Doce Sonho escrita por Choko


Capítulo 8
Capítulo 8 : A proposta.


Notas iniciais do capítulo

É, eu demorei pra postar...mas espero que gostem do capítulo. x)



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Capítulo 8: A proposta.

A estranha lua disposta no céu combinava perfeitamente com seus olhos, vermelhos como sangue, que me fitavam intensamente quase sem piscar, fazendo um arrepio leve percorrer por meu corpo.

Pisquei repetidas vezes desacreditada não só com a cor do astro no céu, mas também com quem estava a me segurar, impedindo minha queda. Se ele não estivesse ali me sustentando, provavelmente meu fraco corpo teria caído no chão, e eu mal teria forças para levantar, pois havia perdido uma quantidade razoável de sangue.

Assim que vi a lua tornar à sua cor natural, respirei mais calma. Não estaria eu tamanho o desespero começando a ter alucinações? Mas aquele olhar dele ainda me incomodava, de tal forma que virei o rosto para não mais fitá-lo.

–Estava aqui o tempo todo, não é? Kazama-san... -comecei , quebrando o silêncio.

Ele sorriu, um sorriso malicioso que eu mais considerava assustador. Me perguntava o que se passava em sua mente no momento ou o que ele planejava agora.

–Onde estão aqueles cães que sempre estão ao seu lado? Não vieram latir hoje? -disse, com certa ironia.

Nada respondi, ainda evitando encará-lo . Tentei sair daquela posição e me erguer sozinha, me desvencilhando de seu braço. Mas logo que dei os primeiros passos desajeitados , perdi o equilíbrio e cai ajoelhada no chão, exatamente na poça de meu sangue.

Assim, a parte inferior branca de meu quimono terminava de manchar com o mais vibrante vermelho.

Não que eu me importasse com isso naquela hora. Haviam outras coisas que estavam me preocupando. Sentia muito medo, insegurança, o que era maior que a pequena ponta de felicidade que tive quando fui salva. Era como se agora estivesse nas mãos de um lobo que poderia logo me devorar.

Era certo que nunca me senti segura na presença dele. Ainda mais com suas consecutivas tentativas de me seqüestrar. Agora sem o Shinsengumi nada lhe atrapalharia e ele poderia fazer o que quisesse comigo. E eu, como sempre, patética, não poderia fazer nada para impedi-lo.

–Esses humanos poderiam ter lhe matado se não fossem tão fracos. -concluiu.

Fiquei silenciosa mais uma vez, perdida no desespero que começava a tomar conta de mim conforme imaginava o que de ruim ainda poderia acontecer. Passei a observar vagamente a deserta rua do centro de Edo, tentando me afastar daqueles pensamentos.

Voltei em seguida minha atenção aos corpos daqueles homens, agora dispostos ao chão, mortos, silenciosos. Eles não poderiam me fazer mais mal algum. Pensava em como era incrível a lâmina de uma espada poder silenciar as pessoas dessa forma.

Talvez se...eu soubesse manusear bem alguma espada, nunca teria me encontrado com eles. E minha vida não estaria tão sem rumo como agora.

Mas, não era isso que importava no presente momento! Mesmo não o vendo, bem próximo à mim sabia que ainda estava aquele oni. E ele sim estava bem vivo e poderia muito bem fazer algo, mesmo que até o momento estivesse só amigavelmente à conversar comigo.

–Sabe, Kazama-san...não estou mais com eles. E mesmo que quisesse não poderia estar. -respondi-lhe, tentando não apresentar pela voz meu aparente temor.

–Finalmente percebeu que nunca fez parte desse mundo dos humanos?

–Não...isso é porque...é porque...

Minha fala foi sumindo. Eu teria que falar isso de uma forma ou outra e estava receosa se aquilo poderia me condenar ou não ainda mais. Respirei fundo e tentei me concentrar na escolha das palavras certas, prova de que falar aquilo ainda era difícil para mim.

–Kazama-san...eu...eu... - começava a ficar mais aterrorizada do que antes, e passei a tremer um pouco tamanho o desespero da confissão.

Talvez se eu falasse isso, nem para ser seqüestrada servisse mais, uma vez que ele só tinha interesse em alguém com sangue forte para que gerasse seus herdeiros. Ele poderia me rejeitar, ou simplesmente me matar por ódio do que eu carregava.

Mas se tinha começado com isso, não poderia parar agora, por mais que quisesse.

–...eu estou...grávida.–a palavra principal saíra mais baixo do que esperava, quase em sussurro.

Ele repetiu em seguida, como se quisesse a confirmação do que acabara de ouvir.

–Grávida?

–Sim... de Hijikata-san...

Dito isso, comecei a tremer, amedrontada e com o coração a bater rápido, quase saindo pela boca. Segurei o tecido manchado de meu quimono, como se quisesse descarregar nele todo o medo que sentia.

Seus olhos vermelhos pareciam furiosos a me fitar, com os punhos cerrados parecia estar se controlando e tentando decidir o que falaria a seguir.

– Esperando...um filho...daquele bastardo... - as palavras foram carregadas com bastante ódio. E para alguém como ele, talvez fosse um crime tão grande que merecesse a morte. Eu já devia esperar por isso - Um sangue imundo como aquele misturado com um sangue puro...o que for nascer disso...

–S-si-sinto muito!! -exclamei automaticamente, quase em lágrimas.

A reação dele seria mais que esperada. Claro, ele me repreenderia com palavras, possivelmente me humilharia o suficiente para eu me arrepender até de minha existência e depois daria um fim a minha vida da maneira que quisesse.

Trágico até. Vislumbrava minutos antes meu possível fim.

Mas, minutos se passaram. De forma tensa, sofrível e dolorosa, como uma verdadeira eternidade. E ele nada fez ou falou. Quando estava quase a desmaiar de tanto pavor , ouvi finalmente sua voz:

–Proponho um acordo.

Fiquei estática, até processar bem suas palavras. Ele não poderia estar falando aquilo!

Me virei rápido, desacreditada com o que acabava de ouvir. Ainda estava ajoelhada no chão e tive que esguer um pouco a cabeça até reencontrar aquele par de olhos avermelhados.

–Como?! -foi só o que consegui dizer.

Ele não ia me humilhar, não ia me espancar e nem me matar?!E sim, ele estava me propondo...um...

–Eu deixaria você viver comigo, e com outros onis também... -continuou.

Fiquei esperando ele terminar de falar. Agora meu coração batia rápido, mas não era de medo, era de ansiedade.

–...e deixarei você gerar esta coisinha... –deu ênfase na palavra que referia à meu filho- ...contanto que...

Engoli seco. Ainda tinha aquela condição a ser imposta. Eu sabia que vinda dele a proposta teria que ter ao menos alguma condição.

Nada vem de graça neste mundo, afinal.

– ...o próximo filho que gerará , terá de ser meu. -concluiu por fim.

A frase me passou repetidas vezes pela cabeça, em poucos e fracionados segundos. Eu esperava de certa forma que ele propusesse algo do tipo. Kazama-san provava mais uma vez que ainda não havia desistido de ter um filho mais forte que ele. E... até que ponto isso importava em sua vida?

Eu ainda não entendia bem a importância disso para ele, para os onis e nem sequer me considerava parte dessa raça. Mas era justo esse sangue, que ora ou outra eu negava, que corria em minhas veias e que determinava meu destino. Era justo isso que agora me salvaria.

Mas...por que meu coração está doendo?

Talvez esteja indo contra meus princípios? Eu sempre imaginei que terminaria com alguém que amasse ou que minimamente me fizesse sentir gratidão. E não...com um homem apenas por não ter escolha. Um contrato frio e sem sentimento.

Eu continuo a sentir dor, mas as lágrimas não podem cair.

Devo permanecer forte. A condição é pequena perante o que eu teria em troca. Minha vida tomaria algum rumo, além dos portões da base do Shinsengumi.

Sem escolha, não pensei mais e exclamei em resposta:

–Aceito sua proposta!

Continua...


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Notas finais do capítulo

Para a decepção de alguns e felicidade de outros...era o Kazama! xD
Eu não gosto muito dele mas...a fic teria que tomar esse rumo...desde o começo...
Bem, pensem no lado bom. Que graça teria se o casal principal ficasse logo de cara junto? T.T
Ah, sim. Acho que agora esta fic anda. A parte em que a Chizuru começa a descobrir sua...verdadeira natureza. E é melhor a autora parar de digitar antes que dê spoiler!
Vou trocar de pc e agora não vou ter que dividir mais este com meu pai. O que é bom porque não vou ter que escolher horários muito estranhos para postar.
Aviso também que vou começar a postar aleatoriamente. Isso pode ser bom (pode vir mais de um capítulo por semana) como pode ser ruim (podem passar mais de duas semanas sem um). É relativo. E minha ispiração andou me abandonando um pouco, foi mais difícil do que eu esperava fazer esse pequeno capítulo.
Não condenem a autora. Vocês se são também ficwritters devem saber como é... ¬¬
Obrigada também por todos os reviews e apoio que me dão!
Saibam que isso é fundamental e me anima escrever até quando estou sem pique!
Bjss!
E até a próxima! (sabe se lá quando isso)