devo ir dormir cedo. Sinto-me muito cansada.

– Melhor. Assim você pensa bem nas coisas erradas que faz.

Grethe franze a testa.

– Coisas que eu faço?

– É. Você precisa pensar bem, Grethe. Está ficando ousada demais.

– Ah, preciso? – diz, irônica, e completa: – Pode deixar que eu vou pensar bem.

– Ótimo.

– Está bom o peixe, querido? – ela continua, em tom ainda irônico.

– Está ótimo. Essa ironia é que não está.

– Perdão, querido. Foi o melhor que pude fazer no pouco tempo que tive, já que precisei ir ao hospital fazer esse curativo – ela torna a usar de ironia.

– Grethe, Grethe, não gosto que brinque comigo desse jeito.

– Lamento, meu senhor.

Ele levanta-se da mesa furiosamente e avança para ela, segurando-a pelos braços.

– Você está me irritando! – grita.

– Sinto muito – ela diz, olhando-o nos olhos.

– Está brincando com fogo, Grethe! – ele grita e larga os braços dela.

– O que eu posso fazer, querido?

– Comportar-se como sempre se comportou! O que é? Depois que essas princesas asgardianas chegaram você ficou diferente.

– E você também! Parece que elas mexem com todo mundo, não?

– Não quero mais almoçar. Vou voltar para a prefeitura. E você, Grethe, para o seu bem, é melhor que se comporte.

Grethe balança a cabeça afirmativamente, mas seu olhar é desafiador.

–M-I-T-D–I-R-

Dias depois...

– Finalmente vou deixar esse hospital – Alberich diz enquanto veste suas roupas de nobre asgardiano.

– E eu também! – Mime concorda. – Já não aguentava mais.

– Sorte de vocês. Eu ainda fico mais uns dias – Thor retruca, sentado em seu leito.

– Deixar de ser paciente, mas deixar o hospital não! – Bado corrige e continua: – Vocês vão continuar vindo para cá e revezando-se comigo e com as princesas!

– Ih! Não tem moleza, rosinha e ruivinho! – Shido brinca.

– Não me chame de rosinha, arrepiado!

– Culpa daquela médica – Mime diz. – Ela começou com essa história de rosinha e ruivinho.

– Aquela maluca. Ela vai ser só o que a aguarda – Alberich diz bem no momento em que Ann entra na sala.

– Fala de mim, rosinha? – Ann pergunta.

– É, falo.

Ann entrega a ele um cartão.

– O número do conselho de medicina. Denuncie a médica maluca. Ganha um doce se o fizer.

– Ha-ha-ha. Estou morrendo de rir – ele diz, sarcástico, e volta-se para Bado. – Tenho direito a um dia de descanso antes de voltar para cuidar dos outros, não?

– Doze horas, mais ou menos. Vocês vão para o hotel com a princesa Freya e a criada. Quando elas retornarem vocês também devem vir.

– Parece um general! – Alberich exclama e Mime completa:

– Ora, ora. Assim você toma o lugar de Siegfried!

– Contenham-se, sim? Se estou dando ordens, é porque a princesa Hilda autorizou-me a fazê-lo.

– Certo. Não vamos discutir. Já estamos indo para o hotel e voltamos com a princesa, conforme o senhor ordenou – ironiza Alberich.

– Acho bom mesmo. Principalmente você, senhor Alberich. Depois do que houve, é melhor que faça as coisas direitinho.

– Depois do que houve? – ele questiona, intrigado.

– Você sabe o que fez, ou o que pretendia fazer, por isso, ande na linha. Estou de olho em você.

– Nossa! Que medo!

– Bom, será que já podemos ir? – Mime questiona, impaciente.

– Devem – Bado diz, e volta-se para Freya e Judith. – Bom descanso, princesa. E para você também, Judith.

As duas agradecem. Alberich e Mime saem da enfermaria, esperando que elas os sigam, coisa que Freya faz, mas Judith não. Ela continua postada em frente ao leito de Shido.

– O senhor vai ficar bem? – ela pergunta.

– Sim. Vou ficar ótimo.

– Tem certeza?

– Absoluta – ele dá um sorriso amarelo. A insistência da criada em cuidar dele já está começando a irritá-lo.

– Então até amanhã.

– Até – ele diz e a criada sai correndo atrás de Freya. Ele suspira aliviado. – Mas essa criada encarnou em mim!

– Shido, Shido, ela é uma boa menina – Bado diz, sorrindo. – Trate-a bem.

– É bonita, mas é uma criada.

– E?

– Uma criada, ora essa? Eu sou um nobre. Nós dois somos nobres.

– Eu não. Eu sou camponês.

– Tem sangue nobre.

– Sim, tenho, mas fui criado como camponês e é isso que eu sou.

– Quero ver quando voltarmos a Asgard e você começar a ter vida de nobre.

– Não vou mudar nada. Além do mais, ainda não decidi se vou morar com você.

– Ah, claro que você vai morar comigo na mansão dos Engedahl! Ela é sua também.

– Eu não sei. Ainda estou pensando. Além do mais, o que tenho é só a minha casinha na vila.

– Seu lugar é na mansão. E eu adoraria morar com você. Temos muito assunto pra colocar em dia.

– Isso seria bom mesmo. Nesses poucos dias juntos, já criamos uma cumplicidade tão boa.

– É. Estou adorando ter um irmão.

– Eu também – Bado admite. – Veremos isso quando voltarmos, sim?

– Certo. Agora me diga, é verdade o que o Alberich andou insinuando?

– O quê?

– Sobre você e a médica – Shido diz num sussurro.

– Bom, eu e ela, nós... é... temos nos encontrado algumas vezes... – Bado sussurra de volta. O irmão dá uma gargalhada.

– Você é bem mais saidinho do que eu pensava!

– Eu disse, sou camponês! E os camponeses sabem se divertir!

– Estou vendo que sim!

– Agora preciso subir, Shido. Vou ter que cuidar de Fenrir.

– E nós?

– Antes de subir, chamarei a princesa Hilda. Ela está lá com Siegfried. Agora estão deixando que ela entre na UTI todos os dias.

Os irmãos despedem-se e Bado vai chamar Hilda como dissera. Ele para em frente à UTI onde Siegfried e Hagen ainda estão e não vê a princesa ali onde deveria estar.

– Mas onde diabos a princesa está? – preocupa-se, e sai correndo pelo hospital à procura de Hilda. Ele pergunta a todos que encontra pelo caminho se viram a princesa. A resposta é sempre o mesmo "não".

Continua...


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