Try It On My Own escrita por Haruhi Fujioka
Prólogo
"I can’t go back to living through your eyes"
Numa torrente furiosa de notas, ouvia ressoar o piano de madeira. Daquele jeito tão atípico para ele. Seus dedos corriam pelas teclas, martelando o marfim e fazendo as cordas palpitarem de maneira grosseira. Cada vez mais alto cada vez mais rápido. Retinindo torcidas como se fosse um chicote.
O dilúvio de notas, de repente, cessou.
As mãos do pianista se mantiveram no teclado, com os dedos pressionando as teclas e fazendo com que o som continuasse saindo... Longo e grave. A música acabava ali... Quando seus dígitos se erguiam do marfim e repousavam sobre o colo.
Ouviu a porta atrás de si abrir-se. Mas permaneceu sentado, e voltado para o piano.
– Senpai... – Ergueu o rosto, e arregalou de leve os olhos, estreitando-os depois.
Ela fez menção de se aproximar, mas a música recomeçou. Notas límpidas e lentas. O som melancólico deixou a harpa dentro do piano, inundando a sala de tristeza. Um suspiro por parte do pianista interrompeu por um momento a música, que logo recomeçou de onde havia parado.
Não combinava com ele aquela musica. A tristeza e melancolia, que pareciam nunca passar perto do rapaz, agora estavam ali presentes. Flutuando no ar em forma de nota.
Um soluço terrível lhe subiu a garganta, e seus olhos lacrimejaram. E ela, a todo custo, tentou segurá-los. Nunca fazia aquilo, nunca se importava com aquilo... E agora, com a saída dele dali, parecia ser algo insuportável.
Com leniência, o pianista deixou novamente de tocar. E tampou as teclas, deixando as mãos sobre a tampa. Agora escutando apenas os passos dela se aproximar com cautela.
Ela sentou na sobra de banco, de costas para o piano e colocou as mãos sobre o colo, entrelaçando os próprios dedos. Batendo repetidas vezes os polegares, esperando as palavras certas lhe vir à mente, esperando que estas enchessem sua boca e que fosse necessário apenas entreabri-la para que fluíssem.
Mas isso não aconteceu. E por um longo tempo o silêncio regeu na sala com aquela sua forma triste e amarga.
Então, finalmente ele se levantou e contornou o banco, parando à sua frente. Onde se ajoelhou e lenta e delicadamente segurou sua mão. Erguendo seu rosto, com o dedo indicador dobrado sob seu queixo.
E durante indeterminado tempo, ficaram ambos calados. Apenas estudando um o rosto do outro. Em qualquer outra situação, a moça se esquivaria, mas não o fez naquele momento. Sua mão fechou-se sobre a dele, mas o pianista desfez o toque, retomando-o em seguida, desta vez entrelaçando os dedos aos dela.
Ele sorriu com doçura. E repousando o polegar sobre o queixo dela para que não se afastasse ele a puxou. Seus olhos se cerraram à medida que sua face se aproximava da dela e seus lábios, que já havia retornado à expressão séria, iam se entreabrindo.
E num último suspiro, ela sussurrou:
– Não quero que vá embora. – Apertando os olhos com força.
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