Slytherin Pride escrita por Gaia


Capítulo 3
Indignação




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- Antes de eu começar a falar, você não tem nenhuma pergunta a fazer? – ele perguntou com um olhar confortador. Meu medo estava passando, ele não era nada ameaçador. Mesmo sendo um dos mais poderosos bruxos da história, Dumbledore ainda conseguia transmitir bondade e humildade pelos seus olhos incrivelmente azuis.

“Sim”, pensei. Eu tinha milhões de perguntas, mas não sabia se nenhuma daquelas era a que ele queria ouvir. Então falei:

- Não, senhor. – minha voz saiu como um sussurro. O diretor provavelmente estava me achando patética, ridiculamente medrosa.

– Tem certeza? – ele perguntou erguendo as sombrancelhas por trás de seus óculos meia-lua.

Estava pronta para soltar outro “Sim, senhor.”, mas então pensei: “Essa é a minha chance. Finalmente posso descobrir porque raios eu sou a única sangue-ruim na Sonserina.”

- Na verdade… Eu gostaria de perguntar uma coisa professor. – dessa vez a minha voz saiu firme, pela primeira vez naquela conversa eu tinha certeza do que eu estava falando.

- Sim?

- É… - hesitei. Não fazia a menor idéia de como perguntar aquilo sem parecer uma completa idiota. – Eu sempre me perguntei se… Bem… Se eu deveria mesmo estar na Sonserina. Quer dizer, porque não tenho sangue puro.

– Ficaria surpreso se não se perguntasse isso. – Dumbledore disso com um sorriso, me surpreendendo.

Ele pousou as mãos em sua mesa e eu notei que uma delas estava extremamente preta, como se algo tivesse a queimado. Não ousei perguntar, não era da minha conta, mas me deu um péssimo pressentimento.

Mesmo assim, me concentrei e o fitei nos olhos novamente, percebi que ele estava mais velho e cansado do que nunca, fato que eu só não percebera anteriormente porque estava ocupada temendo-o.

– Eu deveria falar isso apenas no seu sétimo ano, mas devido as circunstâncias, não tenho outra escolha.

“Que circunstâncias?” quis perguntar. Quer dizer, eu entendia que Você-Sabe-Quem voltara, mas eu não ia sair de Hogwarts por isso, eu voltaria no ano seguinte. Então o que ele quis dizer com aquilo?

Como ele não continuou, eu acenei de leve com a cabeça, dando sinal da minha existência. Acho que ele esperava que eu perguntasse outra coisa.

– De qualquer modo. – Dumbledore continuou com o mesmo tom de voz. – Srta. Miller, você de fato tem todos os atributos de um aluno da Sonserina, é ambiciosa, astuta e com certeza tem uma sede por poder que guarda dentro de você. O Chapéu Seletor não erra.

De quem ele estava falando
? De Elizabeth Miller não era. Não mesmo.

Vejamos, eu não era nada daquilo, quer dizer, ambiciosa? A única coisa que eu realmente desejei na vida foi ganhar uma Firebolt
de natal, mas eu não consegui convencer meus pais de que quadribol era seguro e de que não tinha como alguém morrer jogando. Ou seja, obviamente eu também não era astuta. Sério, eu nem ao menos havia conseguido entrar no escritório do diretor sem passar vergonha!

Nem preciso comentar sobre o outro aspecto, certo? Sede por poder? Sede por poder
?!

- Senhor, me desculpe, mas eu certamente não tenho esses atributos. – afirmei.

- Como eu disse, o Chapéu Seletor não erra. Mas como você já deve ter notado a um tempo, ser da Sonserina também significa ter sangue puro. – Dumbledore continuou ignorando a minha intervenção, o que me deixou mais indignada ainda, ele nem me conhecia, não tinha direito de falar aquelas coisas sobre mim. Quer dizer, sendo quem era, acho que tinha, mas eu só pensei nisso depois.

Acenei com a cabeça, apesar de toda a minha indignação, eu queria ver onde ele chegaria.

- O que quer dizer, Elizabeth Miller, – tremi, ninguém nunca falava o meu nome inteiro. Só a minha mãe quando estava realmente brava comigo. – que você tem sangue puro.

Arregalei os olhos e o fitei novamente. Aquilo era algum tipo de piada? Me segurei ao máximo para não gargalhar, Dumbledore estava mesmo ficando louco como falavam.

- Certo. – me forcei a dizer quando percebi que ele não falaria mais nada. Então não aguentei, comecei a rir.

Eu sei, quem é idiota o bastante para rir na cara de Alvo Dumbledore em seu escritório? Ainda mais quando ele estava tão sério e falando de um jeito tão convincente? Eu deveria ganhar um prêmio por inconveniência.

Ele continuou me observando, provavelmente pensando quando eu pararia de rir para ele poder falar “Brincadeira!”. O que, convenhamos, não aconteceu. Na verdade, quando eu parei de rir, ele simplesmente disse com um sorriso:

- Que reação interessante.

Reação interessante
? Era isso que ele tinha pra me falar? Aquilo significava que ele estava me testando, só podia ser isso.

- Desculpe senhor, eu não entendi. – eu disse, agora séria. Se aquilo realmente fosse uma brincadeira, o diretor estava pior do que eu pensava.

- Obviamente que não. Srta. Miller, vou pedir para você se retirar, já está tarde e você deve estar cansada, amanhã continuamos nossa conversa, sim?

Ele só podia estar brincando.


– O quê? Não, por favor, me explica o que você… O que o senhor
quis dizer com isso. – falei aflita. – É verdade que eu não sou sangue-ruim?

Dumbledore me fitou com um olhar cansado. A culpa não era minha, ele que me falou uma coisa daquelas depois me mandou embora, qual era o problema dele afinal?

- Por favor professor. Não vou conseguir dormir se eu não souber a verdade.

Era a pura verdade, se eu ficasse com aquela dúvida na cabeça, provavelmente dormiria na primeira oportunidade na aula de Poções. Dumbledore não iria querer isso, certo? Ele seria bonzinho e me contaria o que raios ele ia me falar se eu não parecesse uma aluna estranha e paranóica.

- Certamente… Me desculpe, fui tolo ao achar que você não ficaria curiosa.

Se ele realmente achasse isso, por quê
me deixou curiosa? Dumbledore estava começando a me tirar do sério.

- Só para não te tirar uma boa noite de sono, vou lhe dizer que sim, é verdade. Você não é… Como vocês dizem? Sangue-ruim. – ele falou simplesmente.

Ah sim, agora eu teria uma boa noite de sono. Qual é?!


- Mas… Como isso é possível? Meus pais não são bruxos, senhor, eles nem sabem o que é quadribol direito.

O diretor suspirou.

- Isso é o que nós gostaríamos que você achasse. – ele disse, incrivelmente calmo. Como se revelar aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.

- Certo. – me forcei a dizer. O que mais ele ia me dizer? Que na verdade eu não sou bruxa? Sou uma vampira que brilha ou algo assim? – Então… Meus pais mentiram a minha vida toda fingindo serem trouxas?

- Não. A verdade Elizabeth, é que você não é filha de Peter e Ellen Miller.

Ergui as sombrancelhas, eu era a cara cuspida da minha mãe, aquilo não era possível. Até eu, que não era nem um pouco astuta, como Dumbledore sugeriu, sabia que eu não ser filha de Ellen era geneticamente impossível.

- O senhor tem certeza? – tive que perguntar, por mais idiota que fosse.

E ele riu. Obviamente, quer dizer, o que mais eu poderia esperar? Ninguém me levava a sério mesmo.

- Sim, eu tenho bastante certeza. – ele disse em um tom divertido, sorrindo com os olhos.

Como, na terra em que vivemos, aquilo podia ser divertido?! Ele havia acabado de dizer que meus pais não eram meus pais e estava se divertindo!

- Eu… Isso é sério? Como o senhor sabe? Então quem são os meus pais de verdade? Quer dizer, se isso for mesmo verdade, então por que o senhor só me contou agora? Por que eu cresci com outros pais e…

- Acalme-se Elizabeth. – ele me interrompeu, ainda sorrindo com os olhos. – Eu irei te explicar tudo quando você estiver pronta. Por hora, apenas direi isso. Boa noite.

- Mas… Eu não…

- Boa noite. – Dumbledore falou novamente, em um tom autoritário que eu não ousei desobedecer.

Por que ele fez isso comigo? Que tipo de pessoa fazia isso com qualquer outra pessoa? Era simplesmente… Crueldade.

De um jeito bizarro, eu senti na pele o que Harry Potter sentiu em todos os seus anos em Hogwarts. Quer dizer, eu ouvia falar que ele ia frequentemente ver o diretor. Se todas as suas conversas fossem assim, eu não sei como ele aguentava.

Eu estava devastada, tinha acabado de descobrir que a única coisa real na minha vida era mentira.

Eu sai da sala cabisbaixa e marchei, ou melhor, me arrastei até as masmorras, sendo escoltada por um monitor mal humorado, que por sinal, não me ajudou nada no meu choque emocional.

Cheguei no meu lindo salão comunal, que devo dizer, é o melhor dos quatro. Não que eu já tenha entrado em qualquer outro, mas há boatos. Enfim, entrei no dormitório e me cobri até a cabeça, desejando ao máximo que aquela conversa não tivesse acontecido e que eu acordasse a quelaquer momento.

Me senti como uma formiga insignificante, sendo observada a vida inteira por um par de olhos grandes e azuis, que se escondiam atrás de um rídiculo óculos meia-lua. Não me culpem, eu tinha acabado de descobrir que mentiram para mim a vida inteira, não importa se não foram os meus supostos pais, alguém tinha mentido para mim e isso era simplesmente imperdoável.

Não era como se fosse algo fútil, era da minha vida que estávamos falando. Se eu soubesse que era sangue pura desde o começo, talvez a minha auto-estima não fosse tão baixa, talvez eu tivesse algum amor puro por Hogwarts, talvez eu não fosse caçoada a vida inteira por sonserinos infelizes e talvez, só talvez, Draco Malfoy saberia da minha existência.

Não que isso tudo fosse importante, claro. Aparentemente, Dumbledore julgara melhor que eu ficasse a vida escolar inteira sofrendo, já que ele ia me contar apenas no sétimo ano, se não fossem as tais circustâncias misteriosas. Como se já não fosse suficiente tudo o que eu passei nos últimos anos.

Quando eu sair de Hogwarts, a primeira coisa que farei é matar o diretor e seu grande chapéu idiota, também irei amassar os seus óculos patéticos com os meus próprios pés. Isso por ser tão cruel e me fazer acreditar em coisas tão absurdas.

Como se isso ao menos fosse possível, eu matar Dumbledore. Eu nem consegui ser má com Pansy Parkinson sem me sentir culpada. Eu era realmente patética.

Agora ainda mais patética por ter acreditado que eu era alguma exceção rara que faria a Sonserina aceitar sangues ruins.

Após divagar longamente, eu finalmente consegui dormir, mesmo com a minha mente a mil. Apesar das infinitas perguntas sem respostas que eu tinha, fechei os olhos e me forcei a dormir, apenas para poder ter forças o suficiente para conversar com Dumbledore novamente no dia seguinte. Até tinha preparado um discurso em minha cabeça. O que não me fazia menos patética.

É, o ano seria realmente
longo como pensara.


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Notas finais do capítulo

Ooi, ai está mais um capítulo para vocês (:

Então, eu sei que alguns de vocês devem ter odiado a minha versão de Dumbledore, eu sei que está beem diferente, mas acho que o manterei assim, pelo menos por enquanto. Também farei isso em outros personagens, tipo, tentarei mantê-los fiél ao livro, claro, mas mudarei alguma coisa caso seja necessário no desenvolvimento da história, espero que isso não incomode vocês. D:

Enfim, espero que tenham gostado, muito obrigada pelos reviews do primeiro cap, fiquei tão feliz, parecia uma idiota toda vez que lia um novo. rs.

Beeijos, até. :*