As mãos nervosas se apertavam na esperança de apertar o desconforto e colocá-lo dentro de um pote, infelizmente era preciso mais do que um pote pra livrar Ronald Weasley do desconforto que ele sentia naquele momento. Seu rosto, normalmente vermelho, estava tenso e seus ombros largos duros e nada relaxados mesmo que ele estivesse sentado em um sofá confortável.

Ele não sabia se queria dizer alguma coisa, dizer mais alguma coisa, mas ele não sabia se aquele silêncio era uma coisa boa ou ruim. 

Sempre que Lila ficava muito tempo em silêncio, ele tinha certeza de que ela iria começar a gritar com ele. E ele gritava de volta. Era incrível como os gritos de Lila não o deixavam tão leve quanto os gritos de Hermione.

Hermione gritava forte, dura, sem medo, sem dúvidas. Ela sabia o que queria, o que defendia enquanto gritava com ele, mas Lila... Pobre Lila. Ela gritava gaguejando, com tons incertos, às vezes sua voz falhava e ela tropeçava nas palavras. Seria engraçado, se não fosse patético.

Mas aquele não era momento de pensar em Lila, não depois de ter falado o que tinha falado pra Hermione.

Depois do repentino beijo na guerra de Hogwarts ele se sentiu um pouco mais confiante em se aproximar da amiga. Se sentiu feliz, pois se aquele beijo não tinha significado que ela gostava dele tanto quanto ele gostava dela, ele não saberia mais de nada.

Pensou em desmentir o que falou, mas achou que aquilo só seria motivo de brigas, motivo para Hermione o chamar de covarde e gritar com ele.

Mas ela não iria gritar com ele.

Naquele momento milhões de coisas passavam na cabeça dela. É claro que gritar com ele estava lá, sempre esteve e estaria, mas era gritar com ele de felicidade, gritaria de satisfação. Não gritaria brigando, gritaria correspondendo. Felizmente gritar estava bem no final de sua lista de coisas possíveis para se fazer com Ronald naquele momento. Para a sorte do ruivo, beijar era a primeira, mas ela estava se segurando para não fazer isso. 

O coração dela tinha pulado tão forte quando ele disse que a amava. Foi tão estúpido quanto ela pensou que seria, foi tão inocente e bobo quanto ela pensou que aquelas três palavras saindo da boca dele seriam, mas ao mesmo tempo foi tão lindo, tão romântico. Seu corpo todo tremeu de felicidade e ela estava tão em choque que não conseguiu falar, nem mesmo um sorriso conseguiu dar.

- H-Hermione... - Ronald começou incerto. 

E terminou por ai, também.

Não tinha mais o que falar, mas apenas a chamou, pois queria que ela lembrasse que ele estava ali, com o coração na mão, dando pra ela, com a esperança de que ela não o despedaçasse de uma maneira rápida e bruta. Queria que ela pegasse esse amor e fundisse com o dela, um amor só, seria o deles.

- Eu também, Ronald. - ela disse acordada de seus devaneios pelo ruivo chamando seu nome. - Eu também t-te amo.

Agora quem ficou sem palavras foi ele. Mas sem palavras era algo bom para alguém como Ronald Weasley e, afinal, quem precisa de palavras quando se tem um único amor? O silêncio pode ser a melhor forma de se comunicar.