Tinha acabado de chegar em casa quando o telefone toca. Atendi sem nem raciocinar.

“Vicky?” disse uma voz conhecida. O pelo de meu braço se arrepiou todo.

- Pai? – perguntei.

   Houve silêncio do outro lado e um ofegar.

“Rachel?” meu pai perguntou. “Sua mãe está?”

- Não. – respondi grossa. – Porque ligou?

“Queria saber como vocês estavam!” disse ele.

- Pois é, você está oito anos atrasado!

“Eu sei. Perdoe-me.”

- Pelo quê? Fugir de casa? Deixar-nos sozinhas aqui? – perguntei irritada.

“Desde quando você é tão grossa comigo?” ele perguntou.

- Desde que deixei de ser idiota.

“Hmm... Posso falar com sua mãe agora?” perguntou novamente.

- Não. – disse curta e grossa. – Ela está muito bem sem você. – respondi. O que eu tinha para falar para ele estava entalado na minha garganta. Ou eu tirava agora, ou não ia sair nunca! – Porque você não nos deixa em paz? – perguntei.

“Não. Eu sei que perdi oito anos da sua vida e quero recompensar por isso!”

- Mas, eu não quero. Vivi sem você por oito anos, posso viver mais dez! Me deixa em paz! – disse desligando o telefone sem ouvir resposta.

   Subi as escadas, mas antes passando na dispensa e pegando a comida de Cooper e Wednesday.

- Ô droga, porque tudo acontece comigo. Tudo, tudo... – cantarolei abrindo a porta do quarto e trocando a roupa por um pijama. Verifiquei a caixa de mensagens em meu laptop e sorri. Trevor havia me mandado a foto de Petrova beijando um cara musculoso e moreno.

   Ela se danou.

- Boa noite Winnie! Boa noite Cooper! – disse os colocando em minha cama.

   Nem percebi que eles dobraram de tamanho desde que chegaram. Uau! Essa comida é poderosa!