Cartas para Lola escrita por Raio


Capítulo 2
Capítulo 2 - Entre irmãos (Alphonse POV)




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Enquanto esperava a visita do sono, refletia sobre meu dia, digamos, diferente... haha. Era complicado resumir as coisas, mas eu só conseguia pensar em cada detalhe. Meu irmão estava do meu lado enquanto a vodka descia pela minha garganta.
Eu estava sentado em um momento de reflexão. Tentava esquecer, e ao mesmo tempo, lembrar do meu dia. Bem, era complicado, até parece que isso iria mudar minha vida. Charles, meu irmão, ouvia cada palavra que eu dizia e me encorajava a desabafar.
Eu só conseguia pensar na frágil Lola. Em um momento ela era a pessoa mais frágil do mundo e em outro ela era a mais repulsiva. Por mais que aquele seu jeito grosseiro me afetasse, eu não conseguia esquecer como ela estava indefesa em meus braços enquanto a trazia para meu apartamento.
Eu havia acordado de manhã, tomado chá. É, assumo que é um costume inglês, mas fazer o quê se sou o 26° na fila do trono? Essa vida de luxo é tão hipócrita que não agüentei mais e vim morar aqui em Paris. Está sendo uma experiência solitária, mas mesmo assim está sendo incrível. Charles me olhava esperando que eu soltasse toda história. A mente dele é muito suja. Ele não conseguia imaginar uma garota em meu apartamento que não soubesse realmente quem, de fato, eu era. Então comecei...
-Eu nem fazia idéia do que fazer hoje, então aluguei uma bicicleta que estava em frente ao prédio. Pedalei, pedalei, até que, quando subo na praça perco o controle da bike. Todos saíram do meio, graças ao meu desempenho em chamar a atenção, mas uma garota distraída não me viu e acabei esbarrando nela. Eu só estou rindo porque já passou tudo, no momento que eu havia atropelado a garota eu só conseguia pensar nela. Nem acredito, mas o tombo foi tão feio que ela caiu e desmaiou. Ela ficou lá, estendida no chão, tão indefesa, tão... Eu nem pensei duas vezes. Coloquei-a em meus braços e trouxe-a para cá. Subi o prédio rapidamente, antes que o porteiro visse e entrei no meu apartamento. Deitei-a em minha cama assim que entrei no quarto e coloquei sua câmera na mesa de cabeceira que fica ao lado da cama.
- Câmera? – Charles até que fim abre a boca.
- É, quando eu a atropelei ela estava tirando fotos. Acho que foi por isso que ela não me viu vindo em sua direção.
- E você só a colocou na cama? – Char arqueou uma sobrancelha.
Meu irmão era irônico. O encarei e ele permitiu que eu continuasse.
- Sai do quarto enquanto preparava um chá. Char, você não tem idéia do quanto eu estava preocupado. Ela havia batido a cabeça, e isso era muito sério. Voltei o mais rápido para o quarto e me deparei com seu rosto perplexo. Eu esqueci totalmente que eu era um desconhecido para ela e nem me apresentei. Agora entendo porque ela agia daquela forma comigo. Assim que me viu ficou de pé. Eu sabia que isso não ia dar em boa coisa então corri e a segurei antes que ela caísse novamente no chão. Enquanto a deitava na cama percebi que meu travesseiro estava encharcado de sangue. Não queria a preocupar, então coloquei a culpa na perna.
- Essa garota deve cair a toda hora, você não deve se sentir culpado – Charles começou com a velha história de passar a mão em cima da minha cabeça. Ignorei e prossegui meu relatório.
- A pele dela estava muito pálida. Saí do quarto e fui rapidamente chamar meu visinho, o Dr Dave. Ele me devia uns favores e me acompanhou sem hesitar. Expliquei que a bike havia passado por cima de sua perna, mas o que eu mais temia era a cabeça que não parava de sangrar. Ele entrou no quarto, examinou-a e perguntou seu nome.
- E?
- Lola.
- Diferente, não?
- Eu nem liguei muito, só queria saber o que ela tinha. O doutor afirmou meus palpites, a perna dela realmente estava quebrada. O doutor falou que era melhor levá-la ao hospital. Ele a aplicou um tranqüilizante e...
- E o que?
- Engraçado, ela perguntou meu nome enquanto fechava os olhos. No momento eu corei. Eu nem sei se ela ouviu, falei tão baixo. Depois que ela dormiu o doutor Dave ligou para a ambulância e a mesma chegou logo. Os enfermeiros subiram com uma maca e colocaram a Lola na mesma. Quando estávamos descendo o porteiro não entendia nada. Ele ainda pensava que eu estava na rua pedalando. Entrei na ambulância com ela e com o médico. Os enfermeiros foram na frente. Quando chegamos no hospital o médico tirou um Raio X da perna dela e colocou um gesso. Foi um alívio quando ele descobriu que só era um osso fora de lugar. Foi colocado um curativo na cabeça, mas não foi muito necessário, já que o sangue já havia cessado.
- Você falou tudo, mas não me descreveu a garota. Quero saber como ela é.
- Não vou te contar nada. Depois você a conhecerá e tirará suas próprias conclusões.
- Tá, mas me conta o que aconteceu quando ela acordou.
- Ela acordou durante o Raio X. Depois que o doutor Dave colocou um curativo em sua cabeça, liguei para o Ben, meu taxista favorito. Entramos no taxi e ela guiou o motorista até seu apartamento. Ela dividia o apartamento com a amiga (sei disso porque ela me contou). Na parte térrea do prédio tem uma lanchonete. E...
- Conta.
- Não, acho que vou dormir.
Eu não ia mais me abrir para ele. Qualquer coisa que eu falasse ele iria ligar para nossa mãe, então preferi dormir.


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