Deaths Fate escrita por HannahHell


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Essa fic é meu presente de aniversário para a minha filhinha do coração Misha.
Uma garota fofa, diva e humilde como a a mãe.
ahsuahusahsuahusa



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As ruas estavam movimentadas aquela noite. As janelas iluminavam o cominho de cimento e o asfalto com suas luzes amarelas, os neons quebravam a monotonia, jogando cores de todas as matrizes e criando naquela alameda um efeito psicodélico.

Rosa se misturava com o azul, verde fundia-se com raios vermelhos, o reflexo do que aquelas luzes queriam dizem não podia mais ser lido, mas tudo ali criava um aspecto vicioso e divertido.

Uma mulher, que não passara muito dos vinte anos, andava seguindo o fluxo das pessoas que caminhavam com passos rápidos naquela rua no centro da cidade. Seus cabelos loiros claríssimos ganhavam uma tonalidade colorida, refletindo como um espelho os neons. Usava um sobretudo preto que cobria seu corpo até os joelhos. O barulho do salta agulha de sua bota de cano baixo não eram ouvidos em meio às conversas ao seu redor.

Virou uma esquina rapidamente, a nova rua era apenas iluminada pelas luzes das lojas, sem nenhuma cor vibrante e já não havia tantas pessoas andando por ali como na rua principal.

Deixou o ar escapar pelos lábios, formando uma densa nuvem branca de vapor na frente da sua boca. Virou mais uma esquina.

Não havia agora lojas abertas com luzes para iluminar a rua, apenas os postes faziam esse trabalho, enchendo de luz apenas a área ao seu redor e criando vários pontos sombrios. Por ali não havia quase ninguém, com a exceção dos bêbados deitados nos bancos da pequena pracinha.

Ah! E também  havia um homem. Não tinha mais de vinte a cinco anos, usava um chapéu negro que criava uma sombra do seu rosto, usava também um sobretudo negro. Seu ombro estava apoiado num poste e ele parecia claramente entediado.

De sua boa saíam grandes baforadas de vapor branco e ele parecia brincar com elas, a luz o iluminava inteiramente, mas ainda sim a mulher não podia ver o rosto dele, apenas sua boca.

-Desculpe a demora – ela falou ao parar na frente dele – mas aquilo demorou mais do que eu imaginava – rolou os olhos.

Ele deu um sorriso de lado e ajeitou o chapéu para que a luz iluminasse seu rosto – eu estava me perguntando onde você estaria. Você sabe que eu não gosto de esperar – fez um biquinho.

-Claro, mas aquele homem era mais arisco do que eu imaginava. Quem diria que ele iria voltar mais tarde do trabalho hoje? – ela riu – pelo menos o que eu devia fazer está feito.

-É incrível, mas vindo de você, parece que seu trabalho é algo tão mais sexy do que ele realmente é – ele deu um sorriso de lado e se aproximou – fico imaginando, você suja de sangue, observando sua vítima morrer. Ah, assassina, você faz a morte parecer tão sedutora.

Ela apenas rolou os olhos ignorando o comentário dele – tenho de ir. Sabe, ficar esperando uma hora a mais que o planejado e puxar o gatilho cansa  - ela começou a se afastar dele andando na direção de um carro negro estacionado na sombra de uma árvore.

-Você não está esquecendo algo? – ela girou os calcanhares para encará-lo, claramente pensando no que poderia ter esquecido. Ele, por sua vez apenas riu e se aproximou dela, abaixando-se para deixar sua boca a poucos centímetros da orelha dela – meu beijo de boa noite – sussurrou e sorriu com o pequeno tremor que passou pelo corpo inteiro dela. Adorava as reações que apenas ele conseguia causar naquela pessoa normalmente tão fria e sem sentimentos.

Ele se afastou o suficiente para poder roçar seus lábios no dela antes de beijá-la de verdade. Seus braços estavam presos na cintura dela e a puxavam de encontro ao seu corpo. O frio ao redor dos dois parecia derreter numa onde de incontrolável calor. Duas almas arrogantes e que gostavam de estar no comando deixavam aquele baixo mais excitante, mais emocionante. Os corações de ambos batiam no ritmo de uma bateria, esquecendo-se por completo que estavam no meio da rua.

Mas como tudo que é bom, uma hora até mesmo este beijo teve de terminar. As bochechas da assassina estavam rosadas e sua respiração tão ofegante quanto a do homem à sua frente. Uma parede de vapor branco escondia seus rostos não os permitindo ver o quando o outro queria retomar o beijo.

-Boa noite – ela desejou e virou de costas para ele, se afastando na direção da escuridão, deixando-o sozinho naquele pondo de luz.

-É, boa noite – a luz do poste piscou e, por um instante toda aquela parte da rua foi envolvida na mais completa escuridão. Quando a luz voltou, ele não estava mais lá e o barulho do motor do carro negro que saia das sombras era o único barulho por lá.

Oooo

Ela estava sentada atrás da parede, protegida completamente pela sombra. O Grande sino da Catedral central ressoava fazendo o ligar vibrar, mas ela não ouvia quase nada, graças aos grandes fones que protegiam seus ouvidos.

Estava terminando de carregar o seu rifle, ajustar a mira ótica e o silenciador, vários cliques inaudíveis de metal se sucederam até que ela estivesse pronta. Ajeitou-se na sombra e se afastou um pouco da parede para poder ver o que acontecia abaixo. Podia ver uma área imensa, era o lugar perfeito para matar alguém rodeado por seguranças.

E lá estava sua vítima, cabelos  ruivos penteados cuidadosamente para trás, com alguns fios prateados indicando que o homem estava entrando na meia idade à sua frente havia dois seguranças e, atrás dele mais dois. Quatro homens inúteis que não podem impedir uma ameaça vinda do alto.

Preparou-se e colocou o olho na mira conduzindo a arma para o lugar certo, bem no estômago do homem. Isso daria aos seguranças uma distração. Tentariam o salvar, sem saber que além da hemorragia, o homem estava morrendo, também, envenenado pelo ácido gástrico. Ela sorriu de lado e preparou seus dedos. Não conseguiriam o salvar e muito menos chegariam à igreja a tempo de pegá-la. Puxou o gatilho e assistiu o homem cair em câmera lenta.

Ooooooo

Ela abriu a porta de casa e entrou no lugar. Sua casa era pequena e confortável. Passou pela porta da cozinha, mas se dirigiu para a sala de jantar e estar, deixando a maleta que continha seu instrumento de trabalho na mesa.

Suspirou pesadamente e se dirigiu para o sofá, caindo sentada no móvel e começou a calcular qual a maneira menos cansativa e problemática de alcançar o controle da televisão que descansava na mesinha de centro.

Um vento gelado passou pelo cômodo e fez arrepiar. As janelas estavam fechadas, assim como a porta, o que queria dizer apenas uma coisa: ele estava ali.

-As campainhas existem por uma razão – ela comentou sentando-se mais ereta e observando ao seu redor a procura do invasor.

-O vento tem esta mesma função – uma voz retrucou do corredor escuro que levava para os quartos e passos calmos foram ouvidos.

-Isto explica muita coisa – ela sorriu quando ele pisou para dentro da sala e tirou a cartola negra que usava. Seus cabelos negros brilhavam do jeito fascinante de sempre e seus olhos azuis claríssimos prenderam os olhos verdes dela.

-Acho que você vai querer ver isto – ele comentou e tirou um papel do bolso, estendendo-o para ela.

A Assassina se levantou e pegou o papel analisando-o curiosa. Seu sorriso desmanchou-se dando lugar para uma expressão solene – Ah, é por isto que você veio – ela devolveu o papel onde apenas um nome estava escrito, Nicole Nero, o nome dela.

-Eu sempre soube que este dia chegaria eventualmente – ele lamentou guardando o papel no bolso novamente – mas eu não queria que fosse tão cedo.

-Não tem outra maneira?

-Não, Nikki, não dá para fugir da Morte, achei que você, de todas as pessoas, compreenderia  - ele deu um sorriso forçado,mas não conseguiu o manter e desviou seu olhar para seus sapatos  -eu nunca me senti tão mal por fazer meu trabalho.

-O que você vai fazer sem sua foice? – ela indagou se aproximando dele – pergunta idiota. Você vai apenas achar um substituto.

-Eu nunca poderei te substituir – ele deu um sorriso de lado voltando a encará-la – você é única. A Morte só pode ter uma Foice, para todo o sempre.

Depois de todo este tempo havia chegado a hora. Finalmente a Foice entrara na lista da Morte. Séculos de parceria, séculos de mortes, séculos de parceria. Séculos juntos iriam acabar. Graças a um pequeno pedaço de papel que ele não podia desobedecer. O destino dela havia chegado ao fim.

Os lábios dele foram capturados de surpresa pelos dela, num beijo desesperado de despedida. O último beijo depois de incontáveis outros durante toda àquela parceria. Ele a abraçou com força aprofundando o beijo, desejando que não precisasse a largar jamais.

Era irônico como a Foice se apaixonara pela Morte e como a Morte caíra da amores por sua Foice. Mas não há nada mais lógico neste mundo. Apenas estes dois se entendem. Apenas estes dois merecem estar juntos por toda eternidade.

Um brilho vermelho passou pelas pálpebras fechadas dele e, o beijo acabou tão repentino que ele se viu forçado a permanecer alguns segundos de olhos fechados. O calor dela não estava mais lá. Seus olhos se abriram lentamente e ele checou o óbvio, ela não estava mais lá.

Naquele apartamento havia apenas uma foice deixada cuidadosamente na mesa de centro. O cabo era negro, feito de uma substancia que nem mesmo uma serra de diamante poderia destruir e a lâmina era prateada e brilhante, tão afiada que só de olhar cortava.

Ele sorriu e segurou a arma, sentindo uma onda de eletricidade percorrer seu corpo. O corpo dela teve de morrer, mas pelo menos ele poderia estar com sua alma para sempre.

Colocou uma mão no bolso e tirou o papel que mostrara para Nikki mais cedo. Desta vez havia outro nome escrito. Sua próxima vítima.

-Acho que está na hora de ir – deu um sorriso de lado e segurou a foice com força na sua mão direita. As luzes do apartamento se apagaram e ele desapareceu para continuar sua missão eterna de recolher almas destinadas a morrer.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem, e não se esqueçam das reviews.



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