Harry ainda não conseguia acreditar no que havia lido, sua melhor amiga, sua irmã, Hermione não podia estar morta, não, ele não iria saber lidar com isso se fosse verdade, ainda não superara a morte do padrinho há algumas semanas, ele sabia que não teria forças para seguir em frente com sua missão de matar Voldemort sem o apoio e os conselhos da amiga. Milhões de sentimentos pareciam estar lutando dentro dele, raiva, dor, indignação, culpa, impotência, solidão, medo, resignação, sua cabeça doía, lembranças dos momentos compartilhados com a amiga encheram sua mente e ele não conseguiu conter as lágrimas que caíram livremente pelos seus olhos. Não conseguiria dizer por quanto tempo ficou assim mas quando conseguiu levantar já estava anoitecendo ele não havia comido nada, não sentia fome e achava que mesmo que sentisse não conseguiria comer nada. Ao olhar para o céu avistou uma coruja vindo em sua direção, pela aparência do animal ele vinha de muito longe, estranhando sua aproximação abriu a janela para permitir a entrada do animal que apenas largou a carta e saiu novamente sem esperar resposta.

Ao olhar para a caligrafia caprichada e familiar o coração de Harry começou a acelerar, abriu o envelope com medo do que estaria escrito, e as poucas linhas foram suficientes para deixar o garoto muito aliviado e intrigado.

Harry,

Sei que você deve estar surpreso e provavelmente desconfiado lendo esta carta, porém não posso explicar nada agora. Estou escrevendo para desmentir os boatos sobre minha suposta morte, sei que você e Rony (também mandei uma carta para ele) devem ter ficados péssimos quando pensaram que eu estava morta. Estou fora do país e preciso de um tempo sozinha para poder organizar meus pensamentos, sei que você mais do que qualquer pessoa vai entender do que estou falando. Meus pais realmente morreram, mas eu não estava com eles. Prometo explicar tudo quando voltar, me perdoe por ter feito você sofrer, e por favor, não se preocupe comigo, vou ficar bem e voltarei quando estiver pronta. Fique atento e não faça nenhuma bobagem, desculpe não poder estar ao seu lado agora, sei que você está se culpando pelo que aconteceu no ministério, ,mas eu vou falar quantas vezes for preciso, NÃO FOI CULPA SUA, não fique sofrendo por isso, não deixe Voldemort ganhar, não se destrua por dentro, lembre-se de todos que você salvou e das pessoas que amam você.

Com amor, Hermione.

Harry terminou de ler a carta com uma felicidade que não sentia há muitos dias, no começo desconfiara que poderia ser uma brincadeira de mau gosto ou uma armadilha dos comensais, mas aquelas palavras pertenciam mesmo a Hermione, ele não pode deixar de sentir ainda mais admiração pela amiga, ela devia estar pior do que ele por ter perdido os pais, e ainda se preocupava com ele, ela sabia o que ele estava passando, mas não demonstrava pena, ele entendia a vontade dela de estar sozinha, e sabia que ela devia estar se culpando por não ter forças para ajudá-lo com seus problemas. Mas suas últimas palavras ajudaram mais do que ela poderia esperar, ela mesmo sem sabe renovou as esperanças do garoto, deu o impulso necessário para ele transformar os sentimentos destrutivos em determinação, lutaria até a morte se fosse preciso, mas faria com que todas as mortes que ocorreram nessa guerra não fossem em vão, e tentaria ao máximo evitar mais perdas.