A Little Bit Longer escrita por Clara B Gomez Sousa


Capítulo 5
Conversas Com Katy Perry




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–Venha ver como o seu filho está.


Quando meu pai soube que eu estava com Aids, meu pai e minha mãe começaram a discutir, um botando a culpa no outro, ali, na minha frente. Eu estava sentado no sofá, e eles estavam á minha frente, um na frente do outro, gritando ás alturas. Quando aquilo já estava me corroendo por dentro, eu me levantei, irritado, e disse:

–Parem de brigar, pelo amor de Deus! A culpa não sua, - Apontei para meu pai. - nem sua, - Me voltei para minha mãe - se alguém aqui tem culpa, esse alguém sou eu!!

E, bufando de raiva, peguei as chaves da minha RangeRover que estavam na mesa de centro e bati a porta da sala com força. Ainda marchando pelos corredores do prédio, eu estava preso em pensamentos: "Ser que só os meus pais brigam tanto assim? A culpa é minha?". Eu só tinha dois lugares pra ir:

1-Uma ilha deserta;

2- A casa da minha "irmã mais velha" Katy. É, a Perry.

Sempre quando eu tinha problemas eu ia para a casa dela pra desabafar. Jogar conversa fora, brincar, fazer palhaçada, coisas assim. Eu, assim que parei na porta da casa dela, desliguei o carro e levantei os vidros. Ela reconheceu meu carro de longe, assim que acordou e apareceu vestindo um penoir roxo,na varanda da quase mansão branca com detalhes tabaco, alguns minutos depois de eu chegar.

–Justin? O que está fazendo aqui essa hora, menino? – Ela disse, abrindo a porta do meu carro.

–Bom dia, Katy. É um prazer te ver também... – Falei, saindo da RangeRover e passando para o lado da calçada.

–E eu disse que não era? – Ela me abraçou. – Você anda sumido!

–Sabe cumé... Rodei o mundo inteiro em turnê... – Respondi, irônico.

–O que aconteceu dessa vez? – Ela perguntou, olhando minha face.

–O quê?

–Olhe pro seu rosto. – Katy disse. Me vi no vidro e vi que meus olhos estavam úmidos. Uau, eu chorei indo pra lá e nem percebi.

–Ah... Você sabe... – Falei. Katy me abriu caminho e fomos caminhando para dentro da casa dela.

–Seus pais? – Não só isso...

–... Estão brigando de novo... – Respondi, desanimado. Nisso entramos na sala de estar.

–Eu sinto muito por você... Deve ser horrvel ter pais separados... – Katy me consolou, me abraçando.

–E é... – Murmurei. Ela me apontou o sofá, e eu me sentei.

Me sentei e ela continuou abraçada á mim. Eu ás vezes falava coisas muito sinceras para a Katy, coisas que eu nunca ousaria contar para pessoas do tipo Chris, que é o meu melhor amigo desde que nasceu, e até minha própria mãe. Isso provava o quanto éramos amigos. Amigos mais chegados que irmãos.Ás vezes ela brincava que queria me adotar. Naquela manhã não foi diferente.

–Ás vezes eu me pergunto: Será que isso tudo é culpa minha? – Falei, enquanto a gente conversava.

–Eu conheço seus pais, não muito bem, mas de uma coisa tenho certeza. – Katy respondeu.

–O quê?

–A pessoa bonita, talentosa, meiga e amável que está do meu lado agora, e se chama Justin Bieber não é o motivo deles brigarem tanto como você diz. – Ela disse, afagando meu cabelo.

–Eu acho que é sim. Eu estou começando a achar que sou. – Eu bufei.

–Por quê? Me explique! – Katy disse.

–Por quê... Por quê... – Gaguejei. Eu ainda estava acanhado em falar sobre isso pra qualquer um.

–Por quê... – Katy insistiu.

–Por quê...

–Justin, o quê foi? – Ela perguntou. Apertei os olhos e disse, muito rápido:

–Por que eu descobri ontem que estou com Aids!


Silêncio. Olhei para ela e falei, com uma voz sincera e inocente:

–Você já me odeia?

–O quê? Você pirou, Justin? Claro que não! – Ela disse, visivelmente assustada com o que eu disse.

–Não? – Perguntei.

–Claro que não! Eu sou a sua "irmã"! Acha que eu ia te deixar na mão? Sério! – Ela insistiu.

–Sei lá... – Eu gaguejei.

–Justin! Eu nunca te abandonaria! – Ela disse. Fiquei quieto, e Katy começou a acariciar meu cabelo. Eu bocejei, e ela me perguntou:

–Está com sono?

–Eu? E se estou... – Falei. Parei para bocejar de novo. – Não dormi nada nos últimos dias... E trabalhei pra caramba...

Ela sorriu e continuou a afagar minha cabeça delicadamente. Dormi alguns minutos depois. Qualquer um dorme com alguém fazendo cafuné no seu cabelo. Meus pais sabiam que eu estava com a Katy. Eles gostavam dela, e ela pode parecer muito doida, mas... Bom, não deixa de ser, ela é meio batida das ideias, mas ela também é uma pessoa atenciosa, cuidadosa, preocupada, organizada... Ela me deitou no sofá e apoiou minha cabeça numa almofada. Depois, foi trocar de roupa. Quando acordei, algum tempo depois, Katy estava bem á minha frente, sorrindo.

–Dormi muito? – Perguntei, coçando o olho.

–São 9h da manhã. – Ela disse.

–E isso é muito?

–Não... Seus pais ligaram.

–É o óbvio. Quando eu sumo de casa, sempre venho pra cá. – Eu dei de ombros. Ela sorriu.

–Isso é um elogio? – Perguntou.

–É. Você é a pessoa que eu posso contar pra tudo. – Respondi, com um sorriso. Katy sorriu com mais intensidade ainda, e me abraçou, dizendo que aquilo era muito importante para ela.

–Me diga uma coisa: Quem sabe que você tem Aids, até agora? – Katy perguntou.

–Você, meus pais e minha equipe, só. Por favor, não conta pra ninguém!

–Claro que não! – Ela disse. – Segredo!

–Promete? – Perguntei.

–Prometo. – Ela respondeu. Fiz uma coisa que eu só fazia quando tinha de 4 a 7 anos, e só fazia quando a tal coisa era MUITO importante: Estendi o dedo mindinho e falei:

–De mindinho? – Ela sorriu e estendeu o mindinho também.

–De mindinho. – Katy respondeu.

–Prometeu. Agora não tem volta. – Falei.

–Já não teria desde quando eu soube. Eu nunca contaria pra alguém. – Ela disse. Olhei pra ela com uma cara séria, e ela disse, se corrigindo:

Nem pro Russel.

–Melhor assim... – Completei. Ela sabia bem que eu não simpatizava muito com ele. O namorado da Katy, Russel, era a única pessoa que eu desejei nunca conhecer logo ao conhecer. E acho que ele também pensou igual. Fala sério, ele é um mala comigo! E, depois de a Katy chegar pra mim e falar "Eu estou namorando o Russel", daí que o desgosto virou ódio mortal. Daí ele começou a falar que eu sou "ciumento"! C’mon!

Claro que eu não era santo com ele também... Pra falar a verdade eu era um mala com o Russel. Assim como ele era comigo. E eu mostrava bem abertamente o quanto eu odiava aquele homem pra Katy. Eu ainda ia fazer aquele cara sair correndo da casa dela... Quando eu quero, eu sou uma peste!


Era muito azar meu Russell morar na casa dela... E eles serem noivos... E a proposta que a Katy me deu depois de todo o ritual do mindinho:

–Justin, a sua turnê acaba quando?

–Ontem.

–Ah... A minha vai começar daqui a algumas semanas. Quer abrir os shows dos EUA? – Ela perguntou. Sorri.

–Claro.

–O Russel vai também. – Ela disse. Fechei a cara.

–Russel?

–Russel. – Ela disse, sorrindo.

–Cara, eu vou topar por que eu adoro abrir show de Katy Perry... – Murmurei.

–Também te adoro, maninho! – Ela disse, contente, me abraçando. Nisso, uma voz grossa que eu conhecia bem apareceu:

–Katy? Justin está aí? – Droga. Russell não estava viajando...

–Está. – Katy disse em voz alta. De repente ele apareceu na escada.

–Bom dia, Katy, bom dia malinha... – Russell Brand disse. Grrrr!!!

–Russell! – Katy o repreendeu.

–Ok, ok... Bom dia, Justin... – Ele disse. Me emburrei.

–Igualmente. – Falei, com ódio. Na verdade eu quis dizer "Seu mala, por que você foi querer namorar minha irmã?". Russell se sentou entre eu e Katy, me empurrando para o lado. E depois eu que sou ciumento. Russell ficou conversando com Katy, batendo na minha cabeça, como se estivesse fazendo um carinho exagerado e forte.

–Ai! Ai! Para... Russell! – Falei, protegendo minha cabeça dos tapas.

–Russell Brand! – Katy o repreendeu. Quando ela o chamava pelo sobrenome (isso se aplicava a mim também), queria dizer Pare agora, ou sua batata assa!. Ele parou e eu me emburrei. "Que cara chato, Deus do céu, caramba, agora eu estou com um galo na cabeça!" Pensei. E era verdade.

Um tempo depois disso, papai me ligou me avisando que eu iria para a casa dele naquela tarde. Eu já estava querendo isso mesmo, então não foi tão chato se despedir do Russell. O que me deixou triste foi ter que me despedir da Katy. Eu queria morar com ela. Mas enfim, tive que voltar pra casa. Quando fui abrir a porta do carro para ir embora, Katy me parou, e disse:

–Força, Justin. Você vai ficar bem.

–Ok... – Falei. Na verdade eu sei que eu vou morrer, não precisa se preocupar.

–Você pode me prometer uma coisa? – Ela me perguntou.

–Depende.

–Você não vai se deixar abater por nada, e nem vai mudar por causa disso. Promete? – Katy perguntou.

–Que eu não vou me abater eu até consigo, já se eu vou mudar ou não só o tempo vai dizer. – Eu respondi.

–Se você ficar firme eu sei que vai continuar a pessoa que é. – Ela disse. Sorri, e Katy me abraçou.

Tchau, baby... Boa sorte. – Ela murmurou em meu ouvido. Nota: “Baby” é o apelido que Katy me deu, por causa da música que ela mais gosta. ”Baby”. =P

Tchau, Katy. – Falei. Nos soltamos e eu entrei no carro, e arranquei. Dirigi sem humor nenhum, nem me lembrei de ligar o rádio. Fui pra casa e arrumei as minhas coisas, meu pai apareceu para me levar para casa dele quando eu fechei a minha mochila, e eu fui para a portaria.

–Pai... – Falei, enquanto ele colocava a minha mochila no ombro.

–O quê? – Ele parecia irritado. Assustei-me com aquele tom de voz, e, o fitei com um olhar assustado. Ele percebeu minha surpresa e disse:

–Me desculpe, Justin. O que você ia falar?

Meio retraído, eu falei:

–Katy perguntou se eu posso abrir os shows dela na turnê que ela vou fazer.

–Isso não é comigo, é com Scooter. – Ele riu. – Mas, eu deixo, se é isso. Que você quer.

Eu sorri. Entramos na garagem, e ele abriu a porta do lado do motorista do Cadillac vermelho e branco que dei pra ele ano passado de dia dos pais e se sentou, depois abriu a porta do carona para mim.

–Ok... – Respondi, sentando no banco e fechando a porta. Ele mudou o tom de voz, para um tom mais carinhoso e disse:

–Olhe, mudando de assunto... Eu sei que você ainda está irritado por hoje cedo... – Nota: Já eram 11 horas da manhã.

–Hunf... – Olhei para baixo, tentando esconder a frustração. Toda vez que eles brigavam eu ficava daquele jeito.

–Mas saiba que eu e sua mãe só estamos preocupados com você. – Ele disse. Prestei mais atenção no que ele dizia. Não demonstrei isso, mas eu prestei. – Você foi a melhor coisa que aconteceu comigo e com sua mãe, nós não queremos te perder.

Ele nunca tinha dito aquilo pra mim daquele jeito. De mais parecido, ele só disse que eu era o melhor filho que ele teve. Lembrando que tenho um irmão e uma irmã de parte de pai. Quando ouvi aquilo dele, perguntei:

–Sério?

–Mais sério impossível, Justin. – Meu pai me respondeu. – Se eu e sua mãe estamos brigando, é por que estamos preocupados com você. Nisso você pode acreditar.

–Mesmo? – Eu perguntei.

–Mesmo. Pode colocar detector de mentira, que ele vai apontar que é verdade. – Meu pai disse. Ri, e ele perguntou:

–Está com fome?

–Pra falar a verdade, estou sim... – Não ia deixar meu estômago me render de novo. Eu ri. E voltei a conversar normalmente com meu pai. Começamos a falar sobre a minha vida, como estava, como tinha sido a turnê, mostrei o ferimento do tombo do show do Hawaii, ele quase teve um ataque de risos quando eu expliquei toda a história da fã maluca, do casaco, da unha no pescoço, do puxão e das minhas perninhas voando. Enquanto nós estávamos indo para uma lanchonete, meu pai disse:

–Você está magro... Mais magro do que da última vez que o vi... – Eu não entendi lhufas do que ele disse, magro, eu?! Então perguntei:

–Peraí, o quê você disse?

–Você está muito magro! – Ele disse.

–Eu? – Me olhei no espelho do carro (não fazia isso há um bom tempo) e vi que meu rosto estava mais fino que da última vez, haviam umas covinhas perto dos meus olhos, e minhas bochechas não estavam mais como antes. Não contive a surpresa, e exclamei um “Uau! Esse sou eu?!”.

–Parece ser... Precisa comer mais, hein... – Ele disse. Realmente... Deus, eu já estava começando a mudar!

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Na lanchonete, meu pai pagou pra mim um hambúrguer e um refrigerante. Enquanto eu comia o sanduíche com voracidade e fome, meu pai ia me fazendo perguntas do tipo "Gostou da turnê?", e eu só balançava a cabeça em sinal positivo. Afinal, eu amei a minha primeira turnê. Foi demais, se tirar essa notícia da Aids e tudo mais.

–Pai, o que você fez desde a última vez que nos vimos? – Perguntei. A última vez que o vi fazia duas semanas.

–O de sempre... E você? – Ele me perguntou.

–Preciso nem responder, né? – Respondi. Ele deu uma risada e não falamos mais, até por que eu estava mais ocupado assassinando a minha fome com um belo de um hambúrguer. Quando terminei meu assassinato, meu pai pagou a conta e fomos para a casa dele, não muito longe da minha mãe, ela morava no centro de Atlanta, e ele mais pro Sul, perto de Clayton. Demorou um pouco pra chegar, por que estava um engarrafamento dos infernos, nem parecia que era a Atlanta que eu via todo dia. Quando chegamos, logo ao abrir a porta, eu disse, bem alto:

–Cadê a menina mais linda do mundo? – Me ajoelhei e logo vi Jazmyn correndo para meus braços. Ela pulou com tanta força que me derrubou. Caí sentado, com ela no meu colo, rindo.

–Essa foi forte! – Falei, me jogando para trás. Quando vi meu pai (de cabeça pra baixo), abri um sorriso meio idiota, o que fez ele cair na gargalhada. Logo Erin apareceu, me abraçou, eu pedi pra segurar meu irmãozinho e ela não deixou, clássico...

–Por quê? – Perguntei. Fiz um biquinho pidão.

–Por que ele está dormindo! – Erin disse.

–Eu já fiz sessão de fotos com ele dormindo! Por que não posso segurar ele agora? – Falei.

–Justin, não! – Erin rebateu. Bem, não dava mais pra insistir, ou senão ela cortava minha internet. Ela era que nem minha mãe.

–Poxa vida! – Falei. É, meu objetivo deu fail. Mas na maioria das vezes dá certo!


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