Coração de Vidro escrita por BruninhaBlack


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Primeira fic postada aqui, espero que gostem do enredo. Se houver dificuldade de leitura por favor me avisem que tentarei deixar em melhor condições.



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Quando acordei eu ainda estava debruçada no chão frio do banheiro, ensopando alguns azulejos com minhas lagrimas escorrendo apressadas por minha face. Cada gota salgada, cada dor infligida em meu coração desfragmentado de angustia. Sentei-me tirando forças da onde eu não possuía abraçando meus joelhos. Como seu eu tentasse rejuntar os pedaços que se definhava .
- Fernando- repetia o nome do meu amado não existente mais em minha vida.
Fenando morrera na semana passada em um grave acidente de carro. Me lembrei como se fosse ontem. Os toques insistentes do telefone obrigando-me a sair do banheiro.
- Seja forte- ecoou a voz de minha amiga Laura em minha cabeça.
- O que está acontecendo?
- Fernando morreu em um acidente de carro.
Recordo-me que ainda fiquei cinco minutos com o telefone no ouvido não tento forças para fazê-la repetir o que acabara de falar. O desespero me tomou por completo, dominando cada parte do meu corpo. Fazendo minhas pernas tremerem e o choro de agonia prosseguir em seguida. Não queria lembrar, mas as imagens insistiam em dominar minha mente. A imagem do corpo ensangüentado em cima da maca, no necrotério do hospital. Minha mãe me consolando e meu pai me segurando enquanto eu gritava de tristeza ao ver meu amor ali. Morto. Sem vida. A cena na hora do velório. Sua família chorava silenciosamente, enquanto tentavam me dopar para eu pelo menos descansar. Chorava muito, ou melhor, gritava sem controle. Não aceitava que fosse eu a escolhida para sofrer.
- Por que ele? Por que ele? – repetia para mim mesma.
Me levantei do chão do banheiro e fui em direção ao nosso quarto. A casa vazia chegava a ser assustadora. Parei hesitando na porta, será que eu suportaria estar ali, em nosso ninho de amor? Suportaria reviver as lembranças sem afundar completamente no abismo de sofrimento? Minhas mãos trêmulas foram na maçaneta para abri-la. Parecia que gira-la era a tarefa mais difícil a se fazer, mas não impossível.

Abri a porta primeiramente com os olhos fechados, confiando que quando eu os abrisse ele estaria ali. Dormindo. Esperando-me com seu sorriso fascinante nos lábios. Para me oferecer seu amor e caricias. Para dizer que me amava e que eu era completamente dele. Coloquei as mãos no peito por precaução, para estar pronta para rejuntar os pedaços do meu coração se eu desse por sua ausência. Andei três passos à frente, respirando irregularmente. Abri os olhos e cravei fundo as unhas em meu peito. Os lençóis brancos esticados. A cama vazia. Sem rastros que alguém estivera ali. Me ajoelhei trazendo um grande impacto aos meus joelhos, daria conta depois se eu tivesse machucado. Não me importava das dores externas, a interna que importava. A dor que cercava meu peito, dificultando minha respiração. Novamente, lágrimas impiedosas correram por meu rosto, até minha boca. Pude sentir o gosto da lagrima salgada, mas com um toque de amargues. Pra mim tudo se transformou em amargo, parecia que os botões gustativos da minha língua não realizavam mais suas funções. Motivo para eu comer somente quando a fome apertava e ainda em pequenas proporções. Até a água pra mim tinha gosto ruim e olha que este liquido não possui sabor algum. Eu apertava os lençóis em minhas mãos, querendo rasgá-los de raiva, não aceitava que eu não conseguia acordar do pior dos pesadelos. Minha vida não fazia mais sentido, respirar não valia mais a pena, viver era perda de tempo. Quando o motivo se fora, sem rastros de que voltava.
- Volte- sussurrava em meios os soluços.
Quando cessei um pouco, pude ouvir o telefone tocar. Levantei-me sem vontade e fui atender o aparelho irritante.
- Alô?- minha voz era fraca.
- É Laura Bella. Estou preocupada com você. Está tudo bem?
- Como está tudo bem Laura, se ele levou o motivo de eu querer viver com ele. Não suporto mais. Não agüento todo esse sofrimento- retornei ao desespero novamente.
- Tem que ser forte Bella. Fernando te amava, isso o que importa.

- E eu o amava também, isso não importa?
- Não pode se definhar por causa dele. Tem que tocar sua vida levante a cabeça e olhe para o horizonte.
-Não posso ver o horizonte se estou presa no abismo. Não consigo seguir, não mais.
- Ele não vai voltar Bella- sua voz era firme. Parecia que ela estava irritada.
- Isso eu sei melhor do que você. Olhe, se ligou para tentar me animar, perdeu tempo, não se preocupe comigo vou ficar bem.
- Vai? Não parece. Você não sai mais, não voltou ao trabalho, não conversa comigo, parou de se arrumar e tenho certeza que não está comendo- ela quase berrava no telefone.
- Não é assim tão fácil. Viúva Laila. Sou viúva com 23 anos- minha voz falhou na palavra ´´ viúva ``.
- 23 anos Bella. Você é nova, linda. Arrasa corações. Lembra do que Fernando te falava? ´´ Obra prima que Deus fez perfeitamente pra mim``. Lembra Bells?
Me encolhi com o apelido. Foi Fernando que inventara o apelido carinhoso pra mim. Uma lagrima escorreu com a lembrança.
- Lembro. Mas meu coração está ferido o bastante para eu começar um novo romance. Além do mais seria errado.
- O que há de errado nisso? Me fala Bella. Ficar sem comer, morrer por causa dele, isso é completamente correto. Sua saúde está por um fio.
- Estou saudável- resmunguei.
- Claro. Comendo uma vez por dia está saudável como um cavalo. O que, cereais né? Faça o favor.
- Tchau Laura- já estava irritada, e minha dor aumentava cada vez mais por cada sermão.
- Não! Espere... posso ai te ver? Estou com saudades de você.
- Queria ficar sozinha.
- Queria, falou certo. Mas não vai, estou indo te ver... só esperando o carro passar.
Havia me esquecido que ela morava do outro lado da rua.

Logo ouvi o portão sendo aberto.
- Portão aberto né- acusou ela.
Logo seus olhos mostraram misericórdia ao me ver. Ela estendeu os braços em um convite de consolo.
- Vem aqui, minha pequena- murmurou ela.
Fui correndo em seu abraço, era isso que eu precisava. Laura me apertou forte e acariciou meus cabelos, enquanto eu chorava ensopando sua camiseta. Eu parecia àquelas adolescentes que brigam com o namorado e vai procurar consolo nos braços da mãe. Laura sempre foi protetora demais quando se tratava de mim. Sentamos no sofá, agradeci por isso. Minhas pernas vacilavam desabar.
- Não, não. Não chore querida, sabe, sou manteiga derretida e não vou te ajudar quando começar a chorar também- sua voz tremia e seus lábios se franziram tentando não chorar.
- Por que comigo Laura? Por que ele? Se os médicos fossem rápidos ele teria sobrevivido – eu me lamentava indignada.
- Ele morreu na hora. Deram quase 8 choques nele, mas nada adiantou. Seu coração não pulsava mais - vi uma lagrima solitária escorrer dos olhos dela.
- Fernando. Minha vida, meu tudo. Morto. Morto.
- Não chore, acalma-se. Vá tomar um copo de aguá, levante um pouco.
- Não quero.
- Levante e vá agora- ela apontou pra cozinha nervosa.
A fuzilei com os olhos e fiz força para levantar ainda com a ajuda dela. Cambaleei um pouco pro lado ameaçando cair, minhas palpebras se fechavam de modo estranho.
- Bella!- ouvi Laura gritar.
- Me ajude... - sussurrei antes da escuridão invadir minha visão.

Abri os olhos lentamente com a luz do dia infiltrando pelos vidros da janela. Não reconheci onde estava um lugar decorado em branco, combinando com a mobília. Estava deitada em uma maca, com um bip penetrando meus ouvidos. Olhei para cima e vi um monitor monitorando meu coração. As linhas subiam fracas. Quando movi meu braço senti puxando minha pele, a enorme agulha em meu braço fizera isso. Um pequeno tubo estava conectado em meu braço, onde levava o soro de uma enorme bolsa.
- Bella?- senti uma leve caricia em minha testa- Como está?
Olhei para o lado e vi Laura com os olhos demonstrando grande preocupação.
- Onde estou?
- No hospital. Chamei a ambulância quando desmaiou.
- Desmaiei?- não me lembrava de quase nada.
- Sim. Você estava indo para a cozinha beber água quando desmaiou. Sorte que te apanhei antes que batesse a cabeça no chão;
- Mas por que desmaiei?
Seus olhos me fuzilaram. Me encolhi, já sabendo que um sermão estava á caminho.
- Por quê? Você quer sabe por quê?- sua voz estava alta, mas quando voltou a falar o tom estava bem baixo, ela quase sussurrava e vi que Laura se esforçava para fazer isso- Você está fraca, muito debilitada.
- Mas estava bem...
- Não, está bem. Fizeram uma explosão de exames em você enquanto estava desacordada – ela suspirou fechando os olhos- Imagina como fiquei louca de preocupação? Vendo os enfermeiros e médicos correrem com você por todo o hospital?
- O que eu tenho?
- O medico vai vim te ver e vai dizer o que tem.
Laura respirava fundo tentando conter sua fúria.
- Está com raiva de mim?
Ela sentou na poltrona ao lado e segurou minhas mãos esfregando-as para aquecê-las.
- Não estou com raiva de você, estou com raiva das suas atitudes. Está agindo como idiota Bella. Eu sei que é difícil, mas não pode se martirizar.
Como obvio, uma lagrima solitária escorreu pelo meu rosto. Ela apanhou com o dedo.

- Não faça isso- seus lábios tremeram- Eu só quero a minha Belinha de volta. A Bella que sorria a Bella engraçada, vaidosa, criança e mulher. E o mais importante de tudo a Bella que vivia e tinha gosto pela vida.
Laura ficou um tempo me olhando, enquanto eu ansiava com as lagrimas me fazendo companhia, Fernando ao meu lado. Me abraçando e sussurrando meu nome. Um leve beijo na testa como consolo ela me ofereceu.
- Isabella Swan?- perguntou uma voz.
Laura levantou a cabeça e sorriu. Continuei parada.
- Sim, é ela.
Ouvi passos leves. Fechei os olhos deixando a escuridão invadir minha mente. Senti uma mão quente apalpando minha testa levemente.
- Ela está dormindo?- perguntou o homem.
- Não, só está cansada. Bella está com febre?
- Não está quente, parece que passou.
- Bells?- chamou Laura.
Visualizei seu roto. A imagem um pouco turva, resultado das lagrimas ainda existentes em meus olhos.
- O que foi?- minha voz era um rastro fraco.
- Esse é o medico particular da família- ela gesticulou para o homem parado ao lado dela- Jacob Black vai cuidar de você independente dos resultados dos exames.
Meus olhos focalizaram o medico. Jacob Black era altíssimo, Laura ao lado dele parecia uma criança. 1,90 quase, uma estimativa. Porte físico atlético, os músculos escondidos no jaleco branco. Pele bronzeada, olhos pretos profundos, cabelo negro apontando para todos os lados elegantemente. Aparentando ter 20 anos. Jacob sorriu me deixando apreciar a perfeição dos seus dentes brancos cintilantes.
-Prazer Bella- ele balançou minha mão levemente como forma de cumprimento. O calor que emanava de sua pele era surpreendente.
Sorri levemente.

- Prazer Jacob- esperava que ele ouvisse minha voz quase inaudível.
- Como está? Se sente um pouco mais forte?
- Não muito, ainda não sou capaz de sustentar meu corpo.
- Tinha certeza que falaria isso. E sinceramente o que está comendo?- pude ver a frustração em seu olhar negro.
Revirei os olhos e virei o rosto para a parede.
- Nada Jacob. Você acha que cereais nutre uma pessoa? Nem água direito essa criatura está bebendo- admitiu Laura. Ótimo! Amiga é pra essas coisas, entregar você...
- Por isso. Os valores dos nutrientes em seu sangue me surpreenderam- falou Jacob.
- Ai eu devoro uma pizza inteira e bebo um litro de refrigerante para alegrar vocês dois- resmunguei.
- Olhe pra mim Isabella- pediu Jacob educadamente.
- Pode me chamar de Bella- não suportava ouvir meu nome.
- Ok, só falarei seu nome inteiro quando eu te adverti- um sorriso brincava nos lábios do médico.
- Está bem.
- Pode me chamar de Jake, não gosto de nada formal.
- Então vou te chamar de Jacob quando eu te advertir. Estamos kits- disse sarcástica.
- Seja boazinha.
- Então seja bonzinho- disse birrenta, só faltava fazer bico.
- Bella obedeça o doutor... – repreendeu Laura. Parecia aquelas mães que olham os filhos mortalmente quando eles aprontam algo.
Virei o rosto para a parede resmungando. Um longo silêncio se estendeu, nenhum dos dois não falaram nada. Olhei-os de má vontade esperando o sermão que viria.
- Imunidade baixa- começou Jacob- Não tem quase nada de açúcar no sangue. Vitaminas, ferro... em valor anormal de tão baixos que estão.
- É só comer bastante que eu melhoro.
- A-NE-MIA. Você está com anemia- ele suspirou e estreitou os olhos- ISABELLA.
Olhei seu rosto assustada.
- Anemia?
Ele assentiu e olhou o monitor.
- E se isso continuar os resultados não vão ser tão bons- falou consigo mesmo.
- Obvio que ia acontecer isso!-explodiu Laura.

- Se alimentar bem agora em diante. Frutas, verduras, legumes, carnes, peixes, derivados de leite etc. Por enquanto procure se alimentar de coisas mais saudáveis, depois, um sorvete, chocolates, doces... Em pequenas proporções.
- Esquecer os remédios que estava tomando- acusou Laura.
- Que remédios?-disse pouco convincente
-Este- Jacob levantou uma cartela de comprimidos- Tem idéia de como estes remédios são fortes?
- Não tomei nada- me defendi.
- Você quer esconder de mim? Medico ainda por cima? – ele sorriu.
Verdade. Nas ultimas semanas estava tomando Percocet, um narcótico para aliviar dores fortes. Estava gostando da experiência, a fórmula amenizava a dor no peito que eu sentia freqüentemente por causa da ausência de Fernando. Eu passava a maior parte do tempo dormindo com a reação do remédio, então eram poucas horas de sofrimento.
- Mas não entendo, estes remédios são para dores fortes- Jacob olhou pra mim com a testa franzida- O que está sentindo?
Abaixei a cabeça e fiquei em silencio.
Jacob arqueou a sombracelha esperando respostas.
- Bom, não importa que dor você esteja sentindo, você tinha que consultar algum medico antes de se dopar com este Percocet- ele sacudia a cartela de comprimidos irritado.
- Como sabe?- perguntei irritada também. A pergunta era idiota, mas queria enfrentá-lo.
- Não adianta você me questionar Isabella. Sou medico, alias seu exame de sangue acusou esta ação débil que você estava fazendo.
- Fala pra ele a sua dor Bella- pediu Laura.
- Ninguém precisa saber da minha dor.
- Estou aqui para te ajudar.
- Não preciso de ajuda- gritei.
Laura bufou e levantou da poltrona indo em direção a porta.
- Aonde vai?- gritei em suas costas.

- Vou dar uma volta, resfriar a mente. Suas idiotices estão fritando meu cérebro e me dando uma enorme dor de cabeça. Lembra o que eu te falei?Jacob Black vai te ajudar de qualquer forma- ela colocou as mãos no rosto- Por favor, Jake, amarre essa louca e amordace a boca dela? Ela é teimosa feito uma mula. Te desejo muita paciência porque ela é difícil de se lidar- depois ela se foi.
Grunhi inquieta.
- Laura me paga- disse entredentes socando o colchão da maca, só que não havia percebido que o braço que eu executei tal violência era o braço que estava com o soro. A agulha escapou fazendo sangue jorrar.
- Ah não!- murmurou Jacob, arregaçando a manga do jaleco rapidamente e prensando suas mãos no corte onde a agulha estivera.



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Notas finais do capítulo

Bom, por hoje é só gente. Espero que curtiram, espero ansiosa os comentarios. Até breve e mil bjuss.