Slytherin Pride escrita por Gaia


Capítulo 20
Coragem




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Desespero era eufemismo. Eu estava prestes a me jogar da torre mais alta de Hogwarts e ser comida pelos centauros de tanta angústia que eu sentia. E eu nem sabia se centauros são carnívoros, provavelmente não, nunca prestei atenção nas aulas de Trato das Criaturas Mágicas mesmo… 


De qualquer modo, eu estava completamente fora de mim só de pensar na idéia de que alguém sabia do plano do Draco… Se fosse um segredo meu, não estaria tão desesperada, mas era algo que valia a vida de Malfoy, não podia me dar o luxo de relaxar.

Jesse ainda me olhava com preocupação, então murmurei que iria pra enfermaria só pra ter certeza e sai do Salão Comunal. Cambaleando ao invés de andar, achei uma escada que não se mexia e me sentei, atordoada.

Fiquei pensando nas possibilidades. Talvez fosse Voldemort, então ele saberia que Draco não sabe nada das sabotagens e viria atrás de mim, não dele. De certo modo, era uma coisa boa, considerando que eu estaria morta…

Talvez fosse Snape, já que ele tentou entrar na mente de Draco para saber seu plano. Então ele poderia nos ajudar e Dumbledore acabaria morto, não eu.

E nas melhores das hipóteses, fosse o próprio diretor, para saber o que eu estava escondendo dele. Nesse caso, não me preocuparia, já que o máximo que ele descobriria é que eu não sei nada de oclumência e que minhas memórias estavam voltando.

Considerando que duas das hipóteses incluia uma morte e uma delas a minha, nada me satisfez e só me fez entrar ainda mais em pânico.

Por que eu não ouvi o diretor e aprendi a porcaria da oclumência? Boa Elizabeth, põe a vida de todos em perigo por causa da sua desobediência idiota. Brava comigo mesma, bufei alto e fiquei murmurando baixo, pensando no que faria.

Infelizmente tinha que falar pra Draco, não tinha medo dele, mas tinha certeza que esse fato acabaria com qualquer coisa boa que ele tenha sentido por mim. Bem agora, que as coisas estavam tão boas entre nós, quando descobri que ele realmente se importava…

A minha vida era isso mesmo. Frustação atrás de frustação. Acho que eu não deveria ter me metido na história de Tom Riddle pra começo de conversa…

Irritada com o modo que as coisas acabaram, levantei e andei pelo castelo, em busca de alguém da Sonserina que talvez soubesse quando Draco voltaria, eu apenas sabia que ele não tinha ficado para o ano novo.

Finalmente chegando nas masmorras, me veio a ideia de uma pessoa perfeita que saberia onde Draco estaria e não me trataria mal.

- Barão! – gritei no corredor, fazendo os quadros me xingarem. Já estava acostumada com o ódio deles, então nem liguei. Afinal, o que eles podiam fazer? Francamente, eles são pinturas.

- Barão! – berrei mais alto, quando percebi que o fantasma não estava aparecendo.

Fiquei me perguntando onde estaria meu amigo e me preocupei, ele nunca sumia assim sem avisar. Normalmente quando resolvia desaparecer por uns tempos, ele sempre me me falava, o que tinha acontecido?

Ótimo, mais uma coisa para me deixar angustiada, era justamente o que eu precisava. Entrei no Salão Comunal e rolei os olhos pelo lugar, não tinham sobrado muitos alunos em Hogwarts por causa do ano novo, mas como Draco era bem popular, não teria problemas em achar alguém que soubesse dele.

Estranhamente, -ou não- encontrei Crabbe em um canto resmungando sozinho. E apesar de odiá-lo, assim como todos os comparças de Malfoy, ele sabia que eu estava ajudando Draco –mesmo sem aprovar, porque ainda achava que eu era sangue-ruim-.

Então eu teria uma boa desculpa para ir falar com ele.

- Vincent. – chamava-o assim porque me parecia mais apropriado, sei lá, não queria sair chamando ele pelo nome que todo mundo o chamava, iria parecer que eu me importava…

Ele virou e me fitou com sua grande cara feia de trasgo. Ok, não me importava que ele era “amigo” do Draco, ele era mal comigo, então seria mal com ele.

- O que você quer, sangue-ruim? – revirei os olhos.

– Quando o Draco volta?

Crabbe bufou e revirou os olhos.

- Escuta aqui, deixa o Draco em paz, certo? Ele já cansou de ter que fugir de você o tempo inteiro. Ninguém quer a sua companhia! Ele mesmo disse que já não te aguenta mais.

Claro que ele disse, porque ele não poderia nunca admitir que pediu minha ajuda, que sem mim estaria morto. Porque eu sou só uma sangue-ruim idiota. Lógico. Como ele é egoísta, imbecil, hipócrita…

Controlada pela fúria, retruquei, com a voz alterada:

- Certo, então vou ficar longe dele e não contar uma coisa que pode salvar sua vida! E,  ah, não sou eu quem tenho que usar a poção polissuco para me transformar em meninas e encobrir o Malfoy!

Virei violentamente e sai batendo os pés de raiva, deixando um Crabbe bem raivoso, prestes a gritar e me xingar.

Bom, era verdade, Draco tinha feito eles tomarem a poção polissuco para se fingirem de outras pessoas quando queria cobertura para entrar na sala precisa. Ele não gostava de ficar pedindo a minha ajuda, então escravizava Crabbe e Goyle para fazer o trabalho chato que ele sabia que eu recusaria.

Eles não sabiam até que ponto eu sabia das coisas, mas eu tinha muita certeza de que eles não conheciam o plano completo.

De qualquer modo, eu estava brava por Malfoy mentir. Quer dizer, se fosse mesmo mentira… Até que podia ser verdade que ele não me queria mais por perto, mas se fosse assim, ele diria, certo? Não perderia uma oportunidade de me magoar…

Certo?

- Sangue-ruim! – ouvi Crabbe me chamando, aparentemente furioso. Me virei tentando me controlar. – O que é essa informação que pode salvar a vida de Draco?

Lógico que agora, depois de me ofender, ele iria querer saber a preciosa informação. Ótimo.

- Ele não se importa, certo? Nada que eu diga vai fazer diferença mesmo! Por que você quer saber?

Juro que pensei que ele fosse me bater ou soltar um feitiço imperdoável, vi seu rosto ficar vermelho e percebi que ninguém o confrontava assim. Talvez só Malfoy, mas era diferente, porque o privilégio de estar no mesmo círculo de amigos de Draco compensava todo o péssimo tratamento.

A minha rebeldia com ele era gratuíta, o que não o agradou nem um pouqinho.

- Cala a boca! – berrou pra mim e eu me afastei.

 – Falei alguma mentira? – perguntei. Qual é, se eu não tinha medo de Draco, teria de Crabbe? Por favor.

Ele bufava e murmurava, ficando cada vez mais vermelho. Se eu podia dizer uma coisa sobre Crabbe e Goyle era que eles eram muito burros, era muito fácil manipulá-los, ainda mais ganhar uma discussão.

– Você não devia falar assim com um sangue puro! – berrou, porque era seu único argumento. – Me fala logo!

- Não seria mais fácil se você simplesmente me falasse quando Draco volta invés de implorar pela minha informação? – respondi, calma. Era engraçado o quanto eu estava corajosa aquele ano, nunca falaria coisas como essas no quinto ano.

Crabbe bufou e simplesmente saiu andando. Dei um gritinho insatisfeita e virei para o outro lado, ele não iria arrancar nada de mim. Muito menos uma coisa que eu sabia que poderia ser usada contra mim no futuro…

Tive que esperar as aulas começarem para rever Malfoy, não era como se eu estivesse com pressa de ir contar que alguém sabia do seu plano e eu não sabia quem. Eu estava enrolando o máximo possível, porque simplesmente sabia que depois disso não teria volta, ele me odiaria pra sempre. De verdade dessa vez.

Nesse meio tempo, Barão ainda não tinha aparecido e eu tinha desistido de convencer Dumbledore de que Snape era do mal. Ele realmente era um velho caduco. Enfim. 

Teríamos aulas de aparatação e se eu não estivesse ficando louca por causa do plano de Draco, estaria ficando louca porque não faço a menor ideia de como aparatar e sabia que não conseguiria tão fácil.

Acredite, é mais díficil do que parece.

Encontrei Draco -junto com quase todos do sexto ano- se acotovelando na frente de um aviso que dizia:

Aulas de Aparatação:
Se você tem dezessete anos, ou vai completá-los até 31 de agosto, inclusive, poderá se inscrever em um curso de Aparatação de doze aulas semanais com um instrutor do Ministério da Magia.
Se quiser participar, assine abaixo, por favor.
Custo: 12 galeões


Ok, eles colocavam como se fosse opcional e ainda te mandavam pagar. E o pior, ter aulas com alguém do Ministério? Certo, isso parecia sensacional. Mesmo sendo revoltante, eu tinha outras coisas para me preocupar, como talvez avisar Draco que ele pode ser morto a qualquer momento…

É, isso era mais importante do que me sentir injustiçada pelas aulas. Esperei minha vez e assinei meu nome, ainda mantendo os olhos na cabeleira de Malfoy. Respirei fundo, como seria capaz de fazer isso?

Da última vez que eu tinha falado com ele tinha sido para agradecer por me encobrir com Slughorn e talvez, só talvez ele tenha ido me ver na enfermaria antes do ano novo, mas como podia ter certeza?

Estava quase suando frio, quando resolvi ir atrás dele e falar de uma vez o que tinha acontecido. Primeiro: desejar um bom ano novo de um jeito que não pareça que eu preferia tê-lo ao meu lado. Isso era fácil, fazia o tempo todo. Segundo: dizer que alguém tinha entrado na minha mente e provavelmente sabia de seu plano para matar Dumbledore e trazer Comensais da Morte para Hogwarts.

Eu estava ferrada.

Respirei fundo e disse, com uma voz que quase sumia:

- Draco…

Tinha certeza que ele ouviu, mas preferiu continuar andando. Continuei seguindo-o até ficarmos completamente sozinhos no corredor. Ele virou-se e eu percebi, na hora, que as férias não tinham feito nada bem para ele.

Se possível, Malfoy estava ainda pior, provavelmente ouviu muito de seus pais sobre restaurar a honra da família, se não do próprio Voldemort… Tentei não sentir pena, não deixar meus sentimentos interferirem. Eu precisava contar a verdade, precisava. Aquilo era muito importante para eu esconder por pura pena… Ou amor… Quer dizer, por pena, PENA.

- O que é? – ele perguntou, brusco. Percebi que algo tinha quebrado nele, aquele pouquinho de bondade que eu tinha restaurado talvez tivesse voltado de novo para as trevas de seu coração. Suspirei, não importava o quão ruim estivesse a situação, eu ajudaria, não conseguia ficar de fora mais.

- Feliz ano novo. – respondi, tentando me manter indiferente.

Ele não disse nada e só ficou me olhando como se falasse “e ai, o que você quer?”. O que eu queria era muito diferente do que eu iria fazer… Mas a gente deixa isso pra lá.

Realmente, estava acostumada com a grosseria dele, mas a gente não se via faz um tempo, eu realmente cheguei a pensar que ele seria um pouco mais simpático depois de tudo.

– Feliz ano novo. – ele disse, finalmente completamente a contra gosto, claramente só pra descobrir o que eu tinha a dizer.

Revirei os olhos. Então, assim, de repente, um novo tipo de coragem me consumiu. Não o tipo que me faria dizer da invasão da minha mente, mas outra coisa que eu estava pra assumir faz muito tempo. Antes que eu me arrependesse e minha coragem repentina sumisse, discursei:

– Escuta, se você quer me tratar mal, me trate. Eu entendo, tá legal? Deve ser super difícil pra você fazer tudo isso contra a sua vontade, tudo por causa da sua família. E eu saquei que Vold- Você-Sabe-Quem vai te matar caso não cumpra seu dever. Mas, Draco, eu estou tentando te ajudar, não percebe? Se continuar afastando as pessoas de você, vai…

- Vou o que?! – ele explodiu, já vermelho. – Acabar sozinho? Que diferença faz! Ninguém vai querer ficar comigo depois do que eu fizer mesmo! E eu também não quero ninguém! Não preciso de ajuda, nem de ninguém!


Era engraçado como ele vivia dizendo que não precisava de ajuda e sempre me pedia… Mas algo naquela resposta me tocou. “Ninguém vai querer ficar comigo depois do que eu fizer mesmo.”

- Eu vou. – pensei alto, percebendo segundos depois o que eu tinha dito e corando imediatamente. Então, me dando conta que eu não tinha nada a perder, continuei, porque sabia que no dia seguinte toda aquele minha coragem –ou burrice- ia desaparecer. – Draco, eu iria querer ficar com você mesmo se você fosse o próprio Você-Sabe-Quem.

Draco simplesmente ficou me fitando, como se não acreditasse no que tivesse ouvindo. Bom, se eu não tivesse me ouvido, também não acreditaria…

- E nem precisa me dizer, eu sei que eu sou a última pessoa do mundo com quem você pensaria em ficar, mas saiba que eu não vou a nenhum lugar. – continuei, porque eu sentia minha cara de pau esvairando aos poucos.

– Não me importo que você seja orgulhoso demais para pedir a ajuda de Snape, não me importo se nós realmente conseguirmos matar Dumbledore, – ok, talvez eu me importasse um pouquinho com isso, mas ele não precisava saber e eu estava inspirada. - não me importo que você tenha vergonha de mim e fale mal pelas minhas costas. Só te peço que não tente me afastar, porque isso não vai acontecer…

Depois de abrir meu coração assim, o mínimo que eu esperava era que ele me disesse  que me ama e corresse para me beijar e ai viveríamos felizes para sempre. Certo, estou exagerando… Ou não.

Draco simplesmente abaixou a cabeça, obviamente não queria que eu visse seu rosto e ficou em silêncio por um tempo.

Achei que ele ia sair andando e me deixar ali, pronta para me jogar para o Salgueiro Lutador e morrer.

Mas não, ele ficou ali, com a cabeça abaixada, completamente em silêncio. Pela primeira vez, foi um vazio confortante, necessário…

Então, após um longo tempo, ele disse:

- Obrigada. – e se aproximou.


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Notas finais do capítulo

Heey, *apanha
Ok, perdão mil pela demora, mas como eu disse, estava viajando! Me perdoem por essa! Agora que as aulas vão voltar, vou continuar demorando um pouco, mas não abandonarei jamais (:
Espero ter compensado minha demora com o cap! Hahah
Gostaram?
Comentem, comentem *-*
Beeijão :*



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