Quinze semanas de gestação.

Eu estava começando a achar que a Doutora Karen não aguentava mais ouvir minha voz. Ela não me deixava ir ao consultório! Eu queria tanto ver meu bebê!

Pela terceira vez essa semana eu iria tentar marcar uma consulta, eu queria saber logo o sexo...Queria saber quando meu bebê ia se mexer. Queria saber de tudo!

–Boa tarde, gostaria de marcar uma consulta com a Doutora Karen. - Disse suspirando.

Edward havia ido para a faculdade e como comecei a me sentir mal, resolvi não ir. Minha garganta coçava e estava começando a tossir um pouco.

–Temos horário para quarta feita as trezes horas. - Disse a secretária que deveria ser outra há não me aguentar mais.

Logico que eu tinha pesquisado na internet, mas nunca é a mesma coisa.

–Pode marcar, perfeito. – Disse animada e tossindo logo em seguida.

–Doutora Karen manda lembranças ao Edward e diz que lhe espera ansiosamente. – Ri.

–Obrigada, estou com saudades dela também.

E assim desliguei, a tempo de ouvir a porta da frente sendo aberta.

–Amor! - Edward gritou. –Desce aqui.

Irritada tirei as cobertas de cima de mim e botei o telefone sem fio na base. Porque ele mesmo não podia vir aqui? Arg.

Desci da cama igual um zumbi, tonta e me apoiando na parede.

–Droga Edward, sobe você! - Tentei gritar, mas tossi no meio da frase.

Edward apareceu na porta e sua expressão se tornou culpado por me tirar da cama.

– É bom que seja um bom motivo. - Sussurrei.

Edward largou o material da faculdade e veio me ajudar a andar. Sim, eu resfriada ficava lerda igual uma mula, ou pior.

–Você piorou muito. Tem que ir ao hospital Bella, agora. - Disse abraçando-me como seu eu fosse quebrável.

Eu já tinha completado quinze semanas e digamos que ela estava sendo agradável, até eu pegar esse resfriado.

–Não vou para o hospital. Você sabe como fico quando estou resfriada Edward, sem drama, por favor. E marquei uma consulta para quarta–feira.

–Conseguiu? Ótimo! Estou ansioso para ganhar nossa aposta, vou contar esses dois dias nas horas! - Disse sorrindo torto e me distraindo por um momento.

Suspirei e voltei ao foco.

– O que você quer afinal? - Perguntei.

Eu tinha que reconhecer, Edward é um anjo por me aturar, porque dias como esse, que eu quase batia em todos, ele só ignorava meus foras.

–Nada tão importante, depois falamos disso. Volte para a cama. – Meus ombros relaxaram e suspirei.

–Argh...Me ajuda- Pedi sabendo que nem precisava. Logo ele estava lá praticamente me carregando.

Não era a barriga que me deixava assim, eram as dores musculares. Resfriados me derrubavam, sempre foi assim.

Eu fico sonolenta, irritada, tossindo, espirrando e com dores no peito e costas. Nunca muda.

Edward me deitou na cama e puxou as cobertas, me cobrindo quase toda. O dia estava frio e graças a Deus, febre eu não tinha.

–Eu vou fazer uma canja para você amor, só vou tomar um banho primeiro. - Ele me deu um beijo na testa e estava se retirando quando o segurei e o puxei para mim, beijando-o nos lábios.

Nada havia mudado, Edward parecia me desejar como antes, ou talvez até mais. Às vezes eu via um olhar de devoção que ele me lançava, sempre acompanhado de um sorriso.

Passei os dedos entre seus cabelos e Edward apertou um pouco minhas costas.

–Desculpe... Sei que ando muito chata. – Sussurrei com os lábios perto de seu ouvido.

– Chata você sempre foi amor... - Riu. – Não conseguiu me irritar até agora e não estou chateado. Vejo como é difícil.

–Olha que as piores partes nem chegaram...- Disse já pensando em quando eu estaria de quase nove meses com uma barriga do tamanho do mundo.

–Vou cuidar de vocês. Vai ficar tudo bem. – Disse afastando-se um pouco para olhar meu rosto e logo em seguida beijar meu maxilar e apertando minha cintura, subindo as mãos levemente por dentro da minha blusa.

– Delícia-Sussurrou com um sorriso torto e saiu indo para o banheiro.

– Cachorro, provoca e depois corre da raia- Sussurrei ficando irritada novamente.

Eu estava com fome e a canja de Edward era simplesmente espetacular, os ingredientes eram comuns, os temperos que ele usava que mudavam tudo.

Resolvi tentar descansar, mas em vão.

Alisei minha barriga que já considerava grande e sorri.

–Daqui dois dias vamos saber mais sobre você meu amor... -Sussurrei. – Quando será que sentirei você me chutando?

Fechei os olhos e pousei as duas mãos em meu ventre, relaxei o máximo possível e imagens foram aparecendo em minha mente.

Eu tinha quase certeza de que era uma menina e parecida com Edward.

Mesmo assim não deixei de pensar em um menino...Também parecido com Edward.

Quem não iria querer uma miniatura dele?

–Bella! - Ouvi uma voz fina e calma, já bem conhecida. Irina.

–Sim? - Tossi.

– Oh minha filha, você deveria ir ao médico.

–Não precisa Irina, mas obrigada. – Disse me afundando mais nos lençóis. – E você está liberada, Edward irá fazer uma canja para mim. – Disse com um sorriso.

Como só estávamos nós dois em casa não tinha necessidade dela aqui.

–Tudo bem, se cuide querida. - Acenou e saiu do quarto.

Fechei os olhos e imaginei a casa perfeita... Sim a nossa casa. Diria a Edward que até a próxima semana tínhamos que achar essa casa. O quarto de nosso filho precisava ser preparado, assim como o restante da casa.

Alice já dissera que cuidaria da decoração, mas eu não a deixaria fazer as coisas sozinhas. Estaria dando palpites em cada detalhe de minha casa.

De olhos fechados um sorriso brotou em meus lábios.

Meu Deus como o mundo dá voltas. Um tempo atrás eu achava que Edward era meu melhor amigo, apenas amigo, estava bêbada em uma festa de aniversário cantando Christina Aguilera com as minhas irmãs, não sabia o que faria mais pra frente na vida e acreditava com todas as forças que meus pais morreram acidentalmente.

Não pensava em casar, ser mãe, ter minha própria casa. E Edward simplesmente alterou todo o meu futuro...Ou meu futuro era esse mesmo e eu não sabia?

Não fazia diferença agora e se esse não fosse o meu futuro, graças a Deus que segui por esse caminho!

***

Quarta– feira chegou lentamente. Pelo menos meu resfriado tinha melhorado. Já no consultório da Doutora Karen eu sorria como uma idiota e Edward também.

Descobrimos os detalhes dessa semana de gestação. E na próxima já era provável que sentisse meu bebê se mexendo, Porém como há muito liquido e ele ainda é pequeno os movimentos pareciam bem suaves para mim. O que não era. O bebê se mexia demais e com força.

–Acho que já entenderam tudo dessa semana... Soluços, papilas gustativas ativas, sensibilidade à luz...Agora, podemos ver esse bebezinho lindo no ultrassom! - A Doutora Karen disse com um sorriso e já se levantando.

–Coopera com a mamãe e o papai e esteja de perninhas abertas agora bebê. – Disse acariciando meu ventre.

Logo fui conduzida há uma cabine pequena onde tirei minha roupa e substitui por um “vestido” de hospital rosa.

Edward segurou minha mão e fomos juntos onde seria realizado o exame, uma salinha dentro do próprio consultório da Doutora.

Deitei na maca que era bem confortável e tentei ficar calma. Missão impossível! Eu estava prestes a saber o sexo do meu bebê!

O liquido gélido, gosmento e transparente foi posto em minha barriga e logo depois o equipamento da ultra estava deslizando sobre minha barriga.

A tela estava preta com algumas manchas brancas. A Doutora deslizou o equipamento e prendi a respiração.

Oh Meu Deus, estava ali. E tão diferente da última vez!

– Caberia na palma da sua mão Edward- A Dr. Disse.

Edward apertou minha mão e sorriu.

–Vamos olhar bem esse bebê.

Um Zoom foi dado e eu ri alto.

Uma careta se formava no rostinho do bebê e ele se contorcia como se estivesse se espreguiçando.

Tão lindinho! Suas perninhas se movimentavam de um lado para o outro e as mãozinhas se agitavam.

–Shii...Fique calmo bebê- Edward sussurrou.

Doutora Karen parecia concentrada e olhava tudo com muita atenção.

– Que bebê mais lindo! Está em perfeitas condições, nada de anormal! Vamos ver o sexo...

Fixei meus olhos na tela, chegando há nem piscar. A Doutora movimentou um pouco o equipamento. O bebê estava de pernas abertas.

– Estão vendo isso? – Ela perguntou apontando para a tela. – É uma menina!

Neste momento fechei os olhos, apertando-os e chorando entre sorrisos.

– Erin! - Edward disse fungando.

–Sim amor...Nossa Erin- Respondi abrindo os olhos e olhando para a tela novamente.

–Nossa Erin, preparando-se para vir ao mundo.

16 semanas de gestação.

–Não, por favor... Não. - Supliquei novamente.

–Bella... Desculpa meu amor, mas você precisa ir, passou dois dias fazendo esse trabalho, vai perder logo a data de entrega? - perguntou.

Edward estava agachado do meu lado da cama, com os cabelos molhados e pronto para a faculdade. Seu sorriso era fofo, olhava-me com uma expressão diferente. Meu Deus, que homem paciente que eu tinha.

–Sempre linda, vamos antes que eu desista de te convencer. - Acariciou minha bochecha.

Fechei os olhos e me ajeitei na cama, pousando a mão sobre a barriga.

– Você está cada vez mais bonita Bella -Passou o polegar por minha bochecha novamente.

–Obrigada amor. – Sorri.

–Vamos levantar...Vai senhora preguiça.

Abri os olhos e fitei o teto ao mesmo tempo que acariciava a barriga junto com Edward.

– Não quero ir Edward...me deixa ficar por favor...-Sussurrei e mordi os lábios em seguida.

–Você vai tirar zero no trabalho Bella, você não quer se formar? - Perguntou sério.

Agora, eu sei que ele tinha razão, como a maioria das vezes, mas eu estava cansada. Na última noite não consegui dormir por dores estranhas nas costas.

Eu estava na decima sexta semana de gravidez e minha barriga logicamente estava cada vez maior, não chegava a me incomodar, mas segundo a Dr. A partir da decima sétima ou seja quatro meses, o ventre teria um “surto de crescimento” assim como a minha filha, Erin.

–Claro que quero! - Disse suspirando pesadamente.

Edward deslizou a mão por meu ventre e deitou a cabeça ali, quase sem peso nenhum.

–Sabia que ela já escuta você? - Disse.

– Eu vi ontem na internet, sim ela já nós escuta e aos seus batimentos cardíacos também.

Arqueei as sobrancelhas e sorri.

–Então você fica pesquisando as coisas na internet e não me diz nada? -Perguntei fazendo- me de chateada.

–Bella você liga para a Doutora toda a semana. E também vive grudada nas informações dos sites na internet. - Riu e fez uma pequena cosquinha em meu pé.

–Para Edward! - Disse gargalhando.

–Você vai para a faculdade não vai? - Disse ainda me fazendo cócegas e rindo.

–O-ok eu vou, eu vou, só para! - Gargalhei.

Ele enfim parou e apoiou a cabeça em minha barriga novamente.

– Consegui convencer sua mãe preguiçosa a levantar pequena... Viu? - Sussurrou e passou o polegar pela frente do meu ventre, como se acariciasse nosso bebê.

–Seu pai é um chato meu amor, prepare-se. - Disse rindo e estendendo os braços para Edward me ajudar.

Fomos para o banho, sim fomos, arrastei Edward comigo. Eu queria um “Bom dia” decente.

Segundo Alice, com a gravidez fiquei mais ligada em moda e estava me vestindo melhor sem precisar da sua ajuda.

Meu guarda roupa estava sendo reformado para coisas mais largas e confortáveis, nunca deixando a beleza. Já que eu gostava de me sentir bem da forma que estava vestida. Guardei a maioria das “antigas” roupas, já que voltaria ao normal.

Hoje teria uma entrega de um trabalho que levei dois dias para fazer, claro poderia ter levado horas. Porém andava cansada demais e dormia antes de completá-lo.

Depois da faculdade passaríamos na empresa só para deixar algumas pastas que pegamos para avaliar, já estávamos na sala de Charlie. A de Esme era mais cheia e por isso demoramos.

Ainda tínhamos a sala de nossos tios para avaliar, mas teríamos que esperá-los chegar de viajem. Estavam na Ásia.

– Amor, vou fazer seu café da manhã e deixá-la se arrumar- Disse mordendo os lábios e olhando para o meu corpo nu. -Você fica muito sexy assim.

–Claro que fico Edward, quem não fica sexy com uma barrigona e a toalha enrolada nos cabelos?

Ele rolou os olhos rindo e saiu do quarto.

Eu tinha que confessar que estava sim feliz por Edward continuar a me desejar como mulher.

Fui para o closet e teria que ser rápida ou me atrasaria.

Peguei o que considerei uma boa combinação e adequada para o clima, uma maquiagem leve e os sapatos confortáveis.

Enfim pronta desci as escadas com cuidado.

–Oh Deus, é torta de maçã? - Perguntei.

– Sim, deixei a massa pronta ontem e já está quentinha para você. Só espere esfriar um pouco, aproveita e toma suas vitaminas, tem um suco de beterraba com laranja na mesa. – Apontou para o suco e voltou sua atenção para a torta.

Espiei a torta e fiz um bico.

– Inveja...-Sussurrei.

–Por quê? - Perguntou imediatamente.

–Porque essa torta sempre fica perfeita com você, comigo só falta explodir! - Disse frustrada.

–Você ainda vai conseguir anjo...Prometo ensiná-la.

–Vou cobrar- Disse já abrindo um sorriso.

– Pode cobrar o que quiser.

***

A faculdade hoje estava um saco total, Edward não tinha nenhuma aula comigo e Alice também não. Jasper não tinha vindo...Então eu estava quase que sozinha.

Priscila e Fernanda estavam inquietas o dia todo, cochichando pelos cantos e atentas há tudo. Na hora do meu intervalo, onde tinha um tempo vago, procurei um lugar para sentar e comer alguma coisa.

Tirei uma laranja da bolsa, que estava embalada em um guardanapo e peguei um prato descartável na lanchonete.

–Bella! Bella! – Priscila vinha quase correndo no corredor.

– Meu Deus, parece que vai tirar o pai da forca, que houve criatura? - Perguntei de olhos arregalados.

–Você...Você vai gostar de hoje. - Disse respirando fundo e logo depois sorrindo.

– Como assim? - Perguntei terminando de descascar minha laranja.

–Você já vai saber, cadê o Edward? - Perguntou.

–Eu não sei. - Dei de ombros e olhei pros lados.

– Vou procurá-lo. - Disse e saiu andando.

–Larga as drogas Priscila! - Gritei e ela riu me dando dedo do meio.

Sorri e comecei a comer minha deliciosa laranja.

Estava quase na hora de ir para a próxima aula quando me levantei.

Senti duas mãos fortes deslizando por meu quadril e pulei de susto, mesmo sabendo de quem se tratava.

– Pilantra, eu ia te dar uma porrada. - Reclamei, batendo de leve em seu braço.

–Teria que cuidar de mim depois.

Virei-me em seus braços para olhar seu rosto e sorri.

–Adoro seu sorriso- Disse aproximando-se e beijando minha bochecha, deslizando os lábios até os meus.

–Olha a pornografia meu povo. - Fernanda apareceu do além e sentava na mesa enquanto comia um biscoito.

–Você ainda não viu nada- Edward resmungou por sermos interrompidos.

Priscila vinha saltitando com um sorriso de orelha a orelha até nós.

–Oi Gente.

–Priscila, por favor, o que você bebeu hoje? - Perguntei.

– Bella eu posso ser feliz? Obrigada. - Deu língua.

Virou-se para Fernanda.

–Tudo pronto.

–Tudo o que? - Perguntei.

Edward me apertou e pude ver que estava com um sorriso nos lábios.

– O que todos sabem menos eu?

– Você já vai saber Bella...Hoje todos dessa faculdade vão saber quem é a piranha da Aline. – Priscila disse com um sorrisinho.