A Grande Profecia de Nárnia escrita por ro1000son


Capítulo 2
Capítulo 2: O Anão Insatisfeito


Notas iniciais do capítulo

* Spoilers do livro "As Crônicas de Nárnia: O Sobrinho do Mago".
** Os personagens principais e os cenários pertencem ao grande C.S.Lewis.
*** Agradeço a colaboração de um amigo - Salem - em uma dúvida que foi prontamente resolvida e vai dar mais uma força nessa história.



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Um jovem anão vagava pela floresta sem rumo certo, havia muito tempo. Dias, para ser mais exato. Esperava encontrar alguém ou alguma coisa que pudesse dar algum sentido à vida dele. Mas antes de saber sobre sua peregrinação e o futuro que lhe é reservado, vamos contar um pouco da história do anão que se chamava Gunnar.

Gunnar resolveu sair de Nárnia porque não se sentia mais daquele mundo - coisa que ninguém compreendeu porque, já que todos gostavam muito dele. Mas ele se sentia incomodado com o fato de os anões trabalharem tanto. Ao ver dele, trabalhavam mais do que todos.
- Bobagem – Disse seu pai, quando Gunnar foi lhe falar. – Todos trabalham nesta terra. Venha, vou lhe mostrar uma coisa.

Os dois subiram em um pequeno morro, e avistaram o principal orgulho dos narnianos.
- O que vê alem daqueles montes? – Apontou para uma torre que se erguia ao longe.
- É uma das torres de Cair Paravel.
- Pois é isso mesmo. Fique você sabendo que todos trabalharam na construção dele. Tanto os anões, como os faunos, os centauros, os texugos, os ursos, os felinos, os cães, os cavalos... Todos, exatamente todos que poderiam ajudar, ajudaram a erguer o orgulho de Nárnia. Portanto, posso lhe garantir que em Nárnia, todos trabalhamos igualmente. Não é só os anões. Nós, os anões, trabalhamos com gosto. E é porque gostamos tanto que fazemos tudo bem feito. Você deveria se sentir orgulhoso por seu povo.

Mas Gunnar não se satisfez. Não compreendeu aquelas palavras do seu velho pai. Mas o que aconteceu de pior para ele foi quando os anões foram chamados para reformar o navio da Rainha Cisne Branco, que iria fazer uma viagem para as Ilhas Solitárias. Gunnar estava entre os encarregados de montar os andaimes para o pessoal que precisava pintar o navio. Mas por um descuido seu, uma das pernas do andaime ficou frouxa e, com toda a agitação, acabou se partindo e fazendo com que todos caíssem. Sorte que ninguém se machucou – procuravam encarar como uma grande brincadeira. A não ser Gunnar que se viu numa situação embaraçosa. Ficaram sabendo que ele era o responsável e apenas zombaram dele. Mas aquilo foi muito vergonhoso para Gunnar e por essa razão, decidiu sair às escondidas naquela mesma noite, sem rumo certo, sem pensar em mais ninguém.

Só que depois de tanto caminhar, de tanto refletir sobre sua vida, o anão parou para descansar e comer alguns frutos colhidos das árvores por onde passava. Não queria admitir, mas a essa altura estava perdido. Não conhecia aquela parte da floresta e, por isso mesmo, acreditava que não estivesse mais em Nárnia. No auge do seu descanso, ouviu passos vindos em sua direção e pensou logo que fosse perigoso ficar ali. Os passos vinham lentos como se fossem de alguém armando uma emboscada. Gunnar subiu numa árvore alta perto de onde estava e lá de cima teve uma surpresa espantosa.

Quem apareceu foi a Feiticeira Branca. Trazia consigo um presente dos bruxos com quem esteve reunida: uma varinha adornada de belos cristais. Do alto da árvore, Gunnar observava com admiração aquela mulher de uma beleza única, mas que se mostrava tão branca, tão clara como a neve. Logo estaria imaginando se ela fosse mesmo a Feiticeira que tanto ouviu histórias.
- Ela é exatamente como dizem. – pensou Gunnar, enquanto admirava a Feiticeira.

A confirmação veio numa atitude da mulher que olhava os arredores como se estivesse procurando por algo perdido. Encontrou alguns ratos escondidos próximo a um agrupamento de pedras e antes que todos pudessem fugir, Jádis levou sua varinha ao encontro dos mais próximos, fazendo com que um facho de luz aparecesse e no lugar dele, os ratos que sobraram fossem transformados em pequeninas estátuas de pedra. Por fim, ela olhou sua varinha de forma vitoriosa e deu um largo sorriso, imaginando tudo que conquistaria fazendo uso daquele instrumento.

Enquanto isso, o anão, que estava tremendo - ou por ansiedade ou por medo, tentava acreditar naquilo que seus olhos tinham visto. No entanto, acabou por se descuidar e pisou em falso em um galho, fazendo com que caísse próximo à Feiticeira. A queda do anão chamou a atenção de Jádis, que se virou sobressaltada para ver o que estava acontecendo.
- O que está havendo? Quem está aí? – Perguntou ela, mostrando superioridade e já colocando sua varinha em prontidão. Gunnar viu que não tinha outro jeito senão se apresentar. Qualquer movimento em falso e poderia ser transformado em pedra, tal qual aqueles pobres ratinhos.
- Por favor, não me mate. Sou eu, Gunnar. Sou apenas um anão vagando pela floresta.
- Um anão. De onde você vem, anão? – Perguntou a Feiticeira, mesmo já desconfiando da resposta, pois havia reconhecido as roupas que o anão estava usando.
- De Nárnia, Real Senhora. Saí de Nárnia há vários dias e estou sozinho. – Gunnar nunca soube porque disse isto. Que adiantaria aquela mulher saber se ele estaria sozinho ou não? Com o poder que ela demonstra ter nas mãos, certamente derrotaria um exército. Mas só quem conhece a Feiticeira Branca sabe o quanto os olhos dela brilharam ao ter certeza que o anão que se encontrava em sua frente era de Nárnia.
- E porque não está junto dos seus?
- Porque eu não consigo... – não gostou do que disse, e logo emendou – Porque eu sinto que posso fazer algo mais importante do que apenas trabalhar em minas ou entalhar madeira ou ficar fundindo metais. - A Feiticeira logo compreendeu onde o anão queria chegar. Tanto que resolveu testá-lo.
- Como o quê, por exemplo?
- Posso servir a tão majestosa Feiticeira Jádis.
- Como sabe quem eu sou? Por acaso já me apresentei a você? – perguntou a mulher, se aproximando do anão, que se afastou receoso e acabou por tropeçar em um galho.
- Não, Real Senhora. São as histórias que chegam até nós. Seus feitos têm sido espalhados por todos os cantos. – mentiu o anão, como se fosse a coisa mais importante a dizer para salvar sua pele. Jádis, que não ficou muito contente com a resposta, balançou sua varinha na direção do anão, fazendo o sangue deste ferver.
- E porque acha que eu preciso de você? Acha que pode ser útil para mim?
- Senhora, não sou ninguém importante. Apenas quero lhe servir no que for capaz.

Jadis sentiu que aquele anão seria importante para o que estava se passando por sua mente naquele instante. Mas achou melhor testá-lo mais um pouco.
- Não... Vá pra casa. Você não serve para estar junto dos meus. – disse isso, se virando como se estivesse indo embora e deixando o anão sem ter o que fazer. Mas de súbito ela ouviu uma coisa muito esclarecedora.
- Eu sei porque a Senhora não pode ir para Nárnia. É por causa da árvore. – gritou Gunnar. Ao ouvir essas palavras do anão, a Feiticeira levantou o olhar e, sem se virar para ele, perguntou:
- Uma árvore? De que tipo?
- Uma árvore que nasceu do fruto trazido dos confins do mundo. Uma que foi plantada por um Filho de Adão logo no nascimento de Nárnia.

Toda uma lembrança veio à tona na cabeça de Jádis. A lembrança dos primeiros dias em que pisou naquela terra. Só agora ela entendia o porque que não conseguia entrar em Nárnia. Virando de novo para o anão, ela perguntou:
- E você? Já viu essa árvore?
- Sim, Senhora. Todos os narnianos ajudam a cuidar dela. Talvez por isso ela esteja sempre florida, sempre forte. Ninguém sabe o que são feitos dos frutos dela. Sabemos apenas que são levados para Cair Paravel, o castelo.

Jádis estava satisfeita. Porque viu nos olhos do anão que ele era avesso àquele mundo, sentiu que pudesse usar da lealdade de Gunnar e também sentiu que este seria o primeiro passo para a conquista de Nárnia.
- Pois bem, acho que você pode vir comigo. Vamos ver do que você realmente é capaz.

Ao dizer isto, ela se virou para ir embora e o anão tinha entendido que estava aceito. Foi logo atrás dela, mesmo sem saber para onde iriam, porque achava que havia chegado a hora de mostrar seu valor. No caminho, o anão foi contando tudo o que sabia sobre Nárnia, fazendo com que a Feiticeira já estivesse montando todo o esquema que seria preciso para regressar àquele reino.

 


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Notas finais do capítulo

Agradeço a todos os leitores, e em especial aos que deixaram as reviews, pois, com elas eu fico mais animado em escrever.