Slytherin Pride escrita por Gaia


Capítulo 35
Ala Restrita




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– Quem você precisa matar? – Peter perguntou brincando, mas eu estremeci. Porque eu precisava matar alguém e de fato a ala restrita ia me ajudar a fazer isso, mas tentei ignorar o pensamento e rir com ele.

– Você tem ou não? – disfarcei, tentando soar descontraída.

Ele estreitou o olhar e me olhou com desconfiança, mas não insistiu. Peter era um bom amigo, no fim das contas. Ou talvez fosse porque ele gostava de mim, não sei e não me importava o suficiente para que deixasse a ética me impedir de conseguir o que eu queria.

– Tenho, claro. Agora se eu vou te emprestar, já é outra história. – ele disse e eu bufei. Teria que implorar? Ok, claro que teria que implorar.

– Ah, por favor, Pete, é importante! – pedi vagamente, não queria ter que dizer o motivo. Teria que inventar alguma coisa rápido e não fazia ideia do que dizer, afinal, por que eu iria querer ir na ala restrita? Eu nem frequentava a biblioteca normal...

– O que eu vou ganhar em troca? – ele perguntou e aproximou-se de forma maliciosa. Ah, ótimo, teria que vender meu corpo. Eu não era esse tipo de pessoa, claro, a não ser que ele fosse Draco, dai eu teria prazer em...

– Minha eterna gratidão? – falei antes que pensasse em mais besteiras desnecessárias.

Ele negou com a cabeça e se aproximou ainda mais. Por que ele estava tão perto de mim? Seu rosto estava perto o suficiente para que eu pudesse contar suas pintas.

– Você não sabe como é difícil arranjar uma autorização... – ele sussurrou no meu ouvido, agora a centimentros de mim. Peter exalava uma energia completamente diferente de Draco. Era quase como se eles fossem completos opostos.

Enquanto Draco era frio e misterioso, Peter mostrava-se ser audacioso e voraz. Eu não podia beijá-lo, mas o meu corpo não queria me obedecer, como fazia tantas vezes com Draco.

Ele estava aproximando-se ainda mais e eu não estava recuando. O que ele estava fazendo? Ele sabia que eu estava com Draco, eu já tinha o recusado. Ele não podia fingir que tinha esquecido, tinha sido minutos atrás. O que raios Peter estava pensando? E por que eu não estava me afastando?

Há cinco minutos atrás ele estava brigando comigo porque eu estava com o Malfoy e agora estava querendo me beijar?

Sem entender, não me mexi. Continuava estática enquanto ele se aproximava. Eu sabia que era errado, eu sabia que não queria, mas também sabia que aquela era o único jeito de conseguir um passe para a ala restrita. O meu lado sonserino falou mais alto e eu simplesmente deixei seus lábios tocarem os meus.

Não retribui, apenas fingir estar em completo choque – o que parte de mim estava -, enquanto ele me beijava. Peter era atraente, mas ele não era o Draco, eu simplesmente não conseguia fingir que aquilo estava funcionando. Ele percebeu que eu não ia retribuir tão cedo e afastou-se.

Sua face não demonstrava remorso e nem arrependimento, apenas um tom divertido de zombação.

– O que foi isso? – perguntei, fingindo inocência. – Eu acabei de te falar que eu...

– Não gosta de mim do mesmo jeito que eu de você, eu sei. – ele completou, ainda sorrindo. – Mas algum dia você vai cansar do Malfoy...

Quis dizer que aquilo não iria acontecer tão rápido e talvez nunca, mas eu ainda precisava da autorização. Eu sei, sou absolutamente abominável.

– Quando isso acontecer, você vai poder me beijar, mas agradeceria se não fizesse isso por enquanto. – falei, tentando ser gentil. Minhas tentativas sempre foram em vão, então essa não foi diferente. Sooei meio falsa, como sempre. Mas não liguei. Era Peter, ele iria me perdoar.

– Certo, certo, Miller. – ele concordou, achando graça e eu tentei não revirar os olhos. Então, ele remexeu na sua mochila e tirou um pedaço de pergaminho velho. – Aproveite.

Peguei o papel e percebi que era a autorização. Sorri, agradecendo-o e sai da biblioteca feliz pelo meu ótimo senso de responsibilidade, quer dizer, querendo ou não, pegar com Peter era bem mais ético do que me transformar em alguém e pedir para algum professor.

Eu tinha o beijado por uma boa causa. Ele tinha me beijado, quero dizer.

Fui atrás de Draco, que não foi dificil de encontrar. Ele estava sentado em uma das poltronas do Salão Comunal da Sonserina, lindo como sempre. Eu pensei em sentar em seu colo como Cece fazia com seus namorados, mas simplesmente não pude, quer dizer, ele provavelmente me acharia esquisita demais.

Sentei-me no sua chão, na sua frente e balancei o papel sorrindo. Draco o pegou da minha mão e ergueu as sombrancelhas, surpreso ao lê-lo.

– Devíamos ir hoje, enquanto Potter e seus amigos grudentos não estão aqui. – falei, fingindo indiferença, mas claro que eu estava feliz por finalmente ter feito alguma coisa certa.

Ele franziu a testa, acenando de leve com a cabeça.

– Como você conseguiu isso? – perguntou, já de pé.

– Peguei de uma mochila que eu achei na biblioteca. – menti prontamente. Achei que Draco não fosse cair nessa, mas ele aparentemente achava que eu era burra demais pra ter feito qualquer outra coisa mais elaborada.


Suspirei em alívio enquanto ele pegava minha mão e me conduzia para a biblioteca.

Tentei ignorar todas as coisas que eu estava escondendo de Draco, enquanto andávamos por Hogwarts. Não precisavávmos fingir que não estávamos juntos, porque quase todos os alunos do sexto ano estavam em Hogsmeade fazendo o maldito teste de aparatação.

– Ano que vem vai ser longo... – mencionei casualmente. Eu só estava pensando no teste de aparatação, mas o olhar de Draco me fez lembrar de todas as outras coisas. Claro que seria longo, estávamos trazendo Comensais da Morte para Hogwarts, Dumbledore estaria morto e sabe-se lá Merlin o que Voldemort iria fazer.

Eu ainda tinha esperanças que eu conseguisse fazer Draco mudar de ideia sobre matar o diretor, mas o tempo estava curto e parecia que não ia dar certo. Barão Sangrento certamente me daria uns sermões se soubesse que eu estava mais preocupada em ser a namorada de Draco do que estragar seus planos...

Mas francamente, eu não tinha mais nada a fazer, ele já estava completamente crente de que iria conseguir e absolutamente assustado por sua família também. Talvez na hora ele não fosse capaz, então só me restava esperar.

Quer dizer, ele tinha dito que ia simplesmente subir na torre de Dumbledore e matá-lo. Quais são as chances disso dar certo? Aquele velho era o melhor bruxo do mundo bruxo e eu já tinha o alertado.

– Você sabe que eu não vou estar aqui ano que vem, né? – ele perguntou, com a testa franzida.

Bufei. Ele tinha mencionado. Eu ainda achava que ele estava blefando, mas realmente tinha uma possibilidade daquilo acontecer, quer dizer, se ele matasse Dumbledore.

– Certo. – falei, irônica.

– Liz... – ele começou, cauteloso. Nunca tinha visto ele assim. Mas, de novo, eu nunca tinha o visto de vários jeitos, o único Draco que sempre fora familiar, era o grosso, frio e arrogante que todos faziam questão de seguir. Todas as outras facetas dele estavam sendo mostradas gradualmente, conforme ficávamos mais amigos.

Nunca imaginei que iria amar o Draco de verdade, não o da minha imaginação.

– Eu estou falando sério. – completou, totalmente sério. – Não vou poder estudar aqui depois que... Matar Dumbledore.

Você não vai matar o Dumbledore”, eu quis dizer. Não podia simplesmente jogar fora todo o meu duplo disfarce, então não falei nada. Dei de ombros, enquanto entrávamos na biblioteca.

Entreguei o papel de autorização para a bibliotecária que nos fitou com desconfiança, mas não nos impediu. Pegou uma chave velha e abriu uma porta meio escondida, e antes de entrarmos, mencionou que tinhamos apenas meia hora.

Olhei em volta, se eu achava a Sala Precisa sinistra, aquilo era mil vezes mais. Nas milhares de estantes, os livros estavam empoeirados e pareciam extremamente mais velhos que todos os livros que eu já tinha lido. Inclusive “Hogwarts, Uma História”, que parecia ter milhões de anos.

Nunca fui muito fã de livros, então tudo parecia extremamente perigoso e assustador, me perguntei quantos feitiços das trevas continham naquelas estantes.

– Vamos, temos que começar logo. – Draco disse e eu acenei, sem saber por onde começar. Não conseguiriamos achar um livro sobre um armário qualquer em meia hora.

Nos separamos e começamos a procurar incansávelmente.

Estava prestes a pegar mais um livro e morrer de tossir com tanta poeira, quando minha cabeça começou a doer de forma familiar. Seria mais uma memória vindo? Fazia tempo que eu não lembrava de nada do meu passado, então fiquei feliz ao abraçar a dor e deixar-me levar.

– Riddle! Pelo amor de Merlin, arruma isso direito! – um homem com uma face rabugenta exclamou.

– Já falei pra você não me chamar assim! Aquele velho que me colocou no orfanato mandou eu nunca mencionar meu nome real de novo... – murmurei, eu tinha dez anos.

– Você lembrou de como ele chama? – o homem retrucou.

– Não. Aquele desgraçado fez um feitiço muito bom de memória, eu não lembro nem da cara dos meus pais de verdade. Só sei que foram dois anos atrás e que ele me jogou naquele orfanato vagabundo. – ralhei, rancorosa.

– Sem mim você não teria lembrado de nada disso, então se apresse e faça o seu trabalho direito.

Mostrei a língua para o homem na minha frente e continuei a limpar o armário da loja.

– Sabe, Lestrange, você não me engana com o seu jeito mal. – falei. – O seu irmão e a mulher dele são bem piores...

– Não fala mal deles, pirralha! – o outro me cortou, de repente com uma cara de desespero.

– Você morre de medo deles, né? – provoquei, achando graça. Ele me ignorou, enquanto eu ria. – Escuta, Rabastan, quando eu vou poder ir para aquela escola de magia e aprender feitiços realmente decentes?

O homem chegou mais perto de mim e ficou de joelhos para ficar da minha altura.

– Já disse, quando você fizer onze anos. – ele sussurrou, olhando para os lados. – Mas Lizzie, não mencione essa escola quando Rodolfo e Belatriz estiverem aqui, ok?

– Eu sei, Rab, você fala isso todos os dias... Não sei porque é tão importante. – bufei e ele deu de ombros. Parecia confiar em mim.

– Se o meu irmão e a mulher dele souberem que quero te levar pra Hogwarts, eles provavelmente vão matar nós dois. – o outro respondeu por fim e eu estremeci. O que eles tinham contra uma escola de bruxaria, afinal?

– Por que? – perguntei, sem entender.

– Lembra que eu te disse que nós três trabalhamos para um bruxo muito poderoso? – Rabastan começou e eu acenei. – O único bruxo que pode detê-lo é diretor de Hogwarts e eles obviamente são de lados opostos.

– E por que você quer me deixar com esse diretor, então? Ele não é mal? Achei que o Lorde das Trevas que estava certo... – retruquei, com minha inocência de criança.

– Lizzie, lembre-se disso. Eu só trabalho para o Lorde das Trevas porque não tenho outra escolha, e eu tenho um objetivo maior com tudo isso. Eu não concordo com os ideais dele, por isso quero te mandar para Hogwarts, para que talvez no futuro você possa ajudar a detê-lo. – ele explicou e eu apenas pisquei.

Então, ele se aproximou ainda mais e colocou as mãos nos meus ombros.

– Você tem que me prometer que não vai contar isso pra ninguém. – pediu, me fitando fixamente. – Se alguém além de nós souber, podemos morrer, entendeu?

– Entendi. – concordei com medo. - Eu prometo que não vou contar pra ninguém.

– Ótimo, agora continua a limpar esse armário. – ralhou, levantando-se e eu sorri, confiando que Rabastan estava me levando para o caminho certo e me perguntando que ideais eram aqueles.”


Acordei em um dos largos corredores da ala restrita, com a cabeça apoiada no colo de Draco, que estava concentrado lendo um livro qualquer. Levantei-me em um salto, assustando-o. Todas aquelas informações que eu tinha lembrado eram muito relevantes para eu entender mais do meu passado, eu não podia esquecê-las.

– Você está bem? Foi mais uma lembrança? – Draco perguntou, levantando-se também.

– Sim! Rabastan Lestrange, Belatriz, Rodolfo... Esses nomes são familiares? Quem são essas pessoas, Draco?

Ele piscou algumas vezes e me respondeu indiferente:

– Eles são Comensais da Morte.

Claro que eram. Fiquei fitando-o, esperando por mais informações. Draco percebeu que eu não desistiria e começou a falar:

– Belatriz é minha tia e Rodolfo é seu marido. Rabastan é irmão dele, os três saíram de Azkaban dois anos atrás... Por que você quer saber?

Contei a minha memória para Draco, obviamente ocultando a parte que Rabastan dizia ser contra Voldemort.

– Por que você estava trabalhando na Borgin & Burkes com Rabastan Lestrange? – ele perguntou, como se eu soubesse.

– Não sei, nada faz sentido! – exclamei, confusa. Por que eu estava trabalhando na Travessa do Tranco com dez anos? Pelo menos aquilo explicava como eu sabia tanto do armário Semidouro, mas deixava dúvidas sobre todo o resto.

Odiei Dumbledore ainda mais por ter alterado as minhas lembranças e quis confrontá-lo para que me dizesse toda a verdade, mas sabia que aquilo seria em vão. Eu teria que descobrir sozinha.

De repente, estava muito ansiosa pela vinda dos Comensais da Morte em Hogwarts...


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Notas finais do capítulo

Oooie, cap novo pra vocêes
Um pouco mais do passado da Lizzie pra variar (:
Gostaram? ♥

:*
PS: todos os personagens mencionados existem, Rabastan, Rodolfo (que só aparecem nos livros) e a Bela, claro.



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