Doce Atração escrita por melodrana


Capítulo 3
Capitulo 2 - Fuga


Notas iniciais do capítulo

Quero mais leitoras =//



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Cheguei em casa insatisfeita.

A caçada não foi nada do que eu esperava. Eu estava confiante de que se eu conseguisse me alimentar bem essa noite, aquela ardência em minha garganta sumiria.

Mas não sumiu. Ela estava ali presente, fazendo com que eu ficasse mais nervosa com a minha incompetência no meu autocontrole.

Não queria ir a escola hoje. Mas ficar em casa só aumentaria o meu tédio, e com certeza minha mãe descobriria que eu não estava bem. Pelo menos na escola eu iria me distrair com Alice.

Coloquei uma calça jeans e meu suéter azul preferido, e desci as escadas meio devagar. Minha mãe estava varrendo a sala – ela é meio maníaca por limpeza – e logo que me viu deu um sorriso.

- Você foi caçar ontem? – perguntou ela, largando a vassoura em um canto perto do sofá.

- Fui... Eu... hum... fiquei com vontade... – eu gaguejei tentando disfarçar.

- Mas a gente caçou antes de ontem... O que aconteceu Bella?

- Nada mãe... Eu só fiquei com... sede, foi só isso... – virei o rosto e fingi estar arrumando uma coisa em minha mochila – como se isso fosse resolver algo.

- Bella, eu te conheço... O que foi?

- Nada mãe, isso é coisa da tua cabeça... Bom, eu já vou indo – cheguei perto dela e lhe dei um beijo no rosto – tchau...

- Tchau

Saí de casa e fui pro ponto. O ônibus não demorou a chegar. Me acomodei lá no fundo, como sempre, e em liguei pras pessoas hoje. Eu estava procurando não prestar atenção em nada e isso estava me deixando mais relaxada.

- Bella! – eu me virei pra traz e vi Alice correndo até mim, com o uniforme de animadora de torcida.

- Oi Alice! Pensei que você não era uma animadora... – falei enquanto nós seguíamos pro prédio.

- Nas horas vagas eu dou uma enganada.. – falou ela sorrindo – e você, não vai querer usar esse uniforme também?

- Não não... Eu prefiro não expor muito as minhas pernas, elas são meio fininhas...

Ela sorriu. Bem, aquela piada era em partes verdade.

- Você vai aceitar um dia...

- Alice! – escutei uma voz vindo lá de traz, bem aguda e irritante.

Eu e Alice nos viramos pra ver quem era. Uma menina esguia, com longas mechas loiras e com um decote maior do que o necessário vinha em nossa direção. Alice deu um sorrisinho falso e ficou esperando a tal animadora metida.

- Alice, cadê o seu irmão? – ela me fuzilou com uma cara de nojo e depois voltou a olhar Alice, esperando a resposta.

- Ele já ta vindo Tanya... Ele disse que tinha umas coisas pra fazer antes do treino... – respondeu Alice, sem muito entusiasmo.

- Ah... Fala pra ele que nós temos uma conversa pendente...

- Ok... Se eu o ver eu aviso.

A garota sorriu e Alice retribuiu, novamente com falsidade.

- Quem é ela? – perguntei depois que a garota tinha se afastado.

- É a Tanya, minha “prima” – Alice levantou as mãos e fez aspas no ar – ela não larga do pé do meu irmão, deu pra ver né?

- E ele?

- Bem, depende do dia... Quando ele ta de bom-humor, os dois ficam insuportáveis. Mas eu sei que é frescura... Ele fica com ela só pra manter a popularidade.

- Hum... Como se fosse negócios?

- Exatamente...

Quando me dei conta, nós já estávamos na sala. Me sentei no mesmo lugar de ontem e desviei meu olhar para a janela. O campo ainda estava vazio, então tentei prestar atenção no que o professor falava.

Aquele cheiro de mel ainda rondava minha cabeça. Eu estava começando a achar que aquele odor me perseguiria pra sempre.

Mas, de repente, o cheiro se tornou mais forte. Automaticamente meus olhos se voltaram lá pra fora, e eu vi que os atletas estavam entrando.

Tentei me concentrar novamente na aula, mas a presença daquele cheiro me fez fica meio tonta. Então, em um rápido movimento, eu vi aquelas mechas cor de bronze se mexendo com o vento.

Lá no campo, ele corria junto com os outros, me deixando hipnotizada.

Eu podia escutar o impacto dos seus pés sobre a terra, seus braços se mexendo em sincronia com as pernas, e os seus fios soltando aquele doce aroma.

Minha garganta ardeu.

- Q-quem é ele? – perguntei a Alice, tentando controlar minha voz.

- Ah, ele é o Edward, meu irmão...

Não. Tinha que ser o irmão da Alice?

- Bella tudo bem? Seus olhos... mudaram de cor!

Ela tinha razão. Com certeza meus olhos tinham passado de um castanho meio avelã para um preto jabuticaba. E pra ajudar, minha garganta queimava intensamente.

- Impressão sua Alice...

- Não Bella, é sério... Você ta bem? – sua voz estava preocupada. Eu estava me controlando pra não olhar além da janela.

- Eu acho que eu preciso ir ao banheiro...

Me levantei bruscamente e todos olharam pra mim. Fui diretamente ao professor – que também tinha se assustado – e em um sussurro pedi o passe para o banheiro. Ele me deu e eu saí o mais rápido que consegui.

Cambaleei pelo corredor até chegar ao banheiro. Ele estava vazio, então não me preocupei com olhares alheios. Fui até a pia e abri a torneira. A água escorria fortemente pelos meus dedos e eu, em uma tentativa desesperada, molhei todo meu rosto, espalhando água até pelo pescoço.

Eu tentava não sentir aquele cheiro, mas ele entrava com tamanha intensidade que eu estava com vontade de arrancar a minha garganta fora.

Eu tinha que fugir. Tinha que sair daquele lugar antes que eu perdesse totalmente o controle.

Saí do banheiro e fui andando pelo corredor até sair do prédio. Tentei a saída mais longe do campo, mas como não conhecia nada por ali, tive que ir embora pela única saída que eu conhecia.

Eu queria correr. Correr pra bem longe, pra fora desse lugar, desse sofrimento. Mas enquanto eu tivesse no território da escola, eu não podia fazer isso. Eu estava presa.

Andando em uma velocidade devagar demais pra mim – e rápida demais pros outros – eu fui seguindo até a floresta que fazia divisa com a escola.

O cheiro estava mais forte aqui fora. Minha garganta implorava por sangue. Eu queria ir até lá e...

Sacudi a cabeça tentando afastar aquele pensamento dela. Não deu muito resultado, e quando me dei conta, em vez de eu estar indo para as arvores, eu estava indo para o campo.

Novamente o instinto animal prevalecia. Eu estava quase caçando ele, como ontem. Parei de andar e olhei pro lado. Descobri que não deveria ter feito isso.

Ele estava a 50 metros de distancia. Só alguns segundos, pensei comigo, e todo aquele sofrimento acabaria. Eu pararia de me martirizar e a sede sumiria – por um tempo – de meu corpo.

Meus músculos se enrijeceram, minhas pernas começaram a se curvar. O seu aroma me atingiu como uma grande tempestade em uma casa de palha e os meus olhos se penetraram em seu rosto.

Seu rosto era estonteantemente bonito. Seus traços eram leves, mas marcantes. Sua boca carnuda tinha um sorriso torto, deixando seus dentes brancos a mostra e seus olhos verdes brilhavam de uma forma terna, chegando a ser até delicados.

Senti uma coisa diferente dentro de mim. Meu coração – se pudesse pulsar – estaria a mais de 200 batimentos por minuto.

Aos poucos minhas pernas ficaram eretas, meus músculos se relaxaram e eu desviei meu olhar. Meu lado racional começou a funcionar e os meus pés voltaram a se mover num ritmo suficientemente bom para que ninguém notasse a minha presença.

Disparei floresta adentro, sem rumo – e nem pretendia arranjar um. O doce odor de mel foi se dissipando, minha garganta foi ardendo menos a medida que os meus pés corriam mais.

Uma coisa me parou depois de 3 minutos intensos de corrida. Era uma cerca ou algo parecido. Percebi então que se eu corresse mais, iria sair do estado.

Mas de que importava? Isso me faria tão bem. Voltei a correr então, lado a lado com a cerca. O vento balançava meu cabelo e a cada instante eu sentia menos angustia.

Depois de um tempo, eu parei de correr. Me sentei em um tronco e fiquei escutado o suave canto de um pássaro que se postava na minha frente. Fechei os olhos e relaxei meus braços, deixando a doce melodia invadir meus ouvidos.

Ouvi então um barulho diferente. Meu relógio havia apitado, avisando o inicio de uma outra hora. Descobri então que já tinha perdido a aula de cálculos e a de inglês.

Mas estava tudo tão bom... Meu coração estava mais calmo, minha garganta já não incomodava e tudo parecia estar em harmonia.

E ninguém sentiria a minha falta – Alice sentiria – e nem se importariam – minha mãe ficaria muito brava se descobrisse.

Resolvi então voltar. Corri em uma velocidade constante, até chegar novamente ao campo. Ele agora estava vazio, me deixando mais a vontade para atravessar o caminho até o prédio.

O cheiro havia voltado. Mas agora eu sabia me controlar. Pelo menos eu acho que sei.

Cheguei na sala e o professor já estava lá. Pedi licença educadamente e me sentei ao lado de Alice, que estava com os olhos fumegando de preocupação.

- Onde você estava Bella? – perguntou ela num sussurro, mas varias pessoas olharam a espera da minha resposta.

- Eu... Não estava muito bem, eu fui dar uma volta...

- Bella, eu fiquei preocupada... Nunca mais suma desse jeito...

- Ok... Desculpa... – falei arrependida de verdade. Eu era completamente culpada por sentir desejo pelo sangue do irmão dela.

- Ta desculpada... O bom é que você parece bem melhor...

Eu sorri e tentei prestar atenção na lousa a minha frente.

Na hora do almoço, fui com Alice novamente pra comprar comida. Até agora ela não me perguntou nada sobre a minha alimentação. Ela deve achar que eu to de dieta.

O cheiro estava aumentando. Mas isso era obvio. Praticamente todos os alunos estavam naquele refeitório. Ele com certeza estava no meio de algum grupo.

Meus olhos trabalhavam freneticamente a procura dele. Por mais que eu quisesse me afastar pra não causar problemas, minha parte irracional queria ver de novo aqueles olhos verdes.

De repente eu vi os atletas entrando no refeitório, mas o líder agora era outro. Edward vinha na frente, graciosamente, com um sorriso no rosto, seus olhos verdes brilhando como dois diamantes. Seu olhar me alcançou e seu cheiro quase me fez desmaiar.

Prendi a respiração automaticamente. Ele virou os olhos e continuou andando em direção a fila da comida. Alice me cutucou e eu voltei a respirar. Minha garganta queimou tanto que eu quase dei um berro.

- Que? – falei meio baixo, o mais educadamente que consegui.

- Você ta bem?

- To... – menti horrivelmente – como sempre.

- Bella, seus olhos estão daquela cor de novo... Isso é alguma reação a meninos de olhos verdes?

- Hã? – por um momento não entendi, mas depois descobri a sua intenção – não Alice, não é...

- Então porque você ficou assim depois de ver o meu irmão?

- Alice – falei séria, tentando disfarçar a má impressão – você imagina muito as coisas...

- Ok então... Eu vou chamar ele pra te apresentar já que é coisa da minha cabeça...

Eu quase gritei. Se ele chegasse muito perto eu não sei do que o meu corpo seria capaz de fazer.

Alice levantou a mão e chamou Edward, que agora estava com uma bandeja na mão. Ele assentiu e começou a vir em nossa direção. Deixei de respirar e fiquei a espera da tentação.

- Ed – começou ela quando ele nos alcançou – eu quero te apresentar uma pessoa.

Ele olhou pra mim, mas não disse nenhuma palavra. Seu rosto parecia não estar muito a vontade, como o de todos que me encaravam. Fiquei feliz em perceber que também tinha esse efeito sobre ele.

Alice olhou pra ele com uma cara meio estranha. Acho que ela esperava uma reação mais amigável da parte dele.

- Edward, essa é a Bella, minha nova amiga e Bella, esse é o Edward, meu irmão.

Sorri de uma maneira desajeitada. Foi o melhor que se poderia fazer enquanto não se pode respirar.

Edward retribuiu. Seu sorriso era completamente atraente. Pensando melhor, seria um grande pecado sugar toda a essência dessa pessoa.

Ele se preparou pra me dizer alguma coisa, mas de repente eu vi Tanya, a “prima”, correndo com sua saia se levantando intencionalmente. Seus sapatos faziam barulho sobre o chão branco e Edward virou o rosto pra vê-la, como se já soubesse quem era.

- Ed! Eu preciso falar com você gatinho! – ela me olhou da mesma forma de hoje de manha e depois se virou para os olhos verdes de Edward.

- Dá licença... – ele sorriu novamente pra mim e se virou, com uma das mãos na cintura de Tanya.

Percebi de repente que eu ainda não respirava. Ninguém tinha reparado, então não estava a fim de colocar a minha reputação em risco.

- Bella, eu juro pra você que pensava que o interesse era só da sua parte, mas agora eu vi que a interação foi mutua...

- Alice, será que dava pra parar de falar em códigos? – falei meio brava. Meu humor não é tão bom quando estou com sede.

- Bella, o Edward gostou muito de você...

- Ele deve ter me achado estranha, como todos acham...

- Eu conheço o meu irmão Bella, ele nunca fica sem palavras na frente de uma garota... A não ser que ele tenha gostado muito dela...

Revirei os olhos não acreditando nela. Até parece que ele iria gostar da garota que pode em dois segundos tirar toda a sua vitalidade.

- Ok... Se você não acredita, o problema é seu, mas Bella, se eu fosse você, tirava a Tanya do meu caminho e investia no meu irmão... E você pode começar a fazer isso sendo uma animadora...

- Alice, você não vai conseguir me convencer...

- Ai que menina teimosa!

Ela virou o rosto como uma criança birrenta e eu nem liguei. Nada me faria mudar de idéia.

Corri os olhos pelo refeitório e vi Edward com Tanya conversando. Ela estava bem próxima a ele, com sua boca quase tocando seu queixo. Tanya era bem alta – mais que eu pelo menos – mas Edward era bem mais. Seus braços seguravam os ombros dela e quando ela se esticou pra tentar beija-lo, ele a empurrou pra baixo.

Uma coisa muito estranha passou por mim naquele instante. Não sei, mas eu me senti tão bem quando vi suas mãos empurrando Tanya pra longe. Foi como uma sensação de alivio. Era bem mais fácil de olhar pra ele quando ela não estava tão próxima.

- Bella, você sabe que não precisa ficar só babando...

Eu me virei e vi que Alice estava de olho em mim e em o que eu estava espiando. Fiquei morrendo de raiva por ela ser tão observadora.

Antes de eu poder responder alguma coisa, ela tinha se levantado e estava saindo do refeitório com Jasper. Eu olhei em volta e percebi que Edward não estava mais ali. Na verdade, poucas pessoas ainda estavam naquele refeitório.

Saí rapidamente e segui pro campo. A aula era de atletismo de novo, e eu – de novo – venci quase todas as corridas. Isso era inevitável, está em mim o instinto de correr, mas eu estava tentando controlar a minha vontade de passar na frente de todas. Se eu continuasse vencendo, só faria com que mais pessoas me odiassem.

Quando fui pra aula de biologia, vi que Mike, o deslocado, estava sentado no fundo da classe, perto de uma das carteiras que eu me sentei ontem. Eu não tinha reparado nele no dia anterior, e fiquei meio culpada por não ter notado a sua presença.

Ele levantou a mão quando me viu e indicou uma carteira vaga ao seu lado. Eu fui até lá e me sentei. Tentei ser simpática e dei um sorriso. Seus olhos brilharam quando fiz isso e tive a impressão de ver que ele tinha se desequilibrado da cadeira.

- Oi... – falei depois de ver que ele tinha se recuperado do seu sobressalto.

- Olá Bella... – falou ele, falhando um pouco.

- Não te vi ontem por aqui...

- Eu não estava... Tive que ir pra uma reunião com o time ontem...

- Ah – me senti melhor. Pelo menos não sou tão desatenta a ponto de não reparar na presença do meu único amigo menino dessa escola.

- Então, já se decidiu?

Eu sabia que ele iria tocar nesse assunto. Eu não queria conversar sobre ser líder de torcida. Primeiro que isso me fazia lembrar de jogos, e jogos me fazem lembrar de atletas e atletas me lembram o Edward.

- Já...

- E então? – sua voz estava cheia de expectativa. Eu não sei por que as pessoas querem tanto que eu seja uma animadora.

- Não vou ser animadora Mike...

- Por que não? – parecia que a única coisa que importava pra ele era isso. Acho que com o meu cargo de animadora seria mais fácil pra me paquerar.

- Mike, eu não quero participar de uma coisa na qual eu não me encaixo...

- Tenho certeza que você se encaixara perfeitamente... As meninas me falaram que você é muito boa no atletismo...

Eu olhei pras 3 meninas que estavam na minha turma de educação física. Elas não pareciam ter gostado do meu desempenho no campo.

- Elas mentiram...

- Eu confio nelas, então é verdade...

- Sr. Newton e srta. Swan, por favor, a aula é aqui na frente... – falou o Dr. Banner, com uma voz que eu sabia que não era muito simpática.

- Desculpe professor... – Mike respondeu enquanto eu me virava e abria meu caderno. Ele sorriu depois que o professor se virou pra lousa e eu fiz o mesmo.

Mike era uma ótima companhia. Tirando a parte que ele poderia se juntar com a Alice e montar uma gangue pra tentar me convencer de ser uma animadora.

Saí do prédio conversando com Mike. Ele não tinha mais tocado no assunto “animadora” – por enquanto – e me perguntava coisas sobre os lugares onde eu morei. Ele parecia bem interessado quando eu explicava a ele que os outros lugares onde eu residi eram muito mais ensolarados e movimentados.

Ele nunca tinha morado em um lugar assim. Na verdade, ele mora aqui em Forks desde que nasceu, como a maioria das pessoas desse lugar. O sol pra eles é como uma tempestade em Phoenix, acontece duas ou três vezes por ano.

Meu ônibus estava parado no meio fio e eu fiquei esperando todos entrarem. Mike queria que eu ficasse para ver o treino das lideres. Eu recusei, e depois de dar um beijo em seu rosto – ele estremeceu. Não sei se foi por causa da minha pele fria ou por causa do seu encantamento pela minha pessoa – eu fui pro ônibus.

De repente, senti o aroma de mel vindo diretamente a mim. Virei o rosto e vi Edward entrando num conversível prata reluzente, estacionado a alguns metros de mim. 

Ele sorriu. Eu não sabia se aquilo era pra mim, então virei discretamente o rosto pra ver se nenhuma líder de torcida estava escondida pelo meu corpo. Eu voltei a olhar pra ele e vi que ele ainda estava com aqueles olhos verdes fixos em mim. Ele agora deu uma risada e entrou no carro, me deixando sem ação.

Por um momento eu cheguei a achar que o cheiro dele tinha sumido, mas quando voltei ao meu corpo, percebi que ele estava ali do meu lado, me acompanhando.

Aquele sorriso tinha um poder mágico. Como foi que eu consegui esquecer toda aquela queimação na minha garganta com um simples sorriso?

Fui andando pela calçada. O ônibus já tinha ido embora e eu nem tinha me dado conta – eu estava ocupada com outras coisas.

Cheguei a conclusão de que eu poderia muito bem correr até a minha casa. Eu sabia que aquela floresta chegava até lá, então me dirigi as arvores, e quando ninguém estava olhando, corri feito uma onça atrás da caça.

O cheiro de Edward aos poucos foi sumindo. O vento trazia novos aromas e novos sons ao meu dia. Eu escutava os passarinhos cantando harmonicamente, e sentia o cheiro das flores. Mas, de repente eu senti um cheiro não muito agradável. Era um cheiro de... cachorro.

Não me importei e segui pra casa. Aquilo deveria ter sido o cachorro do vizinho que não tomou banho esses dias.

 ***

- Bella?

- Oi mãe, cheguei...

- Tudo bem?

- Ahã... – eu a avistei na sala, assistindo TV. Seu rosto estava sério e eu fui até ela pra ver se havia acontecido algo.

- Certeza? – ela falou quando me sentei ao lado dela.

- Eh... Não...

- O que foi Bella? Andaram te magoando lá na escola?

- Não mãe, nada a vê...

- Então... – ela me olhou e ficou esperando uma explicação.

- Você alguma vez já sentiu uma vontade muito grande de beber o sangue de alguém?

- Bella, isso é normal da nossa espécie...

- Não mãe, é diferente... É uma vontade muito, mas muito grande mesmo...

- Hum... – ela continuava me olhando. Parecia que ela não tinha entendido ainda.

- Então, eu senti isso por um garoto lá na escola...

- Me explica como foi que aconteceu...

- Bem, eu tinha visto ele ontem na rua, aí eu até desci do ônibus pra... procurar ele... – ela me olhou de uma forma assustada, mas eu logo continuei – mas eu me controlei. Aí hoje eu descobri que ele estuda lá na escola...

- E o que você fez pra se controlar?

- Eu... fugi da escola... Mãe, eu tinha que correr, sério, senão eu não sei o que ia acontecer...

- Eu sei que você fugiu Bella, você veio até aqui perto de casa...

Eu meio que estranhei a atitude da minha mãe. Em um dia normal ela ficaria muito brava comigo.

- E você não vai ficar brava?

- Não... Eu sei pelo o que você passou...

- Você também já passou por isso? – perguntei curiosa. Ela nunca tinha me contado nada sobre aromas extremamente atrativos.

- Já... Faz muito tempo...

- E o que aconteceu?

- Eu não consegui me controlar...

Pensei naquela cena. E se eu não conseguisse me controlar como a minha mãe? E se eu matasse Edward na frente de todos?

- Mas isso não vai acontecer com você... – falou ela como se pudesse ler meus pensamentos.

- Como você pode saber mãe?

- Se tivesse que acontecer, você já teria matado esse rapaz ontem...

- E por que eu não... matei? – aquela palavra saiu difícil pela minha garganta. Por mais que isso fosse comum em nossa espécie, eu não conseguia lidar facilmente com esse vocabulário.

- Por que você tem dom de autocontrole Bella... Se você não tivesse essa capacidade de pensar antes de seguir os seus instintos, você poderia ter feito um grande estrago ontem...

- E se o que me fez parar não fosse o meu dom? – eu tinha certeza de que não era. Minha mãe estava inventando essa historia de “dom”.

- Como assim? – ela realmente ficou curiosa com a minha oposição. Eu agora conseguia conversar com ela a altura.

- E se tivesse outra coisa que me fizesse parar... Como um sentimento...

Até esse momento eu não tinha imaginado isso. Acho que foi algum sentimento que me levou a não atacar o Edward. É muito mais provável do que um “dom”.

- Ai Bella, como eu queria que isso não tivesse acontecido...

- Isso o que mãe? – ela havia se levantado e seu olhar agora era preocupado. Eu não sei o que eu tinha falado, mas não tinha feito bem a minha mãe.

- Você está quase apaixonada por esse garoto...

- Eu...? Não mãe...

- Então porque outro sentimento você não o atacaria se não fosse amor, paixão?

- Ah... Admiração?

- Não Bella, só existe uma coisa que faz a gente zelar pela vida do outro...

- Mas eu conheci ele ontem!

Minha mãe tinha me deixado confusa. Eu agora não sabia o que estava sentindo: sede ou amor.

- Bella, o amor não tem um prazo pra se instalar no coração... Você pode se apaixonar depois de meses, ou apenas depois de um olhar... – ou um sorriso, pensei comigo.

- Ok mãe, e se eu estiver apaixonada por ele, qual é o problema?

- Filha, tenta imaginar. Você é 100 vezes mais forte do que ele... Se você tocar nele sem cuidado, você pode... quebra-lo!

- Eu sei me controlar... Você mesma disse que eu tenho esse dom...

- Mas Bella, se você, por exemplo, for beijar ele... Você não acha que a sua sede não vai ser maior? Você acha que na hora em que vocês estiverem se tocando, você não vai sentir vontade de matá-lo?

Ela estava me olhando seriamente. Eu estava muito confusa, minha cabeça estava tentando decifrar todas essas novas informações.

Como eu posso estar apaixonada por uma pessoa que eu conheci ontem? O máximo que eu posso sentir é uma atração física, porque ele é muito lindo. Mas uma paixão?

Eu ainda não sei por que eu escuto a minha mãe.

- Mãe, isso é uma coisa meio impossível de acontecer... Ele tem namorada e eu não pretendo me aproximar mais dele pra não correr riscos...

- Bella, eu só estou te alertando... Toma cuidado ok? – ela estava na minha frente, me olhando nos olhos.

- Ok mãe, eu vou me cuidar...

Eu dei um abraço nela e subi pro meu quarto. Lá eu comecei a pensar em como foi o dia de hoje – e como seria o dia seguinte.

Será que ele tinha me dado aquele sorriso por que tinha gostado de mim? E eu conseguiria me controlar por quanto tempo?

Senti uma vontade imensa de poder dormir. Eu acho que só assim eu poderia esquecer de toda essa confusão.

Fechei os olhos e fingi sonhar.


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