A Little Bit Longer escrita por Clara B Gomez Sousa


Capítulo 8
And I Pray (Parte 2)


Notas iniciais do capítulo

 (Música: Pray - Justin Bieber [Cover Instrumental] / Veja no Youtube)



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-I close my eyes, and I can see a better day... I close my eyes, and, pray.I close my eyes, and I can see a better day...I close my eyes, and, pray.

Sorri, e continuei fazendo a música. Quando cheguei ao último refrão, já eram duas da manhã. Fechei aquele negócio que protege as teclas do piano,deitei minha cabeça por entre meus braços e adormeci lá no piano mesmo.

Eu definitivamente não poderia ficar com a Lily. Primeiro por que eu não podia adotar, muito pelo contrário, eu podia ser adotado, e minha mãe não iria adotar a Lily só por que eu tinha pedido. Ela tinha amado Lily, mas me disse que não podia adotá-la.

Só me restava uma alternativa: Fazer campanha. Registrei Lily no Serviço Social e disse que ia achar uma família pra ela. E realmente achei. Quando fui mostrar a "música sem nome ainda" para o Scooter, numa reunião do "Team Bieber", eu levei Lily.

-Quem a menina? - Dan me perguntou.

-É a Lily. – Falei. Ele definitivamente gostou dela.

-É parente sua? – Ele me perguntou, com Lily no colo, um tempo depois.

-Na verdade eu estou procurando uma família pra adoção. Ela me pediu esmola no shopping e eu levei ela pra casa. – Respondi. Ele arregalou os olhos, e perguntou se não era zoa minha:

-Acha que eu vou mentir com um treco sério? - Respondi

-Não vou comentar...

-Ei!

-Mas sério, ela está pra adoção?

-Aham.

-No está mais. – Dan disse. Sorri de orelha a orelha. No fim da reunião, nem mostrei a música, saí voado para o serviço social, dei o telefone de Dan para o carinha que esqueci o nome, o chefe de lá. No mesmo dia, a Lily já estava com o Dan, sobre custódia dele. Ele ia começar o processo de adoção na próxima semana. Me senti o maioral com aquilo, quer dizer, graças mim, Lily teria uma família! Um pai meio maluquete e uma mãe mega gata (Não está mais aqui quem falou isso), mas eles são gente fina.

_______________________________________________________

Tive que acordar cedo no dia seguinte, umas sete da manhã, pra ir para a escola. Pelo menos eu pensei que acordei às sete. Na verdade, acordei uma hora antes e fui fazendo tudo no horário de verão. Só percebi que estava adiantado quando cheguei na escola. Estava tudo vazio, nem a diretora tinha chegado ainda. Ou seja, tive que esperar no carro até algum aparecer. Eu nem estava tão bem. Um tempo depois, entrei pelo corredor principal da escola, indo para os armários. A porta do colégio nem tinha sido aberta, estava muito cedo mesmo, só entrei por que a faxineira me viu e me deixou entrar.

Fui andando pelo corredor, até achar meu armário. Ninguém merece ter que carregar mochila pra lá e pra cá. Quando achei, abri-o, e coloquei minha mochila nele. Um papel escorregou dele, e eu me abaixei para pegá-lo. Era a partitura da minha música.

Dei um sorriso torto e fechei a porta do armário. Depois saí correndo para a sala do coral da escola, que ficava aberta alunos em todo o tempo, e tinha um piano de cauda branco que, vamos combinar, era muito bonito e de boa qualidade. Até pra mim parece caro. E dinheiro pra mim não é problema.

Sentei-me na banqueta, e posicionei minhas mãos nas teclas do piano. Nem precisei fazer esforço, nem olhar, só fechei os olhos e as notas começaram a sair. Esse um ponto muito sinistro de se ser músico e ter um amor sobrenatural por isso. Não cantei, só toquei o instrumental e cantarolei a música na minha mente.

(Toca a música!)

Quando eu terminei o último acorde, abaixei a cabeça e comecei a fazer o que a música dizia: Orar.

Para a minha surpresa, lágrimas começaram a escorrer de meu rosto com intensidade e emoção. Eu não sei o que deu em mim, mas quando eu comecei a orar mentalmente, tudo o choro que eu estava segurando por um tempo na garganta saiu aos montes.

Senti as lágrimas mornas correrem por meu rosto e caírem no meu casaco branco. Logo, os meus soluços invadiram o silêncio que estava formado na enorme sala branca. Quando falei Amém, não me mexi, continuei naquela posição, pondo pra fora a minha tristeza. Fiquei daquele jeito por mais alguns minutos, até a Sra. Duncan, a professora legal de filosofia, abrir a porta e me ver.

-Justin, é você? – ela perguntou. Levantei a cabeça e olhei para ela, num sobressalto.

-Desculpe, eu sei que não devia estar aqui...

Ela percebeu que meus olhos estavam vermelhos e em meu rosto havia uma trilha de lágrimas, e disse:

-Você estava chorando?

Tirei o excesso de lágrimas dos meus olhos com uma das mãos e disse, entre soluços:

-É, desculpe. Eu já estou indo.

Eu estava indo para a porta de saída, mas ela me parou e disse:

-A música que tocou: Você quem fez?

-É, por que?

-Tem letra?

-Tem.

-Pode tocar pra mim?

-Claro, eu... Eu posso sim.

Me sentei novamente no piano e toquei novamente a música, dessa vez cantando também, e tentando conter o choro.Logo ao acabar, ouvi mais soluços, e, para minha surpresa, não eram meus. Virei-me e me deparei com a professora chorando. Eu achei estranho. Afinal, ela era uma mulher adulta, não tão velha, mas...

Pessoas grandes não choram

-Por que está chorando? – Perguntei, na cara de pau.

-Essa música. Me lembra o meu marido. Ele morreu em serviço no Afeganistão, no ano passado. Nossa, ela já teve um marido?

-Meus sentimentos. – Falei.

-Obrigada. Você realmente tem talento

-Pra que?

-Pra tudo que faz.

-Tudo? Tem certeza?

-Tenho. Você quem escreveu isso?

Ela perguntou.

-Sim, mas...

-Tem muito a ver com o projeto que eu vou fazer com a sua turma.

-Ah, é?

-Sim. Vai pôr a canção em algum CD seu?

-Ainda não sei, nem sei se vou lançar...

-Por que? – Ela quis saber.

-Não sei. Por que eu acho que essa música no faz o meu tipo, por que eu nem tenho um nome pra ela

-Eu não sou lá tão entendida de música, mas essa ficou muito boa. Se você não quer lançar a música, tudo bem. A decisão vem de você. Mas, na minha opinião, eu acho que poderia mudar a visão de muitas pessoas. O que você prefere? Mudar e fazer a diferença, ou no mudar e continuar como está? – Ela olhou o relógio. – Tenho que ir, pense nisso com carinho, e me dê a resposta na aula. Até.

-Até... – Falei. Ela se virou e saiu da sala. Olhei para o chão e fiquei pensativo. Me sentei novamente no banco e me desliguei do mundo, me foquei só em pensar para achar a resposta mais correta. Fiquei lá até o sinal tocar, quando desci correndo para pegar a mochila e ir para a aula de matemática.

Xuxu-belê...

Lê-se "Por que diabos eu falei isso?"


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