Aproximei-me dos dois. Luke estava envergonhado. Ela estendeu o papel para ele e disse:

- Toma meu celular meu nome é Steph.

- É mesmo? Seu nome vai ser “falecida” se não sair daqui. – eu disse. Ela ficou me olhando enfiando o papel na cara dele. O peguei e rasguei em milhões de pedaços. – O único lugar que alguém vai ligar pra você, vai ser o médico para ver se sua medicação para dor está boa!

   Ela fez cara de “Petrova Feelings” e saiu rebolando. Vai rebolar essa sua bunda de coelho lá pro quinto dos infernos, dada! Retardada! Burra! Nojenta! E agora o pior xingamento do mundo: Petrova Feelings!

- Sério? Que criancice, Rachel! – ralhou comigo imitando o que eu tinha falado.

   Dei um sorriso amarelo.

- Ciúmes. De mim? Desde quando? – perguntou ele imitando-me mais uma vez.

- Não tenho ciúmes. Só não fui com a cara dela. Vai dizer que você foi com a cara dela. – ele não respondeu. – Você FOI com a cara dela! – acusei enfiando o dedo na sua cara.

   Ele riu.

- Eu não falei nada! – defendeu-se.

-É por isso mesmo. – quis socar a sua cara. Estava com os papéis na mão e a caneta. – Segura rapidinho aqui pra mim, por favor?

   Ele pegou.

- Eu vou querer dois pães de queijo, um café, um suco de uva e uma bala de menta. – disse eu.

   Eu peguei o pedido e fomos nos sentar em uma mesa longe de todos. Peguei os papeis e coloquei ao meu lado. Ainda estava muito irritada com Luke.

- O que foi Rach? – perguntou ele dando uma mordida em seu pão de queijo.

   Não respondi.

- Rachel? – tentou novamente.

- Oi? – disse cínica.

- Tá bom. Não quer falar não fala.

- Não é nada. É sério! Só estou tentando pensar em uma letra de música.

- Que banda? – perguntou ele.

- Nenhuma. Eu tenho que criar algumas letras de música para gravar.

   Suspirei.

- Tudo bem. Qual é a sua inspiração.

- No momento? – perguntei. – Você. Principalmente.

   Não foi um elogio, mas se ele acha que foi... Quem sou eu para julgar?

- O.k. Por essa eu não esperava. Hmm... Então vai, tenta compor alguma coisa me tomando como inspiração.

- Se eu compor tendo você a inspiração, não vai sair coisas boas. – avisei.

   Ele deu de ombros.

- Você que pediu. – disse.

   Peguei o papel e comecei. As palavras fluíam como se tivessem vida própria.

Já pensou ter o sol,

E não poder tocá-lo?

Ter a lua,

Mas não poder admirá-la?

Olhar para as estrelas,

E não poder fazer pedido algum?

Tudo o que passamos,

Não foi segredo para ninguém.

Estou cansada de ficar para trás.

Sempre como uma segunda opção.

Você me machucou,

Não ligou...

Mas apesar de tudo,

Ainda te amo.

Dói pensar que pra você,

Não passo de uma amiga.

Olhar para você com outra,

Me faz querer morrer.

Arde e dói pensar que pra você,

Não passo de uma amiga.

Que foi boba em pensar te ter

Por um segundo.

Fui burra e boba,

Por pensar que tudo o que você disse era verdade.

Já pensou ter o sol,

E não poder tocá-lo?

Ter a lua,

Mas não poder admirá-la?

Olhar para as estrelas,

E não poder fazer pedido algum?

Tudo o que passamos,

Não foi segredo para ninguém.

Já estou cansada de ser segunda opção.

Fui burra e boba,

Por pensar ter o sol em meus braços me aquecendo.

As estrelas iluminando minha noite,

E a Lua a me olhar.

Você me machucou,

Não ligou...

Mas apesar de tudo,

Ainda te amo.

Dói pensar que pra você,

Não passo de uma amiga.

Olhar para você com outra,

Me faz querer morrer.

Sinceramente,

Todas aquelas juras de amor,

Não valeram nada.

E só me mostraram,

O quão falso você foi.

Dói pensar que pra você,

Não passo de uma amiga.

Olhar para você com outra,

Me faz querer morrer.

   Terminei, só que dessa vez eu não sorri. Entreguei o papel a Luke.

- Nossa! Dói pensar que para você, não passo de uma amiga?

- É. Poxa, você me tratou como uma amiga e eu não sou sua amiga. Eu sou a sua melhor amiga. Senti-me um verdadeiro lixo. – menti.

   Aquela frase significava que dói pensar que para ele não posso ser MAIS do que uma amiga. E que olhar para ele com outra, faz-me querer morrer. Mas, eu nunca falaria isso para ele.

- O que eu disse sobre a história de te amar, foi verdade. – sussurrou.

- Mas para mim pareceu que você estava falando para outra pessoa. – admiti. – Como se eu realmente fosse “A” estranha!

- Mas você não é. E eu...

   Fomos interrompidos pelo meu celular vibrando.

- Alô?

“Rachel?” perguntou uma voz muito conhecida.

- Quem é? – perguntei para ter certeza.

“Aqui é o seu pai. Tudo bem?”