A Little Bit Longer escrita por Clara B Gomez Sousa


Capítulo 43
Depressivo


Notas iniciais do capítulo

Eu voltei! Não morri! É que eu pensei que tivesse postado esse cap antes... ;P



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Pressentimento? Só podia ser a mente feminina mesmo... Ou mais, só podia ser a Gabby mesmo...

Guardei o celular da Gabby e seus Ignorance’s no meu bolso, e fui para casa. Para minha extrema felicidade, minha mãe desistiu da idéia de registrar ocorrência. Eu havia contado sobre as ameaças pra ela. Eu deixei o celular de Gabby em cima do criado mudo da minha cama. Tomei um banho e fui dormir mais cedo. Acordei ás sete da manhã para ir para a escola. Minha mãe e Scooter dormiam. Fui embora sem bagunçar nada.

Na escola, aulas de Ciência e História. Depois do almoço, tive Física, e a última aula foi de Filosofia. Todos já sabiam que eu tinha sido atacado no parque. Não molestado, mas sim assaltado e esfaqueado, e perguntaram se eu estava bem, desejaram melhoras, coisas assim. Eu me sentei no fim da sala, como sempre. Ryan não estava lá. Não deixei de me perguntar o porquê.

-Tudo bem, classe, cheguei, a aula começou! – Sra. Duncan disse, colocando a bolsa na mesa do professor.

Para meu desgosto, ela começou a falar sobre violações ao corpo. Resumindo, estupro, abuso sexual... Não foi nada confortável ouvir sobre aquilo. Eu abaixei a cabeça, tentando controlar os flashbacks daquele dia, daquela clareira. Minha respiração estava agitada. No final da aula, eu fui o último a sair. E, só saí por que Sra. Duncan foi falar comigo.

-Justin, você está bem? – Ela disse.

-Estou. – Falei, levantando a cabeça. – Só... Cansado. – Falei, esfregando os olhos. Ela suspirou e disse que era melhor eu ir para casa. E eu acabei obedecendo. Coloquei todo meu material de má vontade na mochila e fui embora. Quando cheguei em casa, cumprimentei minha mãe pela primeira vez em muito tempo e fui para meu quarto. Estava péssimo. Ao fechar os olhos, eu sentia tudo de novo. Toda a dor.

Eu estava longe dos tablóides por um tempo. A fama ainda me perseguia, mas não tanto. Ainda era perseguido por garotas, mas não tanto. Estava fazendo bem e mal para mim. Bem, por que eu podia ter minha privacidade. Mal, por que estava me matando. Por que, eu sentia falta das minhas fãs.

E então comecei a pensar em me matar. E então fui pra casa do meu pai. Não fiquei muito tempo lá, briguei com ele, e acabei deixando escapar que ele era um idiota e que eu o odiava. No mesmo momento que ele ouviu aquilo, parou de gritar. Eu cobri minha boca. E saí correndo para o meu quarto.

Bem, fiquei dois dias a menos na casa do meu pai, e, a primeira noite que passei com minha mãe não foi muito boa. Bem, na verdade eu quase morri. Eu tive uma crise de choro e depressão na madrugada.

Foi como se, tudo de ruim que fiz fizesse uma enorme bola de neve e me esmagasse numa avalanche. Só sei que tive vontade de terminar a minha vida ali mesmo, enquanto chorava desesperadamente jogado entre as cobertas da minha cama.

Sentei-me na cama, com lágrimas caindo pelos olhos. Eu não agüentava mais. A vontade de morrer estava me dominando. Eu me perguntava se era mesmo aquilo que devia fazer. Algo dentro de mim respondia “Faça”.

E então fiz. Me levantei, e cambaleei até a escada. Desci até a cozinha, e peguei uma faca, derrubando alguns utensílios, e fazendo barulho. Eu nem me importava. Minhas mãos tremiam. Que todos ouvissem que eu estava me sentindo o ser mais indigno do mundo! Pensei na hora. Depois suspirei, com a faca em mãos. Minha respiração estava trêmula, eu estava desesperado.

Posicionei a faca em frente a mim, apontando para meu tórax, na direção aonde eu estimava ficar meu coração. Iria me golpear, mas um barulho de passos me fez parar. Olhei para trás, e vi que era Scooter.

-O que vai fazer? – Ele perguntou, sério.

-Eu não agüento mais... – Murmurei. – Eu quero... Quero morrer! – Lágrimas saíam de meu rosto com força, a depressão que tinha era visível. Haviam olheiras em meus olhos, lágrimas marcadas em meu rosto.

-Justin, por que quer morrer? A sua vida é ótima!

-Mas eu tenho feito a vida de todos um inferno. A vida da mamãe, a sua, a do meu pai, a de todo mundo!

-Justin, de onde tirou isso?

-Experiência. – Murmurei, posicionando novamente a faca.

-Justin, não faça isso que está pensando em fazer. – Ele disse, se aproximando de mim.

-Fique longe de mim!! – Quase gritei.

-Justin, parece a coisa certa a fazer, mas não é. Não faça isso! Eu estou mandando, não faça isso!

-Você não me manda! – Eu disse, chorando. Ele deu um passo a frente. – Não chegue perto de mim!! – Retruquei, dando um passo para trás.

Iria dar o golpe em meu peito, mas Scooter me abraçou, de um jeito que me fez jogar a faca no chão. Eu comecei a me debater e protestar contra ele, chutando e xingando Scooter de tudo quanto era nome, mas ele não me soltava de jeito nenhum.

-Eu não posso deixar você fazer isso. – Ele disse. – Pode me bater o quanto quiser.

-Me solte!! – Falei. Num momento de distração de Scooter, eu me soltei dele, e peguei a faca novamente. Apontei para meu pulso, como se fosse cortar minhas veias, e Scooter tentou dar um passo a frente.

-Não se aproxime de mim. – Falei, sério. – Ou, veja o que acontece.

-Justin, não faça isso. Você tem 15 anos, uma vida enorme pela frente! – Ele argumentou.

-Não me interessa. – Disse. Me distraí, olhando para meu pulso, antes de golpeá-lo, e Scooter aproveitou a distração para me desarmar e me jogar contra a parede com força. Bati de costas e logo fui pressionado por ele, para que não pudesse sair, e protestei:

-Me solte!! – Berrei, dando socos com a mão direita em Scooter. A esquerda estava colada á parede, na altura de minha cintura, sangrando. Antes de Scooter me desarmar, eu havia conseguido cortar meu pulso esquerdo. Uma linha horizontal, pegando veias e artérias e sei lá mais o quê.

-Eu já te disse, não vou deixar você fazer isso! – Ele gritou.

-Me deixa! Me deixa quieto! – Eu protestei, gritando e chorando.

-Não. Sua vida não é ruim, você é um ótimo garoto, só se envolveu em problemas!

-Eu não sou ótimo, minha vida não é ótima, eu não passo de qualquer um! – Disse, com lágrimas nos olhos, soluçando.

-Um “qualquer um” não conquistaria o mundo como você conquistou. – Scooter disse. Dei um gemido de dor, meu pulso ferido doía muito.

-O que foi? – Scooter perguntou. – Por favor, diga que você não conseguiu se cortar...

-Sinto muito... – Respondi. Ele segurou minha mão esquerda, e me forçou a levantar o braço, á vista dele. Seu rosto foi de sério a preocupado quando ele viu o corte em meu pulso, que sangrava aos jorrões. Eu estava zonzo. Perdia muito sangue, não conseguia falar para ele a mesma coisa de sempre quando havia alguma parte de meu corpo sangrando, mas omitia o fato de estar ficando fraco. Bastante.

-Eu vou chamar ajuda. – Ele disse, me soltando, e pegando o telefone. Fiquei recostado na parede, segurando meu pulso, ofegando, quase de olhos fechados. Ele fez a ligação, e quando virou-se novamente, depois de ter desligado o telefone, eu tentei dar um passo para frente. Minhas pernas fraquejaram, e eu comecei a ver tudo escuro. Caí no colo de Scooter, desacordado, fazendo muito barulho. Ouvi passos leves descerem a escada, e um grito indefinido.

Apaguei. Queria ter morrido. Queria que tudo tivesse acabado, Scooter não havia feito eu me arrepender do que estava fazendo.

Acordei num hospital. Vivo. Minha mãe estava do meu lado. Ela dormia. Haviam lágrimas em seu rosto sereno. Olhei para a janela, estava de manhã. Virei meu rosto para o outro lado, e tive uma vontade enorme de chorar. Chorar de dor, de arrependimento. Mal se passaram dois segundos e lágrimas já escorriam de meu rosto.

De olhos fechados, eu chorava baixinho. Era bom que minha mãe estivesse dormindo, eu não precisava me preocupar se alguém estaria me vendo. Scooter abriu a porta, e ficou lá, em vendo, já que eu não notava sua presença. Eu soluçava quando ele fez um “Psssst!”, para me chamar a atenção. Levantei o olhar, ainda choroso, e ele perguntou:

-Como você está?

Não respondi, olhei para o lado e tentei esconder as lágrimas. Scooter percebeu a minha reação. E repetiu a pergunta, de um jeito mais calmo.

-Por que você chamou ajuda? – Perguntei. Scooter suspirou, e disse:

-Olha, eu sei que você está deprimido, acredite, eu já tive depressão! – Olhei para o lado, e disse:

-Você não sabe o que eu sinto. Não sabe como é ruim... – Uma lágrima solitária escorria por meus olhos. – Não sabe como é ruim fazer algo errado, e, quando tentar se corrigir, ter todo o mundo contra você... Te chamarem de irresponsável, praga! Parece que estão todos contra mim! – Eu falei um pouco mais alto, mesmo rouco, e minha mãe acordou. Eu e Scooter paramos. Primeiro ela se surpreendeu, mas depois se levantou e segurou minha mão. Ela me abraçou, disse que pensava que eu tinha morrido, e perguntou:

-Quem está contra você?

-Todo mundo.

-Está errado. Eu não estou contra você. Scooter não está, nem seu pai.

-Cadê ele? – Perguntei.

-Quem? – Ela perguntou.

-Meu pai. Ele está aí?

-Sim. – Scooter respondeu. Iria falar que queria falar com ele, mas em vez de pedir para chamá-lo, perguntei:

-Ele está irritado comigo?

-Por que pensa isso? – Ele perguntou. Olhei para minha mão ferida, e perguntei:

-Por que será? Lembra que tive uma briga com ele anteontem? – Fiz uma pausa. – E então? Ele está irritado comigo?

-Aposto que está mais preocupado do que irritado. – Minha mãe respondeu. Suspirei. Depois pedi para Scooter para chamá-lo, que queria falar com meu pai. Ele assentiu e foi, junto com minha mãe. Alguns segundos depois, meu pai abre a porta.

-Você está bem? – Ele perguntou.

-Estou...

-Graças a Deus... Aonde estava com a cabeça? Por que quis se matar?

-Eu não sei... – Respondi. Minha consciência pesava demais em minha mente. Abaixei a cabeça, e disse:

-Desculpe.

-Pelo quê?

-Por ter te chamado de idiota... Por ter sido tão ruim como filho... Por tudo que fiz! – Quando olhava para o rosto de meu pai, que estava sério, lágrimas caiam de meu rosto. De arrependimento. Pensei que ele iria me dar um mega sermão. Ou um tapa, sei lá.

Fiquei definitivamente muito surpreso quando ele chegou até mim, e me abraçou, chorando. Nunca o tinha visto chorar, aquela foi a primeira vez. Ele murmurou em meu ouvido que ele já havia me perdoado desde que tínhamos brigado, e aí mesmo que eu chorei. De soluçar alto, e não querer soltar meu pai de jeito nenhum.


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Notas finais do capítulo

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