Capítulo 20 – Velho Inimigo

Junto dele tinham ficado apenas Sakura, Kakashi, Lee e um outro que ele não conhecia. Todos os outros continuavam procurando por Primera. Kakashi dizia que se sentia envergonhado por não ter reconhecido o antigo aluno. Aliás, os dois conversavam sozinhos sobre isso quando Edo-Sasuke entrou seguido por Sakura e Minato.

                - Minato achou isso. – Edo-Sasuke falou e estendeu a mão para o doente. Sakura retirou a venda que protegia os olhos de Sasuke e ele focou a visão na mão do seu outro eu.

                - Kore wa... (Isso é...) – ele disse reconhecendo.

                - É uma amostra de pele. – Sakura falou e então perguntou – Quem mais além de Orochimaru sabe fazer isso?

Os dois Sasukes se olharam. Já tinham alguém em mente.

Sasuke, o do passado, estava sendo carregado por Lee. Apesar de estar detestando ser carregado nas costas do companheiro, entendia que devia guardar chakra.

                - Wakaranai! (Eu não entendo!) – Sakura resmungou – Ele não deveria estar morto? Por que está solto por aí então sequestrando meninas inocentes? E não é só isso. Como ele se infiltrou na vila? Não acredito que Naruto não ficou sabendo disso.

                - Sakura, tente manter a calma, querida. – Edo-Sasuke recomendou.

                - Querida o escambau a quatro! Isso não estaria acontecendo se não estivéssemos cercados de incompetentes! Quem ficou responsável por capturá-lo durante a batalha? – Sakura perguntou irritada. Os ninjas gaguejaram um pouco e ela se zangou ainda mais – Não fiquem de me-me-me. Isso que deu prender a mim, ao Naruto e ao Sasuke. O trabalho ficou incompleto.

                - Acho que foi o 47° Batalhão. – Neji respondeu quando ninguém mais o fez.

                - Não me interessa qual batalhão que foi! – Sakura falou irritada.

                - Mas você acabou de perguntar... – Kiba começou a dizer.

                - NÃO ME INTERROMPA! – ela gritou calando todos.

                - Sakura querida, está assustando as outras pessoas. Tente se acalmar, por favor. – Edo-Sasuke pediu, mas se calou com o olhar que Sakura lhe endereçou.

Sasuke estranhava o fato de todos estarem tão assustados com Sakura. Ele perguntou sobre isso a Lee que o carregava.

                - Ah. Sobre isso... Bom, não há dúvidas de que Naruto sama é o mais forte dos sannin e que o Sasuke san é quase tão forte quanto ele. Demo, quando Sakura san fica com raiva...

                - O que acontece? – Sasuke perguntou a Lee, curioso.

                - Dizem que quando Sakura san fica nervosa... Bem, dizem que ela supera até mesmo o Hokage. – Lee disse e retomou um pouco do ar sonhador que tinha na infância. Sasuke estreitou os olhos. Será que ele ainda é apaixonado por ela?

                - Encontrei! – Minato gritou e todos o olharam. Ele virou para a direita e todos o seguiram. Sasuke estava quase orgulhoso do garoto. Ele estava ajudando muito na missão. Foi ele que achou a pele seca e agora tinham achado o esconderijo com a ajuda de kage bushins.

                - O plano vai ser aquele mesmo? – Saskun perguntou.

                - Hai. – Kakashi respondeu – Já chegamos a conclusão de que matá-lo não adianta então teremos que selá-lo. - Sakura murmurou algo sobre trabalhar com incompetentes, mas os outros a ignoraram. O copy ninja se virou para o Edo-Sasuke – Tem certeza desse jutsu? Eu nunca tinha ouvido falar nele.

                - Foi o Naruto que me ensinou durante o tempo em que estivemos presos. Ele disse que era um selamento do Clã Uzumaki. – Edo-Sasuke respondeu.

                - Eu ainda acho que devíamos deixar o Sasuke para trás. – Shikamaru falou.

                - Eu não vou ficar para trás. – Os dois Sasukes responderam ao mesmo tempo.

                - Não estou falando de você, Sasuke. Falo do outro. O “viajante”. – Shikamaru explicou.

                - Eu posso lutar! Posso até não conseguir lutar muito bem AGORA – Sasuke quis enfatizar bem o caráter transitório da sua condição – mas ainda posso ajudá-los.

                - Merda! – Minato gritou e correu mais rápido.

                - O que foi? – Sakura perguntou nervosa enquanto corria rapidamente alcançando o loiro.

                - Ele achou o meu segundo bushin. Primera está no meio de uma espécie de altar de pedra. Ele deu poção da falsa morte para ela e estava dizendo umas palavras estranhas quando me atacou. Ele... – Minato engoliu em seco – Ele não parece humano.

                - O altar tinha uma espécie de hexágono desenhado? – novamente, os dois Sasukes falaram juntos.

                - O que é um hexágono? – Minato perguntou confuso. Quando lhe foi explicado o que era, confirmou com a cabeça.

                - Sasuke, o que isso significa? – Sakura perguntou nervosa.

                - Uma transferência. – Edo-Sasuke respondeu e o outro Sasuke completou:

                - Uma transferência ocular. Ele está tentando roubar o Sharingan dela.

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Primera estava sentada em sua sela com a cabeça caída e os braços acorrentados no alto. Sentia que as articulações do ombro doíam como se estivessem sendo arrancadas, mas ela sabia que eram apenas câimbras. Quando ele chamou o nome dela, achou que estivesse sonhando. Só que ele tocou no rosto dela e Primera quase chorou de felicidade.

                - Minato!

                - Não fale alto ou vai atrair o cara para cá. Aliás, quem foi que trouxe aqui? – ele sussurrou enquanto tentava soltá-la.

                - Você me trouxe aqui. Era um henge. – Primera segurou os pulsos quando ele a soltou. Seus ombros doíam e não tinha muita força nas pernas – Eu não conheço. Ele é branco e parece uma cobra.

                - Seus pais estão vindo. Estão trazendo um montão de gente também. Usei meus bushins para te achar. Pode andar?

                - Muito mal. – ela respondeu e Minato a acomodou nas costas. Primera apertou os braços em volta dele. Nunca tinha estado tão feliz em vê-lo – Como conseguiu passar por eles?

                - Eles? Tem mais de um aqui?

                - Tem o cara que me raptou e o... – ela mordeu o lábio em dúvida.

                - “O” quem? – ele perguntou.

                - Um outro que me capturou quando eu fugi. – preferiu não dizer quem era. Ele nem ia acreditar nela provavelmente. Apenas a chamaria de louca. Pelo menos, ele sabia que tinha mais alguém.

Eles andaram pelos corredores de pedra quando ouviram alguém se aproximar. Primera perguntou se o pessoal do resgate estava próximo. Diante da confirmação, ela se preparou para uma difícil decisão.

                - Minato...eu quero que você me deixe aqui e espere os esforços chegarem.

                - Nani? – ele perguntou e sorriu achando que ela estava brincando. Como ela permaneceu séria, ele se zangou - Não pode estar falando sério! Acha mesmo que eu vou te deixar aqui?

                - Não falo de me deixar sozinha. Só penso que eles não devem saber que você está aqui e que...que devemos esperar os outros. Acredite, aquele homem é forte. Nós dois não podemos sozinhos com ele. E eu também não quero que ele seja avisado de que já foi encontrado.

Depois de muito protestar, Minato finalmente concordou com ela. Ele disse que manteria dois bushins ali. Minato a deixou com carinho no chão, apoiada à parede. Antes de sumir nas sombras porém, ele se aproximou rapidamente e descansou os lábios sobre os dela. Primera não soube bem como reagir. Era uma sensação nova e até agradável. Tinha um gosto de menta e era quente. Ele se afastou e a sensação acabou rápido demais. Ela ainda estava meio perturbada quando ele disse:

                - Não pense nem por um momento que eu te deixarei sozinha aqui. Mesmo nas sombras estarei de vigiando e...protegendo.

Quando o inimigo chegou, ela não o reconheceu e aquilo a preocupou. Teria um terceiro inimigo? Então quantos outros ainda haveria? Dessa vez era uma mulher de cabelos vermelhos. Primera não tinha a menor idéia de quem seria. A única coisa que a menina pôde perceber era que a pele dela parecia quebradiça como a do homem no rio.

                - Nem preciso dizer que você não vai fugir, né? – a mulher disse séria – “Ele” não vai deixar. E “ele” também já achou o clone do seu amigo.

Primera temeu ao ouvir aquilo. O segundo bushin de Minato já tinha sido descoberto. Agora só restava aquele que a deixara a pouco. Não ofereceu resistência quando a mulher a levou pelos corredores até chegar a um grande salão. Somente o homem com cara de cobra estava lá.

A mulher a arrastou até um altar de pedra e o homem a mandou se deitar no chão em frente. Tentou resistir, mas a mulher a jogou no chão. Antes que levantasse, quatro cobras se enroscaram em seus pulsos e tornozelos, se transformando em correntes depois.

                - Hanase! (Solte-me!) – disse se debatendo sem obter sucesso.

                - Damaru! (Silêncio) – ele falou e então comentou a fazer selos de mão.

A sensação que Primera teve foi estranha. Primeiro sentiu uma onda passar por seu corpo. Depois podia senti-lo ficar leve e percebeu que flutuava no ar sobre um símbolo brilhante no chão. Por mais que tentasse, não conseguia fechar os olhos e eles começaram a queimar. Dentro dela, parecia que algo ganhava força e tentava escapar. Como se o corpo dela fosse uma prisão. Achou que chorava, mas não pôde ter certeza.

O inimigo falou algo sobre “deixar sair”, mas ela não estava mesmo prestando atenção. Sentiu o Sharingan ser ativado. Não sabia porque mas tinha quase certeza de que era isso que o homem queria então forçou a regressão. Descobriu que ativar o Sharingan era mais fácil do que desativá-lo.

                - Primera!

Ouviu alguém chamar seu nome. Não reconheceu a voz. Sua cabeça estava lenta e pensar parecia trabalhoso. Todo o esforço dela estava em impedir a ativação do Sharingan. Ela não viu, por exemplo, o outro bushin de Minato correr para salvá-la. Também não tinha consciência de que seus olhos sangravam ao contrário de lacrimejar.

Houve um momento em que ela não conseguiu mais controlar. Sua mente foi perdendo o foco até mergulhar em uma escuridão completa. Mesmo assim, os olhos dela continuaram esbugalhados e o Sharingan...ativo. Foi por isso que ela não escutou a explosão e nem a voz irritada do seu pai falar:

                - Quando eu terminar com você, Kabuto, estará implorando pela morte.