Slytherin Pride escrita por Gaia


Capítulo 38
Fantasmas




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Ah, aquilo era simplesmente ótimo. Como se não fosse bastante eu ter que ir atrás da Murta, cuidar de Draco e ainda me livrar das suspeitas de Snape, eu teria que falar com Peter pra ele fingir ser meu namorado por uma tarde. Boa Liz, quantas besteiras mais você podia fazer?

- Elizabeth. – Barão tentou me assustar por trás como sempre.

- Eu precisava mesmo falar com você, velho. – provoquei. O fantasma odiava quando eu o chamava de velho, ele dizia ser novo quando morreu, mas isso não queria dizer nada, ele já estava morto faz muito tempo.

Vi seus olhos translúcidos se revirarem e engoli uma risadinha de zombação.

- Não vou fazer nada contra as leis. – ele disse.

- Você parece um disco riscado. Já sei, Barão. – respondi. Ele sempre dizia a mesma coisa, como se eu fosse pedir pra ele matar algum aluno ou alguma coisa assim. Além do mais, ele tinha sido um assassino, o que era esse súbito desejo de seguir as regras? – Só quero saber se os outros fantasmas estão falando alguma coisa sobre o que aconteceu no banheiro.

- Eu achei que você saberia.

Neguei com a cabeça. Pra que ser amiga de um fantasma se ele não me dava esse tipo de informação útil?

- Eu e Draco tínhamos brigado... – mumurei insatisfeita. Esperava que quando ele acordasse já tivesse me perdoado e, então, poderíamos continuar com o nosso plano maligno e eu podia continuar fingindo que não estava tentando fazer ele mudar de ideia.

- Eu não quero saber sobre os seus dramas adolescentes. – ele me repreendeu. – Você está fazendo o que o diretor pediu?

Bufei, eu odiava quando Barão dava um de pai pra cima de mim. Preferia quando ele era simplesmente meu amigo e íamos assustar alguns alunos da Grinfinória, mas desde o começo do ano ele andava agindo como se eu precisasse de alguma proteção e aconselhamento.

- Sim! Para de me cobrar! – exclamei. – Dumbledore não vai morrer. – completei baixinho.

Não soube decifrar a expressão do fantasma, mas ele não sorriu e nem me encorajou. Será que eu estava falhando? Quer dizer, Draco não queria matar mesmo o diretor, ele só estava assustado. Mas será que esse medo era o suficiente para ele fazer uma loucura?

- Só espero que saiba o que está fazendo...

Revirei os olhos.

- Eu sei. – mas era óbvio que não sabia. Eu só estava seguindo meus instintos sem realmente parar para pensar em uma estratégia que funcionasse.

- Sei. – retrucou irônico, mas eu ignorei.

- Você podia dar um tempo e voltar a ser o fantasma assustador da Sonserina para nos divertirmos... – eu disse sugestiva. – Ou podíamos simplesmente brincar com o Pirraça.

Por alguma razão, Barão era um dos únicos, além de Dumbledore e os gêmeos Weasley, a quem Pirraça obedecia. O poltergeist tinha medo do fantasma por algum motivo que ele nunca me contou. Barão era bem recluso sobre o seu passado, apesar de eu saber bastante sobre ele por causa de rumores, ele só resolveu me contar que tinha matado Helena Ravenclaw e se matado em seguida no quarto ano.

- Pirraça anda mesmo irritante. – ele falou com um sorriso malicioso e eu ri, simplesmente amava encher o Pirraça porque era normalmente ele quem zoava todo mundo.

Por um momento, eu esqueci todas as minhas preocupações e simplesmente fui com o meu amigo me divertir um pouco. Me senti nos meus anos de inocência quando eu não tinha planos para assassinar ninguém. Aquela tarde foi como uma brisa de ar fresco em um dia quente.

Depois de fazer a vida de Pirraça um inferno e dar boas gargalhadas, decidi que teria que voltar ao mundo real. Teria que achar Murta e perguntar exatamente o que aconteceu e depois voltar para a ala hospitalar e não sair do lado de Draco.

É, a felicidade dura pouco.

Fui direto para o banheiro mais evitado de Hogwarts. Eu também nunca fui fã de fazer minhas necessidades com alguém soluçando na cabine do lado, então quase nunca fui naquele banheiro. Quando entrei, já ouvi o choro de Murta e fiquei imaginando se ela não cansava de ficar apenas se fazendo de vítima.

Quer dizer, Barão tinha se matado e se condenou a uma eternidade arrastando correntes em penitência, mas pelo menos ele superou e não ficava chorando pelos cantos. Gente assim me irritava.

Dei um longo suspiro e me aproximei.


- Murta... – chamei e os soluços abaixaram. Não sabia como iria ter que lidar com ela, mas imaginei que não podia ser mais dificil do que me relacionar com Draco.

A fantasma saiu voando rapidamente em minha direção, de forma abrupta. Manti o sangue frio, meus anos de amizade com Barão me ensinaram uma coisa ou outra sobre fantasmas.

- Você! – ela exclamou e sua aura translúcida pareceu agitar-se.

Me sentei, porque sabia que se ficasse de pé, teria que segui-la por onde quer que ela voasse.

- Eu. – murmurei.

- Você... Você é quem está fazendo Draco Malfoy sofrer tanto! – ela começou a berrar e movimentar-se freneticamente, abrindo torneiras como se fosse algum tipo de ameaça. Certo, o que ela ia fazer? Colocar a minha cabeça na privada?

Pisquei algumas vezes e tentei manter a calma. Draco não sofria por mim, ele sofria porque o maldito Voldemort iria matá-lo se ele não assassinasse o diretor de Hogwarts e ela sabia disso. Por que estava falando isso pra mim? Eu só estava tentando ajudá-lo...

- É... – tentei intervir, mas ela continuava berrando desaforos. Pensei em simplesmente ir embora, mas eu tinha saber se Draco tinha feito alguma loucura.

- Murta... – chamei, em vão.

Ela estava completamente descontrolada, me xingando e eu tenho certeza de que se ela conseguisse pegar coisas, ela estaria jogando-as em minha direção. Bufei, eu não podia usar nenhum feitiço e nem encurralá-la de nenhuma forma.

Lembrei do que Barão tinha me falado sobre ela... Ela tinha morrido aos 14 anos olhando para o basílisco e era da Corvinal. Ótimo, não sabia lidar com gente que não era da minha casa... Peter era a única exceção e mesmo assim aquilo iria acabar logo, já que eu tinha estragado tudo – como sempre -.

Respirei fundo e apontei minha varinha para a minha garganta.

- Sonorus. – murmurei. – MURTA!

Por causa do feitiço, minha voz ecoou por todo o banheiro de forma uniforme, quebrando alguns espelhos. Minha voz parecia sair das paredes de tão alta que ficou e eu tive que colocar as mãos nos ouvidos. Normalmente esse feitiço era feito para ambientes abertos, como nos jogos de quadribol...

- Ai, menina! – a fantasma reclamou, incomodada com o súbito barulho.

- Por favor, antes de continuar a me xingar, só preciso saber de uma coisa. – falei, calma.

Murta estava emburrada e claramente não queria nem olhar para a minha cara, mas eu não ligava. Ela era só uma pré-adolescente morta rabugenta, eu tinha lidado com coisas piores.

- Como se eu fosse falar alguma coisa pra você! – ela ralhou, bufando. Ainda tentando não perder a paciência, eu disse calmamente:

- Escuta, eu estou tentando ajudar o Draco. Eu só quero saber o que aconteceu de verdade para saber a gravidade da bronca que eu vou dar nele.

Me impressionei com a verdade saindo da minha boca. Eu costumava ser assim, antes de me tornar uma vaca manipuladora.

Murta me olhava incrédula, mas eu apenas manti meu olhar. Era verdade afinal, eu precisava saber se Draco estava pretendendo matar Harry Potter, porque aquilo seria mais grave do que apenas um duelo idiota.

- Por favor. – pedi sincera. Toda a minha recém adquirida aura Sonserina se esvaiu e eu era apenas Liz Miller; a sangue-ruim que tinha como melhor amigo um fantasma e que gostava de se perder pelo castelo.

A fantasma pareceu acreditar em mim, porque ela parou de tensionar os ombros e deu um suspiro.

- Foi horrível. – ela começou, voltando a resmungar como sempre fazia. Minha paciência estava simplesmente infinita naquela hora. – Draco estava chorando e ouviu Harry Potter, que estava espionando como um ratinho bisbilhoteiro.

Soltei um pigarro, eu achava que Murta gostasse de Potter. Ela contava a história como se fosse uma peça de teatro e choramingando sempre que podia. Era tão irritante que se ela já não tivesse morta, eu teria matado-a ali mesmo.

- Eles começaram a duelar e então... Então Potter soltou um feitiço horrível! Em todo o meu tempo aqui eu nunca vi coisa parecida! – exclamou. Franzi a testa, que raios de feitiço O Eleito poderia conhecer que nem um fantasma de Hogwarts conhecia? – Grandes e horríveis espadas apareceram e começaram a cortar Draco por todos os lados... Oh! Foi terrível! Terrível!

Espadas? Que po...

- Antes disso, Draco tinha tentando soltar a maldição da tortura, mas Harry foi mais rápido, sabe? De qualquer jeito... As espadas cortaram o corpo dele e tinha sangue por toda parte! Eu achei que ele tinha morrido!

Ok, talvez Murta estivesse exagerando. Que tipo de feitiço era aquele? E Draco estava pronto para soltar Cruciatus em Potter? Eu sabia que eles se odiavam, mas não tanto a esse ponto... Meninos são tão idiotas.

- Então, graças a Merlin, o professor Snape chegou. – é, porque eu chamei. Quer dizer, ele já estava perto o suficiente, eu tinha a sensação que Snape nunca realmente se afastava de Draco.

O resto eu sabia, não queria ter que relembrar da imagem de Draco nos braços de Snape, completamente inconsciente e cheio de sangue. Não culpava Murta por ter achado que ele tinha morrido...

- Obrigada, Murta. – falei e ela soltou um choramingo que eu não entendi.

- Aquele pobre garoto... – murmurou e eu acenei. Porque era verdade, quer dizer, um garoto de 16 anos sendo ameaçado de morte pelo bruxo das trevas mais poderoso do nosso tempo...

Pobre, pobre garoto.

- Eu ficarei de olho nele. – prometi, mas ela já tinha voltado a sua habitual cabine, choramingando e resmungando coisas inaudíveis. Me perguntei por quanto tempo mais Murta iria ficar presa em Hogwarts.

Eu certamente não sabia como funcionava essa história dos fanstamas que não “seguiam em frente”, mas tinha que ter alguma coisa melhor do que ficar preso na escola chorando pelos cantos.

Pobre garota.

Ter falado com os fantasmas naquele dia me fez perceber como a vida é frágil e cheia de arrependimentos. Por mais sarcástica que eu fosse, por mais imprudente e egoísta, no fim eu seria igual a todo mundo...

Todos íamos morrer e teríamos que lidar com as consequências dos nossos atos em vida ou em morte... Preferia não ter que ficar presa por Hogwarts.

- Que cara é essa, criança? – Barão me perguntou por trás e eu me virei.

- Me desculpa por te zoar por causa das suas correntes. – pedi de repente e ele franziu a testa, confuso.

Então, gargalhou e ficou um bom tempo apenas rindo de mim, esperando que eu me juntasse a sua diversão. Fiquei fitando-o com indiferença até ele parar e se aprumar novamente, voltando a ser aquela pessoa que impõe respeito apenas com o olhar.

- Por que isso de repente, Liz? – perguntou. Eu percebi o seu tom carinhoso e sorri.

- Acho que tive uma epifania.

Notei o esforço do fantasma para não cair na risada novamente.

- Certo. – ele murmurou e eu revirei os olhos. Ninguém nunca iria me levar a sério.

- Sério, nunca parei pra pensar no quanto isso deve ser difícil pra você. E eu sei que você odeia falar sobre o seu passado...

- Lizzie, o que houve? – Barão perguntou, agora seriamente preocupado. Ri com sua reação e ao mesmo tempo me senti mal. Quer dizer, era tão surpreendente assim que fosse uma pessoa boa para variar? Bom saber.

- Nada, esquece. Só... Merlin, me chama de Liz! – ralhei.

Ele sorriu e respondeu:

- A princesa voltou ao normal.

Mostrei a língua e ele arrastou suas correntes de forma irritante.

- Vem, vamos tirar Pirraça do candelabro, ele não pode estar lá quando Filch o achar ou sabe-se lá o que o velho é capaz de fazer. – afirmei.


Eu podia ter mais alguns minutos de diversão antes de voltar para a ala hospitalar e lembrar dos meus problemas, certo? Continuamos andando. Quer dizer, eu andava e ele flutuava.

Percebi que eu era só mais uma das muitas alunas que ele vira crescer. Quantos séculos Barão já tinha? Suspirei. A vida é tão frágil, não podia deixar uma coisa idiota deixar Draco achar que ele vai morrer e que tudo está perdido. Simplesmente não podia.

Draco não iria matar Dumbledore. Nem se eu tivesse que matar o diretor eu mesma. Foi naquele instante, andando devagar, apenas com o som das correntes se arrastando, que eu tive certeza absoluta que estava pronta para me sacrificar assim.


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Notas finais do capítulo

Oii gente ♥
Cap novo pra vocês hoje *-*
Pretendo terminar essa fic ainda esse ano, então esses caps são pra serem mais emocionais mesmo, mostrando outro lado da Lizzie
Gostaram?

Beijãao



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