Um Reencontro entre Nós escrita por Karenine


Capítulo 2
A cápsula do tempo


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos reviews *__* Em homenagens a vocês duas, vou postar mais um capítulo!

Espero que gostem!!! Não se esqueçam dos reviews ^^



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A cápsula do tempo

\t\t  Meu inimigo era um ser de cabelos pontiagudos e verdes. Seu corpo escamoso me lembrava a pele de uma cobra, enquanto seus olhos de um dourado perturbador me encaravam com um sorriso.

\t\t  - Sabia que tinha mais um de vocês aqui. – ele falou enquanto eu o observava.

\t\t  - O que fez com os outros? – perguntei na minha ânsia de saber o que tinha acontecido à minha família.

\t\t  - Você não sente? Estão todos mortos. – ele falou e deu uma sonora risada que ecoou por todo o lugar.

\t\t  Meu coração congelou. Tentei sentir o ki de meu pai, meu avó, meu sogro... Kuririn.. Yamcha... e por fim, de Trunks e o que senti foi... nada... Não havia ki nenhum. Tentei sentir novamente, senti umas quatro vezes e... nada.

\t\t  Um vazio intenso me tomou. Pensei que eu fosse quebrar naquele momento. Como eu não percebi? Como eu não percebi? Lembrei que eu tentava descansar quando tudo aconteceu, provavelmente a minha preocupação com Yuki e Bulma haviam me distraído, mas... Trunks... papai... vovô... Vegeta... Piccolo...

\t\t  - Percebeu agora? Eles estão todos mortos, e foi muito fácil fazer isso. – ele continuou com a cara mais sínica do mundo.

\t\t  Olhei para os seus olhos, e senti pela primeira vez na minha vida o significado da palavra ódio. Meu ki se expandiu de imediato e, antes que eu tomasse ciência disso já havia me transformado em super sayajin. Minhas lágrimas caíram e um grito agudo e intenso atravessou meu corpo, fazendo toda a minha energia contida explodir.

\t\t  Eu queria matá-lo. Matá-lo. Matá-lo. Voei com toda a velocidade em sua direção e comecei a lhe desferir inúmeros golpes. Ele, contudo, se distanciava de todos com facilidade, e antes que eu pudesse revidar já tinha sido jogada contra a casa de Bulma.

\t\t  - É só isso que pode fazer? Pensei que os sayajins fossem mais fortes. Mas pelo que vejo, é uma perda de tempo lutar com vocês. – ele falou cruzando os braços.

\t\t  - Não! Você ainda não sabe o que posso fazer! – falei voando novamente em sua direção, atacando-o diretamente em vários pontos. Eu iria matá-lo, destruir sua vida desprezível por toda a dor que sentia naquele momento.

\t\t  - É inútil garota! – ele falou rindo enquanto desviava. – Você é muito mais fraca que os outros, principalmente que aquele sayajin de cabelos roxos. E olha que foi bem fácil acabar com ele.

\t\t  - SEU... – gritei lhe dando um grande murro que ele desviou, e em seguida um forte chute em sua barriga, que talvez, por sua distração, o tinha acertado em cheio, fazendo-o voar alguns metros.

\t\t  - Hum... vejo que mencionar aquele rapaz mexeu com você. – ele falou se aproximando novamente. – Talvez seja alguém especial... um companheiro... Quer saber como ele morreu?

\t\t  Eu estava entrando no jogo dele. Estava perdendo o meu autocontrole, ou talvez já tivesse perdido há muito tempo. Tinha esquecido o ensinamento básico de uma luta: nunca demonstre preocupação por alguém em combate. Mas era impossível, eu não tinha como pensar em ser fria e calculista naquele instante.

\t\t  Como resposta lhe dei uma série de chutes e socos, acertando alguns, dessa vez, mas sem causar realmente efeito naquele monstro. Logo comecei a reunir energia e atacá-lo com meus poderes de sayajin. Tudo em vão... Meu olhar desesperado avaliava a situação, enquanto o dele zombava de mim. Ele era invencível, e eu estava gastando minhas forças. Era isso que ele queria?

\t\t  - Sim... ele era um companheiro... Deveria ser muito especial para você, sayajin. Mas saiba que ele morreu como um saco de lixo. Apanhando e apanhando... não causou nem um arranhão em mim, assim como você não causará. – ele falou se aproximando mais de mim. – Ele sangrou e sofreu e apanhou... e sabe o que ouvi como suas últimas palavras? – aquele monstro se aproximou ainda mais de mim, ficando quase que a centímetros do meu corpo. – “Cuide de nossa pequena, Pan”... Suponho que você seja Pan. – ele sorriu enquanto meus olhos se arregalavam me denunciando. – Então a pequena seria... – então aquele monstro virou para o lado em que Bulma tinha levado minha filha e sorriu, o sorriso mais assustador que eu já tinha visto.

\t\t  Antes que eu pudesse impedi-lo o vi disparar naquela direção e o segui, tentando atingi-lo com um dos meus ataques.

\t\t  - NÃO! – gritei, usando a técnica de teletransporte que meu avô havia me ensinado e aparecendo na frente dele. Reuni parte da minha energia e o ataquei, atrasando-o alguns metros. Ficamos frente à frente, e eu como uma fêmea que protege sua cria, coloquei-me em posição de ataque.

\t\t  Não era necessário falar nada. Ele havia entendido tudo. Era nossa filha e ele só estava jogando. Não queria matar minha filha por nenhum motivo importante, apenas queria matá-la para ver no meu olhar o mesmo desespero que estava vendo ao falar de Trunks. Provavelmente o mesmo sofrimento que ele vira em todos os olhares até aquele momento.

\t\t  - Ótimo. – ele falou batendo palmas. – Agora sim, vai ficar interessante. Vamos ver o que você pode fazer para me impedir de matar sua filha e a mulher que está com ela. – então desapareceu, e eu senti seu ki e o soquei, seguindo de outros chutes e socos.

\t\t  Começamos a lutar e eu expandia totalmente o meu poder. Não iria deixar que ele matasse o fruto do meu amor com Trunks, a nossa Yuki... Não deixaria que ele matasse Bulma e nem mais ninguém. Reuni quase toda a minha energia em um kamehameha e o ataquei, ele segurou o meu poder e o revidou, atacando-me em seguida.

\t\t  - Você não é tão forte quando eu imaginava, mas não é tão fraca. – ele falou me socando de todas as maneiras enquanto eu tentava revidar, já com muitas dificuldades. – Mas vamos acabar com isso, que já está ficando chato. – e antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ele me segurou pelo pescoço e reuniu uma enorme bola de energia na mão, atacando-me diretamente na barriga e me arremessando com tudo no chão.

\t\t  Senti meu próprio sangue chegar até minha boca e o cuspi. Meu corpo estava destruído. Tentei mover meus braços, mas não consegui. Estavam quebrados. O vi ficar bem próximo a mim, novamente, com um olhar decepcionado.

\t\t  - Pensei que os sayajins fossem melhores. Todos sempre falaram tanto desses lendários guerreiros, para isso... – apontou para mim com desdém. – Se nem o seu amor de mãe foi o suficiente para me entreter, com o que posso me divertir? – ele disse se aproximando. – Será que matando você aos poucos eu acabo com essa decepção? – então senti vários socos em lugares diferentes. Meu corpo estava morrendo, e ele queria que fosse uma morte lenta e dolorosa. – Ou será que mato a menina na sua frente para que você sofra ainda mais? – então ele desapareceu e eu senti as lágrimas de raiva da minha incapacidade de proteger aqueles a quem amava.

\t\t  Mas antes que eu pudesse ter mais raiva de mim mesmo, senti um ki conhecido. Bem mais fraco que o normal, mas indiscutivelmente conhecido. E no minuto seguinte vi aquele monstro voando e batendo em uma parede.

\t\t  Olhei para quem o tinha atacado, já sabendo quem era. Como eu havia dito, reconheceria seu ki em qualquer lugar. Mas queria vê-lo, olhar seu rosto, seu corpo, para ter certeza de que era real.

\t\t  Trunks estava parado olhando para o inimigo com um imenso ódio. Eu conseguia sentir que seu corpo não agüentaria por muito tempo, mesmo assim, não pude evitar ficar feliz em vê-lo nem que fosse por mais algum tempo.

\t\t  - Nem pense em encostar mais um dedo na minha família! – ele falou empunhando a espada.

\t\t  - Trunks... – balbuciei, enquanto meu sangue escorria da minha boca.

\t\t  Não pude ver além disso. Senti meu corpo ficando pesado e minha visão escurecendo. Não! Gritei em pensamento. Não! Ele vai matá-lo! Ele vai matá-los! Tenho que continuar consciente! Tenho que continuar consciente! Em vão... minha visão não me obedecia, e ficava cada vez mais turva e escurecida. Meu corpo não me obedecia e minha energia mal me mantinha respirando. Logo me senti caindo num vazio, enquanto os sons dos golpes e dos gritos de Trunks ficavam para trás.

\t\t  Não sei quanto tempo fiquei desacordada. Provavelmente horas... Quando consegui abrir meus olhos tudo estava em silêncio. Cheguei a pensar que tinha morrido, ou que tudo não passara de um grande pesadelo. Mas a chuva caindo em meu rosto denunciava que não era nenhum dos dois. Olhei para o lado e vi um corpo inerte caído de qualquer maneira. Vi seus cabelos roxos e com muita dificuldade me arrastei até lá.

\t\t  - Trun..ks.. – falei chegando perto dele. – Trunks... TRUNKS! – sacudi seu corpo e senti meu coração parar. Seu corpo sem vida, todo machucado, demonstrava todo o sofrimento que ele tinha recebido durante todas as horas em que permaneci desacordada. – N..ã..o – sussurrei acariciando seu rosto. – Nã..o – minhas lágrimas surgiram e caíram sem que eu me desse conta. – Não.. Trunks.. amor... amor.. ac..acorda... – sacudi seu corpo enquanto a chuva caía. – Por...por favor.. não... nã...o... NÃO!!!!!!!!!!!!

\t\t  Trunks morreu no dia 17 de julho. Eu gritei aquela mesma palavra até não ter mais voz para isso. Em seguida procurei por Yuki e Bulma. Elas estavam bem, estavam nas montanhas. Estranhamente o monstro as tinha deixado vivas. Mas eu não conseguia sentir nada naquele momento. Nem amor, nem compaixão, nem ódio, nem nada. Estava vazia. Eu amava minha filhinha mais que tudo, era impossível duvidar disso. Ela era a única que me fizera levantar daqueles escombros com Trunks nas costas. Mas meu olhar... meu olhar estava morto. Morto junto com ele.

\t\t  Caminhei, lentamente até encontrar Bulma. Nem forças para voar eu tinha mais. Ela se escondeu, talvez pensando que eu era o inimigo, mas ao me reconhecer, correu até mim. Seu olhar, porém, parou no corpo que eu carregava e eu ouvi de sua boca a mesma palavra que eu tinha gritado até aquele momento. Não respondi, apenas o coloquei no chão e me deixei ali, caída ao seu lado.

\t\t  As lágrimas já não surgiam mais. Meu olhar estava vidrado, petrificado, sem vida. Senti o abraço da minha sogra e suas próprias lágrimas no meu ombro, enquanto permanecia segurando minha filha.

\t\t  - Pan, você... está... bem? – ela perguntou depois de um tempo, talvez estranhando o meu silêncio.

\t\t  Bem? Não, eu não estava bem... Olhei para ela por um único instante e ela me abraçou novamente. Afastei-a suavemente e olhei para Yuki que dormia no seu colo, provavelmente esgotada demais. Pobrezinha, era tão pequena ainda. Peguei minha filha no colo e a observei carinhosamente. Minhas lágrimas surgiram mais uma vez, inundando a minha visão, mesmo quando acreditava que isso não fosse mais possível.

\t\t  - Qu..erida... – sussurrei contendo os soluços. – Se..u pai.. não vai mais... abraçar você... ele... – as lágrimas rolavam pelo meu rosto e a dor me partia ao meio. – Mas... eu vou.. eu ... eu vou.. – a abracei forte, tomando cuidado para não acordá-la. – Eu... vou...

**

\t\t  Os dias se passaram lentamente. Aquele monstro e os outros que estavam com eles foram para outros países para fazerem a mesma coisa que haviam feito com o nosso: destruir e matar. Eu já não sorria como antes, mesmo que Bulma tentasse me manter viva e falando. Minha avó havia gritado e chorado tanto quanto eu, mas ela estava mais acostumada. Já vivera muitos anos com meu avô e já o perdera uma vez, apesar de que a perda não é uma dor que pode ser diminuída.

\t\t  Bulma também sofria, eu sabia. Podia ouvir seu choro silencioso no quarto, todas as vezes que passava, durante a noite pela sua porta. Ela chorava por Vegeta, o amor de sua vida e por seu único filho, mas na minha frente sempre se mostrava carinhosa e forte. Eu é que era fraca. Era uma sayajin fraca! De que me servia todo aquele poder quando não conseguia salvar aquele que mais amava. E meu pai? Minha mãe também não conseguia sair de casa, estava em desespero. A sorte é que minha avó a estava consolando. Eu é que deveria estar lá, dando-lhe forças! Mas nem para isso eu prestava!

\t\t  Então, subitamente me veio uma idéia. Uma idéia louca e desesperada: a cápsula do tempo! Lembrei de Trunks. Ele havia voltado ao passado para avisar a todos sobre os andróides e tentar impedi-los de fazer o mesmo que tinham feito aqui. E se eu fizesse o mesmo? E se eu voltasse e avisasse e tentasse impedir aqueles monstros...?

\t\t  Corri até Bulma e bati em sua porta. Era madrugada, mas eu não me importava. Algo me movia para isso e eu não queria pensar no que era. Expliquei todo o meu pensamento e falei que desejava voltar ao passado para tentar o mesmo que meu marido fizera anos atrás. Ela me ouviu atentamente e concordou comigo, levando-me até sua sala de projetos.

\t\t  A cápsula do tempo era antiga e precisava de melhorias. Minha sogra avaliou tudo com precisão e fez alguns cálculos. Pegando um cigarro, encostou-se na janela.

\t\t  - Bom, ela está funcionando, mas vou ter que ajustar algumas coisas. – ela olhou para mim. – Tem certeza de que quer fazer isso?

\t\t  - Bulma... – eu respirei fundo. – Preciso disso.

\t\t  Ela olhou para mim e entendeu. Ela sabia o que era perder alguém que se amava muito. Ela deu mais uma tragada e sorriu.

\t\t  - Você tem muito do Trunks, sabia? – ela sorriu e eu não pude evitar de sorrir também, um sorriso muito menor do que o dela. – Tudo bem, então! Vou ajustá-la o máximo possível. Deve ficar pronta em um mês. Vou fazer um trabalho incrível para você voltar em segurança. Por isso sugiro que descanse até lá.

\t\t  Concordei com a cabeça, mas não com relação ao descanso.

\t\t  - Posso usar a câmara gravitacional? – perguntei ignorando sua última recomendação.

\t\t  Ela suspirou, mas já me conhecia há muito tempo para saber que quando eu colocava algo na cabeça era impossível de tirar. Concordou com o olhar e sorriu.

\t\t  - Realmente, você se parece muito com Trunks.

**

\t\t  Um mês depois eu estava entrando na máquina do tempo. Tinha passado muito tempo treinando para ficar mais forte, para que pudesse ter chance de impedir que o meu presente acontecesse. Olhei para Bulma antes de dar o meu último passo para o passado.

\t\t  - Quero que você faça uma boa viagem. Mande lembranças para a minha eu do passado. – ela disse sorrindo com Yuki nos braços.

\t\t  - Eu darei, Bulma. – falei carinhosamente. Encarei minha pequena filhinha. Quase não tinha passado tempo com ela. Sei que estava sendo uma mãe ausente e, provavelmente, seria ainda mais agora. Mas eu precisava tentar fazer alguma coisa! Não conseguiria conviver com a morte de todos, principalmente com a morte de Trunks.

\t\t  Por um instante tive vontade de desistir ao olhar para aqueles olhos azuis da minha menininha. Os mesmos olhos do pai. Mas se eu fizesse isso... teria que conviver com aquela dor para sempre, e a isso eu não poderia sobreviver. Peguei-a nos meus abraços e ouvi seu riso pela última vez.

\t\t  - Até mais, querida. – falei lhe dando um beijo demorado no rosto. – Cuide bem da sua avó e não a deixe fazer besteiras.

\t\t  - Que besteiras eu faria, Pan? – reclamou ela, e eu sorri.

\t\t  - Até mais, Bulma. – falei a abraçando, e subi na cápsula. – Cuide do meu tesouro até eu voltar. Prometo que farei o meu melhor.

\t\t  - Tenho certeza que sim, querida. – ela falou enquanto a máquina se fechava. – Cuide-se, Pan! E boa viagem!

\t\t  Não ouvi mais nada, pois ao ligar a nave todo o som se dissipou, assim como tudo que eu estava vendo até aquele instante.


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