A Grande Profecia de Nárnia escrita por ro1000son


Capítulo 10
Capítulo 8: O Segredo que Guarda o Castelo


Notas iniciais do capítulo

* Em comemoração ao novo servidor, estou terminando essa história com este e o próximo capítulo. Espero que gostem.
** Os personagens principais e os cenários pertencem ao grande C.S.Lewis.
*** Spoilers do livro: "As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa".



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O que mais agradava os habitantes de Nárnia era a magia que circundava o reino. Parecia até que não havia guerra naqueles dias e na maior parte permanecia uma paz sem igual. Os narnianos sabiam do que estava acontecendo e temiam que a Feiticeira terminasse vitoriosa. Mas confiavam no exército narniano e isso mantinha uma certa segurança nas outras partes de Nárnia.

E foi em um desses lugares que essa paz foi quebrada com dois gigantes carregando um centauro. Corriam para salvar a vida de Óruns, que era o pedido de Nedamus antes da batalha. Estavam a meio caminho da famosa Ponte de Pedra quando os dois não estavam mais aguentando correr, pois ambos estavam muito feridos. Entre os dois, havia o centauro ainda tentando acreditar no que aconteceu com seu mestre. Para ele não importava mais se os centauros eram fortes, as lágrimas caíam sem cerimônias. Lembrava dos ensinamentos de Nedamus, das palavras que disse sobre confiar na lealdade dos Filhos de Adão e do amor que os narnianos sentiam por Nárnia. A sabedoria de Nedamus sempre foi admirada por reis e rainhas que passaram por Cair Paravel e só agora Óruns percebera que nunca havia pensado no dia em que não tivesse mais o mestre ao seu lado.

Quando os gigantes sentiram que estavam mais seguros, resolveram parar porque não aguentavam mais – Óruns também notou isto. As flechas que os gnomos e sátiros acertaram neles estavam agravando os ferimentos.
- Desculpe amiguinho. - disse Griamones, enquanto colocava o centauro no chão. - Precisa continuar sem a gente.
- Vocês estão muito feridos. Vou tirar estas flechas.
- Não precisa. Podemos cuidar disso. - falou Runtamarco.
- Não há tempo a perder. Nedamus queria que salvássemos sua vida. Ele se sacrificou por isso. - voltou a falar Griamones, com a cabeça baixa. - Deve partir rápido e cuidar do seu destino.

Óruns engoliu em seco o que acabara de ouvir. Começava a entender o propósito do mestre e concordou que precisava ir embora.
- Como vocês ficarão? O que irão fazer agora?
- Primeiro vamos dar um jeito nas feridas e depois tentar encontrar os outros para voltar para Harfang. Sinto muito por não conseguirmos ajudar. Se haviam dúvidas que a Feiticeira derrotaria um exército, elas não existem mais - lamentou Runtamarco.
- Não tenho como agradecer o que fizeram por mim.
- Não agradeça. Apenas viva. - disse Griamones. E os três se despediram longa e demoradamente para que Óruns tomasse um caminho sem rumo. Até aquele momento não tinha idéia para onde iria e nem o que fazer. Os dois gigantes ficaram no mesmo lugar até que o centauro desaparecesse no meio da floresta.

Mais ao norte, no local da batalha, a neve começava a cair do céu e tomava conta do terreno e das árvores. Ainda havia poucos narnianos resistindo, mas a guerra já estava decidida e a Feiticeira Branca aparecia vitoriosa na frente do comandante Otmin. Atrás dela havia milhares de estátuas de pedra e muitos narnianos mantidos prisioneiros, sem contar as baixas. O minotauro se abaixou, prestando uma reverência que foi repetida pelos fiéis que estavam próximos.
- Minha rainha. Agora temos Nárnia. - disse Otmin.
- Isso mesmo. Contemplem todo meu esplendor. - disse Jadis, apontando para a vasta floresta que estava próxima. - Agora a rainha de Nárnia serei eu e todos irão me obedecer. Antes de mais nada, quero que eliminem todos os Filhos de Adão que encontrarem no reino. E que aqueles que não me tomarem por rainha, também sejam eliminados. Comandante, você sabe o que fazer.

O minotauro deu um mugido em comemoração à vitória, que foi ouvido à muita distância. Quando a Feiticeira notou que Ginnarbrik estava próximo, disse a ele:
- Ginnarbrik, você cuidará da construção do meu castelo. Essas estátuas serão meus troféus. Quero todas que estão inteiras guardadas em um grande salão. - Guinnarbrik prestou uma reverência, mostrando que compreendera as ordens de Jadis.

Algum tempo depois, em Cair Paravel, General Sperdan acordava sentindo muitas dores e tontura, notando que havia um grifo em pé e em frente de onde ele se deitava. Ainda não percebeu que tinha sido levado para o castelo e que estava nos seus aposentos.
- O que aconteceu? Onde estamos?
- Estamos em Cair Paravel, General. No seu quarto.
- Há quanto tempo fiquei desacordado?
- Um dia. Foi o tempo que levei pra trazê-lo até aqui.
- Na verdade, vocês chegaram há quase meia hora. - uma voz doce e gentil aparecia de repente. Sperdan não havia notado que sua mulher estava ao lado da cama, preparando curativos para os ferimentos dele.
- Ireva, que bom te ver. - o general tentou levantar, mas uma dor na perna não deixou que conseguisse. Sua mulher interveio.
- Não force. Também estou satisfeita em saber que você está vivo, mas precisamos cuidar desses ferimentos agora.

Resignado, o General desviou a vista para o lado do grifo e notou algo estranho do lado de fora da janela atrás dele.
- Mas o que é aquilo? - perguntou o General, apontando para o lado norte de Nárnia. A vista dos aposentos de Sperdan apontava justamente para a direção do campo onde a batalha ocorreu e dava pra ver claramente o que acontecia. - Neve? Mas não estamos na época...
- Não mesmo. Aquilo foi provocado pela Feiticeira. - interrompeu o grifo. - Pouco a pouco, está se espalhando pelo reino.
- Grifo, você está ferido. - disse Sperdan, notando os curativos que estavam no dorso do grifo.
- Eu estou bem. Essas feridas não são nada. As suas são muito mais graves.

De repente, a atenção dos três foi desviada para a porta que se abria desajeitadamente. Estavam entrando uma mulher para ajudar Ireva e três doninhas carregando uma bacia com água quente, quase derrubando.
- Ei, segura aí... - dizia uma delas.
- Calma. Isso tá quente. - retrucava a outra doninha.
- Me desculpe. - disse a ajudante – Eles insistiram em ajudar.
- Não tem problema. - respondeu Ireva com um sorriso simpático. - Podem colocar em cima do banquinho. Obrigada.
- Precisam de mais alguma coisa? - perguntou a terceira doninha depois que as três deixaram a bacia.
- Por enquanto é só. - disse Ireva. - Se precisarmos, vamos chamar. - e as três doninhas saíram do quarto prestando reverência para os quatro.

Enquanto as duas mulheres colocavam os curativos no General, Sperdan ficou conversando com o grifo para saber algumas informações.
- Grifo, qual o seu nome?
- Timerus, senhor.
- Deu para ver qual a situação do nosso exército?
- Não pude ver muita coisa, mas deu pra ver que a Feiticeira transformou muitos dos nossos em estátuas. - disse o grifo abaixando a cabeça.
- Você me trouxe para cá. Porque?
- Foi o Lorde Doran que me pediu isso. Disse que era um pedido da Rainha Cisne Branco.
- Porque ela iria pedir isso? - perguntou Ireva, mais para Sperdan do que para o grifo.
- Eu sei porque. - respondeu o General enigmaticamente. Ireva, que nunca precisou questionar os motivos do marido, viu que esta era mais uma situação que Sperdan considerava de suma importância para o reino.
- Ireva, precisa partir daqui. Reúna todos os narnianos que quiserem sair de Nárnia e também todos os Filhos de Adão e Filhas de Eva. Diga a todos que precisam sair do reino. Quem quiser, pode ir para a Arquelândia... - quando dizia isto, Sperdan se lembrou da tropa da Arquelândia que iria ajudar na batalha. - Timerus, você viu os soldados da Arquelândia?
- Sim, pude ver. Chegaram tarde demais. Alguns soldados ainda entraram na batalha, mas muitos fugiram ao ver o que a Feiticeira estava fazendo com os nossos.
- Não os culpo. Nós não esperávamos que a Feiticeira fizesse algo parecido. - disse Sperdan, voltando a atenção para sua esposa. - Tenho certeza que a Arquelândia não recusará exílio. Mas o melhor mesmo é que vão para as ilhas solitárias, ou algum lugar além de Galma. Creio que a Feiticeira não irá perseguir até lá. Quero que pegue nosso filho e vá para Terebínthia ou mais longe. Podem usar o Grande Luar.
- Mas e você, Sperdan? - perguntou Ireva.
- Eu devo ficar aqui. Só eu e a Rainha sabemos o que pode proteger Cair Paravel de alguma ação da Feiticeira.
- Ainda vou vê-lo novamente?

Sperdan não teve coragem de responder à pergunta de Ireva. Abaixou o olhar, denunciando a ela a temida resposta.
- Eu entendo. Há coisas muito importantes na vida. Alguém precisa cuidar do castelo. - disse Ireva, com os olhos vermelhos.

Horas mais tarde, o General se encontrava de pé na frente da porta dos aposentos da Rainha Cisne Branco. Com a ajuda do grifo, conseguiu chegar até lá para pegar uma chave. O castelo já estava vazio porque Ireva estava cuidando do que o marido pediu. Só havia os dois dentro de Cair Paravel.
- Vou sentir muita falta dela. - disse o grifo, olhando para os móveis que a Rainha utilizava.
- Eu também. Nunca esquecerei tudo que ela fez por mim. - dizia Sperdan, se digirindo a um pequeno armário onde abriu uma gaveta e tirou um pequenino baú. A chave que ele queria estava ali. Quando pegou o objeto, ele suspirou e, olhando para a chave, comentou com o grifo.
- Nunca havia pensado no dia que precisaria desta chave. - o grifo apenas observava Sperdan contemplando o objeto. Quando pegou a chave, ele disse ao grifo.
- Vamos, Timerus. Precisamos ir para os pavilhões abaixo do castelo.

E o grifo ajudou o General a caminhar pelos corredores e escadas de Cair Paravel. Ora iam em silêncio, ora falavam da Rainha Cisne Branco. Em alguns corredores mais estreitos, por causa do seu tamanho, o grifo acabava por esbarrar em uma ou outra coisa. Por fim chegaram aos pavilhões que haviam abaixo nas fundações do castelo. O grifo não imaginava o que havia naquele local.
- Minha nossa, nunca vim aqui. - observou Timerus, vendo a altura do pavilhão onde estavam.
- Quase ninguém veio. Era praticamente desconhecido. - respondeu Sperdan.

Chegaram na frente de uma porta que o General abriu mostrando a sala simples que apareceu. Um imponente e enorme baú de prata repousava no centro da sala e refletia as luzes que recebia das tochas que Sperdan e Timerus carregavam.
- Que baú lindo. – dizia o grifo, observando os detalhes em prata e a figura de Aslam na parte de cima do baú.
- É sim. - concordou Sperdan, com um sorriso tímido.

O grifo acompanhou o General até o baú, para que colocasse a chave que trazia na fechadura do grande objeto. Quando Sperdan abriu, Timerus se espantou a ver o conteúdo dele.
- Maçãs, senhor?
- Não, meu nobre Timerus. Parecem maçãs. Mas são os frutos daquela árvore que guardava o encantamento contra a Feiticeira. Por acaso notou algumas árvores diferentes ao redor do castelo?
- Não senhor. - respondeu o grifo.
- Imaginei. Agora você é o único em Nárnia, além de mim, que sabe disso. Existem árvores, filhas daquela que nos protegia, plantadas em um grande círculo ao redor de Cair Paravel. - dizia Sperdan quando algo que começou a acontecer com os frutos dentro do baú chamou a atenção do grifo.
- Elas estão sumindo...
- Estão se evaporando. - disse o General enquanto os frutos sumiam um a um. - Nesse momento estão se misturando ao ar que respiramos. Esses frutos agirão com as árvores formando uma espécie de bolha invisível que vai proteger nosso castelo de qualquer um que tentar fazer alguma coisa em nome da Feiticeira, e até dela própria. Com isso ela não vai poder fazer nada com esse castelo.
- Então Cair Paravel estará para sempre protegido?
- Infelizmente não. - respondia o General olhando para os olhos do grifo. - Esse encanto só irá durar enquanto a Feiticeira viver. Foi o que Aslam nos disse. Ele próprio trouxe este baú das terras do Imperador de Além-mar.
- Logo vi que uma prata dessas não poderia ser de Nárnia. - comentou o grifo.
- Exatamente. - concordou Sperdan e os dois continuaram a observar até que último fruto se evaporasse e o baú ficasse inteiramente vazio.
- Está feito. Agora é esperar que tudo dê certo. - resignou Sperdan, fechando o grande objeto.

Os dois deixaram a sala do baú em silêncio, pois a magia estava lançada. Mas eles agora tinham certeza que, qualquer que fosse o futuro do reino, o castelo haveria de se manter firme. A Feiticeira, mesmo que quisesse, não poderia fazer nada contra Cair Paravel.

 


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Notas finais do capítulo

Servidor novo. Que beleza. É o Nyah mais turbinado!! Agora, quanto à história: Esse capítulo não estava programado nas minhas idéias. Surgiu aos poucos da necessidade de se resolver determinados assuntos. Mas espero que gostem assim como eu gostei. Obrigado a quem está lendo e acompanhando e obrigado mais do que especial a quem deixou review.



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