PDV EDWARD

Se me perguntassem quanto tempo fiquei admirando a bela paisagem eu jamais saberia precisar, Só sei que me sentei na grama ao lado da Bella e ali ficamos os dois em silencio, mas não era um silencio constrangedor, era um silencio bom que nos trazia paz.

-O que você fazia antes de vir para cá? – Bella finalmente quebrou o silencio.

-Direito. – Eu respondi meio a contragosto, não que eu não gostasse de direito, mas era o sonho do meu pai e quando ele se foi tudo perdeu o sentido para mim. – E você fez o que? – Mudei de assunto.

-Medicina veterinária. – Ela riu, claro era a coisa mais óbvia ne seu idiota, quando você se portou assim perto de uma mulher seu frouxo? Tá nem mesmo eu saberia responder, ela me deixa sem ação, sem fala sem rumo.

-Era de se imaginar.  – Comentei baixo, mas é claro que ela ouviu.

-Nada disso, eu poderia ter feito muitas outras coisa como zootecnia, administração, agronomia e outras tantas. – Ela me defendendo era a coisa mais linda do mundo, é tenho que admitir virei um frouxo de carteirinha, pelo menos se tratando dessa mulher, que por sinal era a mulher do meu tio.

-Mas o seu carinho e cuidado com os animais não negam a sua profissão. – Eu disse ainda arrependido de ser tão idiota.

-Mas você também demonstrou um carinho enorme com os animais hoje. – Ela disse sorrindo, cara não faz nem 24 horas que conheço essa mulher e já estou derretido pelo sorriso dela, tô f@#%$# literalmente.

Conversamos mais um pouco, sobre tudo na verdade, quando nos demos conta já estava escurecendo e teríamos que voltar. O retorno foi tranqüilo, deixamos os animais no estábulo aos cuidados do mesmo tratador que havia preparado os animais para o passeio, acho que o nome dele era Jake, ou algo parecido. Então pegamos uma camionete para ir até a casa. Na sala de estar estavam o meu tio Carlisle e a Esme nos esperando, ela não com uma cara boa, mas meu tio estava com um riso divertido nos lábios.

-Boa noite. – A Bella era sempre simpática pelo jeito que ela chegou cumprimentando todos.

-Boa noite Bella. – Disse a Esme meio brava. – A senhora sabe quanto tempo estamos te esperando para o jantar? – Opa! Bronca agora não.

-Desculpe Esme, mas a culpa foi minha. Insisti em ver mais coisas a respeito da fazenda e acabamos nos perdendo com o horário. – O quê? Eu, euzinho aqui levando a culpa...Isso é inacreditável.

-Ah! Não precisa se desculpar, é normal ter certa curiosidade de conhecer um lugar tão diferente do que você está acostumado. – Esme nem ligou por eu ser o culpado.

-Obrigado. – A Bella disse enquanto a Esme e o Carlisle ficaram na sala e nós subimos para os quartos nos arrumar para o jantar. – Nem ligue, ele não brigou com você por que você chegou hoje, espere só se passar uma semana ou duas. – Bella falava num tom divertido, mas ficou visivelmente feliz por eu ter tomado a culpa para mim.

-Ela é sempre rígida assim? – Perguntei enquanto subíamos as escadas.

-É, na verdade ela faz o tio mãezona, sempre os ‘filhos’ devem estar alimentados, limpos e com saúde. E assim comigo, com o Carlisle e com certeza com você também, mas ela é um amor em pessoa, não fica brava com a gente por mais de cinco minutos.

-Que bom, já estava imaginando que ganhei uma inimiga. – Bella gargalhou ao mesmo tempo que seguíamos por um corredor enorme.

-O seu quarto é este aqui, o do lado é o meu e do Carlisle. O da Esme e dos outros funcionários que moram na casa fica na outra ala, mas não muito longe. Fique a vontade, se você demorar hoje ela não vai brigar contigo. – Ela entrou no quarto dela ainda rindo. Entrei no meu e logo me surpreendi, um belo quarto todo decorado, uma banheiro amplo com banheira e um closet enorme, nem sei como alguém poderia encher um closet daqueles com roupa. Minhas malas já estavam desfeitas e tudo organizado. Tomei uma banho rápido coloquei uma roupa confortável e sai do quarto em direção à sala de jantar, tão logo abri a porta do quarto ela também abriu, e por coincidência estávamos combinando nas roupas ambos de azul, e ela conseguia ficar mais linda ainda de azul... Caramba eu tenho que tomar vergonha na cara tô começando a fiar afim da minha tia. E ela assim que me viu sorriu, sabe aquele sorriso de derreter até ice berg, pois é meu coração já era, tô perdido morando na mesma casa que essa mulher, só espero não dar bandeira e se por algum acaso eu der bandeira que ninguém perceba. Amém.

-Parece que combinamos Edward. – Ela disse seguindo para a escada e eu igual um cachorrinho atrás dela. Tô literalmente perdido.

-Realmente, aliás o azul cai bem em você. – Eu acabei dizendo sem querer. Ela corou ficando ainda mais bela.

-Não tenho tanta certeza. – Ela disse.

o Jantar transcorreu bem, conversamos um pouco com meu tio e a Esme, pelo que eu entendi ela era tipo da família, comia junto com eles e tudo. Depois do jantar meu tio me chamou para conversar no escritório.

-Edward, eu sei que você deve estar cansado, mas como eu viajo amanhã novamente para tratar de assuntos da fazenda gostaria de conversar um pouco contigo tudo bem? – Ele disse, me pareceu meio formal, mas eu assenti apenas. – Não é uma boa hora para ninguém, apesar das circunstancias estamos felizes com a sua vinda para cá.

-Obrigado Carlisle, de certa forma eu também fiquei feliz em vir pra cá. – Eu disse sinceramente.

-Bom pelo que conversamos você fazia faculdade antes de vir para cá, o que pretende fazer de agora em diante? – Ele é direto.

-Ainda não sei, espero que aja alguma coisa por aqui que eu possa fazer. Sabe a gente conversou sobre os problemas que herdei de meus pais, eu não tenho muitas alternativas a não ser trabalhar e muito, mesmo não sabendo de nada de fazenda eu sei que posso aprender rapidinho. – Eu disse mantendo o mesmo ritmo dele.

-Edward, você é jovem ainda, e a partir de agora eu não quero que se preocupe com dinheiro nem nada parecido. Eu te chamei para vir para cá a fim de se distrair um pouco dos acontecimentos. Mas não apenas para trabalhar, estou aqui para suprir as suas necessidades, portanto se você quiser voltar para a faculdade temos um apartamento em Nova Iorque, e tudo o mais que for preciso você terá. – Peraí ele quer dizer que vai me sustentar?

-Tio eu não liguei pedindo algo assim, apenas uma oportunidade de trabalho, por não ter experiência nenhuma ficaria meio difícil conseguir alguma coisa, mas não é justo você me bancar dessa forma. – E nem era o que eu queria.

-Edward, eu não estou te oferecendo esmola, sou responsável por você e não posso permitir que desista de seus sonhos por causa dessa perda. Se você quer trabalhar muito bem, que seja, mas você tem seguir sua profissão, um rumo na sua vida. É isso que estou te oferecendo.

-E se eu disser que não quero mais continuar fazendo direito. – Fui claro, essa era a minha realidade nunca mais estudaria direito, esse era o sonho do meu pai e não o  meu, eu fazia isso por ele, mas agora eu não o tenho mais.

-Tudo bem, escolha o que você quer, pense o tempo que for preciso. A única coisa que não quero é que você pense que por tudo o que aconteceu sua vida vai ser a de um peão nesta fazenda, você é um Cullen e merece o melhor. – Ele disse finalizando com um abraço, eu queria chorar, mas não consegui, apenas um riso de felicidade brotou de meus lábios.

-Obrigado Carlisle.

-Não precisa me agradecer, você é bem vindo aqui garoto. Agora eu vou deixar você descansar e amanhã eu viajo cedo, mas volto em dois dias no máximo. Ande por ai, pense na vida, qualquer cosia que precisar pode falar com a Bella ou com a Esme. E se precisar conversar sabe sobre o acidente a Bella já passou por isso, ela pode te ajudar. – Ele disse isso e me deixou sozinho no escritório. Logo eu subi para dormir.

Pela primeira vez desde a morte dos meus pais dormi tranqüilamente, sem pesadelos, sem medo e com esperança de dias melhores. Acordei no meio da noite com gritos vindos do quarto ao lado, o quarto dela, quer dizer deles, não posso esquecer do meu tio. Não me contive e fui ver o que acontecia, abri a porta e via a Bella já sentada amparada pelo meu tio ao lado dela na cama, mas do lado de fora da cama, o lado que ele deveria estar dormindo estava ainda arrumado. O que me surpreendeu foi a presença da Esme, se eu que estava no quarto do lado demorei até chegar lá, ela nem deveria ter escutado, sendo que teoricamente dorme na outra ala da casa...suspeito isso...muito suspeito.

-Tudo bem Carlisle, acordei com uns gritos. – Perguntei ainda da porta.

-Agora sim, não se preocupe garoto pode voltar a dormir. – Esme que respondeu saindo em direção às escadas.

-Tio? Aconteceu alguma coisa? – Ignorei a senhora que saia do quarto.

-Foi só um pesadelo, ela vai ficar bem. Obrigado por se preocupar. – Ele disse de maneira carinhosa, voltei para o meu quarto e fiquei pensando se isso ainda era por causa dos pais dela, pelo que Carlisle me disse também haviam morrido num acidente. Não consegui mais dormir naquela noite, mas também não houve mais gritos.

Levantei cedo, e fui atrás da cozinha, precisava de um copo de água e de preferência gelada. Fui andando pelos corredores, mais conhecendo a casa do que procurando pela cozinha, cheguei em uma copa, uma local mais intimo e vi a Esme pondo a mesa para o café.

-Acordado a essa hora Edward? – Ela disse sorrido como um genuína mãe de família, me lembrei da minha, que saudades eu tinha desses momentos em família...

-Bom Dia Esme, acordei com sede, estava a procura da cozinha. – Admiti envergonha por estar perdido.

-Venha por aqui. – Ela me chamou, indo na frente, adentramos num cozinha tamanho família, era incrível como essa família tinha conforto num lugar tão retirado da civilização. Tomei a minha água e agradeci, logo que voltamos à copa a Bella já nos esperava para a refeição, a qual foi em total silencio. Logo que terminamos ela se levantou e eu não me segurei.

-Bella tudo bem? – Perguntei me referindo a noite anterior.

-Tá sim, obrigada por se preocupar. – Ela disse envergonhada e já saindo, a segurei pelo braço fazendo seu olhar se voltar para mim.

-Quer conversar? – Perguntei ainda a segurando, não sei de onde surgiu, mas eu estava com uma vontade gigantesca de beijar essa mulher. Fui me aproximando e vendo que ela não se afastava toque levemente seus lábios com os meus num selinho, simples e singelo mas que fez com que uma corrente elétrica passasse por todo o meu corpo, e ela sentiu também pois logo se afastou sem dizer nada e saiu de dentro da casa.

Eu sou um idiota, como fui fazer uma coisa dessas, e agora onde vou encontra essa mulher para eu me explicar...aliás o que eu vou dizer não havia explicação para a minha atitude extremamente idiota. Sai quase que correndo atrás dela, vendo apenas parte da traseira da camionete que ela dirigia. Isso agora sim você perdido cara...

Sai dar uma volta sem me distanciar muito da residência, não queria me perder logo no segundo dia. Andei por um bom tempo, tempo suficiente para pensar na burrada que eu cometi, voltei para a casa e fui direto para o quarto, algo me dizia que eu não conseguiria falar com ela antes do almoço. O que eu não esperava era que ela não aparecesse nem para almoçar. Segundo a Esme ela iria almoçar no refeitório dos empregados não queria perder tempo.

A noite chegou e nada dela aparecer, estava ansioso por demais para poder conversar com ela, mas nada. Depois de tirar a mesa Esme finalmente falou a respeito.

-Desculpe perturbar, mas voe sabe o que aconteceu com a Bella? – Ela perguntou meio sem jeito.

-Não sei, ela não quis nem conversar comigo pela manhã. – Menti na cara dura. – Por que?

-Ela não veio almoçar, até ai é normal ela as vezes come com os peões, mas não quis jantar disse que comeria alguma coisa mais tarde estava cheia de serviço, isso é estranho.

Ela não disse mais nada apenas saiu me deixando mais confuso ainda, o único lugar que eu consegui imaginar que ela pudesse estar era junto à arvore, mas eu não sabia se tinha algum cavalo que eu pudesse usar, e ir a pé estava fora de cogitação, era longe pacas. Me sentei na sala de estar para espera-la, seja que horas fosse eu estaria esperando ela para conversarmos.