Sobrado Azul escrita por Chiisana Hana


Capítulo 26
Capítulo XXVI




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Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são meus e eu não ganho nenhum centavo com eles.

 

SOBRADO AZUL

Chiisana Hana

 

 

 

Capítulo XXVI

 

Quatro meses depois...

 

O sobrado está em mergulhado em silêncio, a parte de baixo totalmente às escuras. No andar de cima, só a luz do quarto de Shun e Ikki está acesa. O irmão mais novo arruma-se para sair enquanto Ikki, embora planeje fazer o mesmo, ainda está deitado na cama, mexendo displicentemente no celular. Seiya tinha saído minutos atrás. Levou consigo a primeira parte de sua mudança para a casa de Saori e levaria o restante no dia seguinte.

Shun achava que se sentiria triste quando finalmente ele e Ikki ficassem sozinhos de novo no sobrado e precisassem decidir o futuro da casa. Preparou-se por muito tempo para isso e, na verdade, não é tristeza o que está sentindo. É uma necessidade de mudança, misturada a uma ansiedade que ele não sabe explicar.

Quatro anos atrás, numa sexta-feira como essa, a casa estaria em plena agitação, com todos os rapazes se preparando para sair, exceto Shiryu, que certamente iria ficar para estudar. E foi em uma noite como essa que Shunrei apareceu batendo à porta, desolada e com o olho roxo. Ele não esperava ter ficado tão amigo de uma mulher, ainda mais da “chinesa branquelinha”, como Ikki gostava de chamá-la no começo, mas era isso, os dois tornaram-se melhores amigos e agora também iam trabalhar juntos, já que estavam terminando de montar um consultório.

— Sabe, sobre você e Minu – Shun diz a Ikki, de repente, enquanto penteia o cabelo. – Sobre aquilo de construir uma casa...

— O que tem?

— Bom, na verdade, não precisa. Pensei muito sobre isso. O sobrado é seu. Está tudo certo.

— O sobrado é nosso – Ikki corrige. – E é óbvio que eu não vou casar e deixar você sem ter onde morar. Não é justo.

— Também não é justo que você precise pensar em construir uma casa do nada, no terreno de outra pessoa, tendo esta aqui. Eu posso me virar. Você dá a minha parte em dinheiro quando puder. Ou se preferir, a gente vende a casa e divide o valor. Daria pra cada um comprar um apartamento pequeno.

A conversa começa a deixar Ikki irritado.

— Para com isso, não vou fazer merda nenhuma com a casa! O que deu em você? Sempre foi sentimental, agora quer vender a casa?

— Estou praticando o desapego... E eu não disse que quero vender a casa, só disse que é uma das nossas opções. A casa é grande e agora só ficamos nós dois mesmo. O Seiya vai se mudar amanhã cedo, já foi até levar algumas coisas.

— Tá, tá... Depois a gente conversa sobre isso.

— O que estou dizendo é que tem carta branca para casar com a Minu e vir morar aqui, ou vender a casa, ou fazer o que quiser com ela.

— Ótimo. Não quero fazer nada com a casa. Que conversa mais doida... Você tá se drogando? Se eu te pegar com droga, eu te arrebento, hein?

— Ai, Ikki, é difícil conversar com você... – Shun diz, rindo. Sabe que, no fundo, o irmão quer disfarçar o que sente. – Bom, estou indo lá na casa da June – Shun continua. – Mas pense bem sobre o que falei. Aqui é um bom lugar para você morar com a Minu.

Ikki responde com um resmungo ininteligível.

— Tchau, Ikki – Shun diz rindo e sai do quarto.

O irmão mais velho já está se levantando da cama para se arrumar quando o telefone toca. É Radamanthys.

— Fala, taturana!

— Ikki, o bebê vai nascer — diz o inglês. — Será que você pode vir ficar com a Penélope? Estávamos esperando para a semana que vem, então meus pais ainda não chegaram e meu irmão também não está aqui.

— Mas é claro – Ikki responde.  – Relaxa, eu fico com ela. Chego em quinze minutos, talvez dez se eu pisar fundo.

— Obrigado, mas dirija como gente normal e chegue em segurança, pelo amor de Deus.

— Falou, pai Rada – debocha Ikki. Ele escuta Pandora gritar ao fundo:

— Não queremos sair do hospital direto para o seu enterro.

— Isso mesmo — Radamanthys continua. — E amanhã você pode levar a Penélope para conhecer o irmão?

— Lógico. Fala para a Pandora que estou torcendo para dar tudo certo, beleza?

— Beleza – Radamanthys responde rindo e desliga o telefone.

Quando Ikki chega, Pandora e o marido já tinham saído, deixando Penélope com o mordomo.

— E aí, mocinha? – ele cumprimenta, pegando a filha nos braços e erguendo-a bem alto do jeito que ela gosta.

— Vão buscar meu irmão na fábrica! – ela grita empolgada. Ikki ri, perguntando-se quanto essa alegria vai durar. – O pai Rada disse que não posso ir com eles porque sou pequena, mas eu já sou grande, não sou?

— É, mas à noite só deixam entrar gente adulta. Amanhã a gente vai lá ver o moleque!

— O nome dele vai ser Apollo.

— Pensei que ia ser pior... Seu outro pai estava falando em Prometheus, Perseus, sei-lá-o-quê-seus... Ele tem essa mania de nome difícil.

— Eu que escolhi! Ele falou um monte de nomes e eu gostei desse.

— Logo vi que tinha dedo seu. Você é a única com bom gosto nessa casa! E aí, vamos nos ajeitar pra dormir? Já está tarde.

— Mas eu quero ver tevê! – ela resmunga fazendo bico e cruzando os bracinhos.

— Você não tem querer. Vai dormir!

A menina fecha a cara e vira-se de costas para o pai, mas sofre um ataque do “terrível monstro das cócegas” e logo volta a sorrir.

— Para, pai!! – ela grita, enquanto Ikki faz cócegas nela.

— Grrrrrrrrrr! O monstro não para nunca!

Depois de mais alguns minutos de cócegas, Ikki carrega a filha para o quarto e lê uma história até ela adormecer. Antes de sair de casa, tinha mandado uma mensagem para Minu avisando que não poderia ir ao orfanato, mas agora que tudo está calmo ele telefona para ela.

— Oi, amor – ele diz. – Desculpa a demora. Estava colocando a Pepê para dormir.

— Tudo bem – ela responde. – Como ela está?

— Ansiosa. Quero só ver quando o bebê vier pra casa. Escuta, amanhã vou levá-la pra ver o irmão, depois passo aí.

— Por que não vem almoçar com ela aqui?

— Ótima ideia!

— Então espero vocês para o almoço! Te amo!

— Também te amo, Minu.

Depois de desligar, Ikki percebe que está morrendo de fome. Na correria, acabou saindo de casa sem comer. O mordomo da casa já tinha se recolhido, então ele vai até a cozinha e prepara um sanduíche com o que encontra na geladeira e abre uma garrafa de cerveja.

— Quem diria que eu ia ficar de boa assim na casa do taturana? – ele se pergunta, rindo. – Santa Penélope operando milagres na vida das pessoas.

Então ele pensa em Esmeralda. Já tinham se passado quase onze anos desde a morte dela e há vários anos ele não ficava mais intragável e incomunicável no dia do aniversário. Ainda mantinha o costume de visitar o túmulo todos os anos, limpar a lápide e deixar flores, mas agora era mais um dia de reflexão e homenagem do que de tristeza. No ano passado até tinha ido com Minu e provavelmente iriam juntos novamente neste. Ela respeita esse passado dele, entende que não precisa competir com Esmeralda e para Ikki isso é a prova de que Minu é a pessoa certa. Pensar nisso faz com que ele se lembre da conversa que teve com Shun horas atrás.

— Ele tem razão – Ikki murmura consigo mesmo. – Preciso resolver essa questão da casa para poder casar com a Minu.

 

 

—-S--A--

 

Na casa de June, Shun tenta inutilmente esquecer a conversa com Ikki.

— Então o Seiya vai mesmo morar com a Saori? – June pergunta. – E é por isso que você está triste?

— Não é isso – ele responde, parecendo distante. – E eu não estou triste... Estou pensativo...

— E no que tanto pensa?

— Você sabe, o Ikki anda com planos de se casar. Ele andou fazendo orçamentos para começar a construção da casa no terreno do orfanato e também andou pesquisando preços de apartamentos. Tudo muito caro pra quem está começando a vida. Ele tem umas economias, mas não é o suficiente.

— Sim, e daí?

— E daí que eu preciso sair de baixo das asas do meu irmão.

— Do que está falando, Shun?

— De arrumar outro lugar pra morar e deixar o sobrado pra ele.

— Mas aquela casa também é sua.

— Lembra quando eu fugi dos seus pais naquelas férias? – ele indaga, ignorando a preocupação dela. – Eu me senti tão livre... Tão dono de mim...  Eu quero aquela sensação outra vez. É isso. Eu quero mudar de vida.

June olha para ele, analisando o brilho incomum nos olhos, e ponderando se deve ou não se preocupar.

— Estou achando essa conversa muito louca... – ela diz.

— Você vai acabar entendendo... Estou cheio de ideias e planos!

— Seu plano devia ser o consultório, Shun... Você acabou de concluir seu curso...

— Isso já está resolvido. Você sabe, vou montar um consultório junto com a Shunrei. Estamos fechando o aluguel de uma sala num prédio perto do escritório do Shiryu.

— Mas e quanto ao sobrado?

— Isso eu vou resolver com o Ikki!

— Bom, só espero que esses seus planos me incluam.

— Mas é claro, meu amor! – ele responde. Finalmente parece falar com ela e não consigo mesmo. – Imagina que legal vai ser quando eu tiver um cantinho só meu... Vamos poder ficar à vontade...

— Seu safadinho... – ela murmura sorrindo e tentando embarcar nessa onda de empolgação do namorado.

  

—-S--A--

 

Na mansão Kido, Saori espera Seiya chegar.

— Senhorita, tem certeza de que isso é conveniente? – pergunta Tatsumi, seu fiel mordomo. – Trazer o namorado para morar aqui? Vai ser um escândalo! Vai sair em todos os jornais de fofoca.

— Eu tenho certeza, Tatsumi – ela responde com voz firme. – É a melhor solução. E eu não me importo com escândalos!

— Nesse caso, está tudo pronto – resigna-se o mordomo. – O quarto dele já está arrumado. 

— Obrigada! – ela diz e abraça o mordomo, deixando-o sem jeito. – Ele deve estar chegando! Eu estou tão feliz! E você devia ficar feliz por mim.

— Eu só acho que não é adequado...

— Desse jeito, vou poder ficar mais perto dele. E também ficar de olho. Você sabe, ele é meio preguiçoso. Preciso mantê-lo na linha!

— Falando desse jeito parece que é seu filho... – Tatsumi atreve-se a comentar. Sabe que tem abertura para isso, embora evite fazê-lo com frequência.

— É quase isso! – Ela ouve o barulho da moto de Seiya – Ele chegou!

Minutos depois, Seiya entra pela porta da frente, com uma mochila nas costas e uma caixa grande nas mãos, a qual ele coloca no chão.

— Oi, meu amor, minha deusa! – ele cumprimenta Saori com um beijo.

— Oi, meu amor! – Ela aponta para a caixa. – Isso aí é o vídeo game, não é?

— É... Eu trouxe ele e algumas coisinhas na mochila. Amanhã vamos buscar o resto, né?

— Vamos, mas saiba que eu mandei tirar a televisão do quarto que será seu – ela anuncia.

— Como é? Mas Saori...

— É sim, no seu quarto você só vai dormir, estudar e... – ela abaixa o tom de voz. – E fazer amor comigo.

— Dessa parte eu gostei – ele responde, com uma expressão safadinha.

— Só vai jogar nas horas livres, muito livres – ela continua. – E vai continuar no kung fu.

— Está bem, mas deixa eu falar uma coisa...

— Estamos dando um novo passo no nosso relacionamento. Espero que você entenda isso.

— Eu entendo, mas...

— O que estamos fazendo é praticamente um casamento. Eu vou enfrentar uma grande pressão da sociedade por estar fazendo isso.

— Eu sei. Andei pensando em todas essas coisas e... – Ele abre o bolso externo da mochila e tira dele uma caixinha de couro branco. – Quer se casar comigo?

Saori fita o rapaz com encantamento e surpresa, mas não responde.

— Eu prometo que vou ser um bom marido – ele continua –, que vou te amar pra sempre e ser fiel... Eu sei que pisei na bola daquela vez, mas nunca mais, nunquinha vou pisar. E prometo não jogar muito vídeo game.

— Ah, Seiya – ela murmura, olhando as duas alianças dentro da caixinha. Eram de uma joalheria mediana, bem fininhas, mesmo assim deviam ter custado mais do que ele podia pagar. – É claro que eu aceito!

— Aeeeeeeeeeeeeeee! – ele grita e depois beija Saori. – Eu sabia!

— Acho que o jantar que eu tinha mandado preparar acabou virando um jantar de noivado.

 

—-S--A--

 

Enquanto isso, em casa, Hyoga e Eiri conversam.

— Eu pensei muito, muito bem – Hyoga diz. – E decidi aceitar a proposta de Shiryu.

— Aleluia! – Eiri exclama, levantando as mãos para os céus. – Já estava achando que você ia ficar pra sempre sendo empregado.

— Você tem razão. Por mais que eu goste do Camus, com Shiryu eu serei sócio. Que tal irmos lá falar pessoalmente?

Como Eiri concorda e os dois vão até a casa de Shiryu, levando uma garrafa de vinho.

— Que boa surpresa vocês aqui! – Shunrei diz ao recebê-los na porta.

— Desculpa termos vindo sem avisar – Eiri diz –, mas é que queríamos realmente fazer surpresa.

Shiryu também vem até a porta recebê-los.

— E aí, meu amigo? – ele cumprimenta Hyoga. – Vamos entrar?

Os dois casais se acomodam na mesinha do jardim.

— Então, como vão as coisas no escritório? – Hyoga pergunta, entrando no assunto que o levou ali.

— Depois de quatro meses, já posso avaliar meu desempenho como chefe. Foi tão ou mais difícil do que eu pensava, mas estou conseguindo fazer a engrenagem continuar funcionando. Tenho mantido contato com Siegfried e ele me disse que está feliz por ter feito a escolha certa. E saiba que aquela proposta ainda está de pé.

— Foi exatamente sobre isso que vim falar. Eu vim dizer que aceito.

— Vai ser muito bom ter você comigo, Hyoga!

— Finalmente ele resolveu me ouvir! – Eiri diz. – Trouxemos um vinho para comemorar!  

— Vou pegar o saca-rolhas! – Shunrei diz, indo até a cozinha.

O telefone de Shiryu toca. Quando ele atende, é Seiya.

— Ceguinho, vou me casar! – grita o amigo.

— Isso é sério, Seiya? – Shiryu indaga, achando que é alguma brincadeira.

— É, cara! Acabei de fazer o pedido e a Saori aceitou. Pega a Shunrei e vem pra cá, vamos comemorar!

— Caramba, Seiya! Então, Hyoga e Eiri estão aqui em casa.

— Eu já ia ligar pra ele mesmo! Vem todo mundo pra cá!

— Espera, eu vou falar com o pessoal aqui e daqui a pouco te ligo.      

Depois de uma breve conversa, eles decidem ir. Quando chegam à mansão Kido, Shun e June já estão lá.

— Só o Ikki que não vem – Seiya diz aos amigos. – Ele tá de babá da Pepê.

— Está de pai, né Seiya? – Shun corrige.

— E como foi isso de casamento? Vocês decidiram de repente? – pergunta Hyoga.

— Eu não sei! – Saori responde. – Ele chegou aqui, fez o pedido, eu resolvi aceitar! Como tudo na vida da gente, simplesmente aconteceu.                                                                                                                 

— A gente já ia morar junto de qualquer jeito – Seiya explica —, mas achei melhor fazer tudo direitinho e comprei as alianças, dei entrada nos papeis.

— E fez tudo em segredo!! – exclama Shiryu. – Praticamente um milagre você não espalhar seus planos.

— Acontece!

— Agora tenho que planejar o casamento – Saori diz. – Não vai ser nada muito grande, vocês sabem que eu não gosto, mas precisa ter uma festinha legal, né? Não vou deixar passar em branco.

— Não deve! – Eiri diz. – Você podia fazer a festa aqui mesmo na sua casa.

— Acho que é isso mesmo que eu vou fazer.

Os quatro casais passam uma noite agradável, fazendo planos para o casamento e para o futuro, comemorando o noivado de Seiya e Saori e as sociedades de Shiryu e Hyoga, Shunrei e Shun.

 –-S--A--

No hospital, Pandora sofre ao longo da madrugada com as contrações. Radamanthys está ao seu lado como na primeira vez, procurando ajudar como pode, com um carinho, algumas palavras amorosas, um beijo, uma massagem na tentativa de aliviar a dor. Para ele, entretanto, dessa vez a sensação é um pouco diferente. Apesar de amar Penélope como se fosse sua, é o seu filho biológico que está pra chegar. Ele quer documentar tudo, então de vez em quando filma um pouco ou tira uma foto. Está até achando bom o bebê ter se adiantado, pois não há aquele clima de ansiedade que haveria se seus pais e irmãos já tivessem chegado. Dessa forma ele pode curtir o momento com Pandora sem pressa, sem intrusos, sem ninguém falando fora de hora.

De vez em quando algum médico ou enfermeiro entra para checar a evolução do trabalho de parto, até que finalmente chega a hora. Ele mantém-se firme ao lado de Pandora, procurando ampará-la. A essa altura já tinha desistido de filmar para ficar totalmente focado no momento, e não consegue evitar os olhos cheios de lágrimas ao ver pequeno seu Apollo vir ao mundo.

— Ele é lindo, Pandora – Radamanthys diz. O médico coloca o menino nos braços da mãe.

— Ele é – ela concorda, extenuada mas feliz. – Agora nossa família está completa.

— Sim. E eu agradeço por isso todos os dias.

 

 

—-S--A--

 

No dia seguinte, Ikki cumpre sua promessa e leva Penélope para visitar o irmão.

— Olha o Apollo, princesa – Radamanthys diz a Penélope, pegando-a e mostrando o bebê que dorme no colo de Pandora. A menina olha para ele intrigada.  

— Cabeludo, né? – é a primeira observação que ela faz. – A fábrica colocou muito cabelo, mas ele é bonitinho.

— Parabéns – Ikki diz a Radamanthys e Pandora. – É um menino lindo.

— Obrigada, Ikki – Pandora responde. Há pouco mais de três anos tinha dado à luz Penélope no meio de uma relação ainda conturbada entre os dois homens, ainda magoada com a rejeição de seus próprios pais e temendo que esse casamento não fosse a coisa certa. Agora a situação é completamente diferente. Agora ela tem certeza de que se casar com Radamanthys foi a melhor coisa que podia ter feito, amava-o docemente, era feliz com ele. Ainda não tinha retomado o contato com os pais, eles nem ficaram sabendo da segunda gravidez, mas já não importava. Eles que estavam perdendo.

— Então vai ser Apollo mesmo? – Ikki pergunta.

— Apollo Heinstein Butler.

— Coitado do cabeludinho – diz Ikki. – Reza pra ele não ficar monocelha também.

— Porra, Ikki – murmura Radamanthys para Penélope não ouvir.

— Desculpe, eu não resisti – Ikki pede, rindo. – Ele é lindo, não faz diferença se ficar com uma taturana na cara como o pai. O importante é ele saber se defender do bullying.

— Eu vou relevar porque estou muito feliz, mas já estou considerando a possibilidade de cancelar seu convite para ser padrinho dele.

— Agora já era. Eu vou batizar o meninão. Você tá feliz com razão, cara. Sua família é linda.

— A sua também vai ser, azulão. E, no final das contas, vai virar uma coisa só, meus filhos, os seus... Por causa da Penélope vamos sempre estar todos juntos. Você não vai se livrar de mim, nem eu de você.

— É verdade. Olha como ela está feliz com o irmão. Quanto tempo você acha que leva até o primeiro ataque de ciúme?

— Conhecendo essa mocinha como conheço, vai demorar bem pouco!

 

Depois de sair do hospital, Ikki vai almoçar no orfanato com Penélope.

— Olá, Pepê! – Minu cumprimenta a menina.

— Oi, tia! – ela responde, abraçando Minu. – Meu irmão nasceu!

— Ah, eu já sei! Seu pai me falou. E aí, você gostou dele?

— Ele é muito cabeludo, mas eu gostei – ela diz e já sai correndo para dentro à procura das outras crianças.

 – Vai devagar, Penélope! – Ikki grita, inutilmente.

— Foi você quem vestiu ela, né? – Minu pergunta, referindo-se à camiseta de caveirinhas e à saia preta de babados.

— É... – ele admite. – Mas foi ela quem escolheu a camiseta.

— Sei... E está tudo bem com Pandora e o bebê?

—Sim, mas ela vai ficar no hospital durante o final de semana e eu vou ficar com a minha marrentinha.

— Tudo bem. É por uma boa causa! Mas você parece preocupado...

— É que o Shun anda com umas conversas malucas...

— Malucas como?

— De sair do sobrado e deixá-lo pra gente... Ele sabe que eu andei vendo apartamento, orçando uma construção aqui no terreno.

— Nem sei o que pensar... Metade da casa é dele.

— Eu sei e pretendia deixá-la pra ele. Por isso estava vendo outro lugar para morarmos depois do casamento, Minu.

— Talvez seja possível ficarmos todos lá, sem morarmos exatamente juntos... Você é engenheiro, amor! Dá seu jeito!

 

Continua...

 

 


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Notas finais do capítulo

Ufaaaaaa!

Passei o dia INTEIRO trabalhando nesse capítulo porque queria postar ainda esse ano. Estou cansada, com as mãos doendo, mas acho que valeu a pena! Acho que consegui! Já estava sem saco para revisar tudo agora, então postei assim mesmo. Reviso depois. Espero que não tenha nenhum erro muito gritante.

É isso, pessoal! Espero que gostem do último capítulo do ano!

Muito obrigada a todos que estão acompanhando!

Feliz 2017, leitores queridos!! Que seja um bom ano para todos nós!!

Beijoooooooooooooooooooooo

P.S.: Também tem capítulo novo de “Vivo”! 



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