Eu Beijei o Cara Errado escrita por FuckerNumber91


Capítulo 11
Algumas Certas Verdades


Notas iniciais do capítulo

Música Tema (That's How You Know): http://www.youtube.com/watch?v=TF2-yX5q19A&feature=related


VIRAM, POSTEI RÁPIDO! HAHA.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/111880/chapter/11

Capítulo 10: Algumas Certas Verdades

Música Tema:That's How You Know

            Joe continuava cantando Get Back na TV.

            Só que eu não estava aproveitando. A idéia de ter magoado Sterling oprimia toda a felicidade do gesto de Joe. Então, eu tive de dar uma última olhada no meu futuro namorado e sair correndo pelo shopping atrás do meu novo amigo.

            Talvez novo melhor amigo, mas eu nunca abriria a boca pra contar isso a Nick. E Sterling teria que se abrir um pouco mais para isso, é claro.

            Ele estava no estacionamento.

            -Pare! – berrei. Sterling me olhou completamente surpresa. – Me desculpe, ok? Eu não quis te ofender. É que você sabe tanto sobre mim e parece que eu não sei nada sobre você... Quero dizer, nada além do que eu já sabia antes da clínica... Só sei o superficial. Eu quero que você seja meu amigo, sim. Mas você precisa me contar mais coisas, como eu conto a você.

            Sterling deu sinais de um sorriso, mas esse não apareceu. Sua cara continuava surpresa, mas também preocupada.

            -Você está perdendo todo o gesto de Joe, você sabia disso, não sabe?

            -Ah. Isso. Mamãe deve estar gravando em casa. Eu poderei assistir quantas vezes puder. Mas talvez eu só possa me redimir com você agora.

            E aí, somente aí, ele sorriu.

            E eu tive de sorrir junto.

            -Entra no carro. – ele disse. Eu franzi a testa. – Ué? Mudou de idéia quanto a ouvir a minha história?

            No segundo seguinte já estava esperando que ele destrancasse a porta. Ele abriu e nos sentamos. Esperei pacientemente que ele começasse. O carro começou a andar. Certo, íamos dar uma volta enquanto conversávamos.

            -Fui eu quem terminou com ela. – ele disse com um ar pesado.

            -Então por que ela... – ele me cortou.

            -Porque eu disse a ela pra que fizesse isso. Eu preferia muito mais parecer o abandonado do que... bom, do que a verdade. – Sterling deu de ombros. Sua expressão era cansada de repente. – Eu a conheci a um ano atrás, algo assim. Foi num evento desses de moda que a minha mãe tinha me obrigado a ir. E lá estava ela. Ela geralmente chama a atenção de cada homem num raio de 10 quilômetros, mas naquele momento, eu realmente não a notei. Estava tão distraído que ela era qualquer uma pra mim.

            Eu não piscava, com medo que perdesse alguma coisa.

            -Só que, talvez por eu não tê-la notado, ela me notou. E ficou jogando charme pra mim durante meses. Deus, eu realmente pensei que ela estivesse apaixonada. – ele riu como se a idéia fosse ridícula – Eu não vou dizer que sou muito diferente do cara que eu era. Eu só era mais... Como dizer? Eu me impressionava fácil. A esperança de que Trish Tunner fosse apaixonada por mim me deixou doido. E eu comecei a adorá-la como a um anjo.

            A maneira que ele falava me fazia sentir mal...

            Escárnio. Ele falava com escárnio de si mesmo.

            Nossa. O que ela fez a esse pobre homem?

            -Um dia ela veio diretamente até mim e disse que eu era exatamente o tipo dela. E foi mais ou menos ai que começamos a ficar. Cada vez mais eu estava apaixonado e ela... Bom, ela sempre era ela. Se você acha que modelos são burras, Demi, está completamente enganada. Elas são um dos tipos de pessoas mais espertos. A diferença é que são fúteis. Vamos dizer que não usam a inteligência para o bem, só para as cutículas. Caso eu esteja traumatizado, por favor ignore. – eu sorri nesse ponto. Um pouco, mas sorri. – Enfim... Contudo, ela estava se enjoando. Não é como se ela não gostasse de ser minha namorada, pelo contrário, tenho certeza que todos os presentes estão devidamente guardados e em bom estado de preservação. Além de todos os favores e de me ter como prêmio na prateleira. E, bom, não é como se ela não gostasse do meu beijo e do...

            -Certo. Eu entendi. – falei chacoalhando a cabeça. – Sem detalhes sórdidos.

            Ele gargalhou.

            -Eu ia dizer “do meu abraço”. Mas tudo bem. – ele riu mais um pouco e foi ai que fechou a cara. – Com o tédio, ela resolveu que seria ótimo procurar uma diversãozinha. Ela foi atrás de um dos meus melhores amigos. Só que ela não contava com a lealdade dele e ele me confessou que ela tinha... “Ido atrás dele”. Foi como ele expôs a situação. Claro que a marca roxa no pescoço dele mostrava que ele tinha demorado a perceber o que ela queria. Eu a confrontei e ela negou tudo, claro. O otário aqui resolveu dar a ela uma segunda chance. Foi a vez dela atacar meu primo. Ela só não pensou que eu estava no corredor. – ele deu um sorriso irônico. – Eu simplesmente fui embora quando achei que tinha ouvido o suficiente. Mas perdoei meu primo, se você quer saber. Ele não tem culpa.

            Eu pensei que ele fosse parar e deixar que eu deduzisse o resto. Eles brigaram e ele terminou com ela.

            Mas ao que parece não.

            -Ela, dessa vez, que veio falar comigo. Disse que tinha rolado algo com meu primo e que era tudo culpa minha porque eu era muito... Bom, deixa. Eu ri dela e falei algo sobre estar apaixonado por ela e tudo mais. Em algum momento do meu discurso, “Eu quero dizer que apesar disso tudo eu te amo”, sim eu disse isso, ela riu e falou sobre como era tudo encenação, mas que se eu quisesse poderíamos continuar, só que não seriamos exclusivos. Foi quando eu terminei com ela. Ela não aceitou o fora muito bem e disse que contaria a todo mundo que eu tinha terminado com ela sem motivo, partindo seu coração. Eu simplesmente virei de costas e disse “Então diga a todos que foi você que terminou. Não me importo”. – ele suspirou – Isso aconteceu no dia da premiação, você sabe.

            -Minha nossa, Sterling. E só agora você me diz isso? – falei chorosa. – E eu pensando que tinha sido algo bobo. Sinto muito por ter gritado com você. Você é demais, sabia?

            Ele riu e negou com a cabeça.

            -Mas foi algo bobo, Demi. O típico namoro que não deu certo. – ele deu de ombros. – E se isso te incomoda, acho que você tem muito mais problemas que eu.

            Eu ri.

            -Talvez, Tarado Por Modelos.

            -Tarado por modelos? – ele repetiu rindo.

            Eu corei e ri.

            -Seu novo apelido. Nem pergunte... – e então caímos em uma grande gargalhada.

            Eu me encostei no banco e fechei os olhos. Estava com uma sensação boa no peito. Sabe quando você consegue algo que queria muito.

            De alguma forma, ouvir a história toda de Sterling havia sido isso que eu queria.

            Se bem que... E aquela ligação?

            Certo, Sterling já havia dito demais por um dia.

            -Sua ex é uma idiota. – murmurei.

            Ele riu novamente.

            -Eu concordo. Mas vamos parar de falar nela, não é mesmo? Chegamos.

            Chegamos onde?

            Abri os olhos e dei de cara com um parque lindo cercado por uma grade. Estávamos estacionados quase em frente ao portão principal.

            -O que viemos fazer aqui? – perguntei.

            Ele suspirou e desceu do carro. Um segundo depois já estava abrindo a porta pra mim.

            -Uma vez, aos 12 anos, eu briguei com o meu melhor amigo e fiquei sem falar com ele por duas semanas. Quando eu pedi desculpas, ele me trouxe aqui, pra me mostrar que não tinha ressentimentos. Nós jogamos bola o dia inteiro num campo que tem no meio desse parque. Foi... Muito bom.

            Eu sorri pra ele.

-Você não espera que eu jogue bola, não é? Ainda mais usando saltos.

Ele fingiu pensar no assunto colocando a mão no queixo como “O Pensador”. Daí ele deu de ombros, pegou minha mão e me puxou pra dentro do parque. Ele parecia conhecer o lugar porque saiu pegando um caminho. Eu não quis falar nada. Estava curiosa.

E minha curiosidade foi saciada quando paramos em frente há um pequeno lago.

-É lindo. – murmurei sem saber ao certo se o que eu tinha dito havia sido compreensível.

Sterling apontou para um pequeno banco de pedra e me puxou em direção a ele.

Assim que sentamos eu parecia uma criança com um novo brinquedo: maravilhada.

-Gostou? – eu confirmei com a cabeça. – Então, gostou do grande gesto de Joe?

-Sim. – mas preferia que ele tivesse me trazido aqui, acrescentei mentalmente.

Só que eu não diria isso em voz alta, é claro.

Ficamos conversando mais um pouco, contando velhas histórias, rindo. Como se fossemos melhores amigos a anos.

-Na próxima, - Sterling disse com um sorriso – se Joe não ficar com ciúmes, poderíamos fazer um piquenique.

Senti uma pontada de culpa por não ter falado com Joe ainda. Mas ele não tinha ligado, tinha?

-Falando em Joe, - ele continuou – acho que você devia ir. Digo, falar com ele. Ele deve estar ansioso pela sua reação.

Ele leu meus pensamentos ou o que?

-Ele não ligou pra saber. – eu falei e puxei meu celular mostrando pra ele a tela.

Fiz uma cara presunçosa.

            -Demi? – ele falou com uma careta.

            -Que?

            -Seu celular está desligado.

            -O que? – e, enquanto Sterling ria, eu tentei ligá-lo. Só que (obviamente) tinha acabado a bateria.

            -Eu te levo até o shopping pra você pegar seu carro. – ele disse se levantando e me estendendo o braço.

            Fui andando ao lado dele sentindo culpa por fazer Joe esperar. Talvez, agora, ele estivesse pensando que eu estava evitando-o.

            Imagine se soubesse que eu estava com Sterling esse tempo todo?

            Deus, Nick sabe! E se ele contar? O que o Joe ia pensar de mim? Ai, não!

            -Sabe, - disse Sterling quando já estávamos dentro do carro. Ele deu partida e eu comecei a tremer com o pé. – Acho errado o Joe ter cantado a sua música.

            Olhei-o pasma.

            -Eu, totalmente, o daria permissão se não fosse surpresa. – dei de ombros.

            Sterling revirou os olhos como se não fosse esse o ponto.

            -Eu quis dizer, - ele estava sendo condescendente, não estava? – que ele devia ter te feito uma musica. Não é o que dizem os filmes? Que o cara tem que escrever uma música sobre o que sente?

            Eu sorri zombeteira. Que filmes românticos Sterling andava assistindo?

            -Bom, - comecei – acho que você perdeu todos os filmes que mencionam uma serenata. Tudo bem que em Starstruck, filme em que você é o protagonista – rolei os olhos -, ele fez uma música pra ela. Mas acho que isso não tem a ver. Acho que o que importa é a intenção.

            Sterling soltou um longo ‘Hummmm”.

            -Então, quer dizer, que se Joe tivesse feito uma música pensando em você não teria sido muito mais emocionante? – ele ergueu uma sobrancelha.

            Remexi impacientemente na cadeira.

            -Ok. Teria. Mas é muito difícil criar uma música da noite pro dia.

            Sterling murmurou algo inteligível.

            -O que você disse? – perguntei.

            -Não quando você está inspirado. – ele disse. Mas não acreditei que havia sido o que ele tinha dito primeiro – E quer inspiração maior que o amor?

            Não tive palavras para respondê-lo. Declarando-se o vencedor, ele sorriu de lado e calou-se pelo resto do percurso.

            Quando chegamos ao shopping, dei um abraço nele (e caso queiram saber, ele continua com cheiro de pinho...) e me afastei rápido lembrando do que já havia acontecido antes.

            Já dentro do meu carro, fui em direção a casa de Joe. Eu havia ligado do celular de Sterling (graças a Deus a casa de Joe não tinha identificador de chamadas) e ele estava em casa esperando notícias minhas.

Quando cheguei, Joe me esperava na porta de braços abertos... Literalmente.

E ele ainda tinha o cartaz “Demi, volta pra mim?” pendurado no peito.

Abracei-o e senti que ele estava aliviado por eu não estar evitando-o nem nada.

-Gostou? – ele perguntou.

-Sim. A sua idéia foi incrível. Nick te ajudou? Porque ele não abriu a boca. Como você pensou nisso? – falei sorrindo como uma idiota.

Certo, talvez eu tivesse forçando um pouquinho porque estivesse brava com o que o Sterling tinha dito sobre fazer uma música.

Mesmo assim. Eu estava feliz com o que Joe tinha feito.

-Ok, sobre isso... Eu pedi ajuda ao meu empresário e ele me deu a idéia. – e ele continuou sorrindo como se toda a glória do ato ainda estivesse lá.

-Então você não colaborou com... Nada? – perguntei incrédula. – Quero dizer, o cartaz foi idéia sua, certo?

Ele parecia não entender o motivo de minha raiva.

-Não. Idéia da mamãe. Por quê?

Eu senti a raiva explodindo dentro de mim.

-Porque essa era a parte importante. Você pensar em tudo! Ok, você podia pedir ajuda de um amigo, como um cara normal. Não a um empresário. Eu quero algo simples! De dentro! – eu desabei. – Não algo que um empresário montou.

Joe pareceu finalmente entender.

-Desculpe-me. Deu uma de rockstar burro, não dei? – ele sorriu.

-É, totalmente deu. – murmurei.

-Quero outra chance. Já sei a quem pedir ajuda! – ele parecia pensativo.

-Tudo bem. – dei de ombros. – Chance concedida. Mas não a desperdice. Já não sei quantas mais eu posso te dar.

Ele parecia convicto dessa vez.

-Relaxa, sei exatamente a quem pedir ajuda. E não pergunte, é segredo. – dei de ombros e me virei para ir embora. Só que antes, Joe me puxou e me beijou.

Fiquei surpresa e sem ar. E então... Me afastei. Não poderia deixar ele pensando que já tinha conseguido.

-Ainda sou um pouco inteligente, Demi. Sei que um beijo não significa que você desistiu de me fazer provar que mudei e que sei ser romântico.

Sorri e voltei pro meu carro. Toquei pra casa mesmo. Coloquei o celular pra carregar na mesinha ao lado da cama e joguei nela. Na cama, digo. O dia havia sido tão longo, agora já eram umas 6 horas. Acho que só vou dormir uns dois minu...

Acordei durante a noite e vi que meu celular estava piscando.

Peguei-o e ainda com olhos sonolentos, li a mensagem.

“JJ (19:23): Demi, desculpe-me. Acabei de perceber, agora realmente, a profundidade do erro que cometi. Errei feio com você e espero que você me perdoe. E espero que goste de tudo que eu estou preparando... Serei um novo Joe: o Joe certo pra você.

Com todo amor,

Joe.

PS: Durma bem, meu amor.”

Sorri. Nick estava errado. Certo, eu sei que já pensei isso antes e na verdade era o empregado, mas Joe tinha dito que só ia pedir ajuda a um amigo (e sendo amigo de Joe não pode ser um grande gênio/romântico), logo tem que ter sido algo que saiu da cabeça de Joe ou de muita conversa entre ele e seu amigo.

Enfim. Foi Joe.

Havia outra mensagem também, essa era de Sterling.

“St_Knight (20:42): E aí? Como foi com Joe? Espero que você tenha atendido todas as suas expectativas e que ele não tenha surtado nem nada quando soube que você estava comigo.

Queria pedir desculpas se ofendi seu namorado (estão namorando de vez, afinal?) quando disse aquilo sobre a música. As vezes falo sem pensar, você sabe...

Me responde assim que puder para te dar os parabéns pelo namoro logo. (Ser o primeiro, sabe...)

Até mais.

Tarado Por Modelos.

PS: Espero que ele tenha mostrado que te ama... That’s how you know...”

Certo. Eu tinha muito o que dizer. E muito no que pensar.

Mas... Isso poderia esperar o dia seguinte, não é? Por algum motivo, o que não saia da minha cabeça era a citação que Sterling tinha feito.

Como ela sabe que você a ama? Como você mostra seu amor por ela? Como ela sabe que você realmente, realmente, verdadeiramente a ama? Não é o bastante não dar o certo valor a quem ama, Você precisa lembra-la que a ama, ou ela irá se perguntar “como eu sei se ele me ama”? Como eu sei se ele é meu?

E como eu sei que ele é o certo?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom? Ruim? Coments?