Eu peguei o meu carro de fui pra Nova York, o que não demorou muito, pois o meu carro do sol é bem rápido.

Cheguei lá, fui direto pro Olimpo, vou matar Afrodite. Ela é imortal, então... Vou jogar ela em um brechó e trancar ela lá dentro, sem as maquiagens e roupas chiques que ela tem. E sem escova de cabelo, ela vai ter um ataque lá dentro.

Quando cheguei ao Olimpo, fui pra sala dos tronos, e lá estava Afrodite no trono dela, retocando a maquiagem.

-AFRODITE!

-Apolo, amor, vem até aqui, querido. - Ela disse sorrindo de um jeito que me fizesse desistir da idéia do brechó. Eu fui até ela, ela desceu do trono e ficou do tamanho humano, assim como eu estava. Ela deu um beijo na minha bochecha.

-Não, pára, eu estou bravo com você. - Eu disse, afastando-a de mim.

-Bravo por quê? - Disse ela, com cara de inocente.

-Você me fez gostar da Dafne.

-Apolo, eu vou te falar uma coisa. Você nunca se apaixonou de verdade. Talvez porque todas as garotas que você sempre quis, choviam na sua horta. Tirando aquela ninfa que fugia de você, mas você só desejava ela, não amava ela. Amor é um sentimento que se constrói com o tempo, você nem conviveu com a ninfa. Então eu vi essa Dafne e pensei... Talvez você devesse aprender o que é o amor de verdade.

-Eu sei o que é amor.

-Não sabe não, gato. Você sai pegando todas por aí, fazendo elas se apaixonarem por você e depois você cai fora. Isso é diversão, não amor. Eu sei bem a diferença dos dois. - Ela piscou pra mim e deu uma risadinha. Eu já tinha dormido com Afrodite. Quem já não dormiu com ela?

-Eu não ligo pra diferença, eu só não quero me prender a alguém.

-Já se prendeu, querido.

-VOCÊ fez isso.

-Sim, eu fiz. - Ela riu. -Você ainda vai me agradecer. - Quando eu ia pegá-la pra prender ela no brechó da minha idéia, ela desapareceu em fumaça cor de rosa. Vadia.

Saí do Olimpo revoltado. Mas não se pode lutar contra Afrodite, era uma das deusas mais temidas. Ela não é sábia, não é forte, não bota fogo nas coisas. Ela faz muito pior, ela mexe com sentimentos.

Eu era um deus meio atarefado. Eu... Tinha que cuidar do sol. E eu era deus das profecias, da cura, da música... Era bem requisitado. E agora eu estava preso porque tudo o que eu queria era ficar perto de uma humana. Não sei por que ela era tão especial pra mim. Ela era forte psicologicamente falando, era linda, tinha um corpão, tinha um sorriso bonito, era teimosa, tinha perfume de flores, era delicada quando queria... Ah, já chega, é sério, que droga.

Talvez eu não voltasse à Miami por um tempo. Mas aí a Dafne ia pensar que eu era como o ex dela... Ia continuar pensando que eu sou só um playboy. E eu era, eu não vejo problema algum nisso. Mas eu queria provar que eu sabia ser diferente.

Então está bem, aparentemente eu ia pedir pra Atena alguma ajuda pra saber o que se faz em uma imobiliária e eu teria que pedir ajuda de Hermes pra falsificar um currículo.

Tudo isso pra trabalhar... Que trabalhão. Eu era preguiçoso, era mesmo. Eu fazia o que eu gostava e pro resto, que exigia coisas como... Pensar, eu era preguiçoso. Primeiro, vamos procurar o Her...

-Me chamou? – Hermes de repente apareceu do nada na minha frente.

-Cara, é sério, já não chega Afrodite entrando na minha mente. Agora você também?

-Eu só ouço pensamentos quando mencionam meu nome. – Ele disse dando de ombros. –E falsificar documentos é bem fácil... Espera um segundo. – Ele estalou os dedos, e uma folha apareceu na mão dele. –Essa folha vai ser seu currículo. O que eu devo escrever aqui?

-Algo que tenha a ver com pessoas que trabalham em imobiliárias? – Eu disse com um sorrisinho amarelo, envergonhado por não fazer idéia do que escrever no meu próprio currículo falso. Hermes riu.

-Beleza. – Ele estalou os dedos da mão que estava vazia e letras começaram a aparecer na folha. Indicações de outros lugares que eu tinha “trabalhado” entre outras coisas. –Essas empresas, se o seu futuro chefe ligar pra elas, elas vão ter seu histórico lá, apesar de você nunca ter passado por lá. Não precisa me agradecer, cara. Eu sei que eu sou muito bom. – Disse Hermes, rindo. Eu peguei o currículo e olhei.

-Cara, obrigado. Valeu mesmo.

-De nada, se precisar, é só pedir. Agora eu tenho que ir. Parece que Zeus precisa que eu entregue um recado pra uma humana. – Ele disse cochichando.

-Hera não pode saber. – Ele assentiu e riu, desaparecendo em uma fumaça branca.

Eu peguei meu currículo. É, aqui vou eu. Voltei a Miami, peguei o cartão que a Dafne tinha me dado e fui ao endereço escrito lá.

Eu quase morri de rir com o nome da bendita imobiliária. O nome era Dionízio e Ártemis. Primeiro que Dionísio estava escrito errado e não sei o que minha pobre irmã casta tinha a ver com o bebum do Olimpo, mas enfim.

Eu fui à imobiliária e mostrei meu currículo, o carinha lá ligou pros meus dois últimos “chefes” e eles falaram que eu tinha sido um bom funcionário. Nunca dei problemas. Claro, eu nunca nem estive naqueles lugares, como poderia dar problemas?

O carinha me contratou e meu trabalho era vender casas. Parecia fácil. E meu trabalho começava amanhã. Quando eu estava saindo, vi Dafne com aquela roupa colada, uma saia de secretária azul marinho, 2 dedos abaixo do joelho e nem prestei muita atenção na parte de cima da roupa. Aquela saia colada mostrava muito, sabe... Enfim, eu queria ficar ali, babando nela o dia todo. Ela nem tinha me notado, estava escrevendo um monte de coisas, com um caderno nos braços, com um telefone no ombro, segurando o telefone com o pescoço e eu decidi ir embora antes que ela me notasse. Amanhã eu ia ver a Dafne com essa saia colada o dia todo... E eu mal podia esperar.