Capítulo 8 – Dia de Batalhas

Agora era vez dos outros ninjas mostrarem do que eram capazes, Rayne e Toshiro se encaravam mutuamente.

            - E agora, a terceira luta deste torneio. Elgin Toshiro versus Haruno Rayne, ambos ninjas de Konoha. – Dizia o juiz dando inicio à batalha – Comecem.

Assim como Sakura fizera, Rayne deu um salto para trás, se afastando do inimigo. Toshiro também se afastou um pouco aparentando ter mais juízo do que Sergon. Ele vira o que aquela garota de cabelo rosa fizera. Toshiro encarou Rayne e disse ao mesmo tempo em que assumia uma posição de ataque:

            - Ouvi dizer que os Harunos são especialistas em armadilhas. Que vocês só lutam depois de “preparar o terreno”. E depois da luta que acabei de ver, percebo que isso era verdade. Eu estava prestando atenção, sabia.

Rayne tinha uma expressão neutra e com uma voz indiferente respondeu ao oponente:

            - Se você estava “prestando atenção” como diz, deve ter visto que não somos muito de bater papo. Deve ter percebido que a Sakura é a mais nova entre nós. – Enquanto Rayne falava, Toshiro se movimentava pela arena tentando encontrar uma brecha. Porém Rayne se mantinha indiferente e nem parecia disposto a se mexer. - Deve ter percebido que ela é a mais inexperiente do grupo. Deve ter percebido que você vai acabar com a cara no chão em menos tempo do que Sergon.

            - Por que você não cala a boca e começa logo a lutar? – Toshiro lançou duas kunais na direção do inimigo, mas o Haruno apenas virou um pouco a cabeça e as armas passaram direto. Então pela primeira vez de que começara a luta, Rayne deu um sorriso confiante e disse:

            - E você devia ter percebido que estou debaixo de você.

Toshiro olhou confuso para o ninja a sua frente mas quando ele finalmente entendeu, não havia tempo de desviar do ataque. Ele olhou para baixo bem no momento em que pequenas esferas de chakra saiam do solo em direção a ele.

A platéia olhou cada um daqueles “pequenos sóis” que saiam do chão em direção ao corpo de Toshiro. As esferas eram rápidas e em questão de milissegundos, o corpo de Toshiro subiu uns dois metros antes de cair sangrando no chão da arena.

            - Que ataque... interessante. – Hinata comentou hesitante.

            - Realmente nunca havia visto esse tipo de coisa. – Kakashi comentou.

Um ninja sentando na frente do grupo de amigos se virou e comentou experiente:

            - É a arma que ele usa.

            - Arma? – Shikamaru perguntou.

            - Sim. Rayne criou sua própria arma ninja. É uma ferramenta que armazena o chakra dele e o molda em pequenas esferas. Depois ela expulsa essas pequenas esferas para que elas adquiram uma boa velocidade. As esferas, que nós gostamos de chamar de balas ou de pulsos, podem fazer um estrago no oponente. É quase impossível desviar delas e se você não desvia, é o fim da batalha.

            - E como você sabe de tudo isso? – Sasuke perguntou ao ninja que parecia ter acabado de sair da academia.

O menino deu um pequeno sorriso de canto e retirou o boné, deixando a vista um cabelo vermelho brilhante:

            - Como eu não saberia o modo de luta do meu irmão?

Ele ainda deu uma piscadela para a Ino – que ficou vermelha - antes de recolocar o boné e voltar a atenção para a luta.

Assim como o garoto havia falado, Toshiro tinha muita dificuldade em se levantar. Do lugar onde as esferas saíram, Rayne saltou mostrando que havia estado ali escondido esperando a hora do ataque. E o “outro Rayne” que permanecia no mesmo lugar desde o inicio da partida virou fumaça.

Toshiro tentava inutilmente se levantar, mas quanto mais se movimentava, mais sangue perdia.

            - Desista, eu mirei em pontos especiais. Não é fatal, mas você não pode mais lutar. – Rayne falou e se virou para o juiz dizendo – Senhor Juiz, ele não tem mais condições de terminar essa luta. Você pode encerrar essa partida agora.

E assim, mais um Haruno ganhou e eles começavam a fortalecer as lendas que giravam em torno do nome da família deles.

Para a quarta luta, um ninja da vila da pedra lutou com um da vila da Areia. Mas não foi uma luta qualquer pois a oponente de Suna era a Kunoichi treinada pelo Kazekage. Matsuri lutou muito bem para o orgulho de Suna e de seu Sensei além de garantir presença na próxima fase do torneio.

Todos podiam dizer que aquele estava sendo um dia incrível. Eles nunca tinham visto batalhas tão interessantes no Chuunin Shiken. Mas a quinta luta foi uma das mais apreciadas.

Akina, irmã de Sakura, era muito poderosa e bonita. E ela sabia disso. Em uma batalha eletrizante, ela humilhara o oponente da vila da nuvem com um ataque mortal intitulado o chicote da morte. Ela era extremamente convencida e orgulhosa. Não parara de atacar o oponente até que o juiz entrara na frente interrompendo o ataque. Debaixo de um silencio assustado da platéia e um olhar de desafio de Akina para Sakura, a kunoichi saíra da arena.

Para a sexta luta JD e Inoichi, ambos ninjas de Konoha se preparavam para começar a luta. Porém, diferente dos outros Harunos, JD mantinha um sorriso gentil no rosto.

            - Ele lembra um pouco você, não é mesmo Sai? – Lee comenta com os amigos.

Sai responde com um de seus sorrisos falsos mostrando que a semelhança é verdadeira.

            - Ei! Garoto! – Ino cutuca o menino da frente que dizia ser irmão do Rayne.

“Desde que ele piscou para ela que a Ino anda toda engraçadinha”. – Pensou Chouji.

            - O que foi princesa? – O menino respondeu e Ino foi às nuvens e voltou.

            - Err... sabe... você poderia nos dizer mais sobre os outros guerreiros do seu clã, também?

Shikamaru e Chouji olharam para a kunoichi loira de rabo de olho. Já o menino abriu um sorriso Colgate e piscou para a loira de novo que ficou vermelha como a Hinata.

            - Bom, o meu nome é Kiro, prazer. – Disse e se virou para dar uma olhada na arena. Depois de um breve silêncio ele continuou – O nome dele é Aidan mas o apelido dele é JD. Sabe, foi a Sakura que deu esse apelido a ele. Eles cresceram juntos. Ele era mal encarado que nem o Kurogane mas depois de uma missão com ela, ele voltou assim... sorridente.

            - Depois de uma missão com a Sakura? – Sasuke perguntou tão curioso quanto os outros.

Kiro riu e levantou as mãos mostrando inocência.

            - Não me pergunte. Ninguém além do mestre Tsukoi sabe o que aconteceu naquela missão. Só que o JD voltou mais e a Sakura menos gentil.

            - Que blasfêmia! A Sakura san é a criatura mais pura e bondosa que eu conheço. – Lee disse inflamado até se deparar com o olhar raivoso do Uchiha.

            - Eu não disse que ela não é gentil, mas que antes ela era muito bobona isso ela era. – Kiro tentou explicar - Voltando ao JD... bem... o que posso dizer? Ele é forte e não vai tomar distancia para lutar.

Os outros já iam pedir uma explicação quando o juiz deu inicio à batalha. JD, ao contrario do que os outros fizeram, sacou dois bastões e partiu direto para cima do inimigo. Os oponentes trocaram golpes de taijutsu sem que um conseguisse acertar o outro, entretanto.

- Os movimentos dele são realmente muito bons. – Gai sensei comentou.

- E também são parecidos com os da Sakura porque eles treinam juntos. – Kiro complementou.

JD saltou para longe do oponente e fez dois movimentos de ataque com os bastões, mas sem sair do lugar. O oponente olhou confuso, mas também saltou por precaução. Um segundo após o movimento, a parede do estádio atrás de onde Inoichi estava foi feita em pedaços. A platéia vibrou pelo ataque incrível.

            - Fuuton? – Kakashi perguntou confuso. Ele e Sasuke estavam com o Sharingan ativado enquanto os Hyuugas faziam uso do Byakugan para tentar compreender o ataque.

            - Não exatamente. – Kiro respondeu – Nós só vimos dois movimentos de ataque mas JD provavelmente fez mais de mil. Assim, ele criou uma massa de ar mais densa e manipulável e depois a enviou na direção do inimigo. É possível colocar esse ataque com qualquer tipo de chakra: fogo, terra, ar ou água. Ele é livre para ser usado em uma batalha comum mas em lutas dentro do clã é considerado um golpe sujo.

            - Golpe sujo? Por que? – Neji perguntou.

            - Porque se for usado com Nen, o golpe afeta não só músculos como também a rede de chakra e até mesmo o cérebro. – Kiro explicou.

Os ninjas ficaram confusos diante da palavra Nen, mas Kakashi sinalizou que depois explicaria para eles.

            - É claro que não há problema se for usado com chakra normal. – Kiro continuou sem tirar os olhos da arena.

            - Mas não adianta se o inimigo puder desviar facilmente como Inoichi fez. – Shikamaru ponderou.

Kiro se virou com um sorriso de canto e disse:

            - Quem foi que disse que ele desviou?

Nesse instante Inoichi pareceu ficar tonto e não pôde desviar de um combo magnífico de chutes e socos vindo de JD. A luta foi encerrada e JD declarado vencedor.

            - Não entendi. Ele não tinha desviado? – Ino perguntou confusa.

            - O ataque não é em linha reta. Quanto mais o ataque se afasta de quem o lançou, mas ele cresce em proporção e amplitude. Como uma bola de neve que começa pequena e vai crescendo. – Kiro esclareceu.

            - Sugoi! (Incrível!)

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            - Se machucou, é? – Sakura perguntou brincalhona ao primo quando ele chegou ao local onde os competidores ficavam.

Naruto, Sakura e Rayne conversavam animadamente quando o outro Haruno chegara. JD sorriu suavemente e disse:

            - Mas se eu não me machucar, que desculpa eu vou usar para fazer você cuidar de mim?

Sakura ficou corada mais riu da brincadeira. Rayne gargalhou e Naruto ficou olhando de um para outro sem entender muita coisa.

JD se virou para Kurogane, o último Haruno que lutaria naquele dia. Ele estava sentado em um canto de olhos fechados. Quieto. JD disse implicante.

            - Vê se não vai envergonhar a família, hein! – JD colocou a mão sobre a cabeça da Sakura e continuou – Se até a mascote deu um show. Não vá ficar atrás.

Kurogane abriu os olhos lentamente e se levantou com a dignidade de um príncipe. Ele caminhou firme até estar a um passo do grupo e falou em uma voz profunda:

            - Não ouse me subestimar. Eu não sou qualquer um. – E dizendo isso, se dirigiu à arena onde lutaria contra um ninja de Suna na penúltima batalha do dia.

Depois que ele se afastou um pouco, Sakura suspirou e disse pensativa:

            - Ele tinha tudo para ser considerado perfeito... mas é insuportavelmente arrogante.

Todos se preparavam para assistir a penúltima luta do dia e a ultima luta dos Harunos. Assim que o juiz deu inicio à partida, Kurogane olhou confiante para o oponente e disse em uma voz alta e clara:

            - Estou lhe dando a oportunidade de se render agora e sair daqui com a dignidade intacta. Porque se você insistir em lutar comigo você sairá daqui humilhado e com a honra em pedaços.

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            - Então você entendeu tudo?

            - Hai. Mas me surpreende que seja um de vocês a nos dar essa informação.

O homem de cabelo vermelho ajeitou os óculos e puxou mais a capa com medo de ser reconhecido. O outro ninja à sua frente o punha nervoso. A rua onde estavam era praticamente desabitada, mas sempre havia o risco de alguém passar e o reconhecer. Aquela era uma jogada arriscada e ele sabia que um passo em falso e a morte dele seria a menor das preocupações.

            - Nós temos nossos motivos para fazer o que fazemos. Motivos esses que não lhe dizem respeito.

O outro homem não pareceu gostar do desafio. Ele prendeu o outro contra a parede e sacou uma kunai. O ruivo usou todas as forças que tinha para não aparentar medo.

            - Escute bem seu infeliz traiçoeiro. Não pense nem por um instante que tem algum tipo de vantagem ou influencia sobre nós. Você e seu mestre são tão odiados quanto o resto da sua maldita família.

Enquanto falava, um odor fétido de enxofre exalava da boca do desconhecido. O ruivo tentava controlar a onda de náusea que o atingiu. Malditos youmas. Maldita a hora em que aceitara o plano dela. Tentou parecer confiante diante daqueles olhos amarelos.

            - Não ouse me ameaçar sua criatura maligna. – O ruivo deu um safanão no outro de olhos amarelos e conseguiu se soltar da parede. Afastou-se um pouco e disse – Talvez você ainda não tenha entendido que eu e ela somos as únicas chances de vocês não acabarem virando poeira. Seguir as nossas instruções é a sua única chance.

O cara de olhos amarelos riu e cuspiu aos pés do ruivo, dizendo:

            - Vivo apenas para ver o dia em que todo o seu maldito clã se afogue em seu próprio sangue. Levarei a sua mensagem para o meu mestre e planejaremos o ataque. Mas fique avisado de que qualquer armadilha que você pense em preparar, significará o seu fim.

O cara sumiu em uma nuvem de fumaça e o ruivo tentou acalmar a respiração. Ele olhou em direção ao estádio que se sobressaía entre as construções da vila. E em uma voz carregada de preocupação ele disse:

            - Espero que saiba o que está fazendo minha querida...