Innocence escrita por Anna, Thalia_Chase, bibi_di_angelo


Capítulo 40
Capítulo 40 - Srta. Greene




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                POV Thalia

                Acordei um pouco sonolenta (Dã) e notei que estava no quarto de hóspedes da casa de Annabeth. Arfei e caí da cama.

                - Merda! – murmurei, me levantando do chão. Encarei Luke dormindo como um anjo no canto esquerdo da cama. Decidi não o acordar, e como ouvi barulhos lá de baixo, deduzi que Annabeth já acordara. Pelo canto do olho, vi a carta que Silena deixara para mim e suspirei tristemente. 

                Ignorei a tentação de reler a carta, calcei minhas pantufas – para ser mais específica, as pantufas de Annabeth, mas ela me emprestou. –, vesti o roupão e desci as escadas. Encontrei minha amiga sentada no balcão brincando com seus cachos loiros. Sorri para ela e perguntei se já estava acordada a muito tempo.

                - Não, não. – respondeu ela. – Só fiquei com medo de Percy babar em meus cabelos.

                Ela me mandou uma piscadela. Ri baixinho.

                - Vou subir, fazer minha higiene, trocar de roupa e te ajudar no café da manhã, O.K.? – falei. A loira somente assentiu. Subi as escadas, entrei no quarto e, delicadamente, peguei minha escova de dentes, minha toalha e uma peça de roupa.

                Saí do quarto, deixando meu namorado dormindo, e fui para o banheiro social. Fiz minha higiene matinal, incluindo o banho, escovei os cabelos – Só para constar: Odeio lavar o cabelo de manhã. – e desci as escadas. Encontrei Annabeth no mesmo lugar de antes. Fiz uma careta... Ela não parecia ter se movido um centímetro. A loira me encarou e sorriu alegremente.

                Retribuí o sorriso.

                - Sabe, ontem quando eu fui até a casa de Percy, o encontrei estudando. – comentou ela, dando um pulo do balcão e me encarando.

                Franzi a sobrancelha, incrédula com a notícia.

                - Percy? – duvidei. – Estudando? Ah, você deve ter confundido. Ou então o mundo vai acabar, porque, né?

                - Foi exatamente isso que eu disse! – exclamou ela, então deixou uma mecha loira cair sobre seu rosto. Suspirou.

                Tive certeza que ela estava pensando em Silena. Abaixei a cabeça  e uma cortina de cabelo caiu sobre minha face.

                - Ela... Vai deixar muita saudade. – sussurrei mais para mim mesma do que para outra pessoa, porém, Annie apenas confirmou tristemente com a cabeça. – Quer dizer, tudo bem que ela vai sair em turnês... Irá dar entrevistas para revistas famosas... – ri sem humor.

                Fechei os olhos com força, desejando ter minha louca ali do meu lado. Mas a verdade é que ela não estava. Provavelmente, há esta hora estava em Moscou. Ouvi um soluço histérico. Imediatamente, Annie me abraçou. Demorei um segundo para perceber. Ah. Os soluços eram meus.

                - Thalia! – ela murmurou. Com o rosto enfiado em meu cabelo. – Sinto muitas saudades dela! Não acredito que ela foi embora sem ao menos se despedir! Meudeus, Thalia, eu... – ela soluçou, interrompendo sua frase.

                A abracei mais forte ainda, reconfortando-a.

                - Calma. – repeti várias vezes. Demorei um pouco para perceber que ela estava soluçando, como eu. E, de repente, éramos duas amigas soluçando, fungando e chorando na cozinha de uma casa. Me separei de Annie, e sequei as bochechas cobertas de lágrimas. Minha amiga fez o mesmo. Sorri, solidária.

                Meus lábios tremeram. Coloquei uma mecha de cabelo para trás da orelha e abaixei a cabeça. Uma brisa balançou meus fios morenos. Olhei na direção de onde o vento ventava, e constatei que a janela estava aberta. Era apenas uma brisa. Decidi o que tinha que fazer naquele instante.  Era a única maneira de esfriar minha cabeça. Respirei fundo.

                - Annie... Vou dar uma passeada por um aí. – a informei, com a voz embargada.

                Ela apenas assentiu. Respirei fundo novamente, subi as escadas, peguei o envelope que Silena deixara para mim, fui para o andar de baixo, apanhei as chaves do BMW de Annie e saí da casa.

                Respirei a fragrância de mato ao vento e entrei no carro. Deixei o cabelo voar um pouco e fechei os olhos. Luke entenderia. Eu precisava de um... Tempo. Precisava assimilar as coisas. Precisava me arrumar para a escola em Londres. Precisava... Descansar. Um tempo apenas para mim. Liguei o carro e dirigi até a praia.

                Deixei o carro na calçada e corri até o mar. As ondas faziam um barulho tão agradável... O oceano estava com uma cor tão linda... Suspirei e joguei-me na areia. Tirei o envelope de Silena do bolso e passei a mão por toda a sua extensão. Revirei-o na palma da mão, sentindo o aroma preferido de Beauregard. Fechei os olhos e os abri depois de um longo minuto.

                Finalmente, abri a carta e fiquei relendo a linda caligrafia de Silena Beauregard.

                Desculpe. Desculpe por ser tão egoísta a ponto de não me despedir, e deixar somente esta carta. Desculpe. Mas, acho que se não o fizesse, não conseguiria ir embora... Deixar você, Annabeth, Nico, Luke, Percy... Acho que isso não seria possível. É covardia minha. Sei que é. Te conheço bem, Thalia. Sei que talvez me odeie depois disso, mas quem se importa? Eu mesma me odeio por fazê-los sofrerem.

                Espero que um dia me perdoe,

                Silena B.

                Reparei que lágrimas escorriam, e as sequei rapidamente. Não precisava demonstrar fraqueza também. Isso nunca fora o meu tipo. Fiquei um tempo olhando as ondas, desejando não ter que ir embora dali. Abracei minhas pernas junto do peito, enfiei a carta dentro do envelope novamente e a coloquei perto de mim. Peguei meu celular, os fones de ouvido e comecei a escutar música. A única coisa que me acalmava. Começou a tocar Airplanes, do B.o.B e a Hayley. Daí, passou para It’s Alright, It’s O.K., da Ashley Tisdale.

                Não estava com muita paciência, então tirei os fones e botei o celular novamente no bolso. Devia ter passado umas 2hrs, pois minha barriga começou a roncar. Tive que resmungar um pouco, já que a vista do oceano era incrivelmente linda. Tentei enrolar mais um pouco, só que a fome era tremenda. Suspirei, frustrada, guardei o envelope e recomecei a caminhar. Verifiquei o quanto de dinheiro tinha, e constatei que tinha apenas R$38,79. Aquilo foi uma decepção; mas pelo menos eu podia comer algo no Mc Donald’s.

                Almocei no Mc Donald’s e comecei a andar novamente. Sabia que se não voltasse para casa e ligasse para Luke, minha mãe e o mesmo chamariam a polícia. Não é normal ter uma namorada – ou uma filha – que dá uma escapada às vezes.

                Muitas vezes coloquei as mechas do cabelo para trás da orelha, por causa do vento que esvoaçava. E não, não comprei nada. Fiquei caminhando até parar completamente. Não tinha praticamente ninguém na rua, então eu corri.

                Sim. Eu corri como nunca correra na vida. Talvez ela me mandasse dar meia volta, voltar para casa e me acostumar com a ausência de Silena. Mas, já fora minha amiga. Parei na porta dela, ofegante. Dobrei-me ao meio, resfolegando. Bati na porta.

                POV Annabeth

                Thalia saíra a cinco horas. Cinco horas. Luke andava de um lado para o outro, agoniado. Troquei olhares preocupantes com Percy. Thalia sempre recorria a alguém quando tinha problemas. Arregalei os olhos.

                É claro. É claro que ela iria para lá!, pensei, me sentindo uma retardada por não ter descoberto isso antes. Levantei-me rapidamente da poltrona, entusiasmada.

                Luke me olhou com uma expressão atormentada, cansada e angustiada. Fiz uma careta e exclamei:

                - Sei onde Thalia está!

                Ele arregalou os olhos. Percy se remexeu desconfortável atrás de mim.

                - Aonde?! – Luke perguntou imediatamente, as palavras saindo rapidamente.

                - Na psicóloga. – balancei a cabeça. – Na casa da psicóloga! Na casa da Srta. Greene! Como sou burra! Deveria ter pensado nisso antes!

                Meu “cunhado” fez uma careta.

                - Como assim... “Psicóloga”? – abriu aspas. – Thalia nunca comentou nenhuma Srta. Greene comigo.

                Respirei fundo.

                - Quando era pequena, digamos que Thalia precisou de ajuda psicológica. – tentei escapar. Ela nunca me perdoaria se eu contasse. – Presenciou uma cena bastante ruim, e precisou se recuperar disso. Podemos dizer que ela e Nico passaram por coisas parecidas. – Luke arregalou os olhos, e tratei logo de arrumar minha frase. – Quer dizer, Thalia viu os pais brigando... E não era uma briga qualquer. O pai dela levantou a mão. Thalia se meteu no meio da briga, e levou um tapa. Sophia teve que ficar uns dias na casa da tia.

                “Thalia ficou com um roxo na bochecha, e a mãe dela tinha hematomas por todos os lados do corpo. Mas isso só aconteceu uma vez. Porque eles se separaram. Thalia não gosta muito desse assunto, porque ela precisou de ajuda psicológica por dois anos. Não foi fácil, devo imaginar. Não sei exatamente o que aconteceu quando eles se divorciaram, mas acho que a mãe de Thalia... Ameaçou contar tudo à polícia se ele não às deixasse em paz. Então, ele se mudou para a Inglaterra.

                “Dois anos depois, Thalia começou a se cortar, o que resultou em mais um ano com acompanhamento psicológico. Ela não contou essa história direito, não entrou em detalhes, porque eu não insisti. Si... – minha garganta ardeu ao dizer o nome de Silena. – Si... Silena também não. Já sofri bulimia, anorexia e já fiquei naquela fase de automutilação. Não foi fácil.” – estremeci.

                - Srta. Greene é a psicóloga dela. – continuei. – É novinha, deve ter uns 20 anos, mas muito eficiente em seu trabalho. Elas não manteram muito contato depois do fim das seções, mas Thalia gosta muito dela. E não me admira que tenha ido para a casa dela. Mas... – estreitei os olhos. – Aimeudeus, ELA PEGOU O MEU CARRO!


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