Era sábado e deveria ser umas três da tarde. Nós sete estávamos jogando cartas e tomando Coca-Cola Zero na sala. Já fazia quase uma hora e eu já estava entediada e cansada de jogar. E não, eu não contei errado. Por mais que eu não seja boa em matemática, eu pelo menos sei contar! Éramos sete. Desde o almoço Taemin sumira e parecia que ninguém tinha percebido. Quero dizer, como alguém pode não sentir falta de outra? Como ninguém percebeu que ele não estava na sala? Logo ele que quase sempre está sorrindo e... Anna, pára!

Enfim. Na verdade eu não tinha falado com Taemin desde quinta-feira – quando eu o beijei sem querer. Na sexta nós três passamos grande parte do dia na editora para preparamos as perguntas para a entrevista que faríamos e a sessão de fotos e os meninos passaram o dia tentando compor novas músicas em casa.

- Alguém viu o Taemin? – deixei meu pensamento sair pela boca. Ops.

Maggy e Sunie se viraram para mim com sorrisinhos sacanas e eu semicerrei os olhos para elas. Elas duas sempre foram terríveis com essas coisas e depois do beijinho que eu dei – sem querer, eu já disse isso – em Taemin elas ficaram terrivelmente terríveis e tudo é motivo para elas me mostrarem seus sorrisos sacanas. Toda vez que eu começo a sair com um cara elas ficam assim, com risinhos, cantarolando musiquinhas românticas... Sabe, isso irrita! Foi só um selinho! Sem querer!

Muito bem, ele é mesmo muito fofo, lindo, magro... meu tipo favorito. Mas isso não quer dizer que eu vá ter alguma coisa com ele! E nem quero! Eu não estou muito a fim de ter uma desilusão amorosa nesse auge da vida, mas parece que elas duas querem! Sim, Sunie e Maggy estão dando na cara que babam pelos garotos. Principalmente Minho e Key (sim, eu também já soube do beijo da Maggy e do Key, não se preocupe). Mas eu já disse para elas, no fim do mês todo o conto de fadas acaba e qualquer beijo que possamos dar neles vai virar pó e vir a ser só uma lembrança que provavelmente deixará a minha bebê depressiva. E isso é culpa da Maggy! É ela quem coloca coisa na cabeça da Sunie, sempre foi, e sempre vai ser ela quem dá conselhos errados sobre vida amorosa para a Sun. E a coitada nem ao menos é madura o suficiente para mandar Mag calar a boca. Ah, qual é, o que eu estou falando aqui? Vida amorosa, é isso mesmo?

- Hum, ele subiu para a sala de dança depois do almoço e não saiu de lá ainda. – Onew respondeu à minha pergunta. – Por que não vai chamá-lo, Anna?

- Hum? O quê? – uma carta voou da minha mão e eu me desesperei para pegá-la no ar antes que Sunie, minha parceira de jogo, visse qual era a carta.

- É, Ann. – Maggy incentivou guardando um sorriso do tamanho da Muralha da China. – Vai lá chamar ele. Tae está perdendo o jogo e eu estou precisando de um par aqui.

Tae? Desde quando alguém, além de mim e os meninos, o chama assim?

E desde quando ela vai ser par de jogo do Tae? Tudo bem eu não estou pensando nisso, não estou pensando nisso.

- Eu? – exclamei com a sobrancelha erguida. Ah, Margareth...

- Não, minha avó. – ela revirou os olhos.

- É, Ann, vai lá. – foi a vez de Sunie falar com a sua voz embargada de criancice. – Quero dar uma parada no jogo.

- E por que você não vai subir para chamá-lo? – larguei as cartas no chão.

- Porque estou com preguiça. – Sun deitou no chão com as mãos por trás da cabeça. Elas me pagam.

Me levantei dando-me por vencida e senti as minhas pernas dormentes. Estava sentada em cima delas fazia um tempão! As estiquei, dei uns saltinhos e fui subir a escada.

Eu abri a porta da sala de dança no final do corredor bem devagar e coloquei minha cabeça para dentro sem fazer barulho. Taemin estava dançando uma música de alguma outra boy band coreana para o espelho grande da sala que ia do chão até o teto. Tenho certeza que Maggy e Sunie gostariam de ter um espelho daquele no apartamento para elas treinarem suas danças.

Acho que Taemin viu meu reflexo no espelho porque ele parou de dançar e sorriu meio envergonhado.

- Ann! – ele se virou para mim com o seu sorriso fofo. – Err... eu estou só tentando criar passos novos! – ele deu uma risadinha nervosa.

Era a primeira vez que ele ficava envergonhado na minha frente. Também, depois do que eu tinha feito com ele...

De repente me esqueci do que fui fazer ali na sala de dança. Eu entrei e fechei a porta atrás de mim. Não deveria ter fechado, pensei no segundo seguinte.

- Pelo o pouco que vi você está ótimo! – eu sorri para ele. – Continue dançando, por favor, não queria te interromper.

- Hum. – fez ele colocando uma mão no quadril e outra segurando o queixo. Uma parte de mim deve ter se derretido, mas eu tratei de esfriá-la logo. – Só se você dançar comigo!

- Hã? EU? E-eu não. Tae eu não sei dançar nada! – meu reflexo no espelho confirmou que eu estava vermelha.

- Eu te ensino. Sou um dançarino, afinal, certo? – ele continuou sorrindo. – Vamos, por favor. Você não confia em mim?

- Não, claro que confio! Não é isso. É só que eu realmente...

Eu não consegui terminar a frase. Ele já tinha puxado a minha mão e mudou a música com o controle. Era uma música lenta e bonitinha que começava a sair pelas caixas de som.

- Vamos lá, Ann, relaxa. Eu vou te conduzir, é só imitar os meus passos.

Agora ele tinha passado seu braço pela minha cintura e com a outra mão puxou as minhas para ficarem em volta do seu pescoço. Sua outra mão depois pousou na minha cintura e eu não sei se estava agüentando o peso que o meu corpo exercia para baixo, ou se Taemin que estava me segurando.

Eu não sabia se ouvia a música, dançava ou sentia o cheiro suave de Taemin, estava sendo uma tarefa difícil fazer tudo ao mesmo tempo. Eu estava, praticamente, sendo governada por ele porque todo meu corpo estava meio molenga...

- Acho que já chega de dançar. – eu disse um tempinho depois sem o soltar enquanto ainda estávamos no embalo da música. – Eh, o pessoal está te chamando para jogar cartas lá em baixo...

Ele estava olhando nos meus olhos, parado e não me soltou pelos segundos seguintes que a música tinha parado.

- Taemin? – eu chamei achando que ele tinha congelado olhando para os meus... lábios?

- Shh. – fez ele baixinho levando um dedo aos meus lábios. Eu me calei rapidinho. – Noona neomu yeppeo... – Taemin cantarolou e eu reconheci o trecho da música. Era “Noona Is So Pretty/Replay” do SHINee, a banda dele.

- Taemin. – eu sussurrei.

- Anna. – pela primeira vez ele não sorria, estava sério, mas ainda sim bonito e fofo. Desculpe Sunie, mas ele ganha nesse quesito. – Fique quieta, Ann, é mais fácil para mim. Não tenho experiência, e com noonas... É mais difícil.

- Hã?

Eu realmente não queria entender o que ele estava falando.

- Noona, já te disseram o quanto você é bonita?

Eu tentei não amolecer mais, mas era impossível numa situação dessas. Continuei imóvel e em silêncio.

Taemin se aproximou mais de mim e beijou minha bochecha. Eu pensei que ele pararia ali, eu já não tinha controle do meu corpo e das minhas emoções e achei que por ali já estava de bom tamanho. É, ele me achava uma noona bonita, e só.

Ou não.

Taemin beijou delicadamente meu queixo e depois esperou um pouco até demorar-se um pouco com um beijinho no canto da minha boca, quase encostando em meus lábios.

- Não se zangue comigo depois, noona. – ele murmurou no meu ouvido.

Eu estava de olhos fechados e só pude sentir meu sangue ferver quando Taemin moveu seus lábios nos meus. Eram tão doces, delicados e... bons. Não eram lábios finos e simples como os dos garotos americanos, eu sentia que ele estava tão nervoso quanto eu, mas ele relaxou quando eu me entreguei aos movimentos labiais ternos.

Tae levou uma mão ao meu rosto e o acariciou. Ele era tão suave que meus olhos não queriam abrir tão cedo... De repente me senti quebrando as regras que eu mesma tinha imposto e tive o mesmo sentimento que Sunie e Maggy.

- Me perdoe, noona. – meus olhos se abriram então. Taemin não conseguia olhar nos meus olhos, mas ainda segurava meu rosto.

- Você vai ter que me perdoar também...

Eu não me responsabilizo pelos atos que meu corpo tomou nos momentos seguintes.

Eu puxei seu rosto para o meu de novo, minha mão acariciava sua nuca e a outra dançava pelas suas costas, descendo para o abdômen... Eu disse! Não me responsabilizo pelos atos seguintes, eu estava totalmente entorpecida e fora de mim, mas acabei gostando de estar daquele jeito. Eu nunca tinha ido tão longe assim com um garoto que tinha conhecido em tão pouco tempo.

Minha mão segurou a barra da sua regata branca e as mãos de Taemin na minha cintura me empurravam para trás. Ele encostou meu corpo na parede sem desgrudar seus lábios doces dos meus. Seus braços finos me abraçaram e eu soltei sua boca por um breve espaço de tempo para sentir o calor do seu corpo junto ao meu. Ele era frágil, puro, bonito. Eu me sentia cada vez mais uma fora-da-lei, uma pedófila ou algo do tipo, mas sabe de uma coisa? Pela primeira vez eu não fui a Anna certinha que segue regras e princípios, fui a Anna “deixe para lá qualquer coisa, eu estou sendo feliz”.

Porque era como eu me sentia. Inundada de felicidade, prazer, encanto. Com Taemin era diferente eu não tinha pudor ou vergonha, eu estava deixando rolar e não sabia como e quando parar. Eu sentia as mãos dele acariciando minha cintura e minhas costas por debaixo da minha camiseta fina de algodão na cor salmão, ele deixava beijinhos pelos meus ombros subindo até meu pescoço e minha orelha.

- Quer falar com eles sobre isso? – Taemin sussurrou no meu pé do ouvido.

- Falar? Com os outros? Taemin isso é sério?

- Nós fomos longe de mais, Ann. – ele me soltou e olhou para meu rosto. – Pelo menos para a minha cultura, isso que eu fiz, nós fizemos, foi... coisa que as pessoas não fazem se são só amigos ou conhecidos.

- Eu sei. – eu estava olhando nos seus olhos. – Mas você – eu toquei no seu peito com meu dedo indicador. – quer fazer isso?

- Quero. – ele voltou a sorrir

- Então nós faremos.

Nada ligado a regras se passava pela minha cabeça. Fui tomada pelo momento e assim deixei acontecer. Eu estava vivendo pela primeira vez, e não me importava se depois de mais algumas semanas o meu conto de fadas fosse ralo abaixo, eu só queria aproveitar cada hora de cada dia.