O restaurante fechou e a noite chegara, transformando lentamente o céu alaranjado com um leve tom de rosado em um céu azul escuro com nuvens negras. O tempo estava umido e uma nevoa misteriosa rondava o lugar rastejando preguiçosamente pelo chão levemente molhado. Esse era uns dos dias que eu poderia chamar de : tenebroso.

- Eu vou te pegar garotinha...! - pulei de susto ouvindo o sussurro atrás de mim. Ele se virou e tentou esconder, sem sucesso, sua enorme gargalhada.

- Aff! Qual é o seu problema, idiota?

- Você tem medinho, criança?! Ha ha ha! Aposto que tem medo de tudo que aparece em sua frente!

- Cala boca! Eu sou mais corajosa do que você, com certeza!

- Ah é? Então topa uma historiazinha de terror, ruivinha...? - seu sorriso era maliciosamente irritante e seus olhos transmitiam vitoria.

Ah não! Não não não! Eu não suportava isso! Não que eu fosse medrosa, claro... Mas... por que uma pessoa em sã consiencia quer se encher de medo só para não conseguir dormir durante um mês inteiro em seguida? Isso é burrice! Mesmo eu tendo amigos que fazem isso...

- Olha, vai ser o seguinte... Nós estamos na metade do serviso...

- Pare de adiar ruivinha... Depois que terminarmos vai ser muito tarde...

- Meu nome é ELESIS! Idiota!

- Jura...? Eu não sabia...

- Não dá para conversar com você... - suspirei e fui em direção da cozinha. Ele me fitava ainda sorrindo.

 Quando entrei pela porta as luzes repentinamente apagaram e um trovão soou afora, fazendo um tenebroso estrondo e logo em seguida dois pisques de luz iluminaram ligeiramente tudo. Não deixei de gritar quando percebi nesse meio tempo alguém atrás de mim.

Cambaleei para trás e tropecei quando a pessoa caiu por cima de mim, panelas e pratos caíram no chão, fazendo muito barulho.

- Sieg...hart! - gritei desesperada. As luzes se acenderam novamente no mesmo sengundo em que gritei.

- Mas o que você está fazendo? - ele entrou rapidamente pela porta. Ela bateu na parede fazendo um grande barulho.

Corei violentamente por três motivos ridiculos que ridiculamente me ridicularizaram na frente de um idiota que me encarava. Primeiro : Eu havia chamado, isso mesmo!! , chamado o maldito para me socorrer! O que eu estava pensando? Segundo : Não havia uma pessoa em cima de mim, e sim uma sacola plastica imença cheia de panelas sujas que caíra quando eu tropecei em mais panelas sujas espalhadas pelo chão inteiro.

E terceiro... Aquele cara insignificante estava se matando de rir de mim e de meu rosto vermelho. Que droga! Isso era humilhante!

Levantei-me e joguei a imença sacola para o lado. Encarei-o com puro odio e no mesmo momento que ele falou " Essa não..." Eu já avançara correndo em direção dele. 

- VOCÊ ME PAGA SIEGHART! - dei um pulo que ele dificilmente ia desviar e caí em suas costas. Fazendo seu peito bater rigorosamente no chão frio.

- Mas... o que eu fiz...? - ele falou sufocado. Mas seu sorriso malicioso permanente não saía de seu rosto.

Eu estava deitada em cima dele e quando eu ia me levantar ele falou:

- Eu acho que para isso dar certo nós temos que mudar de lugares.

Corei novamente. Agora meu rosto com certeza estaria no mesmo tom do meu cabelo.

- BAKA! HENTAII! - eu iria me levantar, mas ele puxou meu braço. Não sei como ele conseguiu, mas o movimento foi tão delicado que eu quase não senti. E logo eu estava em baixo dele. Seus olhos, que eu nunca havia prestado atenção, eram prateados e reluzentes. Profundos que eu podia jurar que já estava perdida neles.

- Só estava brincado... - sussurrou ele com seu sorriso, agora de lado. Nossas bocas estavam perigosamente proximas, não tinha como eu desviar.

- Saí de cima! - falei. Não sei se sentia vergonha, mas eu não estava gostando da proximidade. Seu aroma estava por toda parte.

Então era assim que era seu cheiro? Parecia chocolate, mas só que misturado com outro aroma que deixava o cheiro incrivelmente masculino.

 Para minha surpresa Sieghart acariciou levemente meu rosto. E isso me fez corar. Balancei meu corpo tentando inutilmente sair. E logo depois ele virou a cara e riu. Ele se levantou lentamente e me ajudou.

- Do que você está rindo? Você tem problemas, idiota!

- Você ficou bastante vermelha, né , ruivinha? - ele sorriu e se aproximou novamente. Com passos silenciosos.

- É...É por que tá...tá calor aqui... Está mu...muito abafado. - seu sorriso se alargou e nesse momento eu tive odio da minha boca que me vazia gaguejar feito uma idiota!

- Nervosa?

- Por...Por que eu estari...ria? - pecebi que o espaço estava acabando, não dava mais para recuar. Só restavam mais três passos para a parede. Dois, um.

- Ruivinha... você tem medo de mim? - sua voz era calma e divertida. Qualquer uma ficaria nervosa perto disso... Não que eu estivesse!

- Nã...não me faça rir!

- Por que está tentando fugir?

- Eu não quero fugir! - graças a Deus! Minha voz saiu normal dessa vez!

Sieghart levou a mão levemente para meu rosto e levantou meu queixo.

- Talvez... você... esteja apaixonada por mim... - meu controle havia acabado. Meu rosto concerteza estava parecendo um pimentão.

Empurrei-o e sai em disparada para a cozinha. Sem olha-lo.

- Você é idiota? Eu nunca gostaria de um irritante feito você! Cale a boca! - ouvi ele sorrir e sussurrar alguma coisa como " isso vai ser muito... interessante..."