As Estrelas do Amanhã escrita por Casty Maat


Capítulo 15
Perséfone




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-Não!!!

Andréa gritava irritada e frustrada ao ver uma caixa negra partida por meus punhos afiados. Atena estava nos braços de Ricky, desmaiada. Provavelmente estava extremamente cansada. Se fosse para deduzir, aquela caixa tentava arrancar a alma da deusa e Atena deve ter feito algo para proteger o seu espírito.

-Desculpe, Andréa... – falei contente. – Mas seus planos foram por água abaixo...

Mas a minha frase foi dita na pior hora. De repente o cosmo dela explodiu e uma grande ventania e calor correu do corpo dela de forma radial.

-Que cosmo poderoso! – disse Ricky, usando o escudo de sua armadura para proteger a desmaiada Atena.

-Andréa!!!! Pare com isso! – bradava Gibson.

Uma ceifa apareceu das mãos da amazona e o cosmo não parava de queimar. Um cosmo maligno, e muito forte aumentou de dentro de Andréa.

-Humanos tolos! Se desejam se levantar contra mim, receberão seus merecidos castigos! – gritou Andréa aos quatro ventos.

Um arrepio correu na minha espinha. Senti meu rosto molhado pelo suor. Mal formulava as palavras. As cenas do interior do Baralho de Morte me fizeram concluir que:

-Andréa... Vo-Você é... a... Perséfone...?

-O que? – murmurou Gibson.

O rosto de Gibson se congelou numa expressão de pavor. Ele olhava fixamente a irmã, procurando uma resposta nos olhos da caçula.

-Muito bom, Capricórnio... É um ótimo adivinho...! – riu maligna a deusa.

-Mas... Como... – balbuciava Escorpião, perdido, confuso... e angustiado.

-É muito simples, meu irmão...

flashback

Era o dia em que Andréa morreria. Ela e Gibson estavam num parque de diversões, no labirinto de espelhos. Os dois irmãos apostaram que sairia primeiro e se separaram. Andréa caminhava amedrontada e num dos espelhos viu refletida uma mulher muito bonita, com vestes prata de moda grega antiga. Um véu que cobria a região do colo ficava preso por um broche dourado no ombro, cravado de pedras preciosas.

-Oh!

A mulher de cabelos cacheados ruivos-avermelhados segurava um fruto estranho e sem abrir os olhos falou:

-Eu sou você e você é eu... Juntas, salvaremos o mundo...

-Salvar... O mundo?

-Sim, coma deste fruto. Com ele se tornará bela e forte.

As mãos da mulher vararam o espelho e o fruto chegara as mãos de Andréa. Ela comera seis sementes, quando ouviu a voz de seu irmão lhe chamar e ela deixou cair o fruto no chão. A mulher sorrira...

-Em seis horas eu renascerei, com a morte da consciência de Andréa. Hahahahahahahaha!!!!!

fim do flashback

-Eu sou a Andréa... Não estou sendo manipulada... – concluiu a amazona.

-Não...

Gibson perdeu as forças e caíra ao chão, ajoelhado, juntamente com suas lágrimas. Entrara num estado de choque.

-Gibson! – gritou Ricky, se desesperando ao ver o estado do amigo.

Andréa caminhava em nossa direção. E sem parar de sorrir falava:

-Agora que estou aqui, nenhum cavaleiro de Atena irá sobreviver!

No templo de Lua, onde ocorrera a luta entre César, Claude e Andrey contra Misa de Estrela tudo estava quieto. Aquário e Peixes estavam desmaiados no chão, cheio de ferimentos. A cor viva de suas armaduras voltara, mas estava cheia de rachaduras. Inclusive a armadura de Gêmeos, montada na sua forma zodiacal, ao lado de seu senhor.

Andrey acordara, meio tonto. Seu sobretudo estava bem sujo e rasgado. Ele se arrastava no chão até encontrar algo para se apoiar e levantar.

-Eric!! Eu não posso... morrer assim... sem ver você de novo, meu irmão... ERIC!!!!

Eu sentira algo. Ouvira alguém me chamar. A voz era de meu irmão. Estremeci.

-Eu ouvi... Meu irmão...

-Ele está bem, não te disse? – falou Elza.

Eu coloquei a mão em cima de meu coração. E então falei:

-Não temos como ajudar, Elza.

-Temos sim... Vou lhe refrescar a memória.

E agitou o medalhão e me vi longe dali. Eu me via numa outra aparência. Vestia roupas gregas e cabelos azulados. E via uma "cópia" minha na frente, usando uma longa veste azul marinha, com várias jóias e pedrarias bordadas.

-Kanon... – falou o cara com a veste azul. – Não é justo que outra pessoa diferente de você pague pelos seus crimes, meu irmão... ainda mais que você se arrependeu de seus pecados...

-Eu sei, Saga... Mas somos apenas mortais... Nada podemos contra o julgamento do panteão Olimpiano. – me ouvi falar.

-Mas, independente do futuro, o que eu sei que está definido é que seremos irmãos de novo, Kanon. E desta vez, eu quero realmente ser seu irmão e vivermos em harmonia. – disse Saga.

-Sim... Nos veremos em breve, meu irmão...

Eu voltei a mim. Agora eu já lembrava de tudo com esta cena.

-Eu me lembrei... Agora eu sei, o que eu posso fazer. Mas, eu estou pagando pelos crimes do Kanon...!

-Que não seja por isso.

Ela dividiu seu medalhão e apareceu dois medalhões, cada uma com uma Lua crescente. E um ela deu para colocar em meu pescoço.

-Agora podes lutar.

Prontamente arrumei meu braço direito para o ataque. Era como se eu desembainhasse a Excalibur de uma saya... E então lancei meu golpe, mas uma faísca brilhou nos olhos castanhos da deusa e golpe se voltou contra mim. Quando achei que tudo tinha sido perdido, fui levantado por fios invisíveis.

Andréa fez uma cara incógnita. E depois se enraivou ao olhar atrás de mim. Era Carol, uma das amigas de Atena.

-O que... – interrompeu-se Andréa.

-C... Carol... – murmurou Atena.

Carol estava usando uma espécie de ioiô e mexendo nos fios entremeados em seus dedos, voltei ao chão e mais alguns movimentos e Andréa estava presa, como se estivesse acorrentada. Nunca vi Carol com uma expressão tão cheia de raiva e dor.

-PÉRSEFONE, VOCÊ MATOU O SHIRYU E A MEI!!!!! NUNCA VOU TE PERDOAR, SUA MALDITAAAAAA!!!!! – bradou a garota.

Os fios se apertaram mais e mais e começaram a rasgar a veste negra daquela mulher, juntamente com a gola metálica que rachava.

-SOFRA COM A MINHA FIANDEIRA ELÉTRICA!!!!!

Uma carga elétrica se formou do ioiô central, que estava pendurado no ar, e correu todo o fio e atingiu o corpo de Andréa. Gibson assistia a cena, se qualquer reação, derramando mais e mais lágrimas de dor.

Perséfone sofria com aquilo, mas de repente, a carga se voltou contra Carol, junto com outro ataque de sua foice mortal. O corpo de nossa amiga se chocou com uma das pilastras e seu óculos rachara. Atena se desvencilhara do abraço protetor de Libra e correra para amiga, sendo seguida por Ricky.

Mas mal isso acontecera e um outro golpe se voltara contra a deusa do mal. O ataque era a:

-EXPLOSÃO GALACTICA!!!!!

-Mas como...? Que lançou não foi o Andrey...!! – espantou-se Ricky.

A pessoa vestia-se de um casaco marrom, tinha a mesma prata das madeixas de Andrey, porém, curtas. Ele se voltou para nós, ofegante. Seu rosto era idêntico ao do nosso colega com a exceção do óculos.

-Kanon...? – murmurou Atena.

-Quase isso... – respondeu sorridente o rapaz. – Sou Eric Ivanovich, irmão do Andrey...

Sentimos Andréa se levantar mais irritada, porém com um sorriso confiante.

-Hum... Pelo que vejo, Ártemis o está ajudando... Esse medalhão...

Eric de sua feição sorridente se transformara numa pessoa fria.

-Ela está se ferrando ao te ajudar, creio que saibas, não? – terminou Andréa.

-NÃO É CERTO QUE EU PAGAR PELOS CRIMES DE OUTRA PESSOA!!!! – bradou Eric. – EU NÃO DEVO PAGAR PELOS CRIMES DE KANON!!!!!

Os dois se encaravam friamente.

Andrey chegara ao local, mas ainda estava na escada. Ele se apoiara numa pilastra quebrada e a feição doce de seu rosto demonstrava o espanto das palavras de seu irmão gêmeo.

-Então é mesmo verdade... Eu e Eric somos irmãos há mais de 200 anos... Ele acertara novamente naquele dia... – murmurava Gêmeos.

Seus olhos tremiam ante a postura de seu irmão, começando a compreender o que fazia Eric com o medalhão da deusa da Lua. Um fio de lágrima escorreu de seus límpidos olhos tom do céu.

-Idiota. – disse de repente a deusa das trevas, mais uma vez confiante. – Tu se esqueceras? – então ela golpeou o ar com sua foice mortal. – VOCÊ ESTÁ COMENTENDO O MESMO ERRO DE KANON: VOLTAR-SE CONTRA OS DEUSES!!!!!!

Eric sentia um mal-estar, pressentindo seu fim. Mas um outro golpe rechaçou o de Andréa. Um cosmo queimava ferozmente. Era Andrey.

-Se ousar a ferir meu irmão, você vai se ver comigo, Perséfone!

O olhar de Andrey parecia uma adaga afiada, pronta para um golpe certeiro e mortal. O frio corria pelo corpo de Andréa, que estava novamente estável. Foi aí que ele se voltou para o caçula:

-Leve Atena e Carol longe daqui...

-Mas... Mano...! – retrucou Eric.

-Vai... Você voltou ao que deveria ser, mas não está pronto. Proteja Atena e a amiga dela... Retroceda as casas para junto de um garoto japonês chamado Haku. Entendeu?

Eric afirmou com a cabeça. E ajudado por Estrela, saiu com Carol nos ombros. A batalha final se aproxima. Libra, Capricórnio e Gêmeos versus Perséfone. Gibson continuava em choque, imóvel e lágrimas saindo dos azulados olhos.

---/// Final Battle... Start Now!!! \\\\\\---+++

A armadura de Perséfone veio. Era a armadura que fora vista no último Baralho. Ela vestiu o corpo de sua senhora.

-Se já sem a armadura vocês só estavam apanhando, agora que estou com ela, o destino de vocês quatro estão selados...

Gibson pareceu sentir uma pulsação. Os olhos moveram-se um pouco, mas ainda continuava imóvel. Ricky sentiu o minúsculo movimento e o olhou. Os olhos de Gibson tremiam, junto com o brilho da Lua. Mas Libra curtiu pouco aquele momento, pois vinha ferozmente em sua direção outro golpe de Perséfone.

Abriu-se uma fenda entre Ricky e Andrey. O cheiro era insuportável. Nabir, ao se recordar da sensação que tivera quando os cavaleiros de bronze lançaram a Exclamação de Atena, reconheceu a fragrância tenebrosa.

-Isto aqui... É o cheiro do Monte Yomotsu!

-Possui um ótimo nariz, Capricórnio... – falou cinicamente a deusa.

Ela varreu o ar, tentando joga-los no mundo dos mortos. Os cavaleiros de ouro saltaram e partiram para cima com tudo contra Andréa.

-CÓLERA DO DRAGÃO!

-EXCALIBUR!!

-OUTRA DIMENSÃO!!!

O mesmo brilho que fez o golpe de Nabir voltar contra ele ressurgiu. O choque dos golpes contra seus próprios agressores jogou seus corpos contra o chão e as pilastras do lugar. A fenda aberta por Andréa fez montes de terra e mármore, onde Gibson mantinha-se imóvel, escondido.

-Andréa...

-Eric...

Eu parei imediatamente com a voz de Atena. E olhei fixamente nos olhos daquela garota.

-Leve a minha amiga com você...

-Mas... Atena, você... – disse.

Ela fechou os olhos e fez uma expressão de dor. Quando abriu seus olhos tom de chocolate, marejados, falou:

-Eric, quando estive presa lá em cima e meu cosmo despertou... Eu pude ver todas as minhas outras vidas... Saori, e eu... Vi seu julgamento como Kanon.

"Eu ouvira a sentença e tentara recorrer de todas as formas possíveis. Apelei para meu pai grandioso por algum alívio, mas nas hierarquias familiares, meu tio Poseidon vinha acima.

"Ele disse que você cometera o maior dos pecados que um mortal poderia faze-lo e sem Hades, mortalmente ferido por mim, cabe ao panteão olimpiano julgar os guerreiros das Guerras Santas. Mas que aliviara a pena, o fazendo retornar sem poder lutar por mais uma vida."

Eu ouvia impassível, meu corpo congelara. Eu não conseguia mover um dedo para acalmar o pranto da minha deusa.

-Eric, por favor, me ouça... Faça o que digo, não quero que aumente sua pena para a morte eterna de tua alma...

Atena prendeu entre seus dedos um pequeno pedaço da sua roupa. Nunca vi alguém de olhos tão tristes.

-Não acho certo pagares pelos crimes de Kanon... Crimes da qual ele mesmo se arrependeu! Acabando tudo isso, pedirei absolvição para meu pai.

Eu abaixei minha cabeça dolorosamente e segurando em uma das mãos de Atena, a retirei do meu peito e disse-lhe:

-Está certo... Eu odeio ver alguém chorar... Talvez por sempre ter tido motivos para ser infeliz...

-Obrigada... Eric.

Ela sorriu e logo fechou a cara:

-Vá, leve a Carol com você! Não lhe perdoaria se ela morresse!!!!

E segurando a jovem em meus braços, corri para achar o jovem japonês que meu irmão dissera. Estava a altura de um templo escrito na fachada "Sun".

Atena correu na direção oposta, e o vento dançava pelos longos cabelos castanhos da deusa da sabedoria...

Qualquer ataque era inútil. Os cavaleiros de ouro se viam num mato sem cachorro. Ricky sentia a cabeça girar, ante o cheiro nefasto vindo da fenda e ante vários pensamentos: seria a ocasião certa de usar as armas que vinham em sua armadura? O que seu mestre diria naquele momento?

Mesmo sendo uma mulher, pensara, ela é uma deusa muito forte. Mas o pensamento se dissipou, pois menosprezar Andréa por ser uma mulher era um erro, pois Atena também é.

As palavras ditas por Shiryu, alguns pequenos anos antes ressurgiram como as estrelas após uma nuvem de chuva.

"Ricky, você está destinado a ser o cavaleiro de Libra. Ser o cavaleiro de Libra não é apenas portar mais uma das armaduras de ouro. É ter nas costas o peso da decisão e do julgamento do que é o certo ou errado, do que deve ou não fazer. Mas antes de tudo, siga o seu coração. Não há melhor guia que ele..."

Ele olhara o local. Andrey e Nabir olhavam Perséfone tal qual um caçador a apreciar a presa que irá pegar. Atacariam a qualquer instante e se decidiu:

-Vamos! É tempo nessa era de usar as armas de minha armadura! – bradou Libra.

Da armadura saíra um dos escudos, uma espada e uma barra tripla, indo, respectivamente, para Ricky, Andrey e Nabir.

-Essas armas de nada adiantarão, idiotas! – gritou Andréa.

Os quatros partiram para mais um ataque. Eles se cruzaram e ficaram imóveis. O rosto sério de Perséfone se transformara num sorriso novamente e então as expressões dos dourados ficaram cheias de desespero: suas armas ficaram fatiadas.

Foi então que um cosmo muito forte surgiu junto de um brilho mágico. Era a deusa Atena, junto de seu inseparável cetro. Vestia-se de uma imaginária armadura, que muitos pensaram até tratar-se da estátua.

Perséfone golpeou os dourados, que caíram desnorteados. E assim, ela vinha para cima da deusa da luta com todo o poder, mas foi parado o golpe com o cetro de Niké. Estrela segurava firmemente o báculo com as duas mãos.

-Como se recuperou a ponto de querer deter meu golpe?

Estrela não respondera. Olhava fixamente Andréa e a empurrou para trás, mas a confiante deusa dos mortos sorria novamente. A lâmina de sua foice ferira Atena, cuja testa corria um fio de sangue. E no ombro esquerdo um ferimento considerável. Assim, Estrela caira no chão, ante a dor insuportável que nunca sentira.

-HI HI HI HI HI HI HI HI HI HI HI!!!!!!!!!!!!!!

Perséfone erguia sua foice maligna aos céus. O brilho frio e negro risca ponta a ponta da lâmina. O cosmo daquela mulher do mal queimava a toda força. Um frio correra todo o corpo de Ricky e Estrela. Era o fim da deusa do bem...

Mas uma coisa pequena e brilhante varreu a frente de Andréa. Era um brilho cheio de cosmo que destruira toda a vestimenta da morte. Era um medalhão... Era...

-ÁRTEMIS? – gritara assustada a deusa do mal.

Ártemis, personificada como Elza, surgira triunfante, em cima de uma das pilastras. Ricky observava a cena confuso. O que sua irmãzinha fazia ali?

-O que faz aqui?

-Vim ajudar Atena... Nessa era, sou a aliada de minha irmã... – respondeu Elza, saltando para junto de seu irmão.

-Elza, o que significa...?

-Depois... – interrompeu Elza. Ela erguera seu cordão e atacara a deusa do mal.

Um cosmo dourado se inflamou no lugar. Um cosmo cheio de dor, raiva, confusão. Um turbilhão de coisas devia se passar pelo coração daquele portador do cosmo. Andréa estava distraída com Ártemis e nem ligara.

Brilhos de lágrimas correu todo o templo. Andréa não via... Uma sinfonia remetia ao passado. Andréa não ouvia...

Um pequeno facho vermelho começava a correr o salão... Andréa nem sentira...

Continua...


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