Sweet Nine Months escrita por Mye-chan


Capítulo 2
Uma difícil missão


Notas iniciais do capítulo

Sinopse: Se Uchiha Sasuke soubesse que teria que passar por tudo aquilo para reconstruir seu clã, teria se preparado melhor...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/11672/chapter/2

— Sasuke-kun...

 

Quando Uchiha Sasuke pensou em reconstruir seu clã, ele não imaginava que isso resultaria em uma tarefa tão difícil.

 

— Sasuke-kun...

 

Afinal, pelo que ele havia lido em livros e revistas, o ato da reprodução era um dos mais prazerosos do ciclo da vida.

 

— Sasuke-kun...

 

E, de fato, ele havia se tornado adicto de Sakura. Sua pele cremosa, seus cabelos macios e brilhantes, sua fragrância natural adocicada, seus lábios rosados e embriagantes...

 

— Sasuke-kun...?

 

Mas ele não estava preparado para uma coisa...

 

— ...

 

...Os sintomas da gravidez.

 

Virou-se para a esposa notando a falta de sua (doce, mas por vezes, irritante) voz naquele recinto, encontrando-a com os grandes olhos verdes lacrimejantes.

 

E essa era a pior parte.

 

As alterações de humor.

 

Ao longo dos anos, Sakura havia amadurecido e aprendido a ter controle de suas emoções, mas só o simples fato de estar grávida havia feito com que tudo isso fosse por água abaixo.

 

Agora ela chorava com (muita!) facilidade por qualquer motivo, lembrando-o bastante de quando eram mais jovens. Sentiu um pouco (mas só um pouco) de nostalgia.

 

— O que houve, Sakura? – suspirou cansado.

 

Okay, ele pode ter a fama de coração de gelo, mas tinha que admitir que era bem carinhoso com ela, principalmente depois que voltara para a vila e a pedira em namoro. Mas paciência tem limite, e já era a quinta vez que ela lhe chamava só naquela noite.

 

Mas ela parecia alheia ao seu cansaço – após uma longa e chata missão da ANBU (1) – e seguia lhe pedindo coisas e mais coisas...

 

— Sasuke-kun... Eu quero comer cerejas...

 

— Então coma, Sakura.

 

Ela fitou-o com aquele olhar choroso de cão abandonado (que ninguém resistia) e respondeu:

 

— Mas... Não temos mais cerejas em casa...

 

Teve que se conter ao máximo para não grunhir nervoso, já era a terceira vez que ela pedia algo que não tinha em sua casa. E olha que ele fez questão de que sua casa estivesse bem abastecida com uma variedade enorme de inúmeros tipos de alimentos possíveis, apenas para não ter de dar-se o trabalho de ir buscar depois.

 

Suspirou cansado outra vez e encarou aqueles orbes esmeralda que tanto adorava.

 

— Será que não pode deixar isso para amanhã? São duas da madrugada agora, prometo que de manhã eu compro todas as cerejas que você quiser, mas será que não podemos ter uma noite de sono normal?

 

— Mas, Sasuke-kun... Eu estou com vontade agora... Não consigo deixar de pensar em cerejas... – respondeu manhosa.

 

O Uchiha sentiu algo dentro de si se remexer ao vê-la assim. Não podia negar que apesar de tudo ela ficava muito linda toda dengosa. Aproximou-se mais de sua esposa e a abraçou, respirando seu aroma tão delicioso.

 

— É só você pensar em outra coisa.

 

Sakura fez um bico adorável e infantil, respondendo de modo bem manhoso.

 

— Eu não consigo pensar em outra coisa, Sasuke-kun...

 

Ela era tão linda... Ainda mais quando fazia manha. O Uchiha sorriu malicioso e aproximou seus lábios do ouvido dela.

 

— Deixa que eu te ajudo então...

 

E sem esperar resposta, começou a beijá-la apaixonada e possessivamente, explorando cada canto daquela boca que tanto estava o provocando – mesmo que inconscientemente. Ela o correspondia da mesma maneira fervorosa, enlaçando o pescoço dele.

 

O leve gemido que escapou dos lábios da médica-nin (2) não passou despercebido pelo moreno, fazendo-o se excitar ainda mais. Aproveitou e posicionou-se sobre sua esposa, com o devido cuidado de não esmagar sua pequena barriguinha de dois meses. Enquanto a mão direita apoiava o peso do corpo, a esquerda subia a fina camisola que Sakura vestia. Esta, ao perceber isto, logo encerrou o beijo, afastando-o de si.

 

— Não, Sasuke-kun. Não estou com vontade. – anunciou, empurrando um perplexo Uchiha para o lado.

 

Essa era a outra terrível parte da gravidez. Desde que se descobriu a gravidez de Sakura, eles vinham tendo menos interação sexual.

 

E isso o deixava extremamente frustrado.

 

Virou-se para o lado oposto de Sakura e tentou dormir, já que ela não parecia disposta a ceder as suas vontades. Após uns cinco minutos de profundo silêncio, sentiu uma mão delicada tocar em seu braço e uma voz doce adentrar seus ouvidos.

 

— Sasuke-kun...?

 

Kami-sama (3), o que ela queria agora?! Depois de tê-lo importunado várias vezes em uma só noite, deixá-lo excitado e depois se recusar a fazer amor com ele, ela ainda tinha a cara-de-pau de pedir mais alguma coisa?!

 

— Sasuke-kun, está acordado? – chamou novamente, desta vez chacoalhando um pouco o seu braço.

 

Sentiu seu sangue ferver, mas conteve-se lembrando que ela estava sensível e carregando um filho dele.

 

— O que é agora, Sakura? – respondeu tentando esconder a irritação em sua voz, sem muito sucesso.

 

Ela retirou a mão que segurava o braço do marido e permaneceu calada, chamando a atenção do mesmo, que até então se encontrava de costas para si. Ele virou-se para encará-la, encontrando-a com os olhos cheios de lágrimas e tentando conter um soluço.

 

Começou a se desesperar, um misto de frustração, culpa e raiva o dominava. Abraçou a sensível mamãe, sussurrando palavras doces e tranqüilizantes para esta. Sakura então desatou em prantos e se aninhou no peito do Uchiha, buscando consolo.

 

Após alguns minutos de muitas lágrimas, Sakura pareceu se acalmar o suficiente para poder proferir palavras coerentes.

 

— V-você... está b-bravo comigo, não é? E-eu sei que está... – perguntou com a voz quebrada e entre soluços.

 

Sasuke continuou a acariciar seus sedosos cabelos rosados, enquanto pensava exatamente o que responder. Teria que ser muito cuidadoso com as palavras para não fazê-la chorar ainda mais.

 

— Não, Sakura... Eu não estou bravo com você. Estou apenas... cansado da missão que o Dobe (4) me deu. – respondeu, torcendo para que aquela resposta fosse convincente. Pelo modo como seus soluços pareceram diminuir e ele não sentir mais as lágrimas de sua esposa sobre seu peito, concluiu que conseguira acalmá-la.

 

Depois de algum tempo, ela parou de chorar e conseguiu abrir um largo e doce sorriso dedicado a ele.

 

— Nee, Sasuke-kun... Você é o melhor marido do mundo, sabia?

 

Sasuke se sentiu hipnotizado por aquele sorriso, como em todas as outras vezes em que ela sorria para ele. Não pôde evitar sorrir também, mas o seu sorriso era mais maroto.

 

— Eu sei.

 

Sakura soltou uma gargalhada gostosa e bateu de leve no ombro do capitão da ANBU, fingindo indignação.

 

— Seu convencido! – Ela abraçou-o mais forte e se aconchegou em seu peito, fazendo seus corpos ficarem mais grudados. Logo, soltou um leve suspiro. – Eu amo você...

 

Sasuke a acomodou em seus braços e sorriu, um sincero e imperceptível sorriso. Sentiu como ela ia rapidamente mergulhando no mundo dos sonhos e respondeu, sussurrando baixo:

 

— Eu também te amo, minha adorável irritante...

 

.:oOo:.

 

Acordou no meio da madrugada sentindo um pouco de frio. Olhou o relógio que se encontrava na mesinha ao seu lado e viu que eram umas quatro horas. Percebeu que o frio que sentia não provinha nem de uma janela aberta, nem da falta de cobertas, mas sim da ausência de uma mulher de cabelos rosados que esquentava sua cama todas as noites. Não se preocupou muito, imaginou que ela tivesse ido ao banheiro. Descobriu que esse se tornara um hábito constante na rotina de Sakura durante a gravidez – ir várias vezes ao dia ao banheiro.

 

Sua preocupação só começou a ficar palpável após quinze minutos de rolagem na cama, tentando pegar no sono sem sucesso, e nenhum sinal de vida de sua adorável (por vezes odiável) esposa.

 

Levantou-se rapidamente, saindo em busca de Sakura pela casa e não a encontrando em lugar algum.

 

Aonde ela poderia ter ido àquela hora?!

 

Sua mente estava frenética, imaginando mil possibilidades, desde uma emergência no hospital de Konoha à seqüestro, seguido de possível morte. Apenas essa idéia o fez entrar em pânico, afinal, ele tinha muitos inimigos e pessoas atrás de sua linhagem sanguínea.

 

Pegou a primeira peça de roupa que viu pela frente e correu para fora do bairro Uchiha, em busca de sua esposa.

 

.:oOo:.

 

Já havia vasculhado todos os possíveis lugares em que Sakura poderia ter ido, inclusive havia acordado metade da população de Konoha apenas no intuito de encontrá-la. Estava já cogitando a possibilidade de colocar todo o esquadrão ANBU atrás da Senhora Uchiha, quando viu uma silhueta sorridente, de cabeleira rosada, saindo de um mercado 24 horas, carregando uma sacola cheia de... Cerejas? Cantarolava algo despreocupadamente, nem imaginando como ele se sentia naquele momento.

 

Correu ao seu encontro e a primeira coisa que fez foi abraçá-la forte, esquecendo-se momentaneamente de que ela estava carregando o herdeiro Uchiha e isso poderia machucá-lo.

 

Sakura piscou algumas vezes, mas logo reconheceu aqueles braços fortes e o perfume masculino. Retribui sorridente o abraço, sem entender muito bem o motivo.

 

Acalmado seu coração, o Uchiha soltou-se de seu agarre e olhou fixamente para os orbes verde-esmeralda da mulher a sua frente, franzindo o cenho em seguida.

 

— Sakura, o que veio fazer aqui á essa hora?

 

A jovem senhora Uchiha, que mantinha uma feição curiosa, alargou o sorriso e levantou a sacola que carregava, mostrando-a cheia de cerejas.

 

— Vim comprar cerejas! – ela abaixou novamente a sacola, continuando a narrar sua saga. – Você não sabe como está difícil de encontrá-las nesta vila. Já estava pensando que teria que ir até a vila vizinha...

 

O rapaz continuou a encará-la perplexo, sentindo-se um pouco culpado.

 

— Você estava com tanta vontade assim de comer cerejas? – Ela apenas afirmou com um aceno de cabeça, pegando uma pequena fruta da sacola e colocando-a na boca. – Então por que não me acordou?

 

Sakura sorriu-lhe de maneira doce e respondeu sem graça:

 

— Ah, eu pensei em te chamar, mas... Você parecia tão cansado e dormia tão tranqüilamente que eu fiquei com dó de te acordar...

 

O Uchiha encarou-a abobado por alguns segundos, para logo depois abraçá-la novamente, afundando seu rosto no pescoço dela.

 

— Sakura, me prometa duas coisas. – disse contra a pele cheirosa e convidativa de seu pescoço.

 

— O que, Sasuke-kun?

 

— Me prometa que nunca mais irá sair sozinha por aí sem me avisar. Você não sabe o quão preocupado você me deixou. E... – ele levantou seu rosto e encarou seus olhos novamente. – Da próxima vez que precisar de algo, não hesite em me pedir. Eu irei até o outro lado do mundo se necessário para buscar o que você quiser. – pronunciou de forma firme, mostrando o quão sério ele estava sendo.

 

Sakura compreendeu e sorriu contente, depositando um beijo suave em seus lábios.

 

— Okay. Eu prometo, Sasuke-kun... – e voltou-o a beijar, dessa vez de forma mais apaixonada, tentando transmitir todo seu amor e gratidão.

 

Agora Sasuke sabia que restaurar o clã Uchiha, ou melhor, formar uma família era uma tarefa difícil. Sabia que era cansativo e cheio de frustrações.

 

Mas também sabia que tudo aquilo, cada momento da gestação, valia a pena... Porque logo o mundo receberia mais um integrante do clã Uchiha, logo sua vida ganharia uma motivação a mais para existir...

 

Logo sua felicidade se duplicaria.


Owari.

 

Minidicionário:

 

(1) ANBU (暗部): É uma sigla que significa, literalmente, “Lado Negro”. O nome completo dessa organização é, na verdade, “Ansatsu Senjutsu Tokushu Butai” (暗殺戦術特殊部隊— Esquadrão Especial de Assassinato e Tática), e eles são os ninjas de elite que servem diretamente ao líder da vila – ou seja, a ANBU é subordinada apenas ao Kage, e são responsáveis por cumprir as ordens de assassinato, proteção de seu líder e missões que não admitem falhas.

 

(2) Médica-nin: São os conhecidos ninjas médicos, que utilizam chakra para curar a maioria dos ferimentos. O nome é a tradução do original “Iryou-nin” (医療忍).

 

(3) Kami-sama: “Kami” significa Deus e “-sama” é um pronome de tratamento que designa autoridade e respeito.

 

(4) Dobe: A tradução eu não sei ao certo (pois no meu curso de japonês não me ensinavam essas coisas), mas pelo que pude entender pelo mangá era algo como “o último” (com significado negativo), ou “perdedor”. E é como o Sasuke chama “carinhosamente” o Naruto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu queria dedicar este capítulo a liamcleaff, pois se não fosse por ela eu demoraria muito mais tempo a atualizar a coleção. Às vezes preciso de uns puxões de orelha...

Enfim, acho que esta foi a primeira idéia que tive quando pensei em fazer esta coleção. Não é adorável uma mamãe com desejos? Bem, o Sasuke-kun não pode dizer o mesmo, mas ele não consegue negar nada à sua rosadinha, né?