- Ai, amorzinho! Você é super engraçado! – ela repetia mais grudada do que chiclete no braço de Luke que ria sem humor. Ele estava feliz e isso me irritava... Não sei o por que!

   Um bando de garotas que estava correndo na direção dos dois. Petrova, nojenta como sempre, se escondeu atrás de Luke e ficou ali alojada como um bicho do mato, enquanto ele dava autógrafo e tirava fotos sorridentes com todas elas.

   Lágrimas invadiram meus olhos. Que ódio dele. Os olhos azuis de Luke encontraram o livro que ele tanto procurava na vitrine. Afastei-me entrando na livraria. Peguei o primeiro livro que vi pela frente e fingi começar a ler. Luke parou e ficou olhando para a vitrine vidrado. Continua sendo o mesmo nerd de sempre!

- Vamos entrar? – consegui ouvi-o perguntando à sebosa.

   NÃOOOOOOOOOO!

- Claro. Porque não! – respondeu ela com a voz mais perto.

   Eles entraram e eu consegui ouvir o barulho que o salto agulha de Petrova fazia na madeira da loja. Olhei por baixo do braço e vi que suas mãos estavam entrelaçadas e o diamante no dedo de Petrova brilhava muito.

   Ele falou alguma coisa no ouvido dela e ela riu suave. Eu fui tão burra de pensar ter uma chance com um cara tão superficial quanto à própria namorada. Suspirei. Senti-o caminhando e parando ao meu lado. Fiz uma cortina de cabelo separando-me dele.

- Com licença, - droga! – você sabe se já chegou a coleção nova de...

- Não! – interrompi com a voz mais fina do que o normal. – Não trabalho aqui.

   Recoloquei os óculos e afastei-me dos dois. Caminhei por entre as pessoas e cheguei até a área onde ficavam meus livros preferidos. Peguei um que tinha sido acabado de lançar, um que era velho, um de Sheakspear, um de um autor brasileiro e me encaminhei até o caixa. Para o meu azar, as pessoas da minha frente eram Luke e Petrova. Voltei e caminhei para o outro que estava menos cheio.

   Paguei com o cartão e saí dali antes que pudesse ser vista. Joguei o Milk-shake já terminado no lixo e paguei o ticket do estacionamento. Entrei no elevador torcendo para chegar logo, quando um braço impede que a porta se feche. Queria correr até o outro lado do elevador e apertar o botão de fechar a porta, esmagando aquele braço. Abaixei a cabeça.

- Oh, desculpe-me. – sussurrou ele.

- Uhum... – respondi indiferente.

- A propósito, Luke Malory. – disse ele novamente.

   Ah, o meu nome é ‘se-não-calar-a-boca-vou-arrancar-seus-dentes’!

- Ra...vena J...ordan. – imitei uma voz mais fina. Quase falei meu nome para ele.

- Hmm... – respondeu.

   Por meio segundo, esqueci-me de que a Barbie Vagaba estava conosco.

- Oi! – disse ainda de cabeça baixa. – Você é a garota mais bonita do filme ‘All I Have’, sabia? – tentei puxar o saco. Ela colocou o cabelo para trás e sorriu.

- É, eu sei! – respondeu olhando as unhas.

- Nossa! – disse saindo do elevador que havia chego. – Prefiro você nos filmes.

   Petrova arregalou os olhos e abriu a boca. Ela ia falar algo, mas a porta fechou a cortando no meio da frase que foi algo do tipo: “Sua filha da...” é NEM nos filmes!

   Não sei o que é pior. Ser quase chamada de filha da... Mãe, ou ver o cara que você gosta, amando. Acho que a última opção é a pior, realmente!

   Liguei o rádio e peguei o começo da música “We R Who We R” da Ke$ha. Aumentei o volume conforme fui saindo do estacionamento. As pessoas me olhavam, mas quem liga? Eu não!