A Little Bit Longer escrita por Clara B Gomez Sousa


Capítulo 49
As Fases (Parte 4)




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Assim que meus olhos se fecharam, e o homem me despiu, ele me penetrou. Estava inconsciente, mas consegui sentir a dor. Perfeitamente. O homem me penetrou várias vezes. Foi a pior sensação que já tive em toda a minha vida, até aquilo acontecer pela segunda vez.

Eu pensava que não iria acabar. A dor estava me consumindo por dentro, eu queria gritar, mas não conseguia nem abrir os olhos, até que... Acabou. Eu perdi totalmente os sentidos, me senti flutuar.

Pergunta: Eu morri? Não, acho que não... Algumas horas, depois, eu acordei. Abri os olhos levemente, e me vi na mesma sala. O chão estava totalmente ensangüentado, deduzi que era meu sangue. Senti uma dor em meu abdome, e olhei para o mesmo. Havia um corte superficial em minha barriga, e um punhal ensangüentado ao meu lado. Minhas roupas estavam jogadas em um canto, eu estava totalmente nu.

Havia um banheiro ali perto. O lugar estava deserto. Catei minhas roupas, e mesmo com dificuldades e dor, me limpei, e estanquei o sangue da facada que ganhei. Me vesti, e percebi que todos os meus pertences estavam lá. Do celular á carteira, e a chave do carro. O desgraçado só fez aquilo para ter o prazer de me ver daquele jeito. Me olhei no espelho que usei para perceber que o homem estava em cima de mim na noite anterior. Haviam marcas roxas no meu pescoço, de resto tudo normal. Eu definitivamente queria muito ir embora daquele lugar. Coloquei meus pertences no bolso e saí daquela sala.

Fui andando cambaleante pelos corredores do prédio abandonado, e, assim que achei a saída, fui surpreendido por vários homens encapuzados, e uma mulher, que me derrubou no chão com uma rasteira, e colocou um pano úmido em meu rosto. Desmaiei.

Acordei novamente deitado em meu carro. Eu estava muito grogue, desmaiar tanto não faz tão bem assim a uma pessoa. Coloquei a mão na testa, sentei no banco e fitei a janela do carro.

-Eu... Eu estou... Estou... Em casa... – Falei, impressionado. Estava na garagem do meu prédio. De repente, parecia que eu nunca tinha saído de lá. Parecia que tudo o que acontecera comigo, o homem misterioso, os vários desmaios, nunca tivessem acontecido. Parecia que tudo fora somente um sonho. Quem me dera...

Acordei com um sobressalto e um grito. Mas não foi um grito. Na verdade, eu estava tão assustado que nem a minha mãe não conseguiu me acalmar. Tiveram que chamar alguns médicos que me seguraram pelos braços e pernas e uma moça que ficou me implorando para me acalmar. Como eu não obedecia, senti uma espetada no meu braço. No mesmo segundo senti uma fraqueza fraca, que se alastrava desde meu braço até minha cabeça.

-Você vai dormir agora. Tente se acalmar, está bem? – A médica disse. Acomodei a cabeça no meu travesseiro e meus olhos começaram a pesar nos meu rosto. Apaguei.

Quando abri os olhos novamente, um tempo notável depois, estava vendo tudo embaçado. Aquele sonífero era poderoso... Talvez eu pudesse usar aquilo nos meus ataques de insônia...

-Bom dia... – Minha mãe disse.

-Quanto tempo eu dormi? – Perguntei.

-Um bom tempo. O que te fez gritar daquele jeito? – Ela perguntou.

-Um sonho. – Falei. – Foi... Tão real... Acho que lembrei em detalhes daquilo. – Murmurei. Ela suspirou, colocou sua mão direita em meu rosto e disse que estava tudo bem, que eu podia ficar assustado. Eu sabia que ela tinha certeza absoluta do que falava.

Se eu não disse antes, minha mãe havia sido molestada aos 15 anos de idade. Exatamente a idade em que eu fui. Foi só uma coincidência, mas acho que isso a ajudou a entender o que eu passei. Ela se sentou ao meu lado e ficamos conversando sobre outra coisa. Passei mais um tempo no hospital, talvez um dia, sendo observado, tanto físico quanto psicológicamente.

Quando ganhei alta, voltei pra casa, e, ao ver meu histórico de atestados médicos, percebi que estava me machucando demais ultimamente. Desde o dia em que fui molestado, fui para o hospital no mínimo umas vinte vezes, entre consultas de rotina e emergências. Era demais. Eu estava fraco e desprotegido demais. A Aids ia me matar.

Gabby apareceu para me ver. Ela se sentou ao meu lado na minha cama e pôs a mão em meu cabelo, bagunçando minha franja levemente. Depois, ela deu um suspiro.

-Você só se mete em encrenca, não é mesmo? – Ela perguntou. Eu ri. Tentávamos não falar sobre o meu alcoolismo, sabia que isso desencadearia uma briga, e eu não estava pronto para parar, então, para preservar a amizade, eu omitia dela.

Naquele dia Gabby me deixou mais hipnotizado que nunca. Pegou minha mão, e não soltou mais, e ás vezes soltava beijos no alto da minha cabeça. Não deixei de me perguntar se ela sentia o mesmo que eu. Quando ela teve de ir embora, me fez jurar que não me meteria em mais encrencas, e me deu um beijo na bochecha.

Quando ela sumiu pela porta, eu deitei a cabeça no travesseiro e soltei um riso. É, eu estava definitivamente apaixonado. Eu afundei a cabeça no travesseiro, e adormeci. Sonhei com Gabby. Comigo e com ela. Estávamos numa praia, tipo as Bahamas. Ela estava com um vestido esvoaçante branco, uma flor de hibisco branca no cabelo, descalça. Eu estava de bermuda jeans até os joelhos e uma camisa sport branca, de chinelos. Eu a abraçava e beijava, acariciando seu cabelo ruivo. Ela tocava meu rosto delicadamente, e me fazia ficar doido com seu beijo. Era ótimo e estranho. Era ótimo por que, era um mega sonho. Eu corria atrás dela, como num pega pega, e nós dois caímos na areia, rindo, e voltávamos a nos beijar.

E, era estranho por que, de um lado eu estava beijando minha melhor amiga, de outro, eu estava com a garota que eu amava. Claro que nem tudo eram flores na vida real, e eu ainda não sabia se Gabby me amava de verdade. E, na vida real eu ainda enfrentava dilemas. Álcool, meus amigos falsos, os amigos verdadeiros do qual eu precisava me desculpar, e... Jessica Jarrel.


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