Slytherin Pride escrita por Gaia


Capítulo 43
Noite




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Antes que algo acontecesse comigo, eu ouvi um “deixem ela comigo” que julguei ser de Rabastan e depois tudo aconteceu em um rápido flash como se eu estivesse vendo um filme da minha própria vida. Ele me puxou pelo braço com violência enquanto eu ouvia murmúrios inaudíveis de dentro da Torre.

– Espera! O que está acontecendo? – eu protestava enquanto ele me arrastava. Eu queria ver se Draco iria matar Dumbledore agora que os Comensais estavam ali para pressioná-lo. Eu precisava estar lá caso ele quisesse fugir...

– Você vai sair daqui, é isso que está acontecendo. – ele respondeu rabugento.

Quis protestar, mas eu sabia que se não calasse a boca, ele não hesitaria em soltar um feitiço em mim. Mais rápido do que eu esperava, estávamos na frente da sala comunal da Sonserina. Passamos por feridos, por caos, por batalhas, mas eu estava muito em choque para prestar atenção nas coisas a minha volta.

– Eu preciso...

– Para de ser egoísta, Elizabeth! – ele berrou, parando subitamente e me fitando. Franzi o cenho e não entendi o que ele quis dizer. Eu estava pensando em Dumbledore, em Draco... - Não tem nada que você possa fazer, para de fugir.

O encarei incrédula. Eu estava fugindo? Ele que estava me arrastando para fora de tudo, eu estava pronta para encarar os Comensais, para encarar as consequências dos atos de Draco e ele estava me falando que eu estava fugindo?

– O que?! – perguntei inconformada.

– Você me ouviu. – Rabastan respondeu, ríspido. - Para de pensar no que você sente, no que você quer, no que que você acha. O mundo não gira a sua volta, o mundo bruxo vai entrar em guerra, você tem que entender o que é melhor para todos.

Eu simplesmente quis dar-lhe um soco na cara, mas estava tão completamente em choque que não consegui me mexer.

– Dumbledore vivo é o melhor para todos. – consegui dizer, quase que roboticamente, mas Rabastan apenas riu.

– Não se faça de idiota, Liz, não pra mim. Eu te conheço. Você sabe do que eu estou falando. – ele disse simplesmente e voltou a me puxar. Eu estava atônita. Porque era verdade. Ele me conhecia. E eu era egoísta. Fui egoísta o tempo todo.

Continuei correndo com ele, sem falar nada, mas continuava pensando no quão errada eu tinha sido o ano inteiro.

– Escuta, eu preciso ir. Mas antes, preciso que você me prometa uma coisa. - ele disse, fitando profundamente os meus olhos, depois de pararmos na entrada da sala comunal da Sonserina.

Consegui apenas acenar com a cabeça. Não podia mais cometer erros, faria qualquer coisa que Rabastan me pedisse àquela altura.

– Chame seus amigos, saia de Hogwarts agora. Não espere o fim do ano, não espere mais nada, apenas vá. Ache seus pais, com eles é o único lugar onde você pode ficar salva.

Pisquei várias vezes, meus pais Peter e Helen Miller, os trouxas? Ele não estava falando sério.

– Meus pais são...

– Não esses, Riddle! – ele exclamou, irritado. – Seus pais verdadeiros.

Continuei fitando seus olhos, sem entender. Meus pais não estavam mortos?

– Você ainda não lembrou? – Rabastan perguntou, fazendo uma expressão de completo entendimento de repente.

Neguei com a cabeça, enquanto vários alunos da Sonserina correram para dentro da sala. Consegui dar uma olhada para dentro, mas não o suficiente para ver se Suzanna, Beatrice e Jesse estavam lá. Será que eles foram espertos de não se meter? Eram todos sangue-puros afinal.

– Você vai lembrar de uma coisa que eu disse que vai te ajudar a achá-los. – explicou, achando ser o suficiente.

– Por que você simplesmente não me conta agora? – perguntei, ainda em um estado de transe, como se estivesse bloqueando tudo ao meu redor para não encarar a realidade.

– Não dá, não temos tempo. Se esforce para conseguir suas memórias de volta e parta assim que lembrar, Lizzie. Me promete que não vai voltar para Hogwarts e vai procurá-los. – ele pediu, colocando as duas mãos em meu ombro.

Mesmo sabendo que Rabastan tinha cuidado de mim, era estranho ter alguém me tratando daquele jeito. Eu sentia uma familiaridade, mas não como eu sentia com Jesse, por exemplo. Acenei com a cabeça em concordância, mas ele não se afastou.

– Promete. – pediu, me fitando diretamente nos olhos.

Hesitei, a última promessa que eu tinha feito foi um desastre. Eu não queria prometer algo que eu sabia que não poderia cumprir. Quer dizer, eu não queria encontrar meus pais verdadeiros. Se eles estavam vivos, por que não foram me achar? Eles não me queriam. Eles simplesmente me abandonaram em um orfanato e deixaram Dumbledore apagar todas as minhas memórias, eu não tinha certeza se queria me relacionar com pessoas como aquelas.

– Elizabeth. – ele falou em um tom sério e autoritário. – Me promete.

Suspirei, odiava o quanto Rabastan me conhecia. Ele sabia que eu estava hesitando, que eu não iria prometer.

– Lizzie... Você tem que confiar em mim. – murmurou, agora com um meio sorriso que eu reconheci das minhas memórias. Aquele homem tinha me acolhido e cuidado de mim, se arriscando e não ganhando nada com aquilo. Eu devia aquilo a ele.

– Eu prometo. – falei baixinho. Ele sorriu e simplesmente saiu correndo, enquanto exclamava um “a gente ainda vai se ver”. Não tinha dado tempo de eu absorver sua figura e guardá-lo bem na minha memória para que nunca mais o esquecese.

Fiquei alguns minutos parada, esquecendo do que realmente eu estava fazendo ali, quando a relidade bateu de frente. Suzanna, Cece e Jesse. Draco. Dumbledore morto. O que estava acontecendo?

Entrei na sala comunal e me deparei com vários alunos em desespero, alguns machucados, outros chorando e alguns apenas sentados em puro choque. Rolei os olhos pelo rosto de cada um, tentando localizar as meninas e Jesse, mas eles não estavam lá.


– Jesse! Beatrice! – berrei, com urgência. – Suzanna!

Nada. Subi em ambos os dormitórios e não os encontrei. Ótimo, mais uma coisa para me preocupar. Sai correndo em direção da Torre, mas percebi que os Comensais já não estavam mais lá. Engoli um seco. Tinha acabado. Alguém tinha morrido.

Segui os berros e cheguei sem nenhum arranhão até os jardins do lado de fora de Hogwarts, eu vi uns Comensais da Morte correndo e Hagrid lutando com alguém, enquanto Snape desarmava Harry Potter. Não parei para entender o que estava acontecendo, apenas continuei correndo para mais dentro dos jardins.

Por algum motivo, eu simplesmente sabia que ele estaria por ali em algum lugar. Eu simplesmente sabia.

Então, o vi.

– DRACO! – berrei mais alto que pude ele virou-se rapidamente, arregalando os olhos ao me ver.

Me segurei para não o abraçá-lo e chorar em seus ombros. Ao invés disso, fitei seus olhos cinzentos e não vi alívio. Ele teria matado Dumbledore?

– O que aconteceu? – perguntei de forma patética e ele desviou o olhar.

– Dumbledore está morto. – sua voz parecia engasgada e soltei um pigarro. Mesmo sabendo que aquilo ia acontecer, ouvir fazia parecer milhões de vezes pior.

– Você... Você o... Foi você que... – tentei perguntar, gaguejando e ele negou com a cabeça.

– Snape chegou na última hora e o matou. – flaou indiferente, enquanto eu arregalava os olhos. Snape? O mesmo Snape que Dumbledore jurou ser confiável? O mesmo que me ensinou Oclumência para me proteger? O mesmo que estava cuidando de Draco a pedido do diretor?

Não pude acreditar, meu estômago começou a embrulhar, aquilo não estava acontecendo.

– V-você tem certeza? – consegui perguntar em um mumúrio.

Draco acenou com a cabeça.

– Eu vi tudo. Ele roubou a minha glória, eu sempre soube que ele queria...

– Cala a boca, Draco! – berrei, ainda afetada. – Dumbledore não devia morrer, isso não devia estar acontecendo!

Finalmente tinha perdido o controle. Snape ter matado Dumbledore tinha sido a última gota. Comecei a falar tudo o que eu devia ter falado desde o começo do ano.

– Você foi um covarde, sim! Mas não por não ter matado o diretor e sim por ter cogitado a ideia! Por ter sido deixado levar por Voldemort e por esses Comensais nojentos! – Draco me encarava com uma face de incredulidade e seu cenho se franzia cada vez mais, ele estava ficando irritado.

– Você mesma disse que...

– Eu menti, Draco! Eu nunca quis matar Alvo Dumbledore! Ele é um bruxo melhor que qualquer um desses Comensais sonhariam em ser. Eu só queria que você não o matasse, queria te ajudar.

– Eu nunca precisei de ajuda! – ele exclamou exaltado e deu um passo ameaçador a frente.

O vento bateu no meu rosto e eu ouvia o assobio que ele fazia. Estava escuro e eu ouvia alunos berrando de longe, a escola inteira em caos. E ainda assim, Draco estava na minha frente achando que ele estava certo.

– Olha em volta, Draco. – falei, agora mais calma. – Era isso o que você queria?

Ele não me respondeu.

– Vem comigo, a gente pode proteger a sua família. Faremos o que Dumbledore falou. – eu soava cansada, eu sabia que exigiria mais para que ele se convecesse, mas estava sem forças para lutar. Eu queria deitar, dormir e fingir que nada daquilo tinha acontecido.

– Por que você não vem? Você já é uma Riddle, pode convencer o Lorde das Trevas que você...

– Ele vai me matar. Eu sou parente da família trouxa dele. Ele mata qualquer sangue-ruim, é isso que ele faz. E você está indo para o lado dele. – afirmei, com descaso.

Alguém por trás gritou o nome de Draco e eu suspirei. Ele não viria comigo. Ele iria embora e nós nunca mais iríamos nos ver. Tudo o que eu tinha feito para ficar ao seu lado tinha sido completamente em vão. De repente, me senti pequena e pateticamente inútil.

– Eu tenho que ir. – ele falou. – Vamos Lizzie, a gente pode fingir que você não é...

– Não. – falei de forma convicta, mesmo estando a um passo de simplesmente me jogar em seus braços e fingir que aquilo poderia dar certo e que Voldemort não me mataria na sua primeira oportunidade.

Draco fanziu a testa.

– Então tá, faça como quiser, espero mesmo que ele te ache! – ele exclamou, como fazia quando ficava irritado e as coisas não saiam do jeito que ele queria.

– E eu espero que você seja feliz. – soltei e vi o sorriso desdenhoso de seu rosto se esvair imediatamente.

Draco virou-se e foi embora simplesmente assim. Enquanto eu via seus cabelos loiros se perdendo na noite, eu simplesmente cai no chão e fechei os olhos, deixando a exaustão levar o melhor de mim.


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Notas finais do capítulo

Oooie, cap novo gente, penúltimo esse D:
No próximo eu termino e já encaminho pra continuação.
E ai, gostaram? ♥

:*