Corre! Corre! Corre! Eu vou chegar atrasada!

– Droga! - murmurei quando tentei abrir as portas dos fundos. Ela estava inteiramente pegajosa com alguma coisa. O que era aquilo?

Abri a porta e esfreguei minha mão na minha calça. Ele estava lá de braços cruzados me encarando fixamente zangado... O gerente dava medo às vezes...

Hoje cedo Sieghart me deixou em minha casa e eu dormi o resto da manhã. Um dia sem aulas não faz mal a ninguém, não é? Ele disse que não iria ao trabalho hoje.

– ATRASADA! - disse ele - Novamente...

– Desculpa! É serio! E nem vi a hor...

– Isso vai ser descontado do seu salário! - o gerente me deu às costas e caminhou para sua sala.

– Maldito! - murmurei dando lingua para as costas dele. Os cozinheiros riram de minha atitude infantil.

Caminhei até Sheldon e me joguei no pequeno baquinho que ficava no chão.

– Qual é o problema desse cara? Cada dia mais estressado... Aff... - murmurei para Sheldon que estava do meu lado me olhando de cima.

– Sei não... Mas acho que ele tá naqueles dias "secretos"...

– Dias secretos?

– É. Quando ele sai de repente do restaurante e vai para algum lugar que ninguém sabe onde é... Isso parece estressar ele...

– Hm... - pensei no assunto.

– Que cara é essa, Elesis? - disse Sheldon com um tom desconfiado.

– Vou descobrir qual é a desse cara! - falei determinada me levantando de vez do banquinho. Ele riu.

– Se o gerente lhe pegar... Pode dizer adeus ao seu emprego...

– Ele não vai me pegar... E sim a outro alguém... - fiz um olhar misterioso para a expressão de dúvida estampada no rosto de Sheldon.

E assim:

– Sieghart? - Sheldon começou a rir loucamente enquanto eu o olhava com um olhar furioso. - Se... você acha que... está pa..recida... com ele... Eu sinto muito... Há há há! - disse ele entre risos.

– Fala sério! Eu estou igualzinha à ele! Eu botei até uma peruca da mesma co... - fui interrompida pelo riso incessavel do doido à minha frente. - Você é chato, sabia? - falei em um biquinho.

– De-desculpa... - ele respirou fundo. - Mas pelo menos o cabelo está igualzinho... - por que eu sentia uma certa ironia no seu tom de voz?

– Aff... Tudo bem, eu não estou idêntica à Sieghart... Sorte dele... O gerente não vai demiti-lo quando me olhar...

– Ruivinha...? Pffffft o que... é is...so? - ah não! Não! Não!!!!!!!!!!!!! O que aquele idiota estava fazendo aqui?

Droga! Ele não podia me ver assim! Que vergonha! Drogaa!!

– Ruivinha? - repeti com uma voz grossa - Não tá vendo a cor do meu cabelo não, palhaço?

Eu estava de costas para ele. Acho que ele ainda não havia olhado meu rosto. Talvez eu consiga fingir ser outra pessoa!

– Vo...cê está pffffft tentan...do pffff se parecer co...migo? - Sieghart ria do mesmo jeito que Sheldon agora. Oba! Virei piada!

– Já disse que não sou nenhuma ruivinha! Agora se me dão licença... - anda rápido Elesis! Sai daqui antes que... Ah não...

Sieghart segurou minha cintura me virando lentamente e me trazendo para si. Seu rosto se aproximou do meu e sua mão livre o acariciou. Eu estava imobilizada.

– Por que está tentando se passar por mim? – ele riu – E... onde você conseguiu minhas roupas? - disse ele com um sorriso radiante no rosto.

– N-Não lhe interessa! - desviei o olhar sem esperança de esconder meu rosto corado. Por que ele tinha que chegar sempre tão perto? Seu cheiro delicioso me confundia me fazendo desejá-lo... Tentei tirar esses pensamentos de minha mente.

– Isso por acaso é alguma surpresa especial para mim? - seu tom de voz era malicioso e divertido.

– Fa-fala séri-rio! Seu idiota! - empurrei seu peito inutilmente para tentar me afastar. Ele riu levemente.

– Está tentando fugir de mim? – ele me segurou mais forte e sussurrou levemente – Não vou deixar...

– Sieghart, o gerente! – sussurrou Sheldon para nós. Sieghart revirou os olhos e me soltou. Eu corri para debaixo de uma mesa, afinal, o gerente não podia me ver assim.

– Mais um atrasado para a lista negra. – disse ele fuzilando Sieghart com o olhar. Logo depois ele desviou os olhos para todos os cozinheiros – Vou deixar aqui novamente por conta de vocês. Tenho que resolver umas coisinhas...

O gerente saiu pela porta. Esperei alguns segundos para segui-lo. Se um certo alguém não me impedisse.

– Maldito! Me largue!

– Eu vou com você – ele sorriu. Parece que mesmo sem explicações ele já havia entendido tudo.

– Você vai me atrapalhar, seu idiota! – ele arqueou uma sobrancelha.

**

Corri rapidamente para alcançar o lugar em que o gerente estava, mas... infelizmente eu não vi a enorme poça de água suja que se encontrava no caminho e... Sieghart me segurou...

**

O gerente estava quase para me ver quando eu dei um enorme passo para a direita me escondendo atrás de uma parede e suspirei de alívio, mas... eu ouvi um cara gritar : Cuidado! , e... Sieghart me puxou abraçando-me. Olhei a gigantesca lata de tinta esbarrar no chão, onde eu estava a um segundo atrás.

**

Quando o sinal ficou verde para os pedestres o gerente atravessou. Esperei até ele chegar ao outro lado e... Eu olhei para os lados! Há há Sieghat se pensa que irá me salvar de novo! Nenhum carro. Então tudo seguro! Corri rapidamente enquanto o sinal estava fechado e... pisei no meu cadarço tropeçando... Ele me carregou antes de eu tocar o chão...

AFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFF!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

**

– Tudo bem... Você até que é um pouco útil para mim... – murmurei cruzando os braços e fazendo um biquinho. Ele riu.

– Esse cara por acaso tem um destino? Ele até agora está vagando sem rumo enquanto nós o seguimos.

– E eu sei lá! Essa coisa está andando desde de tarde e ainda não chegou a lugar nenhum... Talvez seja algum tipo de... exercício? Ele até que está precisando perder uns quilinhos!

– Talvez... – nós rimos – Ruivinha... Você quer mesmo continuar seguindo esse cara? – pergunta ele com uma voz manhosa.

Sieghart de repente me puxa levemente e no mesmo tempo possessivamente para seus braços e envolve minha cintura gentilmente deixando meu rosto a altura de seu peito. Mesmo seus movimentos parecerem delicados demais, era quase impossível sair dali... Não que eu quisesse fazer isso, quero dizer, uma parte de mim não...

– Sieghat, seu idiota! A gente está no meio da cidade! Pare com isso agora! – falei tentando não chamar atenção, mas a raiva estava evidente em minha fala. Ele riu.

– Então você admite que se nós estivéssemos em um lugar sozinhos você iria querer ficar assim comigo? – ele arqueou uma sobrancelha.

Dois garotos passaram e nos olharam, logo depois eles começaram a rir. Corei violentamente.

– Sieghart! Eu ainda estou disfarçada de homem! Isso é humilhante! Está todo mundo vendo você agarrando um “homem”. Se eu fosse você...

Fui interrompida repentinamente. Minha surpresa foi tanta que meu corpo pareceu se derreter melancolicamente nos braços dele. Sieghart me beijara. Tão der repente e tão... Sieghart...

Seu leve movimento me fazia querer mais, seu gosto mais do que nunca fazia-me desejá-lo ardentemente e sua delicadeza comigo era tão doce que eu me sentia derreter por dentro. Queria segurar cada segundo para que nunca mais o tempo andasse, queria inutilmente que ele nunca mais se afastasse de mim... Queria que aquele beijo durasse para sempre...

– Nada mais me importa se eu estiver com você. – sussurrou ele em meus lábios puxando-me gentilmente para mais perto de si.

– Eu...

– CAHAM! – olhamos para o lado rapidamente. A voz inconfundível vinha do... Gerente...

– Ah não! - falamos juntos.