Imperfeição escrita por GabrielleBriant


Capítulo 6
Rosalie no Volante, Perigo Constante




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/109190/chapter/6

VI

ROSALIE NO VOLANTE, PERIGO CONSTANTE

EMMETT

Eu fiquei surpreso quando Rosalie disse que entraria na água. Mas, naquele momento, eu ainda não estava me sentindo culpado. Quer dizer, Rosalie Hale era o tipo de mulher que aparecia em todos os sonhos molhados de adolescentes. E ela disse que entraria na água. Com aquela camisa branca. Então os meus olhos irem até os seus seios à procura de um sutiã foi apenas... um instinto masculino, certo? Aquilo não fazia de mim um canalha.

Nada! Nenhum sinal de sutiã. Eu vi foram dois bicos proeminentes. A minha garganta secou e eu tive que entrar na água novamente, antes que eu ficasse óbvio demais.

A água fria praticamente esfaqueando o meu corpo foi suficiente para me tirar daquela linha de raciocínio. Dei as costas para Rosalie e nadei até onde estava Louise. A minha garota estava sentada numa pedra. Os seus cabelos quase secos estavam bagunçados e ela abraçava as pernas nuas... exatamente do jeito que eu gostava. Sorri e o meu coração acelerou. A minha ruivinha me sorriu também.

Ninguém além de Louise conseguiria fazer o meu coração pular com apenas um sorriso. Nem mesmo Rosalie.

Eu sabia que tinha músculos demais, e que a minha garota gostava daquilo; então me encaminhei devagar para a pedra e a segurei fortemente pelas pernas – pelas pernas lindas, macias, alvas... mais uma vez, me obriguei a deixar essa linha de pensamento. A puxei para a água e ela deu um gritinho, antes de me abraçar forte.

Foi nesse momento que eu ouvi um novo corpo entrar na água. Eu juro que quis me manter concentrado apenas em Louise, mas tive que me virar. Rosalie... suspirei. Rosalie estava mais linda do que nunca, apesar de ter em seu rosto um olhar incerto. Ela ainda não tinha se molhado da cintura para cima, e eu sabia muito bem o motivo. Sorri maliciosamente, enterrando o meu rosto nos cabelos de Louise.

- Querida, você deveria emprestar a minha camisa a Rosalie.

Ela olhou para Rosalie e logo entendeu. A minha sempre tão maravilhosamente prestativa garota tirou a minha blusa sem se desenroscar de mim e estendeu-a a Rosalie.

- Aqui – Ela disse, simpática. – Para você poder se molhar direito.

Rosalie sorriu em agradecimento e, antes dela vestir a minha camisa, os seus olhos se encontraram com os meus. Franzi o cenho: era impressão minha, ou eles estavam mais escuros?

Depois que Rosalie colocou a camisa, sentiu-se à vontade para molhar totalmente o corpo. Andrew, como era esperado, nadou imediatamente para perto dela e a puxou – ela pareceu irritada, talvez porque não estivesse planejando molhar o cabelo; mas o fato é que Andrew conseguiu carregar ela para a cachoeira e parecia estar bem à vontade conversando com ela.

Tentei voltar a minha atenção a Louise.

- Frio, querida?

Ela deu aquele sorriso que aquecia o meu coração.

- Um pouquinho. Parece que Andrew vai finalmente se amarrar, hein?

Olhei novamente para Rosalie, que, no pé da cachoeira, sorria relutante. A idéia de ela e Andrew formarem um casal era estranha. Eu nunca tive inveja de Andrew em minha vida, mas acho que passaria a sentir se ele pudesse beijar Rosalie livremente.

Fiz uma careta, tentando me convencer de que aquele também era um pensamento impulsivo masculino, que não fazia de mim um canalha.

- Emm?

Me obriguei a olhar Louise.

- Não sei... acho que sim.

A minha garota riu docemente.

- Bill vai ter que arrumar alguém! Se não, seremos nós dois, Andrew e Rosalie e o pobre Bill apenas nos acompanhando!

Franzi o cenho e tratei de calar a minha garota com um beijo.

Ao longe ouvi a risada de Andrew e aquilo fez com que eu me afastasse de Louise, sentindo uma pontinha inexplicável de raiva.

- O que foi?

- Nada – disse aborrecido. – Achei que tinha escutado alguma coisa.

Dessa vez foi Louise que me beijou; daquele jeitinho que apenas ela sabia beijar – que sempre me fazia pensar no que eu adoraria fazer se não tivesse tanta platéia. Percebendo que eu estava ficando um pouco animado demais, Louise afastou-se.

Ela me abraçou forte e riu.

- Você deveria dar um auxílio à Rosalie. – Franzi o cenho. Em nosso abraço, Louise me virou de forma que eu pudesse ver a cachoeira. Aparentemente, Andrew estava falando com uma muito aborrecida Rosalie. – Ela é sua amiga; e Andrew pode ser bem irritante às vezes. Vá até lá.

Dei mais um beijo suave nos lábios de Louise – qual namorada no mundo confiava tanto no namorado, a ponto de mandá-lo fazer companhia a uma mulher como Rosalie Hale? Somente a minha garota! Sorrindo com orgulho, deixei Louise e nadei rapidamente para perto da cachoeira.

- Vai escurecer daqui a pouco, pessoal! – Anunciei. Rosalie suspirou aliviada, enquanto Andrew me deu aquele olhar de "vá embora". – Acho melhor começarmos a nos organizar para ir embora.

Rosalie pulou da cachoeira para perto de mim. Mais uma vez, senti o impulso de tocá-la, mas não o fiz – o que eu senti quando toquei a pele dela há quase uma hora foi muito forte para ser ignorado. Preferia não sentir aquilo novamente, a menos que fosse com Louise. Eu não sei se foi impressão minha, mas ela também parecia um pouco relutante.

- Bem – Andrew disse. – Você pode acompanhar Bill e Louise, e eu levarei Rosalie para casa.

Rosalie bufou e cruzou os braços.

- Eu não preciso de escolta. Devo lembrar a vocês que cheguei aqui sozinha?

Sorri para ela, e ela evitou me olhar nos olhos.

- Eu sei, você é auto-suficiente, mas não vou deixar ninguém nos culpar se você aparecer amanhã semi-devorada por leões da montanha.

Ela me olhou totalmente irritada – eu ri. Uma coisa eu já tinha aprendido: Rosalie Hale era facilmente irritável. E, apesar de, à primeira vista, ela lembrar Nosferatu, na verdade a psicose era parte do seu charme.

- Ainda está claro. Eu sei exatamente como chegar em casa sozinha! Vocês não precisam sair dos seus caminhos!

Naquele momento eu tive a certeza de que ela preferia amanhecer o dia semi-devorada a passar meia hora caminhando ao lado de Andrew. Sorri ainda mais largamente.

- Eu vou lhe acompanhar, Rosalie – Andrew ficou lívido. Eu pagaria por isso mais tarde. – Ela é praticamente a minha vizinha, enquanto você mora muito perto de Bill e Louise.

- Mas-

- Ele está certo, Andrew – Louise disse, já saindo da água e começando a se vestir.

- A casa de Emm é muito perto da casa do lago; quanto menos tempo nós passarmos andando, melhor, já que está ficando frio e estamos molhados.

Eu olhei para Rosalie novamente e, apesar dela ter relutado, acabou colocando os olhos nos meus. Eles estavam definitivamente mais escuros. Eu não me esqueceria da cor dos olhos de Rosalie. – Não porque ela era Rosalie, claro. Mas porque eles eram muito incomuns.

- E então, Rosalie? A minha casa é quase no mesmo caminho da sua. Posso te acompanhar?

Ela bufou e desviou o seu olhar do meu com o que parecia exigir muito esforço.

- Ok.

Sorri. Daquela vez realmente não consegui me conter e coloquei as mãos em suas costas, fazendo-a andar para fora do rio. Vi os lábios lindos, carnudos, partirem-se um pouco e ela soltar um suspiro – parece exagero, eu sei... mas eu juro que vi.

Nós demoramos um pouco para sair do rio. Todos já se despediam e começava a caminhar pelo caminho contrário que eu tomaria com Rosalie. Quando finalmente emergimos, os meus olhos passearem pelo corpo dela – foi involuntário, eu juro! Mais uma vez, aquilo não fazia de mim um canalha.

Os tecidos colavam-se ao corpo dela de uma maneira hipnotizante. Ela tinha muito, muito mais curvas do que eu imaginava! Acho que pelo frio os seus seios se pronunciavam ainda mais pelos tecidos das duas camisas que ela usava, dando para imaginar a forma exata que eles teriam. Fechei os olhos, pois sabia que desviá-los era impossível.

Ok, talvez eu fosse um pouquinho canalha.

Não sei se Rosalie percebeu que eu tentava não olhar para o seu corpo, mas por alguns minutos não falamos nada. Tentei me concentrar no frio – e por Deus, estava frio! Estranho, ela não se arrepiou ao passar uma rajada de vento gelado.

De qualquer forma, começamos a andar – eu na frente, guiando-a. Surpreendi-me quando a mão dela procurou pela minha. Fechei os olhos e usei toda a minha força para segurar um suspiro.

- Então... – ela disse depois do que pareceu uma eternidade. – Eu não sabia que você morava perto da minha casa.

- Eu sou o seu vizinho mais próximo. Do meu quintal dá para ver parte do lago.

- Oh! Aquela fazenda?

Sorri.

- Exatamente.

Nos calamos de novo. Depois de um longo e constrangedor minuto, decidi falar:

- Você está com frio?

A mão dela gelada se fechou um pouco mais fortemente contra a minha, e foi como se uma carga elétrica atravessasse todo o meu corpo. Eu não queria nunca mais me desfazer daquele toque – e o pensamento me assustou. Canalha, canalha, canalha!

- Um pouco.

E pronto. Felizmente ou infelizmente, aquelas foram as únicas palavras que trocamos durante a meia-hora em que andamos juntos pela floresta. Quando finalmente avistamos lago, eu estava congelando – e segurar a mão de Rosalie não estava ajudando.

- Esme – ela gritou, quando adentramos o quintal dos Cullen. – Esme, traga toalhas!

Eu não sei como a Sra. Cullen conseguiu fazer aquilo tão rapidamente, mas poucos segundos depois que Rosalie disse aquilo ela apareceu na porta dos fundos da casa com toalhas que pareciam bem quentes. Quase sorri, acelerando o meu passo.

- Obrigado, Sra. Cullen – disse, pegando a toalha e começando a secar o meu torso. Aquilo não melhorava o frio.

- Onde vocês se meteram? – A Sra. Cullen perguntou, obviamente preocupada.

Percebi um sorriso brotar nos lábios de Rosalie.

- Numa cachoeira.

Ela olhou totalmente abismada para Rosalie, provavelmente preocupada que uma garota delicada como Rosalie estivesse se embrenhando na floresta cheia de animais selvagens. Eu tentei acalmá-la.

- Eu conheço as matas como a palma da minha mão, Sra. Cullen. Eu estava tomando conta da sua irmã.

A Sra. Cullen rolou os olhos e sorriu maternalmente.

- Tudo bem, Emmett. Mas lembre-se: é Esme, e não Sra. Cullen! Venha; eu vou pegar uma roupa de Carlisle ou de Edward antes que você se resfrie.

Entrei na casa dos Cullen seguido por Rosalie. Ela, sem dizer uma palavra, subiu as escadas

XxXxXxX

Quinta-feira, 29 de agosto de 1935.

Canalha, canalha, canalha.

Nem eu mesmo estava acreditando em minhas desculpas de "impulso natural masculino". Duas noites de sonhos molhados com uma mulher que não era a sua namorada não era normal.

E menos normal ainda era estar se encaminhando para a casa da mulher com quem você vem tendo sonhos molhados. Eu era um canalha. E o pior é que eu não conseguia evitar!

Bufei, acelerando o meu passo pela rodovia estadual, antes de entrar na estradinha que levava à casa do lago.

O que eu estava fazendo? Estava chovendo, por Deus! Por que eu estava me encaminhando à casa dos Cullen? O que eu queria com aquilo? Provar que eu conseguia ser "só amigo" de uma mulher com quem eu fantasio... o tempo inteiro? Que eu consigo passar uma tarde com ela, sem pensar em largar todos os planos que eu tinha de casar com Louise e ter vinte filhos ruivos com ela?

Canalha!

Eu não podia fazer aquilo. Aquele não era eu. Eu era um canalha, mas não um grandessíssimo filho da mãe!

Dei meia volta, arrependido de ter sequer cogitado visitar os Cullen... e tudo ocorreu numa rapidez fenomenal.

Eu ouvi um grito e uma buzina ensurdecedora. Depois um barulho de batida e o meu corpo sendo jogado na lama. Abri os meus olhos com dificuldade e, ainda atônito, vi o Hudson dos Cullen batido contra uma árvore e, saindo de dentro dele, uma muito histérica Rosalie.

- Deus! – Eu ouvi a sua voz ressoar. Rosalie se ajoelhou do meu lado com o rosto contraído, talvez pela culpa. – Emmett! Você está bem?

Foi apenas então que a dor na perna apareceu. Uma dor terrível, lancinante, que me fez querer chorar como uma criança. Mas eu estava na frente de uma garota, então tinha que fingir ser feito de ferro.

- Estou... – disse com a voz fraca.

Os olhos de Rosalie repousaram em minha perna.

- Não... você não está! – Tentei me levantar, mas senti a mão dela pousar no meu peito. O meu coração acelerou e eu perdi o fôlego, mas isso não foi por causa da dor. – Não se mexa.

Dei um gemido ligeiramente irritado.

- O que você vai fazer? Levar-me no colo?

Rosalie bufou.

- Não – ela disse contrariada. Mordeu fortemente o lábio inferior. – Ok, deixe-me te ajudar!

Eu me sentei, e ela me fez passar um braço no pescoço dela. Com cuidado, ela me ajudou a levantar... apenas então eu percebi que estávamos quase abraçados. Meu coração acelerou mais uma vez e eu respirei fundo. O cheiro que ela exalava me fez esquecer a dor.

Ela começou a me guiar para o banco do passageiro.

- O que você vai fazer? – disse com uma voz estranha, estrangulada por causa da dor.

- O que você acha? – Rosalie respondeu rispidamente, com a voz aguda. – Eu vou te levar à Carlisle! Você quebrou a perna, Emmett!

Eu abri a porta, sabendo que nada faria Rosalie desistir daquela idéia.

Mais rápido do que eu achava possível, Rosalie chegou ao banco de motorista. Estancou o carro duas vezes antes de finalmente conseguir sair.

- Você dirige bem mal.

Ela me olhou irritadamente. Notei que os olhos dela estavam novamente claros.

- Cale a boca.

Apesar da dor, consegui rir.

- É sério, Rosalie. Muito mal!

Rosalie bufou exasperadamente e me olhou com certa fúria. Tenho que admitir que fiquei com um pouco de medo – aquela garota já tinha se mostrado não ser a melhor das motoristas; pessoas assim deveriam sempre manter os olhos na estrada.

- Você tem sorte de eu estar aqui! – Ela disse, absurdamente irritada. – Quem mais poderia te levar para a clínica?

Ela estava falando sério? Ela acabara de me atropelar, e, mesmo assim, eu tive sorte de me encontrar com ela. A olhei, pasmo.

- Nossa, Rosalie, deixe-me pensar: talvez alguém que não tenha jogado o carro em cima de mim!

- Você não estava prestando atenção! – Acusou. – Qualquer um poderia ter te atropelado! Qualquer um poderia ter apenas deixado você na estrada! Então, sim, você teve muita sorte!

- Eu estava prestando atenção! E você estava dirigindo como uma louca!

Ela me olhou com um daqueles olhares que eu pensava que apenas Edward ganhava.

- Nã..louca!

Rolei os olhos.

- Você está ouvindo o que você está dizendo?

- Sim! A culpa é toda sua! Você foi atropelado por andar tão distraído, agora cale a boca!

Rolei novamente os olhos e virei-me para a janela. Como diabos nós tínhamos chegado à cidade tão rapidamente?

Nós já andávamos pela cidade, passando pela praça e Rosalie já começava a estacionar o carro em frente à clínica do Dr. Cullen. Ela não me olhou ao descer do carro e, naquele momento, eu estava tentando com todas as minhas forças ficar irritado com aquela garota – ela não apenas me atropelara, mas tinha a petulância de dizer que a culpa era minha!

Ainda assim, sorri ao vê-la abrir a porta da clínica meio esbaforida e gritar com aquela voz angelical:

- Carlisle! Ajude-me!

XxXxXxX


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!