Amor por Compaixão escrita por CarolFernandes


Capítulo 4
Capítulo 2 – Proposta Inaceitável


Notas iniciais do capítulo

Emmett entra logo no comecinho do capítulo. Ele é sempre um dos meus personagens favoritos!



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Olhei em volta, no aeroporto, tentando achar alguém com uma placa escrita: Bem-vinda, Swan. Suspirei, não achando. Esperava que toda aquela viagem não fosse em vão, afinal, fechar a porta da casa onde eu morei durante toda a vida fora mais difícil do que eu imaginava.

Na verdade, eu nunca imaginei que fosse ser difícil, mas eu tinha a sensação de que fechava as portas para os meus pais também e eu não queria isso. Por essa causa, havia várias fotos minhas com as duas pessoas que me conceberam na mochila que eu carregava.

“Bella?” Ouvi uma voz forte e masculina me chamar.

“Você é...” Falei esperando uma resposta e encarando o homem de peitoral e sorrisos largos. Mordi meus lábios, achando que o conhecia de algum lugar.

“Emmett Cullen.” Sorriu mais, como se fosse possível. “Eu estava com saudades.” Ele me abraçou tão forte que eu fiquei sufocada. Emmett me soltou do abraço um tempo depois, percebendo meu desconforto.

“Você quer me matar?” Eu podia chamá-lo de assassino e sair correndo com o rabinho entre as pernas, mas algo em Emmett Cullen era extremamente familiar.

"Não! Claro que não!" Suspirou. "Você não deve lembrar, mas nós somos íntimos. Eu adorava te segurar no colo.”

"O... O... Que?" Gaguejei outra vez. Droga de mania maldita!

"Fica calma! Bella, sua expressão foi tão hilária." Gargalhou. "Você tinha meses quando eu te segurava no colo."

"Então, você é algum tipo de amigo de infância meu." Falei menos alarmada e mais confortável com aquele cara gigante de corpo e coração.

"Sim, mas você não deve se lembrar porque era desse tamanho quando eu fui embora." Emmett colocou as mãos separadas a mais ou menos meio metro, uma da outra. “Minha mãe pediu que eu te buscasse aqui no aeroporto.”

“Ela disse que alguém vinha, mas pensei que fosse mandar um empregado.” Emmett fez um sinal como se pedisse minha mala e eu dei-a a ele. Estava pesada para mim, mas seus músculos seguraram o peso sem fazer força.

“Ela mandaria se fosse qualquer pessoa... Mas não é. É você.” Sorriu enquanto caminhávamos. Estalei meus dedos em agradecimento por não estar mais carregando peso.

“Eu lembro vagamente de você.” Disse analisando os olhos esverdeados.

“Você não mudou nada, Bella. Só a franjinha que sumiu.” Apontou para a minha testa, me fazendo rir junto com ele. “Ah, e você tem um belo sorriso agora. Quando eu te conheci eram apenas dois únicos dentes.” Rimos outra vez e depois tudo ficou meio silencioso. Antes que entrássemos no carro – muito moderno, daqueles de comercial de TV – Emmett voltou a falar. “Eu sinto muito pelos seus pais. Minha mãe esta realmente preocupada e se você precisar de qualquer coisa, os Cullen te ajudarão.”

“Obrigada, Emmett.”

Respirei fundo, finalmente reparando que eu estava em Londres e a próxima parada era Cambridge, meu sonho de consumo.

“Aqui é bem melhor do que Forks.” Emmett comentou, dividindo sua atenção entre mim e o volante. “A cidade tem muitos habitantes da nossa idade, então é fácil se divertir e fazer amigos aqui.”

“Essa não é bem a minha meta.”

“Então qual é?” Perguntou mais sério.

“Eu quero me formar em direito em Cambridge e ir para Londres tentar exercer a profissão.” Falei esperando alguma reação dele. Emmett olhou para o outro lado, antes de fazer uma curva e parar em um pedágio. Quando eu pensei que ele realmente não ia falar mais nada, resolvi voltar a dizer algo. “Eu...”

“Boa sorte!” Cortou-me. “Eu fiz o mesmo que você, só que em medicina. Meu irmão também exerceria a profissão, mas...” Sua voz foi morrendo aos poucos. Resolvi não perguntar nada, se ele quisesse, ele falaria. “Pode dormir, se quiser. A viagem é longa.” Bocejei.

“Se eu fosse menor, você poderia me fazer dormir no seu colo, Emmett.” E então eu dormi ouvindo a gargalhada alta dele e me lembrando de como eu conhecia aquele som.

Dormi praticamente a viagem toda, porque odiava cochilar em aviões. Acordei sentindo o clima ficar um pouco mais frio e coloquei um casaco ainda mais forte em cima de todas as roupas que eu usava.

“Que bom que você ficou assim.” Falou depois de me analisar.

“Assim como?”

“Sem frescura, uma garota forte e corajosa. Seus pais teriam muito orgulho de você.” Sorriu e eu me perguntei como ele tinha descoberto aquilo tudo sem eu falar quase nada.

“Obrigada Emmett e eu não digo só por isso, digo por tudo...”

“Sabia que quando você era bebê, me chamava de mete?” Comentou e eu ri. “Eu até prefiro, sabe? Fica menos formal e como a sua voz ainda é infantil, me lembra uns tempos bons...”

“Ok, Mete. Quanto tempo até chegarmos em Cambridge?”

“Já chegamos.” Apontou para a janela a minha esquerda. “Bem-vinda a mansão dos Cullen.”

Tentei manter minha boca fechada, mas era difícil. Os Cullen tinham enriquecido muito desde que haviam saído de Forks, porque lá não havia casas como essa. Parecia um palácio de tão grande e bem construída. Havia um portão grande que se abriu a nossa frente com a digital do dedo de Emmett – uma grande tecnologia contrastando com a beleza antiga -, um jardim de inverno formando um caminho de pedras que ia até a porta principal da casa de quatro andares.

Levantei meus olhos, para ver a mulher parada a porta, que tinha algumas lágrimas nos olhos. Essa era Esme Cullen e eu não precisava de muito para deduzir, já que lembrava do rosto em forma de coração dela de algumas fotos da minha mãe na infância.

“Bella!” Abraçou-me afetuosamente e por incrível que pareça, eu retribui o abraço. Tanto tempo sozinha me fazia pensar demais no quanto eu gostaria de ficar para sempre com alguém assim, apenas curtindo o calor de um abraço. “Você cresceu, Bella. Esta linda.” Analisou meu rosto, chorando de emoção. Eu engoli seco para não chorar também. “Venha... Vamos conversar.” Esme me puxou para dentro de casa e eu não reparei de primeira na mobília porque estava com os olhos um pouco molhados.

“Obrigada por me receber e desculpe qualquer grosseria.” Falei sem graça.

“Tudo bem, eu entendo. Você é desconfiada como o seu pai.” Sorriu sentando em um sofá de uma sala fechada e me levando para sentar ao seu lado. “Há quanto tempo esta sozinha?”

“Três anos.” Falei ensaiando um dar de ombros, mas achei que não seria educado.

“Deus!” Colocou a mão na boca e seus olhos se encheram de lágrimas outra vez. Olhei para o fogo que emanava da lareira ao meu lado, tentando me concentrar em outra coisa que não fosse a pena em seu olhar. “Eu sei que deve ser dolorido para você...”

“Renée ficou muito feliz quando descobriu que estava grávida.” Falei em meio a um suspiro, relembrando de cada momento que eu contava, com a ajuda do fogo. “Estava tudo pronto e eu ia ter um irmãozinho, quando ela começou a passar mal e foi levada para o hospital. Renée era nova, mas perdeu muito sangue, então...” Engoli seco. “Ela não resistiu e o bebê era frágil demais para sobreviver sem a sua ajuda. Charlie cuidou muito bem de mim, você sabe que ele era policial, então um dia um bandido quis se vingar e... Eu enterrei meu pai ao lado da minha mãe e do meu irmão no cemitério de Forks.” Olhei para Esme e ela mantinha a cabeça abaixada.

“Eu te admiro por ter passado por tudo isso sozinha, Isabella.” Suspirou. “Mas também me arrependo por ter me afastado. Tudo podia ter sido diferente, talvez eu ganhasse a sua guarda e hoje você não precisaria de uma bolsa estúpida para entrar em Cambridge.”

“Eu não tenho uma bolsa.” Sorri tristemente.

“Como assim?”

“Eu fui aceita, mas terei que pagar... Deve ter havido algum erro no meu cadastro, mas agora as coisas já estão certas.” Dar de ombros naquele momento não foi mal educado.

“Mas você é estrangeira, eles deveriam te pagar.” Segurou minha mão.

“Cambridge é meu sonho e eu não vou desistir dele.” Falei convicta e Esme sorriu.

“Seus pais teriam orgulho de você.” Era a segunda vez que eu ouvia aquilo de um membro da família Cullen.

Eu me sentia mais confortável em conversar com aquela mulher, enquanto ela dizia coisas tão intimas da minha família que só um amigo próximo conheceria.

Conversamos durante a tarde toda e eu contei um pouco como sobrevivi sem a ajuda de um adulto. Em contraponto, ela contou que conhecia minha mãe desde pequena e que uma completava a outra, sendo Renée a alegria e Esme a compaixão. Contou também que Renée sempre servia de vela no inicio do relacionamento dela com Carlisle, seu marido, e que quando ela conheceu Charlie os quatro passaram a sair todos juntos. Esme teve Emmett muito cedo e depois veio Edward, seu segundo filho, no mesmo passo Renée me teve e ai entravam as histórias que Emmett contara. Um tempo antes de ir embora de Forks, ela teve Alice, que tinha atendido ao telefone daquela vez.

“Essa é a minha família.” Apontou para a foto dela com os filhos, um orgulho tangente em sua voz.

Esme, com seu rosto de coração, estava no meio ao lado de um homem loiro que devia ser seu marido, Emmett com uma pose de bad boy mais para o lado, uma garota de cabelos escuros e espetados sorrindo e seu outro filho – Edward!? – estava sério, olhando fixamente para câmera. Mesmo que por foto, eu não consegui aguentar muito olhado para aqueles olhos que pareciam fuzilar os meus.

“Porque você disse que Edward é um príncipe?” Eu me referia a carta. Esme me olhou como se repreendesse com diversão eu tê-la lido.

“Ele é um príncipe em seu comportamento.” Suspirou. “Orgulho-me muito dele.”

Edward tinha uma beleza como a que você lia nos livros antigos, o maxilar masculino apesar de ele ter a minha idade, os olhos profundos com leves olheiras embaixo, a pele esbranquiçada e os cabelos dourados.

“Belos filhos.” Murmurei devolvendo a foto.

“Edward é lindo, não é?” Suspirou colocando a foto no lugar certo, em cima da cômoda.

“Ele é...” O que eu diria? Que ele era feio? Além de tudo seria mentira.

Esme se virou para mim, sorrindo diabolicamente.

“Quando vocês eram pequenos, se gostavam muito. Charlie e Carlisle diziam que vocês iam se casar...” Ela riu.

“Eu queria lembrar disso tudo.” Falei com sinceridade. Era estranho ter sua vida narrada por outra pessoa. Eu gostaria de lembrar, mas era pequena demais e distraída demais.

“Se você aceitar morar aqui, eu te lembrarei de cada momento feliz da sua vida.” Esme disse séria, me olhando profundamente. Ela era esperta, já tinha entendido que só ela me ajudaria. “Mas em troca você terá que fazer uma coisa.”

“Que coisa?” Perguntei curiosa. Ela foi até a porta do escritório onde estávamos, verificando se havia alguém do lado de fora e trancando-a. Depois Esme voltou a sentar ao meu lado e suspirou.

“Eu sei que Renée e Charlie viviam meio apertados financeiramente. Sei também que agora que eles morreram você não deve ter muito dinheiro, certo?” Assenti. “Você disse que não conseguiu uma bolsa em Cambridge, então, terá que pagar... Já pensou nisso?”

“Sim e por mais pistoleira que isso pareça, eu pensei que você me traria uma solução. Se você me deixar ficar aqui na sua casa, não terei que pagar comida e uma casa, então eu poderei pagar a escola com o salário que eu ganho do meu avô.” Falei tudo de uma vez, com coragem. Esme me olhava de um jeito estranho. “Eu prometo que não vou incomodar... Serei invisível. E logo, logo eu vou arrumar uma solução para isso. Eu só não posso perder essa chance.”

“Você é tão inocente.” Constatou acariciando meu rosto e eu não entendi bem. “Você só vai receber o salário do seu avô se morar em terras americanas... Sua mãe me disse isso uma vez.”

“Mas eu tenho direito a...” Interrompi. “Eu tenho direito, não tenho?”

“Se você continuar na América sim, se não continuar... Não tem salário.” Eu senti que estava suando de nervoso. O que fazer agora? Só me restava ouvir aquela mulher. “Proponho que você fique aqui em casa, há espaço e conforto, eu também irei pagar seus custos na Universidade, mas em troca você fará algo para o bem da minha família...” Olhou bem dentro dos meus olhos e eu quase disse que toparia tudo pela sua ajuda, mas eu não podia ser tão fácil assim.

“O que você quer que eu faça?” Eu estava disposta a tudo, mas certas coisas imorais e ilegais não entrariam para a lista do tudo.

“Quero que seja a namorada do meu filho.” Falou com uma calma tão grande que me irritou.

“Quem você pensa que eu sou?” Perguntei alto, ultrajada com sua oferta.

Eu não deixaria Esme me utilizar como uma prostituta. E, acredite, eu pensava que namorar o filho dela só incluía isso.

“Isabella, você tem o mesmo problema que a sua mãe... Tira sempre conclusões precipitadas. Ouça-me!” Ela puxou meus ombros, me fazendo sentar outra vez no sofá, sem nem perceber que eu tinha levantado. “Edward é um menino ótimo! Eu não te jogaria para cima de um garoto qualquer, acredite.”

“Ele é seu filho, é claro que você vai achar ele ótimo.” Revirei os olhos. “Nem tente argumentar, eu não vou namorar com o seu filho por pagamento, isso é imoral.” Eu fui ríspida com ela, mas minha mente estava cega de raiva. “Você não pode me comprar!”

“Edward esta morrendo!” Interrompeu-me, com lágrimas. “Ele sofre de leucemia há algum tempo, mas a doença se alastra rápido demais em comparação ao tratamento. Eu apenas quero que você se aproxime dele e o faça feliz... Vocês eram amigos na infância, não vai ser tão difícil. Quando ele não suportar mais, você estará livre.” Digeri as palavras dela durante um tempo, mas mesmo assim aquilo era imoral para mim.

“Desculpe-me, Esme. Eu vou achar outro jeito.” Levantei dando as costas para ela. Aquilo era absurdo! Eu não seduziria seu filho a ponto de virar sua namorada e ter que esperar sentada a morte bater a sua porta.

“Bella.” Chamou e eu me virei, antes que eu falasse qualquer outra coisa, ela continuou. “Além do valor do curso, você terá que provar que tem condições de se sustentar... E você não tem.” Respirou. “Você precisa de mim, Isabella.”

“Isso é uma chantagem?” Perguntei ceticamente.

“Chame como quiser... No meu vocabulário significa troca de favores.” Apesar de manter um ar superior, Esme implorava com os olhos para que eu aceitasse sua oferta.

“Quando eu voltar para Cambridge te dou uma resposta.” Respirei fundo.

“Pense bem, é a sua chance e como eu não tenho o colo da sua mãe, vou precisar do seu.” Sorriu fracamente.

Ela devia ter dito algo a mais, mas eu saí da sala correndo e tentando não pensar, pois minha cabeça explodiria se isso acontecesse.

Andei por alguns corredores com detalhes dourados – talvez fosse ouro mesmo – quando dei de cara com uma menina bem mais baixa do que eu que sorriu assim que me viu. Pela sua voz, jeito e aparência, percebi que só podia ser Alice Cullen. Se ela mexesse comigo tanto quanto sua mãe, eu já quereria fugir.

“E então, Cambridge, hum... Eu ainda não escolhi para qual universidade eu vou, apesar de faltar muito tempo ainda.” Alice riu. Estávamos sentadas no tapete felpudo do seu quarto. Ela era tão persuasiva que eu acabei contando a minha vida para ela sem nem perceber.

“Cambridge, sim, mas eu não tenho condições de estudar lá.” Falei tristemente, enquanto acariciava os pelos ouriçados do tapete.

“Mamãe disse que te tratará como uma filha e, bem, eu sempre quis ter uma irmã.” Admitiu envergonhada. Três Cullen já tinham conseguido entrar em Cambridge. Se eles me adotassem, mesmo que apenas financeiramente, já era um passo para eu estar lá também.

“Eu também queria ter uma irmã.” Lembrei de um outro sonho antigo e impossível de ser realizado.

“Sério?” Seus olhos brilharam.

“Sério!” Rimos juntas.

“Eu amo Emmett e Edward, apesar de a gente brigar de vez em quando.” Sorriu. “Vou sentir falta do Edward... Você sabe?”

“Sua mãe falou... Eu sinto muito.” Coloquei minha mão em cima da sua e Alice fez uma carinha triste. “Acredite, Alice, eu estou acostumada com perdas... Uma hora para de doer.” Os olhos apertados e brilhosos de Alice e seus lábios trêmulos me faziam querer colocá-la no colo.

Eu não podia negar, muitas coisas ligavam a minha história de vida aos Cullen. Eles eram o mais perto de uma família que eu tinha e talvez fosse a minha única chance de entrar em Cambridge.

Seria certo namorar com Edward Cullen sem ele saber do trato? Se eu fizesse aquele garoto feliz, estaria feliz também? Perguntas me atormentavam.


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Notas finais do capítulo

Não odeiem a titia Esme! Ela é legal! rs

Quero mandar muita energia positiva, paz, sorte e todas as coisinhas boas e precisas nesse momento, para o pessoal da região serrana do Rio, de São Paulo e de outras regiões do globo que estão sofrendo com as chuvas. É triste...

Mas mudando de assunto, o que estão achando? Espero receber reviews... :D

Bru_Soares e Cacapivara: Obrigada pelo comentário e incentivo! Vocês são demais! :D

Cáh