A casa de Alice era bem maior que a minha. Ela ficava na parte rica da cidade – bem longe da minha. Por aqui o ar parece ser mais puro, mas os vizinhos são mais antipáticos.

Ela estacionou o carro na garagem e saiu rapidamente do carro. O conversível de Edward ainda não estava por ali, mas eu podia sentir a sua presença – ou o seu cheiro.

Entramos na casa e a mãe de Alice veio nos receber. Ela era uma mulher muito bonita – com certeza Edward e Alice puxaram mais o lado dela – com mechas loiras brilhantes, um corpo bom pra uma mulher madura, e um sorriso tão encantador quanto o do filho.

- Oi mãe! – Alice falou e ela, lhe dando um beijo em seu rosto.

- Oi Alice... Essa é a sua amiga? – ela perguntou chegando mais perto de mim.

- Sim... Bella, essa é a minha mãe, Esme, e mãe, essa é a Bella...

- Prazer Bella.. – ela me deu um beijo no rosto. Sua pele era muito aconchegante, quente. Ela não pareceu estranhar a minha temperatura – falam muito de você por aqui...

Olhei pra Alice, a acusando por ficar espalhando a minha vida a todos – mesmo que o “todos” seja a minha futura sogra.

- Mas falaram bem, não precisa se preocupar... – ela completou ao perceber minha desconfiança.

- Bem, Bella, vem, vamos pro meu quarto...

Alice me pegou pelo braço e me arrastou escada acima. Minha garganta começou a queimar quando cheguei ao 1º andar.

O aroma de Edward era muito forte ali. Eu tentei me controlar, prendendo a respiração. Alice não tinha percebido nada, e caminhou em direção a uma porta do grande corredor.

- Ai, que grosseria a minha! – falou ela quando estava prestes a tocar na maçaneta – eu vou te apresentar a casa primeiro...

Ela já estava ao meu lado, com uma de suas delicadas mãos sobre o meu braço. Ela me levou pra primeira porta, e a abriu com cuidado.

- Esse é o quarto dos meus pais... – falou ela, me mostrando o quarto enorme a minha frente.

Ele era muito aconchegante, com uma cama bem grande no meio, com uma penteadeira combinando, e uma cortina bege esvoaçante com o vento que entrava pela sacada.

Ela me tirou rapidamente do quarto e me empurrou para o final do corredor.

Eu já tinha deduzido que aquele era o quarto de Edward. Eu não queria ir até lá. Mas agora eu não podia fazer mais nada. Alice já estava abrindo a porta.

Quando ela a escancarou, tive a sensação de que iria desmaiar. O aroma ali presente era muito mais forte do que qualquer outro lugar da casa.

- E esse é o quarto do Ed...

Pelo o que eu consegui ver, o quarto era muito organizado. Havia uma prateleira com alguns livros, e ao lado, uma coleção de Cds. Sua cama ficava do lado da janela, que também era escondida por uma cortina. Do outro lado havia uma mesa com um computador e uma cômoda, com alguns pertences – um relógio, um troféu de futebol e um vidro de perfume – e no chão havia um tênis jogado, com uma meia dentro.

- Viu, eu acho melhor a gente ir... O Ed não gosta que fiquem no quarto dele...

De repente eu despertei. Alice já tinha saído do quarto e estava indo para o seu, então em dois segundos estava ao seu lado, pronta pra conhecer o seu quarto.

- E esse é o meu...

Ela abriu a porta e eu entrei em um mundo encantado. O quarto de Alice era tão delicado e tão detalhado quanto ela. A maioria das coisas eram rosa – sua cortina, sua colcha e uma cadeira da escrivaninha – e ele era infestado de ursinhos de pelúcia.

- Então, gostou da casa? – ela me perguntou depois de fechar a porta e se sentar na cama.

- É muito aconchegante...

- Bom, vamos fazer o trabalho...

Ela se levantou, pegou os livros de que precisávamos e se sentou na escrivaninha. Sentei-me ao seu lado e nós começamos a trabalhar.

Eu escutei quando Edward chegou. Logo depois disso, tentei me concentrar mais no trabalho, mas mais uma pessoa chegou. Eu não soube identificar aquela voz – só sabia que era mulher – mas eu sabia que conhecia.

Depois de nós termos concluído o trabalho, Alice quis descer pra me apresentar a sala e pra nós assistimos alguma coisa.

- Ed, eu não consigo entender! – eu escutei uma voz feminina, meio nervosa, falando em quase em grito.

- É só prestar atenção Rose... É assim...

Quando escutei o nome dela, lembrei-me bem de sua voz. Era Rose, sem duvida. A sua voz doce não podia ser confundida.

Chegamos ao final da escada, e de lá dava pra ver direitinho a cozinha. Na mesa, Edward e Rose estavam sentados lado a lado, ela quase se descabelando e ele com um lápis na mão, escrevendo alguma coisa no papel.

Ele logo me viu quando colocamos o pé na sala. Eu sorri e ele retribuiu. Rose logo percebeu a presença de mais alguém e levantou a cabeça pra ver quem era.

- Oi Bella! – ela falou animada.

- Oi Rose... – respondi olhando para o Edward. Por que ele estava ajudando a Rose no dever?

- Venha Bella, não vamos atrapalhar o estudo deles...

Alice me puxou e nós sentamos no sofá. Ela ligou a TV e passeou pelos canais.

- Por que o Edward está estudando com a Rose? – perguntei sem dar nenhum sinal de ciúmes – que Alice acharia com certeza.

- Ele é tutor...

Meu queixo quase caiu. Além de todos os seus atributos físicos, seu desempenho ótimo nos esportes, seu jeito encantador de sedução, ele era um tutor. Agora sim eu tenho que chama-lo de perfeito.

- Por que, você ficou com ciúmes?

Eu disse.

- Não, eu só achei estranho... E não há razão pra ter ciúmes da Rose... Ela tem namorado...

- Certo... Eu finjo que acredito.

Eu olhei pra televisão e ignorei Alice.

- Gente, vocês não querem fazer um lanche com a gente?

- Ai, eu quero... To morrendo de fome... – Alice falou depois que Rose nos convidou.

Alice se levantou e eu a segui. Quando cheguei na cozinha, vi Edward no armário, pegando algumas coisas – pão e torradas – e Alice foi pra geladeira.

Ele olhou pra mim e sorriu. Eu retribuí meio acanhada, pois nunca tinha conversado com ele na frente das meninas.

- Bella, venha aqui me ajudar... – ele falou depois de alguns segundos. Eu fui até ele, e percebi que Alice e Rose nos olharam de uma forma que me deixou ainda mais tímida.

- Pegue 8 fatias de pão, fazendo um favor...

- Eu não vou comer... – falei, pegando somente 6 fatias.

- Por que não? – Alice me perguntou colocando alguns potes sobre a mesa.

- Eu não estou com fome...

Eu distribuí as fatias e todos começaram a fazer os sanduíches. Alice estava lutando para abrir um pote de vidro, que estava cheio de azeitonas.

- Ta muito duro aí Alice? – brincou Edward, e eu não pude deixar de rir.

- Rose, me ajuda aqui... – ela falou ignorando o Edward.

Rose pegou o vidro e tentou abri-lo. Não teve muito resultado.

- Me dá isso aqui... Vocês são muito fracas...

Edward arrancou o pote das mãos de Rose e tentou abri-lo. Para a minha surpresa, ele também não conseguiu.

- Vai fortão! – Alice brincou com ele, mostrando a língua depois.

- Será que eu podia tentar? – eu estendi a minha mão e ele me entregou o pote, de má vontade.

Eu coloquei a minha mão na tampa e tentei abrir da maneira mais fácil. O pote realmente estava bem lacrado, então bem discretamente, eu quebrei um pedaço da tampa e depois disso ela se abriu facilmente.

Todos olharam pra mim espantados, principalmente Edward. Eu entreguei o pote aberto a Alice – não lhe entreguei a tampa, é lógico – e olhei pra cara dela, que estava completamente amedrontada.

- Como você conseguiu? – ela me perguntou com a voz meio baixa.

- Não é força, é jeito... – eu sorri e logo todos estavam fazendo seus sanduíches novamente.

Mas Edward ainda me olhava. Eu esperava que ele não tivesse visto o pequeno ajuste que eu tive que fazer na tampa.

- Alice, eu acho melhor você trocar essas azeitonas de pote... Esse não é muito seguro...

- Também concordo...

Depois de comer – e de Alice colocar as azeitonas em um outro pote – todos nós ficamos conversando na mesa da cozinha. Eu estava meio calada – não é tão fácil falar quando se tem o Edward ao seu lado – mas ninguém tinha percebido. Cada um estava interado em seu assunto – Alice falava do trabalho que tínhamos acabado de fazer e Rose falava do próximo ensaio das animadoras.

Ele participava das conversas, mas estava focado em mim. Eu sempre o pegava fitando o meu rosto – ou as minhas mãos – e ele sempre sorria quando via que eu fazia o mesmo.

- Rose, vem aqui, eu preciso te mostrar uma coisa no meu quarto... – Alice falou depois que percebeu que eu e Edward nos olhávamos discretamente.

Ela e Rose se levantaram e começaram a subir as escadas. Percebi seus olhares curiosos sobre mim e Edward, mas depois de um olhar ameaçador que dei a elas, as duas subiram as escadas e eu escutei a porta do quarto de Alice se fechando.

- Você não me contou que era tutor... – eu falei depois de alguns segundos de silencio.

- E eu não sabia que a senhorita quebrava aço... – ele me jogou um olhar acusativo, me deixando meio nervosa.

- Eu não quebrei nada... – falei com a voz mais inocente que consegui.

- Certo... E isso aqui é o que?

Ele estava com a tampa do pote nas mãos. Eu tinha jogado ele no lixo enquanto todos limpavam a mesa, mas parece que ele me viu jogando.

- Uma tampa... – respondi sinceramente.

- Bella, eu to falando sério... – ele engrossou a voz e eu comecei a ficar com medo.

- Você já fez a sua pergunta do dia... Amanhã você descobre... – ele revirou os olhos e jogou a tampa sobre a mesa. Eu a peguei e joguei ela novamente no lixo, só pra ter uma garantia.

- Então, por que você não me contou que era tutor? – perguntei depois de sentar novamente ao seu lado. Ele fitava o meu rosto como se estivesse procurando nele a minha força extraordinária.

- Por que eu não achei que era necessário... – ele responder meio frio.

- Pois é necessário sim... Eu acho que eu vou precisar da sua ajuda em cálculos...

Seu olhar – que estava fixo na geladeira a nossa frente – se virou para mim. Parece que ele ficou um pouquinho feliz com a informação de que eu precisava de ajuda.

- Hum... E por que você quer a minha ajuda? Por que a senhorita é meio burra ou por que não presta atenção na aula? – ele sorria. Agora sim era o Edward que eu conhecia.

- Eu não sou burra ok? Eu só não presto muita atenção... – principalmente porque nessa aula você está suando naquele campo, pensei comigo.

- Por quê? – ele perguntou, e eu estremeci.

- Por que... Eu não gosto do professor, é isso...

- Certo...

- Você vai me ajudar então? – olhei em seus olhos verdes e fiquei esperando a sua resposta.

- Vou... Depois a gente marca o dia.

Ele sorriu e eu também.

Mas depois de alguns segundos, eu vi que havia feito uma besteira.

Eu acabei de atar mais um compromisso com Edward. Agora eu iria passar mais tempo sozinha com ele. Agora a vida dele estava correndo mais risco.

- Eu tenho que ir, a minha mãe deve ta preocupada... – falei me levantando da cadeira.

- Quer que eu te leve? – ele perguntou também se levantando. Eu queria isso – não tenho um carro pra voltar pra casa – mas eu preferia ir com a Alice. É mais seguro.

- Não precisa... – falei com muito esforço.

- Você vai a pé? – ele me perguntou, com um tom de quem estava em vantagem.

- Não...

- Então. Eu vou te levar...

Ele caminhou em direção ao chaveiro que existia do lado do armário e pegou uma chave de carro, bonita, com um chaveiro de bola de futebol americano. Edward então começou a subir as escadas, em direção ao quarto de Alice. Ela e Rose pareciam estar cochichando sobre alguma coisa de nós dois.

- Alice... – Edward bateu na porta do quarto, e depois de alguns segundos ela abriu a porta.

- Fala Ed...

- Eu vou levar a Bella pra casa... Rose, você quer uma carona?

- Não, o Emmett vai vim me buscar...

- Ah ta... Bella, eu vou estar lá embaixo ok?

- Ta...

Ele se virou e desceu as escadas. Alice me puxou pra dentro do quarto e fechou rapidamente a porta. Quando eu olhei pro rosto delas, vi que seus olhinhos brilhavam de emoção e que elas esperavam que eu contasse alguma coisa a elas.

- Ai Bella! – Alice saltitava, como se eu tivesse ganhado na loteria e fosse dividir o premio com ela.

- Que?

- Ele vai te levar pra sua casa! – ela completou a frase, ainda mais animada.

- E...

- Bella, depois do estagio levar pra casa, vem o estagio pedido de namoro... – Rose falou, tão empolgada quanto Alice.

- Ai gente, ele só vai me dar uma carona...

- Mas ele podia muito bem pedir pra eu levar você... – falou Alice, tentando de qualquer jeito me convencer de que Edward estava muito interessado na minha companhia.

- Ta, mas...

- Mas nada Bella... Vai logo, e se ele te beijar, você conta depois pra gente... – falou Rose, pegando minha bolsa e enlaçando sua alça no meu ombro.

- Eu não vou beijar ele...

- Por que não? – Alice protestou.

- Porque a minha mãe vai ver... E eu não quero isso...

- Ai Bella, deixa de frescura ok? Se ele tentar te beijar e você não deixar, eu juro pra você que não dia seguinte eu grito pra escola inteira que você ta de caso com o Edward... – ela falou sério. Pior que ela é capaz de fazer isso.

- Ai Alice!

Ela abriu a porta e eu saí. As duas me desejaram boa sorte, e depois disso eu desci as escadas num ritmo bem rápido, mas não desesperado. Quando cheguei a cozinha, vi ele parado na porta, a minha espera.

- Vamos...

- Viu, dá próxima vez você pede pra Alice gritar menos ok? – ele falou, se virando e me deixando completamente constrangida.

Chegamos a garagem e ele se dirigiu pra porta do motorista do conversível prata que estava estacionado atrás do carro de Alice. Eu fiquei meio acanhada de entrar no carro, e só me aproximei mais quando ele abriu pra mim a porta do passageiro.

- Entra Bella... – ele falou e depois ligou o carro.

Eu entrei no carro e fechei a porta. Ele deu a ré e logo nós estávamos na rua, a uma velocidade bem rápida.

Eu fiquei muda o trajeto inteiro. Eu não sabia o que falar – na verdade eu estava com medo de falar. Eu estava com medo de tocar novamente naquele assunto e não saber explicar. Eu não podia falar pra ele o que eu sou. Ele iria me internar.

As únicas vezes que eu abri a boca foi quando ele pedia pra explicar onde ficava a minha casa. Logo ele chegou e depois de estacionar eu comecei a abrir a porta do carro, meio nervosa.

- Espera Bella, não vai ainda... – ele segurou em meu braço e me fez fechar novamente a porta do carro.

Eu olhei fixamente em seus olhos. Suas duas esmeraldas me tranqüilizaram. Eu estava totalmente relaxada.

- Será que eu podia te fazer uma proposta? – ele me perguntou com a voz terna, também muito tranqüila.

- Pode... – minha calma começou a ir embora. Eu sabia que ele ia fazer mais perguntas.

- Você não vai estar aqui no final de semana não é?

- Acho... que não.

- Então, eu vou ficar sem te ver durante dois dias certo?

- Ai Edward, pára de enrolar... Fala logo...

- Eu queria te fazer as duas perguntas que seriam do sábado e do domingo... Você deixa?

Ele me olhou com um olhar suplicante. Ele estava muito curioso, eu podia ver isso em seu rosto. Seria muito triste negar a ele a única forma de ele me conhecer melhor, mas seria melhor pra ele mesmo se não conhecesse.

- Que tal na segunda?

- Não Bella, eu quero fazer as perguntas agora... Por favor, só hoje...

Ele havia chegado mais perto de mim. Seu rosto estava bem próximo ao meu e seu aroma me invadia como uma brisa em um dia quente – uma coisa completamente agradável.

- Ok... Mas nada de extravagâncias... – ele sorriu e eu não pude deixar de retribuir.

- Como você conseguiu quebrar a bandeja da escola aquele dia e a tampa de aço do pote azeitonas com tanta facilidade?

Eu estremeci. Eu sabia que ele iria me perguntar sobre a tampa, mas fiquei bem surpresa de ele ter lembrando da bandeja.

- Eu não quebrei bandeja nenhuma... – falei antes de começar realmente a responder.

- Eu vi Bella... – ele me intimava com aqueles olhos. Eu estava começando a ficar nervosa – por favor, só o que eu estou pedindo é uma explicação... É muito pra você?

Ele agora estava com as mãos próximas as minhas. Ele iria tocá-las, mas com certeza se lembrou do incidente do dia anterior. Eu não hesitei, aproximei as minhas mãos da dele e fiz com que ele retomasse a coragem de me tocar.

Ele então encostou sua mão na minha. Eu senti aquele mesmo arrepio, a cada dia ele ficava mais intenso. Sua pele quente e macia me fazia ficar completamente encantada. Por mais simples que fosse o movimento, tudo me fazia sentir em um conto de fadas, cheio de magia e felicidade.

- Por favor... – ele falou depois de alguns segundos. Sua voz entrou como uma canção pelos meus ouvidos.

- Olha Edward... – comecei com a voz bem baixa. Fiquei com medo de que ele não escutasse direito – esse é um assunto muito delicado...

- Você não quer me contar, é isso? – ele tinha a voz meio decepcionada. Meu coração doeu quando ele falou isso.

- Não, claro que não... O que eu mais gostaria de fazer é te explicar tudo isso, mas eu... – hesitei. Não podia continuar.

- Você...

- Eu não posso Edward, será que você me entende? É melhor você ficar não sabendo disso, todo esse mistério é para o seu bem...

- O que vai me acontecer se você me contar o seu mistério? – seus olhos agora eram urgentes. Ele queria mesmo saber a verdade.

- Bem, a mim nada, mas você... pode se machucar Edward... Aliás, você não devia nem estar andando comigo pra começo de conversa...

- Afinal, você faz parte do que? De uma máfia? – eu quase ri. Mas ele falava sério. Não era uma brincadeira.

- Não, não é nada desse gênero...

- Então...

- Eu não posso te falar... Se eu pudesse, juro que tinha te contado desde que te conheci...

- Certo... – ele desviou os olhos e afastou as suas mãos da minha. Eu senti uma pontada no coração. Não queria que ele ficasse chateado. Isso tudo era minha culpa. – você pelo menos pode me falar por que você consegue quebrar as coisas com tanta facilidade?

- Pode se dizer que faz parte do que eu sou... – falei, tentando não revelar a verdade e não ocultar o que ele queria saber.

Ele revirou os olhos. Seu humor tinha mudado completamente. Edward agora estava irritado, havia ira em seus olhos. Mas eu não podia evitar isso. Era isso ou a vida dele em risco.

Eu então tentei mudar a situação. Mesmo que fosse somente um pouco, eu queria vê-lo sorrir novamente.

Coloquei minha mão sobre a dele. Ele voltou a olhar pra mim.

- Eu não quero que você fique assim...

- Bella, eu só quero saber quem você é...

- Eu te prometo que um dia você vai saber... Só que você vai ter que esperar o momento certo ok? Você me promete?

Ele olhou em meus olhos. Uma de suas mãos subiu para o meu rosto. Ele o acariciou com cautela, e eu fechei meus olhos. Eu sei que não podia me distrair, deixar que o seu aroma me dominasse, mas naquele momento a única coisa que eu senti foi o cheiro delicioso de mel e o toque quente de suas mãos.

Abri novamente os olhos. Ele me fitava de perto, com um mistério no olhar. Eu não sabia se ele teria tanta paciência de me esperar.

- Eu te prometo... – ele respondeu, e depois chegou mais perto.

Senti de repente a minha garganta. Ela não estava incomodando até o momento em que eu senti o hálito dele bem próximo a minha boca.

Me afastei cuidadosamente e fitei os seus olhos.

Ele desviou o olhar. Edward não estava nada feliz com a minha rejeição. Isso doía muito em mim, mas eu tinha muito medo de machucá-lo.

- Por que eu não posso me aproximar de você? – ele me perguntou, novamente com irritação nos olhos.

- Eu... posso te machucar Edward, e eu não quero isso...

- Bella, será que você não entende que eu vou me machucar se você continuar me ignorando?

Os olhos dele estavam lacrimejados. Eu queria que os meus pudessem fazer o mesmo, para mostrar a ele o quanto eu estava sofrendo.

- Me desculpa Edward... Eu não queria, sinceramente, que você sofresse por minha causa...

Eu estava sangrando por dentro. A culpa de ter feito ele se aproximar de mim, crescia a cada instante, mas agora eu não podia mais ignorar o sentimento que tinha crescido entre nós.

- Então... Me deixa te tocar... – ele aproximou novamente a mão do meu rosto e seus dedos fizeram uma linha pela maçã do meu rosto – me deixa te beijar...

Seu rosto estava colado no meu. Senti sua respiração ofegante, escutei seu coração batendo forte. Seu sangue pulsava fervorosamente, eu podia senti-lo. Seu aroma tinha me deixado entorpecido. Eu não conseguia me mexer.

Seus olhos estavam penetrados nos meus. Sua outra mão se levantou e agora meu rosto estava entre as mãos dele. Elas eram quentes, acolhedoras. Fechei os olhos e fiquei esperando o beijo acontecer.

- Bella!

Abri rapidamente os olhos e me afastei de Edward. Ele também havia se assustado, e as suas mãos desceram para o meu braço.

Do lado da porta de casa, minha mãe estava parada, com os olhos fixos em Edward. Ela não estava com uma cara muito feliz, e eu sabia exatamente por que.

- Eu tenho que ir... – falei abrindo a porta.

- A gente se vê na segunda?

- Claro...

Eu sorri. Esperei que ele fizesse o mesmo antes de sair do carro.

Fiquei com a sua imagem na cabeça. Seus lindos olhos verdes, sua boca carnuda envolvida em um sorriso encantador, suas mãos grandes presas ao volante, seu corpo musculoso relaxado naquele banco macio...

Corri até a porta, e depois de entrar em casa, vi minha mãe sentada no sofá, pronta pra me dar uma grande bronca.

- Você escutou não é? – perguntei entrando na sala.

- Sim... Bella, você está abusando da sorte... Onde já se viu falar pra um garoto quem você é?

- Mãe, eu gosto dele ok? Se for preciso, eu vou contar... – falei determinada.

- Ele é o garoto da “tentação”?

- Sim...

- Realmente, ele parece ser delicioso...

- Mãe!

- Ok, desculpa... Mas Bella, você tem certeza do que você está fazendo? Você tem noção do que você estava prestes a fazer?

- Sim mãe... Olha, não precisa se preocupar, eu sei me controlar... Te prometo...

Dei um beijo nela e subi pra meu quarto. Minha cabeça estava meio tonta ainda. Eu queria tanto que aquele beijo tivesse acontecido...

Mas eu sei que um dia o meu pequeno desejo vai se realizar.