Vulto da Noite escrita por MsWritter
Notas iniciais do capítulo
Era pra ser um só... mas o original durou mto mais do que eu esperava.
Por anos vivi uma vida de glória
Seguiam-me como a estrela do Norte
Só não viam que a minha vitória
Tinha cheiro e gosto de morte
Não viam tal treva notória
Nem imaginavam o fardo de tal sorte.
Quando o outono trouxe a calmaria
A paz nunca uma certeza
Não sabia ainda o que queria
Mas conheci a beleza
Uma linda flor a quem amaria
Raio de sol entre a realeza.
Mas não importa quão seguro
O amor é dele ser eterno
É pétala de flor, frágil e puro,
Condenado a sucumbir no inverno
Falece nas trevas desse mundo escuro,
Revelando no gelo verdadeiro inferno.
Seu amor era minha vida, juro
Alimentada apenas por sua presença
Não a amava ainda, mensuro
Mas partir permite que a morte vença
Deixando o sentimento imaturo
E um coração incompleto por nascença
E num coração na guerra antes bravio
Pela morte alimentado e derrotado
Resta agora apenas vazio
Ser amado meu maior pecado
Faço o que resta, na espada confio
Por séculos meu destino amaldiçoado.
E quando leva ao fim a derrota
De um monstro antes invencível
Um novo eu enfim brota
Um eu em mim jamais possível
Dou a ela minha alma devota
Minha ela agora instransponível
Antes meu doce amor
Hoje minha amada é amarga
Tem espinhos como rara flor
Suas palavras ferem como afiada garra
E mesmo trazendo tamanha dor
Seu olhar minha alma afaga
Sei que olha além de mim
Vê o monstro que em minha alma ressoa
Em mim pierrot, nele arlequim
Uma colombina com alma e dentes de leoa
Que escolhe a ele, sempre, por fim
E meus olhos pintam as lágrimas, choradas à toa.
Mas quando passa o Carnaval
E o sádico arlequim não mais se pode encontrar
Sei que o apelo em seu ser é racional
Fica ao meu lado, pois posso ficar
E aos poucos se entrega a mim afinal
E o faz de verdade, mesmo sem me amar.
Entendo, ainda que vagamente, o que ela sentiu agora
Amando-me por anos, sem nunca nada pedir
Era um sentimento que nada exigia em troca
Em nenhum momento me forçou a mentir
E assim eu me faço de minha senhora
Cujas escolhas, a todas, hei de seguir.
Fiz-me despedaçado e por ela inteiro
Mesmo não gostando do meu verdadeiro rosto
Minha alma de meus demônios viveiro
Sinto em suas mãos de meus erros o gosto
E em minha pele o pútrido cheiro
De um rei eleito, morto. Rei posto.
E então em seus olhos de fera
Que do rosto escondi: “Não me olhe”
Encontro acolhimento, ela me espera
Abre os braços e me acolhe
Sim, o refúgio de minha vida tão severa
Uma paz que o tempo, novamente, me tolhe.
Mas acontece que amor que espera nunca morre,
"Bem vindo de volta, Milord", sussurrando meu nome.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Columbina, Arlequim e Pierrot são personagens da commedia dell'arte, figuras muito conhecidas em alguns carnavais mais antigos. O Pierrot geralmente é caracterizado como um palhaço triste, vestido de preto e branco e com uma lágrima pintada no rosto pálido. O Pierrot ama a Columbina, que sempre o troca pelo Arlequim, um bon vivant travesso que apronta e seduz, mas sempre se safa, deixando uma parte de seu coração para trás. (ou quase isso, sintam-se a vontade para pesquisar mais)